A semana foi muito corrida para Jorge. Ele se mudou para um bairro bruxo, infelizmente apenas dez quarteirões longe de Lívia. Angelina e ele assumiram um namoro. E no fim de noite de sábado os dois foram para A Toca jogar snap explosivo. Gina e Hermione se assustaram ao ver os dois de mãos dadas.

– Angelina e eu estamos namorando – Jorge anunciou para a família.

Depois dessa frase pairou um silêncio muito desconfortável para todos. Harry se remexeu na cadeira incomodado. Rony arqueou as sobrancelhas como se dissesse: “Você é muito burro”. Hermione e Gina sequer olharam para o novo casal. Isso causou uma crise de choro em Angelina. Molly e Arthur desceram as escadas d’A Toca e tiverem que consolar a mulher, além de dar uma bronca nos quatro.

Jorge dava carinho no cabelo de Angelina, mas tinha vontade de terminar tudo. Sentia-se mais infeliz ainda depois de assumir o namoro com a morena, fizera aquilo só por causa da Lívia. E agora não tinha como voltar atrás já que Angelina estava grávida e Jorge morria de medo de perder seu filho.

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“Jorge Weasley,

Quem te escreve é Daniel Katsópolis, o amigo de Lívia.

Preciso urgentemente falar com você. E isso não é um convite, e sim uma intimação. Há coisas que você precisa saber antes de tudo. Por favor, compareça à minha casa segunda ou terça desta semana às 18hrs. Endereço do lado de trás.”

O ruivo não esperava por uma carta enviada por Daniel. Chegou a pensar que Daniel queria explicar que não tinha nenhum relacionamento com Lívia e que era para Jorge não fazê-la mais sofrer. Porém, algo lhe dizia que precisava ir até a casa de Daniel porque era importante.

Sentou-se em sua cama recém-adquirida e olhou para a janela. Mais do que nunca sentiu saudade de Fred. Ele saberia como tirar sarro daquela situação embaraçosa em que se metera ao mesmo tempo em que iria ajuda-lo com conselhos.

Aquela casa ainda estava um pouco vazia e estar sozinho a deixava mais vazia ainda. Assim como o seu coração. Jorge lembrou-se de Fred e de seus olhos petrificados, lembrou-se dos primeiros dias sem ele na sua rotina e todas as lembranças só serviram para Jorge pegar seus travesseiros e atirá-los na parede. Por que estava perdendo todos que amava? Não era justo. Não era nada justo.

Jorge secou as lágrimas que insistiam em cair e estava se preparando para dormir quando outra coruja chegou ao seu apartamento.

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– Eu não quero mais ver o Jorge sofrendo com alguém que não ama! – Hermione disse com o olhar baixo.

Harry, Rony e Gina estavam no quarto da castanha em sua casa trouxa naquela noite de sábado após a visita ilustre de Angelina n’A Toca.

– Amanhã é domingo – Ron disse pensativo. – De domingo Jorge virá para A Toca...

– Mas o que diremos para Liv? – perguntou Harry. – Oi, Liv, queremos que você venha a A Toca para Jorge se dar conta que é com você que ele deve ficar. Até amanhã!

– Sutil, Harry, sutil! – Gina brincou dando um soquinho em seu ombro.

– Vamos falar que... Hum... Gina precisa que Liv coreografe um dança! – Hermione exclamou feliz com a ideia. – Gina joga no Liverpool, e as líderes de torcida podem estar precisando de uma ajudinha na dança. Pronto. Decidido. Quem vai escrever a carta para Liv?

– Vou mandar um bilhete para o Jorge para ele não esquecer que tem compromisso com a família amanhã – Ron disse balançando a cabeça negativamente.

– Vem, Gi, me ajude! – Hermione pediu.

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– Eu preciso ir, Karen – Lívia falou após ler o bilhete mandado pela coruja. – Apesar de tudo Gina é uma ótima amiga!

Karen cruzou os braços e fingiu estar brava.

– Vai lá com a ruiva, tá? Não precisa mais ser minha amiga se não quiser.

As duas caíram na risada.

– Também acho que você deva ir, Liv – Karen continuou séria. – Sem contar que se Jorge aparecer por lá, será um tapa na cara dele do tipo: Eu te superei, já posso vir para sua casa sem me importar com você, babaca!

Lívia riu, mas ao dormir lembrou-se dessa frase.

Como ela queria realmente não se importar com Jorge...

