Rosalie Hale - A História escrita por Ditto


Capítulo 1
Rosas Violetas




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Andei pelas ruas com calma, o dia estava ensolarado e isso fora uma boa desculpa para eu colocar o meu vestido de seda, aquele que teoricamente eu deveria estar guardando para uma ocasião especial. Era um vestido branco de mangas de renda que me caia muito bem, moldando bem o meu corpo. Além disso decidi deixar os cabelos soltos e por isso suaves cachos loiros caiam nos meus ombros.

Não é como se eu fosse cega ou inocente, por onde passava eu conseguia sentir os homens me olhando com desejo, quer fossem homens da minha idade ou até senhores que poderiam ser meus avôs. Desde os treze anos quando meu corpo começou a mudar, quando de acordo com minha mãe deixei de ser uma menina para me tornar uma mulher que os homens viravam as cabeças na rua procurando um ângulo melhor para me admirar. Verdade seja dita, eu não os culpo, afinal como não olhar? Não sou hipócrita e reconheço que sou bonita, possivelmente a mulher mais bonita dessa cidade então é mais que natural que me olhem.

O caminho de casa até o banco onde meu pai trabalha não é longe, então rapidamente cheguei onde precisava. Na sua pressa hoje de manhã ele tinha esquecido um envelope em casa e cá estou eu como uma típica garota-correio. Mas bem, é ele quem paga as minhas contas então o melhor é ser mesmo a boa filha e trazer o envelope até aqui.

Como sempre meu pai estava na sua mesa com tantos papéis na sua frente que mal consegui ver o topo de sua cabeça.

— Pai - disse alto chamando sua atenção - a mãe pediu para eu te entregar esse envelope que você esqueceu.

Meu pai se virou na minha direção surpreso por me ver, viu o envelope em minha mão e o reconheceu.

— Oi filha, sim, verdade, verdade... já tinha esquecido disso. Agradeça sua mãe por mim. Devo chegar mais tarde em casa hoje, muito serviço por aqui.

— Sem problemas - respondi e dei meia-volta me preparando para ir pra casa.

Quando estava na porta do banco pude ouvir alguém dizer:

— Sua filha é muito bonita, sabia Sr. Hale?

Admito que adoro quando me elogiam, e que mulher não gosta? Faz um bem danado ao ego. Não sou egocêntrica, longe disso, mas até parece que alguém recusa um elogio.

Infelizmente eu precisava parar de só receber elogios e começar a receber pedidos de casamento, e pedidos de casamento decentes. Não de caras que mal tem onde cair morto. Estou com dezoito anos e se eu chegar a vinte solteira vai ser uma catástrofe.

O caminho para casa foi igual, homens me olhando com desejo e mulheres com inveja. As pessoas dessa cidade parecem que não mudam nem um pouco.

Cheguei em casa e deitei na cama, entediada. Desde que acabei o internato não tenho mais nada para fazer durante o dia. Vejo os ponteiros do relógio girando e girando, e eu aqui. Mamãe tinha ido jogar bingo ou qualquer outra coisa que ela e as amigas fazem. E eu... bom, acho que eu poderia ir visitar alguma amiga minha.

Aproveitando que mamãe não está em casa,decidi que daria uma escapada para ver Vera. Vera está tão bonita nesses últimos meses com o barrigão de oito meses de gravidez. Seus olhos brilham todas as vezes que falam do filho não nascido.

Mamãe não aprova mais minha amizade com Vera e isso porque ela se casou com um cara pobre, um alfaite... ou seria um marceneiro? Vera era uma garota promissora no internato, sabia bordar, tocar piano e cozinhava divinamente bem.

Lembro-me de mamãe falando para mim:

— Não entendo como aquela sua amiga, tão prendada como era, resolveu casar com aquele rapaz lá. Espero que isso não aconteça contigo, ouviu bem Rosalie? Você é linda e prendada, tem tudo para ter um bom casamento.

— Tudo bem mãe. - concordei, apesar de ser amiga de Vera nunca seguiria o seu destino, ela não tinha nem ao menos uma empregada em sua casa, como sobrevivia? Como eu sobreviveria a isso?

Levantei-me da cama e sai de casa andando com cuidado, com medo de encontrar minha mãe e ela perguntar onde estou indo. Ir até a casa de Vera é complicado, demoro uma meia hora caminhando até lá, enquanto todas minhas outras amigas moram aqui na região mesmo.

— Rose! Que bom que esta aqui? Como vai? - Vera com seu barrigão me cumprimentou ao me ver na porta de sua casa - Entre. Eu vou fazer um chá para nós.

