O ministério estava um caos, folhas voavam por todo o local, bruxos caminhavam apressados à procura de algum vendedor do Profeta Diário. Hermione apressada apenas pegou o elevador, correndo até a sala dos colegas. Bateu a porta, aproximando-se de Rony e Harry, por cima dos ombros dos amigos observou a manchete em letras grandes.

“Comensais fugitivos”

Abaixo do título, uma lista com o nome de diversos comensais, entre eles, Lucius Malfoy, Fenrir Greyback e Yaxley.

—Inferno sangrento! —Praguejou Rony, batendo com o punho fechado sobre a mesa.

Harry o olhou, ajeitando os óculos no rosto.

—O que faremos? —Perguntou ainda com o punho apertado contra a madeira.

—Não é óbvio? —Hermione falou, chamando a atenção de ambos os amigos. —Não sabemos onde eles estão, teremos que esperar algum tipo de movimentação. Não podemos perder tempo em algum lugar onde eles nem se quer estarão! É tolice.

A sala ficou silenciosa por um longo tempo.

—Hermione está certa, por ora, podemos apenas esperar!

—Esperar, Harry? Esperar? Vocês só podem ter ficado loucos! —Rony bagunçara o cabelo com as mãos agitadas. —Há uma dezena de comensais foragidos e tudo que faremos é ficar sentados aqui treinando os novatos?

Foi a vez de Hermione esbravejar.

—Treinar os novatos é o que podemos fazer agora! Aliás, são eles quem nos ajudarão a capturar os comensais, ou você realmente acha que vamos conseguir sozinhos? E não pense que Kingsley vai pedir para que o restante dos aurores volte da Romênia, sendo que temos pessoal capacitado aqui mesmo. —Bufou no fim da frase.

Harry afastado apenas olhava tudo, quieto.

—E você acha que os novatos estão prontos para ir a campo contra comensais da morte? —Gritou uma última vez.

—Eles estão sendo treinados para isso! —Rebateu Hermione, já aos gritos. Riu do próprio descontrole, e suspirou, dando às costas aos rapazes.

Ao sair da sala andou em passos largos e fortes, pesados, em uma curva chocou-se com algum bruxo.

—Me desculpe, eu... —Sorriu ao encontrar o olhar do loiro. —Draco!

—Granger, como vai? —Sorriu galanteador. —Parece estressada!

A garota sorriu, abaixando o rosto.

—Novidades preocupantes!

Draco abriu os lábios em compreensão.

—Mas o que você está fazendo aqui? —Perguntou curiosa.

—Ah, preciso assinar umas coisas! —Deu de ombros. —Tive uma ideia, eu assino esses papéis e nós vamos beber alguma coisa. Estou de folga hoje e queria sair do caos que está a minha casa.

—Ainda não terminou de desencaixotar tudo? —Draco negou com a cabeça. —Sabe o que é Draco, não sei se...

—Ah qual é, Hermione. —Sorriu de lado. — Não aceito, não, como resposta!

A garota assentiu.

—Ótimo, me dê alguns minutos!

Correu pelo corredor, enquanto Hermione tirava da bolsa um pequeno espelho, onde ajeitou o cabelo e reforçou o batom de cor clara. Guardou os itens bem a tempo de Draco voltar e sorrir-lhe.

—Vamos ao Caldeirão Furado? Faz tempo que não vou ao Beco Diagonal! —Passou o braço pelas costas de Hermione, guiando-a pelas pessoas à sua volta.

***

Sentaram-se na mesa próxima às escadas, dessa vez, ambos pediram cerveja amanteigada.

—Então, Granger... Qual o motivo de tanta raiva e estresse aparente? —Mexia as mãos.

Hermione bebeu um longo gole de seu caneco, o que quase fez o Sonserino na sua frente tirar-lhe a bebida.

—Ronald Weasley! —Respondeu. —Motivo do meu estresse constante!

—Ainda o ruivo?

—Ele tenta me controlar, isso é irritante! —Virou o caneco, pedindo outro.

Draco sorriu, não negava, amava vê-la irritada.

—Qual foi o trágico momento de sua vida que o Weasley tentou controlar? —Perguntou redundante.

A garota sorriu, ouvindo o som que rangia.

—Ele não sabe separar as coisas, e então, usa tudo contra minhas ideias. Minhas opiniões como Aurora, e meu último enc... —Engoliu em seco. —Meu último encontro.

