Mais um dia havia se passado, e esse era o dia que eu resolvi sair de casa. Eu não comparecia às aulas há dois dias, simplesmente porque eu não estava afim de dar as caras, e todo mundo ia ficar encarando, e tal. Eu ainda estava meio atordoada com o que tinha acontecido, tudo foi tão rápido e tão intenso. O sentimento que eu tinha ainda era de ameaça, e eu estava preocupada principalmente com Nate e Dan, eu sabia que Damien não iria simplesmente deixar tudo aquilo para lá, eu sabia que ele ia querer vingança. Não sei que tipo de vingança, não sei se ele ainda tentaria me usar para dar o troco, eu realmente não sei.

Dan estava certo, eu estava lembrando daquela noite aos poucos, os sonhos me ajudavam a trazer algumas memórias que o álcool me deixara esquecer, e isso me incomodava bastante. Imagens de Nate socando Damien na festa, lembranças do quarto de hotel para o qual ele me levou, eu estava começando a me lembrar de algumas coisas.

Porém, naquele momento, eu gostaria de esquecer de tudo, eu queria sair de casa e me divertir um pouco, me distrair da realidade que do nada começou a me preocupar. Eu já estava me arrumando, pois com companhia ou não, eu já estava decidida em sair de Brooklyn.

Mas parece que eu teria, sim, uma companhia. Dan entrou no meu quarto, e eu diria que ele estava um tanto alegre.

"Como vai minha prima preferida?" Ele perguntou, entregando-me meu casaco que eu deixara na sala.

"Como sabia que eu queria sair? E quem disse que você está convidado?" Eu perguntei em um tom de brincadeira, rindo e o olhando de cima a baixo, enquanto observava que Dan já estava pronto para sair.

"Ah qual é, todos querem minha companhia. Já tenho planos pra gente hoje." Ele disse.

"Que planos?"

"Vamos buscar Jenny e depois fazer alguma coisa... Bom, isso eu ainda não planejei. Mas é isso aí. Vamos." Ele disse, e eu não consegui conter uma risada.

Nós saímos de casa e pegamos um taxi.

"Você falou com a Serena esses dias? Depois daquela noite a gente não se falou ainda." Perguntei.

"Ah, claro. Ela disse que não quer te incomodar. Mas ela tá com saudade." Ele disse e eu sorri.

No mesmo instante, eu recebi uma mensagem de Serena.

"Sei que você vai sair com Jenny e Dan agora, mas espero te ver hoje a noite? Beijos, S."

"Claro. Te encontro na sua casa às oito." Eu respondi.

"Problema resolvido." Olhei pra Dan, assim que terminei de digitar a mensagem.

Chegamos na casa dos van der Woodsen, e tivemos que subir pois Jenny ainda não estava pronta.

"Podemos entrar?" Dan gritou do lado de fora do quarto dela.

"Oi!" Ela disse abrindo a porta. "Quase pronta."

Eu e Dan entramos e sentamos em sua cama.

"Então, aonde vamos?" Jenny perguntou.

"A gente podia, sei lá, dar uma volta por aí. Comer alguma coisa." Dan sugeriu.

"Mas que imaginação fértil, estou impressionada." Jenny disse, sarcasticamente.

Jenny largou o colar que estava experimentando, e abriu o armário para pegar outro. Assim que ela abriu o armário, algo caiu. Era uma caixinha roxa e verde, que se abriu ao encontrar o chão, revelando vários plásticos transparentes que escondia. O que? Jenny estava se envolvendo com drogas?

"O QUE é isso?" Dan falou, levantando-se rapidamente.

Jenny estava tentando catar aquilo o mais rápido possível, mas era tarde demais.

"Eu não acredito que o babaca do Damien está se metendo com você de novo. Jenny, esse cara é perigoso. Ele já te machucou uma vez, o que você está fazendo carregando as drogas daquele traficante por aí? Você tá maluca?" Dan falou isso com uma expressão inexplicável, uma mistura de raiva e preocupação.

"Dan, eu posso explicar." Jenny pareceu falar a primeira coisa que veio em sua cabeça.

"Estou esperando." Dan cruzou os braços.

Jenny suspirou, revirando os olhos e virando-se de costas, tentando esconder a vergonha que sentia.

"Eu ainda sou apaixonada por ele, tá bem? Ele é o único cara que mesmo por um curto período de tempo me tratou bem e agiu como um amigo quando todos me viraram as costas. Isso é a única coisa que tá me prendendo a ele. É o único jeito de eu manter contato." Ela disse, olhando para a caixinha.