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– Derek, eu estou com medo! – Angelina disse andando de um lado para o outro na sala de estar do garoto. – Se alguém descobre nós somos presos, sabia? Isso é falsificação de documentos...

Derek tomou um gole de seu vinho e deu uma risada irônica.

– Duvido que alguém descubra, Angelina – ele respondeu. – Daqui algum tempo, quando você vir que terá que usar barriga falsa, é só fingir que perdeu o bebê. Isso lhe dará abertura para que Jorge tenha mais cuidados com você e dependendo da sua atuação até se sinta culpado. Agora eu só precisaria de um jeito para me aproximar de Lívia.

Angelina riu de um modo sarcástico.

– Acho que sei como você pode agir.

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– Gi, presta atenção nas minhas pernas – Lívia pediu depois de um acesso de riso.

Gina estava sendo uma aluna muito aplicada, tentava acompanhar o ritmo de Lívia, mas acabava tropeçando em seus próprios pés. Ainda bem que a ruiva não era líder de torcida porque na pirâmide seria um desastre!

– Mas você faz muito rápido, Liv – Gina fez um bico.

– Você não nasceu com o dom, Gi – Harry falou rindo. – Prefiro você como apanhadora.

Gina mostrou a língua para Harry e continuou tentando acompanhar a loira. Em um determinado momento a ruiva parou para observar Lívia.

– Três contratempos – ela dizia enquanto dançava. – Uma pirueta. Abaixa e sobe.

A garota estava tão concentrada em sua dança que nem reparou que um certo ruivo a observava enquanto dançava de costas. Jorge ficou sem palavras ao ver Lívia dançando como um anjo na sua frente, não tinha como descrever os movimentos perfeitamente delicados dela.

Gina percebeu a reação do seu irmão ao observar Lívia, por isso deu uma risadinha discreta, mas a loira percebeu e quando virou se deparou com Jorge. Seu coração quase saltou pela boca. Os dois ficaram se fitando durante um longo período de tempo até Angelina aparecer e dar um beijo em Jorge que não a repeliu.

Tudo fez sentido para Lívia. Ela virou-se para Gina e continuou de onde parara:

– Você pode fazer agora alguns braços para a coreografia ter mais movimento e ação, Gi. E um truque: se a música for muito longa, você pode repetir alguns passos em ordens diferentes.

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– Rony – Hermione sussurrou no ouvido do namorado que a olhou. – Você esqueceu de falar para o Jorge não trazer a Angelina!

Hermione sorriu tentando parecer compreensível, mas seu olhar significativo era: A única coisa que eu peço para fazer você não faz direito!

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– Gina, podemos conversar a sós? – Lívia perguntou depois que terminara a coreografia.

– Claro, Liv.

As duas subiram as escadas até chegar ao quarto de Gina. A ruiva fechara a porta atrás de si e se deparou com uma Lívia muito brava.

– Se isso foi uma tentativa de me reaproximar de Jorge, Gina, você sabe que a chance é nula! – exclamou Liv. – Principalmente agora que assumiu um namoro com a Angelina. Sério, por que você me fez vir aqui, Gina? Realmente foi para eu montar uma dança?

Gina se sentiu totalmente sem graça. Lívia descobrira tudo, não adiantava mais negar. Ela precisava saber a verdade.

– Eu não sabia que Angelina viria, Liv! – Gina tentou se defender. – É só que depois que eles começaram a namorar, Jorge voltou a estar depressivo! E eu sei que você também ama o Jorge, Liv. Desculpa, eu só queria ajudar vocês dois.

A loira suspirou cansada e deixou uma lágrima rolar em seu rosto, o que preocupou a ruiva e chegou mais perto para abraça-la.

– Está doendo muito ainda, Gi – ela confessou. – E agora, mais do que nunca, eu preciso me afastar de Jorge. Ele precisa apoiar Angelina e cuidar do filho, sem contar que tem um compromisso com ela. E eu preciso de um tempo para meu coração não arder toda a vez que falarem do Jorge. Por favor, Gi...

– Desculpa, Liv! – Gina disse acariciando o cabelo da loira.

Ela achou melhor ir embora. Desceu as escadas, despediu-se de todos menos de Jorge e Angelina e saiu pela porta da frente onde tinha alguém a esperando.

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– Sua hora, Derek! Na frente da casa dos Weasley! – o patrono corpóreo de Angelina apareceu na sala do rapaz.

Ele não esperou nem mais um minuto e desaparatou.

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A loira saiu da casa dos Weasley e estava se preparando para aparatar quando um moreno saiu de trás das árvores.