Draco parou com a caneca entre a mesa e seus lábios, que se reprimiram. Levantou a sobrancelha e soltou o caneco.

—Seu último encontro? —Questionou, agora com a expressão mais pesada e nada humorada. Cruzou os braços sobre o peito, inclinando a cadeira para trás.

Hermione também cruzou os braços, mas jogou-os sobre a mesa. Encarava-o sem saber como começar a falar, ou sequer, o que dizer.

—Draco, eu tenho encontros e por mais difícil que possa ser para você imaginar, tenho uma vida amorosa! —Falseou a confiança na voz, temendo que a mesma, liberasse a trêmula sensação de insegurança que subia pelo seu peito.

O rapaz esticou-se sobre a mesa, ficando a poucos centímetros do rosto da garota. Analisando-a. Hermione não se permitiu intimidar-se, permaneceu parada, encarando fixamente os olhos cinza do loiro. Em desafio, levantou a sobrancelha. Draco sorriu e afastou-se.

—Achei que depois do nosso beijo você se sentiria mais... Como posso dizer? —Pensou, pousando os dedos nos lábios finos. —Balançada?

—Não acha que está se vangloriando demais? —Questionou-o novamente.

—Você é quem tem que dizer!

Hermione mordeu o lábio, e escondeu o rosto corado atrás do caneco exageradamente grande.

—Draco, nosso beijo foi um acidente. Não passou disso, continuamos amigos! —Replicou sentindo-se enjoada com a possível mentira.

Hermione não se dera chances para pensar no ocorrido, deixara todos os pensamentos quanto ao beijo guardados no fundo de seu cérebro, encaixando-os no mais ímpeto de seus sentimentos.

—Um acidente? —Cuspiu as palavras. —Para você foi só um acidente?

—Mal nos beijamos, Draco!

—Achei que talvez pudesse significar mais alguma coisa! Nunca deixei de me preocupar com você, por favor, Hermione, seja sincera consigo mesma!

Hermione abaixou a cabeça e negou.

—Eu não sinto o mesmo que anos atrás, sinto muito! —Levantou o rosto. —Com o tempo as coisas mudaram e você sabe disso, não é porque você decidiu me beijar que as coisas vão mudar assim. De uma hora para outra!

—Com quem você está saindo, Hermione? —Balançou o caneco entre os dedos. Mudando de assunto repentinamente.

A garota sorriu.

—Realmente acha que vou lhe contar? Simples assim? —Ambos riram.

—Foi apenas um teste, Granger!

Por cima da mesa, tocou a mão de Hermione, segurando-a entre seus dedos longos. A garota seguiu os movimentos do rapaz com o olhar.

—Não quero que volte para mim, apenas, que seja minha amiga. —Disse. —Mas avise esse garoto que se ele tocar em você, vai se ver comigo!

Hermione gargalhou como nunca antes.

Se Draco ao menos soubesse que se tratava de Nott, só Mérlin sabe o que faria. E não gostaria de, além de Ronald, agora Draco cuidando da sua vida.

Após as bebidas e menos consciência dos atos, Draco levou-a até em casa novamente, parando na porta.

—Amigos? —Estendeu a mão para a garota sorridente.

—Sempre! —Estendeu a mão para apertar a do rapaz, mas nisso, foi puxada.

No seu ouvido, as palavras sussurradas fizeram-lhe se arrepiar. —Mas antes disso, preciso fazer outra coisa!

Draco beijou seu pescoço, passando por toda a extensão de sua bochecha, até chegar aos seus lábios umedecidos. Segurava-lhe pela cintura, apertando-se contra o corpo magro da garota, não deixando brecha alguma para separarem-se. Movimentavam-se harmonicamente, sem pressa. O beijo durou alguns minutos, até que o fôlego se fizesse presente. O Sonserino se distanciou, dando as costas para a garota e aparatando na calçada.

Hermione sem fala e reação entrou em casa, escorando-se na porta escorregou pela madeira até ficar sentada no tapete peludo. Ainda estava sem reação, quando passos e um rosto familiar começou a lhe avaliar.

—Acho que ela está bem! —Harry falou olhando para uma Hermione tão sorridente quanto uma adolescente que fora recém beijada.

Rony apareceu, vindo da cozinha com uma caixa de feijõezinhos de todos os sabores na mão.

—Por que está tão feliz?