Secrets and Photos

Capítulo quatro: O príncipe em ação e a descolada arrasada

Cheguei a casa chutando tudo que eu via na minha frente, menos a mobília é claro. Nem sei por que estou tão puto, mas aquela garota me deixava assim. Sei que mal a conheço, mas aquele jeito irritante... Faz-me querer chutar coisas! Agora ela vai ver como se deve ser altamente irritante, vou atormentar cada dia da sua vida, fazer dela meu bichinho de estimação.

Espere, você irá sofrer na minha mão.

Um cheiro de comida fez o meu estômago roncar. A pirralha deve ter chegado a casa, mas pensei que chegaria mais tarde hoje; iria participar de um... Qual é o nome mesmo?... Festival da escola ou algo do tipo. Lembro bem do festival na minha escola esse ano, as garotas me fizeram usar uma roupa de mordomo em um café cosplay. Essa roupa atualmente está queimada e jogada no fundo de algum rio.

Uma cadeira de madeira levantava o seu corpo baixo e infantil. Estava tão tentado a chutar aquela cadeira, mas não sou tão mal assim. O cheiro era de curry, que fez meu estomago roncar novamente. Rs’ pirralha esperta. Mesmo assim me sinto um idiota feliz por ter feito minha comida favorita.

– Nossa Yui, quem diria que você seria tão generosa com o seu irmãozinho. – um grito fino e surpreso ecoou. Bem, pelo menos a assustei. Tirei o corpo facilmente de cima da cadeira, colocando a mesma junto com as outras. – Pode deixar comigo. Eu termino. Por que você está aqui? Hoje não seria o festival escolar?

Olhei-a por cima do ombro. Sei que é estranho ver uma pessoa como eu, me preocupando, mas é minha irmã. Sempre tento protegê-la, é só uma criança e não sabe nada sobre a vida. Nunca vou deixar ninguém importante para mim na mão... Não mais.

No que estou pensando?

– Usi, sabe que não sou capaz de ficar muito tempo naquela coisa de criança. – nossa, como é adulta, em plenos nove anos. Senti-me um idoso agora. Apenas dei um meio sorriso e uma mexida no curry. O cheiro era tentador.

– Só achei que seria melhor você sair mais, já que entrou na escola atrasada. Tem que se enturmar, ou ficará para trás. Idiota. – tampei a panela e deixei a comida ser cozida. Fui até o seu corpo e me agachei, dando uma leve tapa na cabeça. – Bem, deixo o resto do almoço com você pirralha, preciso tomar um banho. Desliga a panela quando o relógio marcar as três, tudo bem?

Caminhei em direção ao quarto, sentindo formigamento nas pernas quando se termina de fazer algum exercício. Droga, estou tão sonolento que chega a irritar. E nem comecei a pensar nas diversas maneiras de irritar a nerdzinha. Me fez passar muita vergonha para um dia. Tudo está tão nostálgico que meu tédio triplicou, então quero ver se consegue me divertir.

Depois de um banho rápido, aproveitei que hoje era sábado e fui fazer as tarefas escolares... Uma grande perda de tempo. Já conhecia todo o conteúdo para os próximos três anos. Fiz o que tinha de fazer, ficando imerso no tédio o resto do dia... Ichinose não apareceu em casa, o que foi bom. Segunda começa a diversão.

Asami Kei... Prepare-se.

∞∞∞

Oh, droga! Por que o orgulho tem que falar mais alto? Obrigada mãe, por deixar uma característica hereditária tão honrosa! Agora irei ter de jogar um joguinho de chantagem infantil.

Ele é o tipo de gente que finge ser o que não é! Um rude sem coração! Cruel, que não tem nenhum senso de bondade!

Como se fingir ser o que não é não fosse uma característica minha... Mas ele é pior! Bem pior!

Andava pelas ruas da cidade buscando algum rumo, pensando em todos os meus feitos, catando e revendo minhas memórias. As pessoas em quem confiei, tive de mudar minha personalidade ou continuaria sozinha. Todos aqueles olhares tortos e cochichos sobre minha personalidade... Agora, tenho que ser totalmente o oposto.

O dia em que acordei sem seus bons dias, que pela primeira vez vi o Hikaru chorar tanto na minha vida. Sim... Lembro-me de todos os momentos bons e ruins que já passei.

Mesmo que agora a minha vida esteja um pouquinho parada, espero que nada de ruim me aconteça.

“Na verdade, estou com um pouco de tédio de toda essa baboseira. Quero ver se a famosa Kei irá me livrar desse tédio...”