– Da onde você surgiu? – Lívia perguntou assustada e colocou uma mecha do cabelo atrás da orelha. – Sai da minha frente, Derek. Por favor.

O rapaz abaixou o olhar, triste.

– Eu só queria mais uma chance. Eu fui um babaca mesmo, Liv, e nunca vou me perdoar por ter te agarrado daquela maneira – ele disse e deu um passo para trás. – Nunca mesmo, só queria que você conseguisse um dia, me perdoar.

A garota o olhou com frieza.

– Se nem você consegue se perdoar, como espera que eu o perdoe? Aliás, o que você está fazendo? Como sabia que eu estava aqui? Derek, por favor, pare de me seguir, me esqueça, me exclua da sua vida.

A menina se preparou para aparatar novamente, mas como Derek segurou seu pulso, Lívia se desconcentrou e acabou indo parar numa avenida movimentada trouxa e levou Derek consigo.

– O que você ainda está fazendo perto de mim, Derek?

Ela olhou ao seu redor e viu que a calçada também era bem movimentada mesmo. Vários executivos passando de um lado para o outro e esbarrando nos dois. Já a avenida não parava um segundo sequer de passar carros e motos.

– Lívia, eu só quero mais uma chance. Eu fui um completo idiota... – o moreno disse.

Derek levantou o braço para acariciar o rosto de Lívia, mas ela bateu na mão do garoto, fazendo-o recuar.

Ela estava assustada com Derek a perseguindo, por isso começou a correr para longe dele. O moreno, insistente, não desistiu e foi atrás dela. Depois de esbarrar em muitas pessoas naquele lugar e Derek estar quase a alcançando, viu um beco do outro lado da rua que poderia desaparatar sem problemas e sem o Ministério a adverti-la.

Porém, quando foi atravessar desesperada, não olhou para os dois lados e uma moto acabou indo de encontro a ela.

Lívia não teve muito tempo para assimilar o que aconteceu, pois sua visão ficou escura.

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– Karen acabou de me enviar uma coruja! – Hermione desceu as escadas desesperada.

Todos que estavam na sala olharam para a menina querendo saber o que estava acontecendo.

– Lívia acabou de sofrer um acidente! – Mione disse tremendo. – Ela bateu com cabeça, teve machucados e precisa de uma trananfunção, sei lá o nome daquilo, de sangue!

Todos se levantaram assustados e começaram a bombardear a castanha de perguntas. Ela apenas entregou o bilhete breve de Karen para todos.

– Onde ela está internada? – Jorge perguntou aflito.

– St. Mungus.

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– O que você está fazendo aqui? – Karen praticamente gritou quando viu Derek na sala de espera. – Sai agora! Lívia não quer te ver! E pelo o que os médicos me contaram foi você que provocou o acidente dela!

Derek abaixou o olhar e deixou uma lágrima cair. Karen teve o ímpeto de dar-lhe um tapa na cara, mas se segurou porque estavam em um hospital.

– Ok, já estou saindo.

Karen observou o rapaz saindo pela porta principal com uma cara desolada, mas não deu muita importância para aquilo. Logo após isso, uma família de ruivos junto com Harry e Rony adentraram as portas principais.

– Como ela está? – Jorge perguntou desesperado para Karen. – O que houve? Como isso foi acontecer, Karen? Por favor, fala qualquer coisa!

Karen sentiu todos os olhares sobre si, mas nesse meio tempo que estava observando todos se virarem em sua direção, percebeu que Angelina não estava com eles o que foi um alívio para a morena.

– Pelo o que os médicos me disseram – começou Karen com calma. – Ela estava fugindo do Derek e aparatou no lugar errado. Atravessou uma avenida e foi atropelada. Teve um ferimento na cabeça porque bateu na guia da calçada e também na barriga porque a moto tinha uma espécie de ferro que a perfurou. Por isso precisa de uma transfusão de sangue. O diagnóstico completo só vou saber quando Dan me contar, ele está com ela na sala de emergências.

Jorge sentou-se no sofá do hospital com o coração acelerado. Não podia deixar que acontecesse nada com Lívia, mas simplesmente não se lembrava do seu tipo sanguíneo.

Todos estavam conversando sobressaltados na sala de espera quando Daniel, de jaleco e com uma prancheta em mãos, apareceu.

– Alguém é O negativo? – perguntou tentando manter a calma.

Molly se assustou com a notícia e começou a gaguejar:

– J-Jorge ou R-ron... Um deles é O negativo.