"Jenny, ele é um marginal. Você sabe disso. Isso é muito perigoso, sabia? Você pode ir pra cadeia. Eu não acredito nisso." Dan agora colocava as mãos em sua testa, andando de um lado para outro do quarto da irmã.

Eu estava completamente sem palavras, porque Jenny estava carregando as drogas do cara que havia me levado sedada para um hotel. Eu só conseguia pensar em o quanto aquilo era errado.

"Dan, eu juro que vou parar. Mas você tem que prometer que vai manter segredo por enquanto. E você também." Ela se virou para mim. "Vocês não podem contar pro meu pai."

Nesse mesmo instante a porta se abriu, e adivinha quem era? Rufus.

"Não podem me contar o que?" Ele perguntou, fitando Jenny.

"É uma surpresa." Eu falei imediatamente, tentando evitar o silêncio que ficaria após aquela pergunta, fazendo com que Rufus desconfiasse. "Você já vai saber, confia em mim." Eu disse, forçando um sorriso.

"Ok, então. Aonde vocês vão?" Ele perguntou.

"Dar uma volta." Dan disse.

"Divirtam-se. Estou de saída, se precisarem de alguma coisa me liguem." Rufus falou e logo depois foi embora.

"Essa foi por muito pouco." Jenny falou, suspirando.

"Vocês têm sorte de eu ter cara de santa. Todos acreditam em mim." Eu ri. "Mas Jenny, isso é errado, você vai ter que prometer que não vai mais fazer esse tipo de coisa. Se não, a gente vai ser obrigado a contar aos seus pais."

"Eu prometo." Ela disse.

"Ótimo, agora a gente tem que arrumar uma surpresa pra Rufus." falei.

Eu senti que Dan ainda não havia brigado feio com Jenny porque eu estava ali. Ele ainda estava de braços cruzados, e com uma expressão de desaprovação. Eu falei para irmos logo, pois eu estava com fome. Mas a verdade era que eu nunca sabia o que dizer ou pensar em momentos como aquele, e eu queria sair para evitar problemas e acabei provocando ainda mais.

Nós descemos as escadas e pegamos o elevador. Nós resolvemos ir em um restaurante que ficava perto dali, apenas uns dois quarteirões de distância.

Estávamos andando até o restaurante, e Jenny estava olhando seu celular. Percebi que ela estava no blog da Gossip Girl, e de repente ela parou de andar, olhando fixamente para o celular.

"Espera. Por que ninguém me contou sobre isso? Você e Damien, sério, Alison?" Ela perguntou, e assim que pronunciou meu nome ela me encarou.

"O que? Jenny, não foi isso que..." Eu tentei explicar, mas Dan foi mais rápido.

"O cara pelo qual você tá apaixonada levou Alison pra um hotel sob o efeito de um sedativo, depois de ter tentado beijar ela a força." Ele disparou.

Jenny colocou a mão na testa enquanto balançava a cabeça negativamente, como se ela se arrependesse de algo.

"Eu já devia saber. Foi mal." Jenny se desculpou, mas ainda parecia incapaz de olhar nos meus olhos.

Eu pensei que ela já soubesse do que aconteceu na festa. Mas pelo visto ela não sabia, e é óbvio que ela não gostou de saber.

O almoço foi legal, porém o clima ainda estava meio esquisito, pois Jenny estava visivelmente sofrendo com aquela paixão que não era correspondida. O que salvou foi Dan e suas palavras que não acabavam nunca, e não nos deixava sem assunto nem por um minuto.

Depois do almoço, nós decidimos dar uma volta no parque. O resto do dia foi normal, e eu estava ansiando minha saída com Serena. Eu tinha que aproveitar o tempo que a faculdade ainda não estava difícil, pois sabia que depois seria só estudar, estudar e estudar.


"Ei, Jenny. A gente devia ir." Eu e Dan fomos até ela, que estava sentada em um banco no parque encarando a vista do lago.

"Vocês dois podem ir. Quero ficar mais um pouco por aqui." Ela respondeu.

Nós assentimos e nos despedimos. Ambos sabíamos que o dia havia sido puxado para Jenny. A situação só piorou quando uma mensagem de uma publicação de Gossip Girl chegou em nossos celulares, assim que viramos de costas.

"Flagrada: Little J com um coração partido. Cuidado Upper East Side, todos sabem que a pequena Humphrey não é de guardar mágoas."