A Herdeira dos Black escrita por Akanny Reedus


Capítulo 9
Vai me beijar?




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Acordei ofegante, suando frio e muito assustada. Olhei para janela ao ouvir o forte estrondo do trovão. Parecia que estava caindo o céu com essa tempestade. Eu não sabia para onde olhar, percebi que estava no dormitório e todas as garotas — menos Hermione — estavam dormindo.

— Susana, está tudo bem? — ela perguntou preocupada se aproximando rapidamente da minha cama.

A cama de Hermione era praticamente do meu lado. Na verdade, era a que ficava mais perto da minha cama.

— Você está suando frio — dizia ela tocando minha testa tirando os fios molhados.

— Eu estou bem — digo com a voz fraca.

— Tem certeza? Eu acordei com o seu grito. Teve um pesadelo?

— Parece que sim.

Levantei-me da cama indo em direção ao banheiro. Minhas pernas tremiam e o meu corpo também, como se aqui no quarto estivesse muito frio. Contudo, tinha certeza de que não era esse motivo. Precisava jogar uma água no rosto. Queria esquecer um pouco do que tinha acabado de acontecer. Mais uma vez tive aquele maldito sonho. Droga! 

O que tudo isso significava?

— Por que essas coisas estranhas têm que acontecer comigo? — me perguntei encarando meu reflexo no espelho do banheiro.

Meus pensamentos estavam bagunçados com várias perguntas sem respostas. E pra ferrar mais, minha cabeça, começou a doer. Grunhi e molhei o rosto com a água gelada. Assim que saí do banheiro, veio uma Hermione preocupada.

— Está melhor?

— Estou — respondo em tom seco. — Que horas são?

— Mais de meia-noite — respondeu ela se arrumando para voltar a dormir.

Taran estava em cima da coberta dormindo, nem se quer deu ao trabalho de acorda. Com muito esforço para não o acordar, me coloquei de baixo das cobertas, antes disse para Hermione.

— Obrigada — ela me encarou surpresa —, e desculpe por ter te acordado.

— Magina, não se preocupe que pesadelos acontece com todo mundo — ela responde com um singelo sorriso. — Boa noite.

— Noite.

Ela voltou a deitar, eu fiz o mesmo, mas fiquei só fitando o teto. 

Demorou um pouco, mas consegui pegar no sono. E dessa vez foi bem tranquilo, já que sonhei com um jardim lotado de feijõezinhos de todos os sabores. 

Por sorte acordei sem dor de cabeça. Nem tinha tomado poção nenhuma. Como sempre acordei tarde, nenhuma das meninas estavam no quarto e nem o meu gato. Esqueço que o Taran tem mania de acorda “cedo” e sair para brincar. Ou ficar xeretando a escola.

O dia amanheceu com o céu limpo, a chuva da madrugada deve ter dado uma bela limpada no céu. O quarto tinha sido completamente tomado pela luz do sol e dava pra ouvir vários passarinhos que passava perto da janela. Levantei-me sem me preocupar com as horas, só fiquei preocupada com a do café. 

Tomei um banho rápido, fiz minha higiene e vesti uma roupa bem simples, camisa de manga curta e calça. Calcei meu tênis preto; deixei o cabelo solto e claro que não poderia sair do quarto sem minha varinha que a coloquei no bolso da calça. Agora que estava pronta, sai do quarto.

Minha manhã foi bem tediosa, por um tempo tinha esquecido o sonho, mas não demorou para recordar. Junto acabei pensando se seria uma boa ideia falar para o meu padrinho. Eu já tive esse sonho umas duas vezes, os dois teve poucas diferenças, parece que esse último tinha incluído mais detalhes, mas de qualquer jeito foram os mesmos. Fiquei pensando sobre isso até o almoço, e tive a leve resposta que só saberia o que fazer quando ver o meu padrinho.

No almoço como sempre fiquei longe dos outros, mas não por muito tempo.

— Oi Susana — disse Hermione chegando com Harry e Rony.

— Oi.

Ela se sentou ao meu lado; Harry e Rony se sentaram do outro lado da mesa.

— Dormiu melhor? — ela perguntou enquanto se servia com o picado de carne.

— Mais ou menos.

— Eu demorei bastante para dormir. A tempestade de madrugada não me deixou dormir.

— Essa noite choveu? — perguntou Rony.

— Sim — respondeu Hermione em um tom de indignação. — Você não ouviu aqueles trovões fortes? Teve um que tenho absoluta certeza que caiu perto da nossa torre.

— Eu ouvi — comentou Harry.

— Eu não. Não ouvi nada.

— Bom saber que se a escola pegar fogo você vai continuar dormindo.

Hermione e Harry soltou uma risada abafada. Rony me olhou com a cara fechada.

— Tranquilo — tomei um gole do suco de abóbora — eu sou que nem você, a escola pode estar pegando fogo, indo abaixo e eu vou continuar no meu mundo.