Acha que sou um brinquedo... Idiota.

Talvez esteja bolando um plano maléfico agora mesmo. Um plano que irá arruinar tudo o que já fiz. Hum... Talvez não. Talvez seja somente um cara com três personalidades, onde a outra é realmente um cara gentil e normal...

– A quem quero enganar... – puxei o celular do bolso e dei uma olhada no horário. Ah! Passou a hora de buscar o Hikaru, e ainda nem fiz o almoço! Tenho que correr!

...

O final de semana foi bem calmo. Hikaru ficou feliz em ter ido para a casa do Kano. No domingo a noite, tive de fazer as tarefas escolares, onde não sou muito boa. Nem sei como estou no colegial, acho que foi um milagre mesmo. E para a minha infelicidade, tenho que ir para a escola agora...

Arrumei os cabelos perfeitamente, mas estava tão apressada que não deu tempo de passar maquiagem, somente algo para deixar minha pele menos pálida. Enfim, a escola não era muito longe, consigo chegar a pé em meia hora. Todos estavam dando bom dia normalmente. Apenas acenava e respondia todos com um sorriso desleixado. Ah... Sempre seja desleixada, não gostam de garotas calmas demais, nem legais demais. Seja apenas uma desleixada.

– Asami! Como foi seu final de semana? – uma das minhas amigas, Izami, estava acompanhada da Kaori, que também deu um bom dia animado. As duas estão sempre animadas.

Sorri alegremente e abracei as duas.

– Foi ótimo! Fui naquela loja nova de crepes que abriu sábado. – mentirosa. Mas tenho de manter as aparências.

– Você sempre pensa em comida, assim vai engordar! – andamos até a sala de aula e sentamos cada uma em seus respectivos lugares. Ficava sentada entre as duas. Izami chamou nós duas com a mão. – Já sabem da aluna nova? Sempre dá uma de inocente na frente dos garotos para chamar atenção.

Sabia de quem estavam falando.

A garota havia passado agora mesmo por aqui. Tinha cabelos longos e loiros, era um pouco baixa demais e mantinha os olhos no chão. Os garotos olhavam para ela e depois cochichavam, sorrindo. Pobre garota, era como eu no passado. Sempre fui excluída pelas garotas por ter um jeito calmo, os garotos sempre diziam que eu era fofa, então, fui sendo deixada de lado.

Até que resolvi pedir uma transferência. Não aguento ficar sozinha.

Consegui decidir que iria mudar, minhas atitudes, jeito de ser, gostos, praticamente tudo. Até agora não tive problemas em manter amizades, e quero continuar assim.

– Olhem, é o Usui-kun! Hoje ele veio sem óculos! – mas o que?! O que faz aqui?! Pensei que estudasse na classe A! – Está olhando para cá! – virei a cabeça lentamente, com um olhar mortal no rosto. O cínico penas olhou para nós e sorriu, mas não um sorriso provocativo, um sorriso gentil e alegre...

Esse maldito bastardo. Quero apertar seu pescoço com força. Tão irritante.

– Hã? O que houve Asami? Está estrangulando seu estojo. – Kaori me repreendeu e depois começou a rir. – Você não tem jeito.

– Desculpe, preciso ir ao banheiro. – levantei rapidamente e fui em direção a porta, matando-o com o olhar.

∞∞∞

Lá está ela, sentada com duas outras garotas, rindo de uma maneira enjoativa. O rosto estava diferente, não pálido como antes. Maquiagem. – Rolei os olhos com o pensamento. – Quase não consigo ver a diferença dela, das outras aqui do colégio.

– Olhem, é o Usui-kun! Hoje veio sem óculos! – uma das garotas apontou discretamente para mim. Ah, merda! Esqueci os óculos em cima da escrivaninha. Bem, não importa, eram falsos de qualquer maneira. Mas se bem que agora estou mais vulnerável. – Está olhando para cá! – Asami virou o olhar para mim.

Nossa, senti novamente coisas furarem meus olhos. Realmente é interessante. Agora, hora de brincar.

Sorri de uma maneira gentil, fazendo as outras duas soltarem gritinhos irritantes e ela ficar mais raivosa ainda, apertando o estojo com força. A outra garota falou algo e começou a rir. Repentinamente, levantou-se e veio em direção a porta.

Missão cumprida, vamos ver o que irá fazer...

O corpo ficou em frente ao meu, que bloqueava a passagem. As duas garotas que conversavam comigo já haviam saído dali, então eram somente nós dois, prontos para uma batalha indireta.

