Rosalie Hale - A História escrita por Ditto


Capítulo 10
Pequeno Grande Henry




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Tennessee. É, no final fiquei curiosa e fui ver em que estado estamos. Já viu o nome desse lugar? Dois N, dois S e dois E. Nome tipicamente caipira. Sei que Carliste tem um ponto em dizer que devemos ficar longe dos holofotes, em cidades pequenas, mas caramba, estamos em uma cidade minúscula. Deve ter um habitante por quilômetro quadrado.

Ok, ok, admito que estou exagerando, mas o que você espera que eu faça aqui além de reclamar da vida?

Sério que não existia um nome mais bonito para essa cidade? Um nome tipo: Roselândia, Rosetopia ou Rose City. É só escolher. E o pior de tudo, o bando de caipira que mora nessa cidade nem repara em mim, só naqueles bois gordos. Espero que todos sejam mortos pelos ursos.

Sim, essa é a vantagem de morar por aqui, a quantidade gigantesca de ursos que a floresta tem. E deixe-me te dizer, os ursos tem gosto bem melhor que os cervos de sempre. Tem algo a ver com o fato de eles serem carnivoros, ao menos é o que Edward me disse.

– O que eu vou fazer o dia inteiro Carliste? Cuidar de vacas? - perguntei com sarcasmo.

– Tente trabalhar Rose, garanto que não vai se arrepender. - e claro que o Edward tinha que se intrometer.

– Ah, Eddyzinho, vai você.

– Por favor, não me chame assim.

– Por que? Tá nervosinho, Eddyzinho?

– Cala a boca Rose.

Recentemente consegui descobrir esse fato brilhante, e tudo por causa da Tanya. Céus, finalmente aquela lá serviu para alguma coisa. Lembro-me que em Denali só poderia se ouvir:

– Eddyzinho, vamos passear na cidade?

– Não obrigado Tanya.

– Então na floresta.

– Não quero sair.

– Por favor Eddyzinho, sai comigo.

Imagino que Tanya tinha algum problema, que mulher aguenta levar tantos tocos seguidos? Nisso minha mãe tinha razão, uma mulher nunca deveria correr atrás de homem, perde valor.

Resolvi fazer uma lista mental de tudo o que mudou desde que virei vampira.

Número um, meu auto-controle está quase perfeito, muito melhor que o de Esme. Sou a única além de Carliste que nunca provou sangue humano.

Número dois, meu mau humor esta se esvaziando, graças ao aquele-que-não-deve-ser-nomeado ter sumido do mundo.

Número três, agora tenho permissão de fazer muitas coisas sozinhas, como ir caçar ou ir a cidade.

Número quatro, eu sou a mulher mais perfeita do mundo. Ops, isso eu já era antes mas não custa enfatizar.

Mas número cinco, por mais que agora eu tenho algo que é bem mais família que o que tinha com minha mãe e pai eu ainda me sinto sozinha, como se algo faltasse.

Sei que é bobagem, essas rixas com Edward divertem meu dia mas depois que elas passam eu me sinto sozinha. Esme é uma ótima companhia, e acho que entendo porque Edward a considera uma mãe, eu meio que a estou considerando assim também. Mas o problema é esse. Ela é uma mãe e não é exatamente uma mãe o que eu quero agora...

Hoje era o primeiro dia que eu estava liberada para caçar sozinha, finalmente! Todos estavam aqui em casa menos o Edward, ele estava na faculdade de medicina (sim, ele é muito puxa-saco do Carliste)

– Se houver algum problema estarei aqui. - foi a ultima recomendação de Carliste.

– Tudo bem - respondi - mas não irá acontecer nada demais.

Finalmente fui liberada e pude sair livre, leve e solta pela estrada afora. Tinha tanto urso por aqui! Rapidinho derrubei um. Estava ficando realmente boa, meu vestido só ficou com alguns respingos de sangue.

Essa floresta era realmente bonita, muitas árvores, muitos animais, e tal. Claro que se não fosse minha visão de vampiro eu nem veria os animais, eles fogem de nós como se vissem o próprio demônio.

Uma vez satisfeita resolvi aproveitar um pouco a paisagem, sentir a grama nos meus pés. Quando humana me lembro que odiava a natureza mas agora, estando aqui, fico pensando como podia achar isso? Estar aqui me traz uma paz tão grande....

