One Less Lonely Girl escrita por LillyJonas


Capítulo 6
David Rivera




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            Eu mordi o lábio inferior enquanto observava ele olhar o relógio champion vermelho com o aro preto e erguer as sobrancelhas.

            -Eu tenho que ir... - ele disse com os olhos castanhos mais lindos que vi naquela manhã. E a sua voz doce... Nem preciso dizer o efeito que ele tinha em mim. -De qualquer jeito, te vejo na festa – ele disse, nem me dando tempo de perguntar sobre o que ele estava falando quando ele hesitou e se aproximou de mim para me dar um beijo na bochecha, tomando cuidado para não me machucar mais. Eu podia sentir o seu perfume prada.

            Ele se afastou e foi andando pelo corredor branco até a porta de saída. Eu suspirei e fechei meus olhos, talvez esperando ele voltar. É claro, para a minha frustração ele tinha mesmo ido embora.

            Entrei na sala de televisão, onde meus supostos pais estavam assistindo a CNN. Me sentei ao lado de David, que passou seus braços ao redor do meu ombro, me deixando ver seus músculos bem definidos pela manga do casaco da Brown.

            David parecia ser um cara bem legal, era bonito, parecia ser simpático... Que pena que é meu irmão. Meio irmão... Será que isso melhora as coisas?

            -Vou ao banheiro. - eu disse mutuamente e me levantei do sofá, caminhando entre os corredores brancos até achar uma porta com o desenho vermelho de uma menininha.

            O banheiro estava vazio e tinha mesmo o ar de hospital... Aquele cheiro que te lembra pessoa doente e te dá repulsa só de sentir, então presumi que seria breve. Me apoiei na pia de mármore e peguei meu gloss da bolsa e passei um pouco, suspirando logo em seguida. Eu olhava minha figura pálida no espelho. Isso ainda era estranho pra mim, como apenas uma coisa nova. É claro que quando eu sair daqui eu vou ter que tentar ter minha vida de volta, mas eu sabia que não seria fácil depois de tudo o que eu passei... Recomeçar do zero.

            É claro que o Justin era a única coisa que estava na minha cabeça agora, talvez por ser meu 'primeiro amor'... Já que eu não me lembro de nada, então teoricamente ele é sim meu primeiro amor. Ou talvez eu só esteja confundindo ódio mortal com amor profundo, o que é bem mais provável e difícil de aceitar. É claro que ele me ama, ele deve estar compondo uma música sobre mim agora mesmo.

            A porta branca do banheiro se abriu e eu dei um pulo com o susto, vendo uma figura bronzeada de olhos azuis em pé.

            -David! O que foi? - eu perguntei, vendo que ele estava sorrindo. Ele fechou a porta e caminhou até mim.

            -Que pena que você se esqueceu de tudo... Talvez eu possa fazer você se lembrar da gente... - ele disse sorrindo e eu instantaneamente dei um passo pra trás, aturdida com tudo o que estava acontecendo no momento. Principalmente com as últimas palavras 'se lembrar da gente...'

            Ele mesmo assim continuou caminhando até mim, apesar de alguns passos serem suficiente para me alcançar naquele banheiro pequeno. Ele fechou os olhos e colocou suas mãos na minha cintura, enquanto eu dava uma tentativa frustada de o empurrar. Isso era exigir muito esforço de uma garota que estava de coma por algumas semanas. Ele viu meu ato e parou, se afastando um pouco da minha boca, já borrada de gloss – assim como a dele, deixando rastros sobre o que nós fizemos aqui. Foi uma surpresa pra mim ele ter feito isso... Nós somos meios irmãos!

            -O que você está fazendo? - eu perguntei assustada, limpando minha boca com a minha cashmere branca, não me importando se ia sujar com o gloss.

            -Até parece que nós nunca fizemos mais do que isso. - ele disse revirando os olhos azuis, que tenho que admitir, eram lindos, e com um sorriso nos lábios. Eu me assustei. Me assustei com o ato insano dele e com o meu pensamento sobre ele.

            -Mais agora eu sou uma nova Massie... E não importa o que nós fizemos antes... Eu não lembro de nada. - eu disse e dei graças. Graças porque eu não lembro de nada, o que não deixa minha consciência – muito – pesada.