Confesso que a companhia deles era legal. Eles eram diferentes das outras pessoas, não me olhavam como se fosse um monstro ou algo parecido. Me olhava como eu sou: uma pessoa.

Rony de repente começou a rir. Olhei-o curiosa pelo ataque de risos repentino. Parece até que tinha tomado uma poção de riso. 

— Está rindo por quê? — perguntou Harry.

— Da aula de poções de ontem.

— Poções? — Harry, Hermione e eu dissemos ao mesmo tempo.

— Aquilo que você disse ao Malfoy, Susana.

— De quais “disse” você quer dizer? Disse tanta coisa para aquele loiro na aula do Seboso... — naquela mesma hora Rony e Harry riram.

— Seboso — falou Rony rindo. — Essa é muito boa.

— Por que seboso?

Encarei Hermione meio que pasma. 

Sério que ela me fez essa pergunta? E eu achando que ela era inteligente.

— Por quê? Acho que a palavra “seboso” já diz tudo — respondi. — Você já olhou bem para o cabelo dele? Ele não deve ter a mínima ideia qual a utilidade do shampoo.

Conversamos sobre o meu show na aula de ontem de Poções e sobre o meu bicho-papão. Almoço foi o mais legal desde que cheguei em Hogwarts. Só me separei deles quando saímos do salão principal. 

Sentei-me debaixo de uma árvore que tinha perto do lago negro. Fiquei lá sem fazer nada, apenas observava a paisagem de Hogwarts que era linda. Tudo era muito bonito, tinha o famoso lago negro que era enorme e do outro lado da margem parecia ter uma ilha, mas acredito que seja uma outra parte da longa floresta proibida. Uma vez ou outra jurava ter visto bolhas se formando na água, junto com uma sombra de tentáculos, essa já deveria ser a famosa lula-gigante que a Tonks mencionou.         

Encostei a cabeça no tronco da árvore, fechei os olhos e fiquei só aproveitando o vento fresco sem me importar com o tempo. Entretanto, como diz um ditado trouxa: tudo que é bom dura pouco. Dito e feito!

— Finalmente te encontrei — disse uma voz que queria nunca mais ouvir.

Abri apenas um olho e bem de relance, sendo o suficiente para ver a testuda parada na minha frente. Decidi abrir os olhos dois olhos, antes de soltar um suspiro pesado e sentindo a minha paciência se esgotar. Como sempre os cachos loiros do cabelo dela estavam perfeitos. Tão perfeitos que pareciam falsos. Amanda se aproximou toda sorridente. Ela estava acompanhada por duas garotas que desconhecia: uma ruiva de cabelo comprido até o busto e uma franja reta, junto com uma cara assustada. Já a segunda era loira, não conseguia definir o tamanho já que o cabelo estava preso em um rabo de cavalo. 

— Tudo bem? — perguntou Amanda animada.

— Poderia estar melhor — respondi, voltando a olhar o lago negro.

Ouvi passos se aproximando em seguida um típico barulho de alguém se sentando. 

Juro que encarei irritada, talvez, assim deixando claro que não queria a presença de nenhuma delas. 

— Susana essas são Ana Abbott e Susan Bones. E meninas, essa é Susana Black, minha vizinha. Moramos quase que muito perto uma da outra — ela comentou, me fazendo revirar os olhos. — Viu, viu, Susan! Ela tem praticamente o mesmo nome que você.

Definitivamente essa garota era muito sem noção. Acho que até as amiguinhas dela se tocaram que não queria a presença delas. Já que sempre me olhavam rápidas, mas quando olho de volta elas desviam. 

Ou elas se tocaram. Ou elas têm medo de mim… será que sou tão assustadora?

Amanda queria de alguma forma chamar minha atenção. Então sempre me puxava assunto, mas nunca passava de um “ah sim” “hm” “é”, inclusive tinha as respostas não audíveis que era a voz da minha cabeça mandando ela dar o fora. 

— AI MEU MERLIN! — gritou Amanda de repente.

— Que bosta, Bisbal! Vai gritar no ouvido de outro — exclamei furiosa com a mão no meu ouvido direito.

— Perdão, Susana — ela deu um sorriso amarelo —, mas é que não consigo me conter quando ele aparece na minha frente.

— Ele quem, criatura? — falei sem paciência. — Seu bom senso?

Só que ela estava tão entretida que nem deve ter me ouvido.

— Ah! Claro que tinha que ser ele — comentou a ruiva que deveria ser a Abbott.

— Quem, porra?

— Malfoy.

Virei o pescoço tão rápido para olhar que até senti um puxão. Fiz uma careta com a mão no lugar que senti a dor, enquanto observava a Madame com seus amigos que mais pareciam dois ogros.

— Ele está tão lindo — dizia Bisbal suspirando e se abanando.

Ridícula.

— Meninas, como estou? Como está meu cabelo? — ela estava toda nervosa, as amigas arrumavam o cabelo da mesma enquanto Malfoy se aproximava.

