Insignificantemente, você escrita por Amanda


Capítulo 36
Capítulo trinta e cinco




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Dois longos dias se passaram desde o começo da trilha, que agora, parecia nunca ter fim. Hermione já segurava a dor lacerante de sua perna o máximo que podia, mas às vezes, inventava uma parada ou alguma queda para poder se sentar e descansar. Draco já não tentava nada além de ajudá-la a levantar toda vez que se sentavam sob as arvores. Os comensais não apareceram desde o incidente no córrego. Era mais um dia quente, com sol exuberante que queimava a pele vermelha dos dois bruxos. Na frente de Draco a garota disfarçou um suspiro de dor e sentou-se.

—Não achamos nada há dias, tem certeza de que os viu entrando nessa trilha? Me parece óbvio demais! —Draco sentou de frente para Hermione e lhe ofereceu uma folha verde que estava ao seu lado. Em formato de concha, servia exatamente como uma pequena e desajeitada xícara. Com a varinha, gentilmente a encheu de água e entregou para a garota.

—Obrigada! —Molhou os lábios ressequidos. Secara com as costas das mãos as gotas que sobraram em seu queixo. —Provavelmente os perdemos. Fomos obrigados a manter distância.

Draco assentiu.

—Vamos assar aquilo? —Perguntou com desprezo. Hermione viu Draco caçar uma grande lebre preta. E naquele inicio de tarde seria seu almoço. —Quando acampei com meus pais fizemos um buraco na terra. A água aqueceu mais rápido. Vai funcionar!

—Não chame a carne de aquilo, foi muito difícil caçá-la. Aquele bicho corre mais do que eu imaginava! —Limpou o suor da testa. —Podemos usá-la como pomo se um dia for treinar sem a vassoura.

Hermione gargalhou ainda mais.

Draco tratou de cavar um buraco fundo, o qual cabia uma lebre inteira. Hermione jogou para dentro da profundidade alguns poucos gravetos. Draco atravessou a lebre com um galho mais resistente e apoiou-o na margem, deixando a carne pendendo. Por fim, Hermione apontou a varinha e lançou as chamas azuis que tanto gostava. Tudo não passaria daquilo, aguardar até que a carne estivesse pronta. Entretanto, as chamas, assim que tocaram os gravetos e com a terra do fundo, explodiram. A carne, terra, gravetos e folhas foram para os ares. Draco jogou-se sobre o corpo de Hermione, cobrindo-a. O som fora tão alto quanto aguentariam.

Assim que a poeira e fumaça baixaram, Draco levantou-se, lentamente. Ajudou Hermione a colocar-se de pé.

—Temos que sair daqui! —Praguejou. —Venha!

Arrastou Hermione para alguns metros longe da explosão, temendo a presença indesejada de Comensais.

—Aqui está ótimo! —Largou-a e sacudiu os cabelos repletos de fuligem. —O que foi que aconteceu?

—Acho que debaixo da terra, temos pólvora. Por isso nossa comida explodiu! —Hermione começou a rir, achara hilária a carne da lebre voando metros à cima de suas cabeças. —Desculpe-me, mas tem que concordar comigo, por um momento achei que tentaria pegar a lebre.

Draco nada disse, apenas observou o rosto corado de Hermione, devido à excessiva caminhada ao sol. Pegou-se pensando em quando poderia abraçá-la novamente. Era tudo o que mais desejava, além de vê-la segura longe daquele lugar. Perdeu-se nos pensamentos, e só foi capaz se retornar quando ouviu o sussurro — quase gritado — de Hermione. A garota estava atrás de um grande arbusto com raízes envoltas, abaixada, com o corpo inteiro colado na terra. Não entendeu de imediato, mas assim que as vozes grossas passaram por seus ouvidos, teve vontade de atacar. Mas desistiu da ideia, e expulsou a raiva que tomara conta de seu corpo, quando reparou na expressão assustada de Hermione. Pela primeira vez, demonstrava preocupação tão abertamente. Fez um sinal e arrastou-se, com a varinha em punho até a garota. Escondidos atrás do arbusto ouviram a curta conversa que consistia em encontrá-los antes de capturar mais bruxos. Logo, os comensais seguiram caminho.

—Já foram? —Hermione apenas movimentou os lábios.

Draco olhou para cima, como se conseguisse vê-los. Fez um sinal, avisando que veria e surpreendeu-se quando Hermione o puxou de volta rapidamente. A garota rapidamente pediu silêncio, com o dedo indicador na frente do nariz e da boca. Uma sombra alta passou por cima do arbusto e quebrou alguns gravetos, logo desapareceu.

Draco assentiu em agradecimento. Levantou-se lentamente, observando com cuidado tudo a sua volta. Já haviam partido.

—Vamos, sei exatamente onde estamos! —Draco ajudou a garota a levantar-se e abriu passagem pela folhagem.

Agora era Draco quem ia à frente, cortando caminho pela mata, enquanto Hermione esforçava-se ao máximo para acompanhá-lo. A cada dia, sua perna doía mais e mais, o ferimento não cicatrizara ainda, ao contrário, estava ainda pior. A noite já havia caído, e eles continuavam a se embrenhar pelas árvores. Nenhum dos dois ousou acender a ponta da varinha, chamaria muita atenção, mesmo com a versão mais fraca do feitiço. A escuridão tornava tudo ainda mais complicado. Hermione tombou e caiu. Soltou um grito aflito e cobriu os lábios.

—Hermione! —Draco acendera a varinha, iluminando a garota caída sobre a terra dura. —Vamos parar, não poderíamos avançar mais sem um plano mesmo. —Falou mais para si do que para a garota.

Hermione ajeitou-se, deixando sempre o casaco cobrir sua perna. Deitou a cabeça sobre algumas folhas que acumulara e questionou Draco.

—Onde estamos exatamente?

O rapaz respirou. A varinha ainda acesa na mão. Relutante, pensou em como contar aquilo. Mas por fim, não omitiu.

—Rodolfo Lestrange presenteou minha tia com essa ilha há alguns anos. Houve algumas reuniões aqui, logo que meu pai foi preso naquele ano. Não podiam deixar os aurores saberem que tudo era feito na minha casa. —Disse olhando para baixo. —Quando eu era pequeno nunca me deixaram explorar a ilha. Agora eu entendo.

Referia-se ao quão fácil era se perder na mata.

—E o que exatamente estamos fazendo aqui? —Apontou para aquele espaço onde descansavam. —Você sabe onde estamos?

Draco suspirou.

—Mais ou menos a um quilometro daqui tem uma casa, eles provavelmente estão acampados lá. É espaçosa e sombria, sempre foi. —Disse por fim. —Precisamos formular um plano para entrar. Devem ser vários deles, não podemos arriscar.

—Você pode distrai-los, eu entro e procuro alguma coisa! —Opinou.

—Claro que não! —Elevou o rosto. —Você não entra lá sozinha de jeito nenhum. Entendeu Hermione? —Assumiu uma expressão mais tranquila. —Além do mais, precisamos de uma distração realmente longe.

Um brilho passou pelo rosto de Hermione.

—Pólvora!


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Notas finais do capítulo

Quero agradecer pela linda recomendação da Miss Felton e dedicar um pedacinho da fanfic para ela! São vocês, leitores, que nos (autoras) motivam.