— Não precisa não, não irei demorar. Mas como você está? Tudo está ocorrendo bem?

— Ah, muito bem, muito bem mesmo - Vera disse sorrindo - o médico diz que ele está super saudável. Mal posso esperar para vê-lo nos meus braços.

— Posso imaginar. - murmurei sonhadora.

Eu também mal posso esperar a hora em que terei meus próprios filhos nos braços,

— Mas me diz de você, como esta indo sua procura por marido? Ou melhor, a procura da sua mãe por marido? - ela perguntou risonha.

— Ah, até vai bem sabe? Na última temporada recebi diversos convites, mas nenhum pareceu interessante o bastante. E mamãe é bem criteriosa quanto ao dinheiro que eles devem ter na conta, como você bem sabe.

— Bom Rose, você sabe que eu não sou de fofoca mas eu ouvi da Carmem que chegaram uns bons partidos na cidade, dois irmãos. Um deles é doutor, o outro... bem, não sei, Carmem sempre conta as coisas pela metade como você bem sabe.

— Estranho, não lembro de ter visto ninguém novo na cidade. E nessa cidade todo mundo acaba se encontrando na praça central cedo ou tarde.

— Eles não são muito de sair, ao que parece. Maria disse, e palavra dela, que eles são umas delícias.

Nós duas começamos a rir. Maria podia ser tudo, tudo menos discreta. Continuamos conversando até que vi que começava a dar seis horas, hora que mamãe volta pra casa.

— Foi muito bom te ver Vera mas agora preciso ir tudo bem, preciso chegar antes da minha mãe como você bem sabe.

— Oh, tudo bem, meu marido deve chegar daqui a pouco também. Cuide-se ok?

— Claro, você também. Até logo. E logo teremos um bebê para nos fazer companhia.

Quando cheguei em casa vi que meu pai já tinha chego e estava sentado no sofá lendo o jornal do dia.

— Oi pai, já em casa? Mas não tinha muito serviço para fazer?

— Ah, oi querida, não, não precisei fazer no final. O senhor King passou para o Stevenson fazer aquelas tarefas. Acho que em breve conseguirei aquela promoção, aquela que comentei aqui em casa umas semanas atrás, lembra? Parte foi graças a mim, óbvio, mas acho que partes foi graças a ti.

— Como assim? - perguntei confusa. Nunca tinha ajudado meu pai no trabalho e nunca quero. Trabalhar em um banco parece tedioso demais.

— Deixa pra lá - minha mãe se intrometeu aparecendo da cozinha - Onde você estava mocinha? Ah... aposto que na casa daquela sua amiga né? Eu já te falei várias vezes que ela não é boa companhia para você, não quando ela escolheu aquele tipo de marido. Bom, não importa, amanhã você acompanhará seu pai até o banco, e trate de por aquele seu vestido que encomendamos de Paris.

Até me surpreendi por mamãe não ter engasgado nenhuma vez, como ela conseguia falar tanto tão rapidamente era um mistério.

— O vestido de Paris? Por quê? Vai ter alguma festa?

— Não minha filha, nada assim. Eu só quero que você conheça um pouco melhor do serviço do seu pai.

— E com um vestido feito em Paris? - perguntei irônica, aí tem coisa.

— Ora menina, não retruque. Quanto menos saber melhor, e garanto que me agradecerá mais tarde.

— Tudo bem, se a senhora diz... Se você faz tanta questão eu vou com esse vestido. Embora estava guardando ele para ocasiões especiais.

Subi as escadas em direção ao meu quarto e pude ouvir minha mãe conversando baixinho com meu pai:

— ... um ótimo partido é o que eu estou dizendo. Ele com certeza é um ótimo partido.

No dia seguinte minha mãe me acordou cedo.

— Vamos logo Rosalie, vamos! Deve se arrumar. Seu pai logo estará de partida. Vamos! Pegue aquele seu vestido!

— Mãe, são seis da manhã, papai só sai as nove, não podemos nos arrumar mais tarde - gemi me cobrindo com o cobertor.

— E eu já disse que você irá me agradecer no futuro. Levante logo daí. Nem sei se três horas será o suficiente...

Tomei um banho rápido e vesti o vestido perolado feito em Paris especialmente para mim. Ainda não entendi direito por que eu tenho que usar esse vestido afinal, ele tem até bordados de ouro! Eu estava guardando para uma ocasião muito especial, tipo minha festa de noivado.

— Ótimo, ficou perfeito. Agora sente aqui filha, deixa eu arrumar seu cabelo e te maquiar.