Malfoy estava usando uma calça social preta com uma camisa social branca, a manga estava dobrada e alguns botões estavam abertos. Deixando um pouco a mostra o tórax.  Droga, eu odeio dizer isso, mas concordo com a Bisbal: Malfoy estava realmente lindo.

— Oi Draco — falou Bisbal tentando fazer uma voz sensual.

No mesmo instante ele parou na nossa frente e olhou Amanda — que estava na sua frente. Malfoy que estava rindo, quando a viu desfez o sorriso e fez uma cara de nojo para ela.

— Como vai seu dia?

— Bem melhor antes de você me chamar — ele respondeu com nojo.

Virei o rosto para olhar o de Amanda, mas o sorriso e olhar apaixonado continuava firme. Inclusive do nada se aproximou dele, tentando tocá-lo, mas ele se afastou.

— Nem se atreva chegar perto, acabei tomar banho e não quero me sujar com as mãos nojentas.

— Mas elas estão limpas, eu passei até um perfume especial para você…

Será que ela é tanto ingênua que não entende as reais intenções dele? A cara dele já era bem nítida sobre a visão dele com a Bisbal.

— Fiquei sabendo sobre o seu braço. Não sabe o quanto fiquei preocupada… — E mais uma vez ela veio com os papos idiotas. O que me fez esquecer da enorme vergonha que passava já que o Sonserino estava nem aí e ainda deveria estar tirando uma da cara dela. 

Amanda não parecia nem ter um pingo de dignidade. Mais uma vez tentou se aproximar; mais uma vez Malfoy a afastou. 

Mesmo olhando só de relance, não escapei do olhos azuis-acinzentados dele. Não disse nada, só que é claro que ele tinha que falar.

— Fazendo caridade para a ralé, Black? — ele debochou.

— Ralé? Não, não estou conversando com a “ralé” e sim com pessoas. Agora com você posso dizer estar conversando com um imbecil.

Levantei-me, limpei a calça com batidas e voltei a olhar o “senhor Maravilha”. 

— Vergonha! Você é uma vergonha para toda a família Black. Não basta ter ido para Grifinória, ainda convive com sangue-ruins — ele lançou um olhar para Amanda — e traidores de sangue. Você suja o sobrenome que carrega.

— Sujar é o de menos, até porque para tirar pó é só pegar um pano úmido que passa. Sabia? — ri ao ver a cara de tacho dele. 

Como ele não disse nada e eu não tinha mais nada para falar, decidi me retirar. Só troquei um último olhar com o próprio e segui linha reta até o castelo.

No entanto pensei que estava livre, mas acabei ouvindo uma súplica para que Malfoy ficasse. 

— Fica longe de mim, não me toque, sangue-ruim! — Malfoy gritou.

Passos rápidos vieram até mim junto com um:

— Black!

Tentei acelerar meus passos, mas ele foi bem mais rápido e me puxou.

            — Estou falando com você — ele me puxou com tudo, aponto de me trombar com si. 

            — Me solta, imbecil! — gritei irritada. — Cara, você é muito CHATO! E para de ficar puxando o meu braço. Está parecendo aqueles personagens chatos daqueles romances de novelas trouxas!

            Consegui me soltar meio que na violência, tanto que quase perdi o equilíbrio e cai.

            — Fala isso como se você fosse muito legal — ele rebateu irônico.

            — Contudo, pode ter certeza de que sou mais legal que você — rebati. 

            Malfoy arqueou a sobrancelha e deu seu típico sorriso desdenhoso.

            — Acho que não… até porque ouço outros comentários nos corredores sobre você — ele disse baixo.

            — Acredite, eu não estou sozinha nessa.

            — Louca, parente louca de um assassino, garota sem educação e grossa. Nunca fala com os outros sem dar patada, sem ser estúpida… Claro que existem outras definições. Mas esse é o básico, Black.

Malfoy se aproximou, eu me afastei, mas acabou que quase pisei em falso e cai. Só que antes disso acontecer, fui segurada pelos dois braços. Fazendo o verdadeiro do incômodo ser a distância mínima entre nós dois. Conseguia sentir bem a respiração dele. Enquanto a minha foi ficando descontrolada, queria sair daqui. 

Por instinto o olhei; ele também me olhava só que não exatamente para os meus olhos como eu o olhava. Tive a leve sensação que era para minha boca… senti um enorme frio na barriga quando ele diminuiu a distância, socorro que nossas bocas estavam quase se roçando. 

— Vai me beijar, Malfoy? — foi a única coisa que veio na minha cabeça para tentar quebrar aquele clima. Não queria o que estava para rolar! Não mesmo!

Parece que aquilo foi um grande toque, que fez acordar e assim olhar para onde ele deveria ter olhado desde o início. Cara de pau, ele estava mesmo olhando minha boca! Ele queria me beijar?


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