Daniel pediu para que os dois o acompanhassem. Ron estava tremendo de medo, pois era só chegar ao hospital que sempre tinha vontade de vomitar. Já Jorge queria, com todas as suas forças, que ele ou seu irmão fossem O negativo.

Apesar de toda a desconfiança de Jorge entre Daniel e Lívia, ele não deixara de ama-la. Nenhum momento. A loira continuava sendo seu chão e seu ar, nunca encontraria alguém como ela. Nunca.

Quando Ron entrou para fazer o exame, Daniel puxou Jorge para um canto e falou bem baixinho.

– Eu ainda quero falar com você. Apareça na minha casa hoje à noite, Jorge. Esse assunto é muito sério.

Jorge estreitou os olhos.

– Tudo bem. Sem gracinhas.

Quando olharam de novo para a sala onde Ron fazia o teste, perceberam que ele tinha vomitado na sala.

A enfermeira olhou para Daniel e disse:

– AB.

Jorge correu para fazer os exames que comprovaram que ele era O negativo. Logo após isso começaram a tirar o sangue do garoto para depois ser transplantado para Lívia. Jorge estava apreensivo, pois queria que tudo desse certo. Ao mesmo tempo, não parava de pensar na loira, queria vê-la o mais rápido possível, mas não o deixaram entrar no quarto. Quando saiu do laboratório, somente Karen e Gina estavam lá.

– Ron contou do vexame que deu lá vomitando na sala – Gina deu risada. – Foi tudo bem lá, Jorge? Você demorou.

– Verdade, os pais de Liv chegaram, conversaram com o Dan e ele disse para irem comer alguma coisa já que estavam pálidos – Karen completou e Jorge sentou-se no banco ao lado delas. – Como foi lá?

– Foi tudo ótimo, mas precisavam tirar bastante sangue e eu acabei ficando meu zonzo por ver tanto sangue. Fiquei um pouco lá para verem se minha pressão tinha caído, mas estou bem já.

– Vou buscar um copo d’água para você, Jorge – Gina se pronunciou deixando Karen e Jorge sozinhos.

– Eu vou estar com o Dan e você hoje à noite, Jorge – Karen disse rapidamente. – Ele achou melhor eu estar lá para você não se sentir pressionado já que vocês dois se desentenderam.

Jorge teve o ímpeto de abraçar Karen, mas apenas sorriu. Estava muito apreensivo mesmo de chegar à casa de Daniel e encarar o garoto sozinho. Pelo menos com Karen ele sabia que não podia ser uma noite tão cruel.

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– Não está dando certo, Angelina – Derek disse furioso. – Só você está vendo os benefícios desse plano! Quero os meus também.

Angelina arregalou os olhos assustada com o tom de Derek.

– Eu não tenho culpa que você estragou tudo hoje, Derek – ela respondeu. – Era para você ser sutil, fofo e carinhoso, mas a Lívia acabou correndo para ficar longe de você e ainda sofreu um acidente pelo qual será culpado pelo resto da vida. Sem contar que depois disso tudo Jorge foi visita-la no hospital, só para me deixar nervosa. Eu hein?!

O garoto suspirou e chegou mais perto da morena.

– Se eu não vir meus benefícios, eu abro o jogo, Angelina.

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– Sente-se, Jorge – Daniel disse formal.

Karen ficou ao lado do moreno e ambos seguravam um monte de papéis e livros. Jorge estranhou aquela situação.

– Sobre o que querem falar? – perguntou Jorge ao se sentar no sofá impecavelmente limpo de Daniel. – Se for um sermão, dispenso.

– Não é nada disso, Jorge – Karen disse rapidamente. – Comece, Dan.

Daniel suspirou.

– Vai ser uma longa conversa, mas antes de qualquer coisa quero que saiba que só tenho esses exames porque no dia que Angelina contou que estava grávida, esqueceu os papéis perto da bolsa de Lívia e ela sem querer pegou. Bom, pelo menos foi a teoria mais óbvia que consegui imaginar.

Daniel então contou toda a história. Apontou erros e defeitos naquele ultrassom, nos exames e os índices de HCG completamente contraditórios. Jorge com o decorrer da história começou a ficar boquiaberto, com seu coração explodindo de raiva de Angelina que o separou de Liv para viver uma mentira.

Jorge não sabia o que realmente sentia. Sentia-se extremamente aliviado por não ter um filho com Angelina, o que facilitaria muito sua relação com Liv, mas seu sangue esquentou após saber que Angelina planejara tudo só para separá-lo da loira.