            -Você ainda vai mudar de idéia... E quando mudar... Eu estarei bem aqui. - ele disse com um sorriso torto fascinante e saiu do banheiro feminino.

            Eu suspirei e coloquei a franja pro lado, ele tinha bagunçado todo meu cabelo. Agora a figura pálida de olhos azuis com o cabelo castanho escuro estava bem pior.

            Uma brilhante idéia seria não sair do banheiro e ficar ali até um meteoro cair ali ou o mundo acabar – o que acontecer primeiro.

            Mas depois eu comecei a pensar em como seria se o David entrasse aqui de novo e nós ficássemos sozinhos. Então era isso, eu precisava ficar do lado dos meus pais o tempo inteiro - a não ser que eles saibam e aprovem. Desisti e sai do banheiro. Eu só ia me afastar do David – ou ficar perto do Chuck o tempo todo, mas ele era nojento demais pra eu sequer falar com ele. Quando ele ficava vermelho eu tinha leves ânsias de vômito.

            -Ah, você está aí. - falando em nojento... Chuck estava corado e pequenas gotas de suor escorriam pela sua testa. Ele pegou um pano azul com um desenho – ou uma mancha, impossível diferenciar – e passou pela sua testa, como se esse gesto fosse agradável. Bem, seria agradável se a pessoa que estivesse fazendo isso não fosse tão nojenta e repugnante, o que não é o caso dele. -Nós já vamos embora, querida. - ele continuou e eu dei um sorriso. Ele estava apoiado no balcão da recepção do hospital e tinha uma enfermeira encarando o enorme diamante no anel de ouro dele. Hm... É, talvez seja por isso que minha mãe casou com ele. Mas como David conseguiu viver com ele? Já sei, traumas... Isso foi o suficiente para ter uma crise psicológica e gostar da idéia de me assediar, assim, me causando um trauma também.

            -Ótimo. - eu disse tentando ser gentil.

            Eu vi Taylor em um banquinho ao lado do extintor de incêndio vermelho – possivelmente a única coisa que dava alguma cor ali, a não ser algumas plantas ornamentais e o quadro que mostrava como se prevenir da catapora – e resolvi falar com ele.

            -Oi! - eu disse tentando parecer animada. Ele me olhou e continuou a jogar no nintendo DS branco.

            -E aí. - ele disse, concentrado no jogo.

            -Eu era uma boa irmã?

            -Não. Você não me ouvia quando eu falava que eu tinha derrotado o Zorg e o rei Artie ia me parabenizar com uma medalha medieval e depois eu ia pro nível 42, onde eu tinha que resgatar a plebéia e atirar nos alienígenas.            

            -Legal... - eu hesitei. Que irmão estúpido. Bela família eu tenho, hein. - Vou procurar a Georgia. - eu disse, levantando do banquinho.

            -Ela também pode ser chamada de mãe, como preferir. - David disse. Eu não tinha percebido que ele estava atrás de mim.

            -Tanto faz. - eu disse. Eu já estava xingando-o mentalmente de todas as coisas feias que eu consegui lembrar.

            -Vamos pro carro, crianças. - Georgia disse animadamente.

            Todos nós fomos para o carro – menos Chuck, que ficou para preencher alguns formulários.

            O carro era uma limusine preta reluzente – caríssima, pelo jeito. Mas o hospital não ficava em um local com poucos carros, ao contrário, até tinha outras limusines iguais a do Chuck.

            Nós entramos no carro – Georgia se sentou ao lado e eu na frente, e Taylot ficou entre David e eu, pois eu insisti que queria conhecer mais sobre o jogo idiota dele.

            Eu já me sentia mal por tudo... David, o hospital... E ver Chuck se aproximando do carro só me fazia piorar. A imagem de Chuck ao meu lado – aquele homem nojento cujo eu odeio me aproximar – já me fazia sentir um peso no estômago.

            -Você está se sentindo bem, Massie? - Georgia perguntou de uma forma delicada.

            -Aham.

            -Se precisar de alguma coisa é só falar. - ela disse, retocando sua maquiagem. Eu queria poder responder 'eu preciso de uma vida', mas quem sabe isso é apenas o começo.

 


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