No final das contas eu estava lindíssima, mais do que eu sou, meus cabelos presos em um coque e uma maquiagem suave. Mas ainda não entendi por que tenho que me arrumar tanto já que era só o trabalho do meu pai, nada parecido com conhecer a rainha da Inglaterra ou alguém importante.

No caminho papai falava empolgado da promoção que estava a caminho. Meus pais sempre foram ambiciosos e meu pai sonhava com o cargo de diretor.

Quando chegamos, papai fez questão que eu entrasse junto.

— Vamos, tenho algo aqui que quero que você leve para casa e entregue a sua mãe.

Quando entrei vi todos espichando o pescoço para me ver melhor. Olhava para todos e dava meu sorriso mais simpático, aquele que tinha aprendido nas aulas de etiqueta.

— Aqui minha filha, por aqui. - e meu pai me puxava para o lado.

Caminhamos até a sala do dono/gerente do banco.

— Pai, o que nos estamos fazendo aqui? - perguntei confusa - Você não falou que queria só me dar algo?

— Quê? - ele pareceu confuso - Ah é, verdade. Bom, esquece isso. Deixa pra lá. Venha, quero que conheça meu chefe.

— Por quê?

— Não pergunte, venha.

Papai ajeitou a gravata do terno, deu uma olhada em mim para ver se tudo estava nos lugares e então entramos no grande escritório. Duas pessoas ocupavam a sala, dois homens loiros com ternos que reconhecia de longe que eram caros. Os homens eram muito parecidos entre si, loiros e com olhos azuis escuros, um deveria ter uns cinquenta anos e o outro uns vinte e pouco.

— Bom dia senhor King, essa é minha filha, Rosalie Hale.

— Srta Hale - ele me comprimentou beijando minha mão - como você está nessa manhã?

— Muito bem obrigada - respondi educadamente e vi que o homem mais novo não parava de me encarar.

— Ah sim, e esse aqui é meu filho, Royce King Jr.

— Muito prazer - o cumprimentei.

— O prazer é todo meu – ele respondeu com um pequeno sorriso de canto de boca.

— Sua filha é encantadora, Sr. Hale.

— Obrigado - mas a atenção do papai estava toda voltada para o jovem King, como se esperando a aprovação deste.

Alguma coisa na forma com que o King mais novo agia agradou meu pai, que se voltou para mim sorrindo:

— Isso era tudo Rose, pode ir para casa agora.

Olhei para meu pai confusa, tinha me arrumado tanto para isso? Porém percebi que pelo tom de voz aquilo não era uma oferta e sim uma ordem, então pedi licença para todos e sai do banco rumo para minha casa.

Admito que no caminho de volta não pude parar de pensar nos King, e principalmente em Royce King Jr. Ele era jovem, bonito, e com o que minha mãe mais gostava, dinheiro. Ele sim seria um bom partido para mim...

Mal cheguei em casa e vi minha mãe quicando em pé, mal se contendo.

— O que houve mãe?

— Como foi? Ele gostou?

— Quem? - perguntei confusa - quem gostou do quê?

— Ora Rose, Royce. Ele gostou de você? Fez algum elogio? - e respondendo a si mesma como se eu não estivesse presente continuou - Óbvio que gostou, você está linda. Eu mesma fiz questão disso.

Mamãe as vezes é meio maluca, fato.

No dia seguinte mal coloquei os pés na cozinha e mamãe veio radiante em minha direção:

— Olha só isso Rose. Olha o que você recebeu hoje de manhã.

Mamãe me entregou uma rosa, uma rosa violeta.

— Quem deu mamãe? É pra mim?

— Mas é claro que é pra você! Quem daria flores para uma velha como eu? Para mim que não seria. Mas não é a flor que importa, é o remetente! Eu sabia que ele não ia resistir a você.

Para a garota mais bela da cidade.

Achei que combinava com seus olhos.

Royce King

Ah, as peças do quebra-cabeça se juntaram na minha cabeça, agora fazia sentido do porque eu ser praticamente obrigada a usar o vestido de Paris ontem. Minha mãe é maligna, fato. Já tinha planejado tudo de antemão.

— Ai meu deus - murmurei ofegante - Royce King, Royce King me deu uma flor, mamãe! Royce King está me cortejando!

— Não sabe como estou feliz com isso, Rosalie. Royce King é o melhor partido da cidade. Não poderia ter pretendente melhor.

Sorri feliz, empolgada. Não soa nada mal ser Rosalie Hale King no futuro.


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Notas finais do capítulo

Deixem reviews! Não esqueçam!