Karen sentou-se ao lado de Jorge e colocou a mão em seu ombro como se quisesse dizer que tudo ficaria bem, mas o rapaz estava perplexo demais para dizer alguma coisa.

– Jorge, fique com os exames – Daniel estendeu a papelada para o ruivo. – Se quiser levar para qualquer especialista pode levar para sanar qualquer dúvida que venha ter. Ah, Lívia ainda não sabe de nada, ok? Quando você resolver os assuntos pendentes com Angelina e a nossa amiga sair do hospital eu estarei com você para contar cada vírgula, se quiser.

Jorge tampou o rosto com a mão tentando colocar os pensamentos em ordem. Não conseguia imaginar mais encarar o rosto de Angelina. Sem contar o arrependimento que crescia dentro dele. Insinuara que Daniel e Lívia estavam juntos, acreditou em sua própria ilusão e por isso começou o namoro com Angelina.

– Se quiser colocar Angelina em um processo você tem esse direito, Jorge – Karen disse amigavelmente. – Mas eu tenho quase certeza que ela não agiu sozinha. Não é qualquer um que sabe falsificar um exame.

O ruivo suspirou cansado, ele mal teve tempo de digerir as informações e outras novas surgiam muito rapidamente em sua vida.

Ele decidiu então mudar o foco da conversa:

– Como Lívia está, Daniel?

O moreno sentou na poltrona de frente para Jorge e começou:

– Ótima, Jorge. A gente a deixou com remédios soníferos para não sentir dor nos pontos que demos em sua barriga, mas amanhã ela estará acordada. Se tudo der certo, terá alta daqui três dias. Eu sugiro que faça uma visita para ela enquanto não estiver acordada, porque pelo que eu sei ela está muito magoada com você ainda.

– Por que tudo isso aconteceu comigo? – praguejou Jorge.

– Você não fez nada irreversível, Jorge – Karen disse sorrindo para o ruivo. – Mas primeiro resolva sua situação com Angelina, depois procure Lívia.

– Vou tentar visita-la agora à noite! – Jorge disse se levantando.

Ele se despediu de Karen, agradecendo-a muito. Daniel o levou até a porta, mas antes que o ruivo saísse o moreno deu-lhe um soco no nariz, fazendo Jorge quase cair para trás.

– Esse soco foi por você ser um completo idiota, Jorge – Daniel disse ainda sério. – Eu disse para cuidar muito bem da Liv e você não fez isso. E esse soco também foi por insinuar que eu tinha algum tipo de relação que ultrapassava a amizade com uma garota que eu considero minha irmã, e por fazê-la sofrer.

Jorge levou as mãos no nariz e massageou o local.

– Eu acho que mereci isso – o ruivo disse cabisbaixo.

– Se acontecer algo que eu não goste, o próximo soco será bem pior – o moreno o alertou. – Agora vai logo que o horário de visitas é só até às 22hrs.

Jorge pensou em ficar com raiva de Daniel pelo soco, mas o cara tinha sido muito legal em apenas dar um soco. Jorge merecia mais uns trinta por ter sido tão idiota. Sem contar que mesmo depois de tudo, Daniel e Karen foram contar a verdade e ajuda-lo.

– Obrigado, Daniel – Jorge disse e estendeu a mão para o moreno que a apertou. – Obrigado por me contar a verdade e por me dar um soco.

Daniel esboçou um sorriso de dever cumprido.

– Corre, Jorge! – Karen exclamou da sala.

O ruivo riu e saiu. Daniel fechou a porta atrás de si e correu para se sentar ao lado de Karen que se divertia com a situação.

– Se fosse outro cara você sabe que revidaria esse soco! – a morena brincou.

Daniel riu.

– Eu disse que daria esse soco, boba foi você de não acreditar na sensualidade em forma de pessoa aqui.

Karen riu mais ainda e se aconchegou no ombro de Dan que lhe deu um beijo na testa.

Daniel viu que a pequena mão de Karen estava perto da sua, resolveu entrelaçar seus dedos e esperou a reação da garota que deu outra risada, que ao ver de Dan foi fofa, e lhe deu um beijo na bochecha. Depois disse que precisava ir embora, pois teria que acordar cedo.

Dan sentiu-se um pouco mal por Karen não tê-lo levado a sério, mas se despediu normalmente dela.

É, seu coração estava sendo ocupado por outra pessoa depois de sua decepção com Paula. E isso era muito bom.