Fechou os olhos e suspirou, demonstrando um sorriso seco, sem qualquer emoção ou provocação. Tch, esperava mais dela. Mas ainda não desisti.

– Com licença, Ichinose-san, preciso passar. – já não me olhava diretamente, apenas observava o que estava acima do meu ombro. Parece que sabe bem como controlar suas ações... Não é uma amadora, o que faz isso ficar cada vez mais interessante.

– Claro, Asami-chan. – aproximei o rosto cada vez mais, sentindo um perfume diferente do anterior. Até mesmo o perfume mudava? Essa garota... – Hoje você está diferente, aconteceu algo ruim no final de semana? – como agirá diante dessa? Quase fico ansioso para descobrir.

Mas não respondeu, somente colocou as mãos em meu braço e retirou-me de frente da passagem, sem qualquer revolta, nem discussão... Tch. Não vou perder nessa. Segurei-lhe o pulso devagar e a levei dali, atraindo todos os olhares possíveis, assim como cochichos e resmungos. Malditos curiosos, nunca mudam.

Fui até um lugar mais vazio e encostei-a na parede de forma brusca, colocando o braço ao lado para impedir sua fuga. – Conseguiu esgotar minha paciência novamente, sendo somente uma estúpida garota. – Aproximei-me, colocando minha perna entre as suas. Usei os dedos para levantar seu rosto, encarando os olhos azuis profundamente.

– Mesmo que pense desse jeito, Asami, ainda é uma garota. Por que continua escondendo quem realmente é? O que isso vale para você? — sussurrei bem ao pé do ouvido, com um meio sorriso. Depois de sentir sua respiração pesar, afastei o rosto, focando novamente nos olhos.

Eram límpidos, mas frios... Não tinham inocência ou sinal de fraqueza. Eram sofridos e pareciam misteriosos. Realmente... Deixava-me cada vez mais confuso e curioso.

Irritantemente interessante.

Os lábios comprimiriam-se e recitaram palavras que fizeram meus olhos arregalarem:

– Já falei que não sou o seu brinquedo. Agora pare de me usar em seus joguinhos. – hn... Acho que já deu por enquanto. Irá ser um desafio e tanto, mas não desistirei. Soltei os braços e deixei seu corpo sair andando, apressadamente. Encostei o cotovelo na parede e apoiei a cabeça na mão.

O que você esconde, Asami Kei?

∞∞∞

Ele é louco! Tenho cada vez mais vontade de bater nele, vontade de arrancar-lhe os cabelos. Tirava-me do sério! Um ser altamente irritante e rude. Mesmo que esteja reprimindo meu segredo, por enquanto, recuso a aceitar que esteja chantageando sem um objetivo. Quer jogar um jogo sem sentido, que não levará ninguém a lugar algum.

E o que foi aquilo?! Não tinha o direito de infligir os meus direitos. É um pervertido, somente isso. Aposto que faz isso com toda garota que encontra. Manipulador. Canalha. Babaca. Tomara que descubram sobre seu caráter o quanto antes.

Ande, apenas ande e não faça nada, não comprometa tudo que já fez até agora. – Respirei fundo algumas vezes, tentando manter o autocontrole. –Certo! Agora tenho de ir ao banheiro, não estava mentindo quando disse que iria...

Falhei quando tentei pôr a mão na maçaneta, já que alguém havia aberto a porta antes. Era a aluna nova... Os olhos estavam um pouco manchados na parte inferior, o nariz, avermelhado e o rosto, envergonhado... Estava chorando?

– Ah... Olá, Asami-san. – recitou, com a voz rouca e tremida. Sim, estava chorando.

– Algum problema, Ami-san? – uni o cenho, esperando a resposta. Mas somente negou com a cabeça e pediu licença, saindo apressadamente. – O que houve com ela?

Entrei silenciosamente no banheiro, mas travei quando escutei as vozes de Izami e Kaori.

– Você viu a aluna nova? – Izami gargalhou. – Estava chorando escondida! Somente para chamar atenção! – mas o que elas...?

– Você escutou? Enquanto estávamos vindo para cá? As pessoas disseram ver o Usui-kun com a Kei... – oh droga! Sabia que iria colocar tudo por água abaixo! – Usa todo aquele jeito desleixado para conquistar os garotos. – não, não uso. Estão erradas! – Deve se achar superior.

Ah... Tudo por causa daquele fingido.

Saí do banheiro silenciosamente.

Acho melhor ir para a classe. Escutar conversas não é comigo.