De repente, quando eu menos esperava, apareceu um cheiro delicioso. Fiquei em alerta já sabendo do que se tratava. Nenhum urso poderia cheirar tão bem o que significava só uma coisa, mas caramba! O que diabos um humano estava fazendo aqui? E ainda pior, sangrando? Talvez devessemos colocar uma placa:

Cuidado, vampiros na região, não sangre

O cheiro era sufocante e percebi que lambia os lábios. Segurei a respiração, eu não iria quebrar meu recorde de nunca ter provado sangue humano. O certo seria correr de volta para casa mas senti como se uma força me puxasse para o humano sangrento.

Corri em direção ao cheio, porém ainda sem respirar e tomei um choque quando o vi. Era um homem forte, com dois metros ou talvez mais, muitos musculos e cabelos pretos. Ele se contorsia de dor, mas ainda assim passava uma mensagem de inocência, ele era bonito e tinha... covinhas? Mesmo com o rosto repleto de dor ainda suas covinhas apareciam. Ele parecia Henry. O Henry maior mas com a mesma fragilidade e inocência do bebê de Vera.

Ouvi seu coração bombeando sangue rapidamente, tentando a todo custo prolongar a vida daquele homem. Mas tanto eu quanto ele mesmo sabiamos que ele não viveria por muito tempo.

Eu deveria ir embora, deixar ele morrer e seguir o curso da vida, mas meus pés não se desprendiam do chão e eu não podia deixar de olhá-lo.

Não, decidi por fim, eu não poderia deixa-lo aqui para morrer. Era egoísmo meu, é verdade, mas ele não podia morrer.

Derrubei e matei o urso que o atacava rapidamente. Era egoísmo, eu sabia, mas decidi que pediria a Carliste para transformá-lo. Esse grande Henry precisava viver.

Tentei pegá-lo da forma mais suave possível, do jeito que se pega um bebê.

– Não se preocupe, você ficará bem. Eu cuidarei de ti. Meu pequeno Henry...

Ele estava com rugas no rosto, como se quisesse dizer algo, e com muito esforço conseguiu pronunciar:

– Vo-você é um anjo?

Um anjo? Ele me comparou, uma criatura que esteve tentada a matá-lo com algo divino? Agora que eu não poderia largá-lo mais, eu cuidaria dele, ensinaria tudo o que ele precisasse e se depois ele quisesse ir embora, eu não o impediria, apenas não o deixaria morrer.

– Descanse, tudo ficara bem. Eu prometo.

Corri como nunca tinha corrido, podia ouvir as batidas de seu coração ficando cada vez mais baixas. Não, ele não morreria.

– Por favor... - murmurei mesmo sabendo que em seu estado de letargia ele não poderia me ouvir - não morra...

– Carliste! - berrei arrombando a porta .

– Rose... mas o quê? - perguntou olhando para o homem em minhas mãos.

– Salve-o.

– Você o conhece? - ele perguntou confuso.

– Não, mas não o deixe morrer Carliste, não deixe.

– Não posso Rose. E se ele não gostar dessa vida igual a você?

– Por favor, Carliste, não posso deixá-lo. Eu lhe imploro, não o deixe morrer.

Carliste ficou me encarou atentamente, e perguntou com uma voz suave:

– Você o ama Rosalie? É isso?

– Eu não sei - respondi francamente - só sei que não posso deixá-lo partir. Eu nunca lhe pedi nada, por favor atenda esse meu pedido.

– Tudo bem. Pode ficar nessa sala? O sangue vai logo impregnar o ambiente e não gostaria que você o matasse.

– Claro - respondi.

Depois disso nunca poderia agradecer Carliste o suficiente.

Carliste o pegou no colo e trancou a porta. A casa ficou incrivelmente silenciosa. Mas... o que tinha acontecido? Lembrava-me com detalhes a dor que senti na transformação, então... onde estavam os gritos? Carliste saiu do quarto depois de alguns minutos.

– Aconteceu algo que não devia? Ele morreu? O que aconteceu? - perguntei nervosa.

– Calma Rose, não, esta tudo normal, ao menos eu acho que sim.

– Então onde estão os gritos?

– Ele não para de repetir: Homens não gritam de dor.

– Ele falou? - perguntei com os olhos brilhando - Disse mais alguma coisa?

– Por acaso disse, disse que se chamava Emmett McCarty.

Emmett, por que tinha a impressão que esse nome não esqueceria nunca mais? Emmett... meu pequeno grande Henry.


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