Secrets and Photos escrita por Makoto


Capítulo 21
O medo do Príncipe negro e a Descolada desconfiada


Notas iniciais do capítulo

Bom dia, Boa tarde, Boa noite, Boa madrugada! Aqui está a escritora mais sumida no mundo, eu! Sim, gente, tenho um aviso crucial para esse capítulo. Estou tentando marcar os dias que escreverei, pois, esse ano, farei ENEM pra valer. Bem, é complicado, mas estudo 5h por dia e fica difícil escrever e ter imaginação para isso. Espero que estejam cientes e sejam bonzinhos comigo, plizi? *--*



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Secrets and Photos

Capítulo vinte e um: O medo do Príncipe negro e a Descolada desconfiada

A dormência envolvia meus dedos gelados, enquanto os forçava contra o volante da motocicleta. A neve já não pintava as calçadas de branco, mas gotas finas tomavam destaque em meio à paisagem úmida e escurecida. Pessoas transitavam constantemente, deixando rastros de barulho e olhares. O céu olhava para mim com pena, assim como eu mesma.

“O Kai e a Ayano se foram.” — arrependi-me amargamente por ter bisbilhotado a conversa entre vovô e aquele homem. Talvez fosse um investigador, ou alguém conhecido. Nada muda a confusão percorrendo cada espaço de mim. — “O paradeiro é desconhecido.”.

Como assim?

Por que nos deixaram?

Fiz algo de errado?

“Talvez, até lá, possamos achá-los.”

 “Procurarei a guarda dos nossos netos.”

“Kei pode cuidar do irmão.”

E desistir do meu futuro.

A dormência chegou por completo, quando fui jogada fortemente contra o asfalto.

...

Abri os olhos como se aquilo determinasse meu tempo em vida. Os batimentos cardíacos faziam com que a cabeça latejasse; rápidos e perfurantes. Arfei descontroladamente, buscando nitidez nos olhos.  A dor fina travava a nuca e pescoço, por isso, arquejei incomodada. — Aquele era um dos piores. Um dos piores pesadelos.

O dia em que caí de motocicleta.

Após descobrir o desaparecimento.

— Ei, você está bem? — mãos envolveram os dois lados do meu rosto, impedindo o movimento desesperado que fazia com a cabeça. — Asami. Olha para mim. — segurei os dedos longos, agarrando a temperatura morna que transmitia. Foquei o olhar nos orbes esverdeados e contrariados. — Se acalma. Foi só um sonho. — as linhas negras e espremidas acima dos olhos denunciaram confusão.

Tentei controlar a respiração, fechando os olhos e abrindo em seguida. A quentura exagerada apertava meus pulmões num abraço desesperador, dificultando a entrada e saída de ar. Frases, chiados e vozes arranhavam-me os ouvidos, todos originados do passado.

— Usui... — palavras deslizaram pela minha língua, engasgadas e fracas. As mesmas frases rondavam. Como se tudo tivesse acontecido há pouco tempo. Busquei um caminho no ambiente, algo que pudesse distanciá-las. — Você... Comeu? — afastei-me das mãos gentis, levantando desajeitadamente. Não poderia demonstrar, nem mostrá-lo tal fraqueza. Não quando esse lutava para suportar a dor de um infortúnio maior.

— Hn. Estou num estado bem melhor, comparado a você. — cruzou os braços, arqueando uma sobrancelha. Não tinha como enganá-lo. Mas poderia tentar. — E sim, comi. — voltou à atenção para a bandeja completamente vazia, torcendo os lábios como se algo o incomodasse.

— Estava ruim? — a breve onda trouxe de volta uma ansiedade pouco irritante. Em um instante, a opinião dele pareceu importar. Pela maneira brusca que levantou o joelho e apoiou a curvatura do braço nele, impôs a pose me-divertindo-com-seu-desespero. Naquele mesmo segundo, arrependi-me de perguntar.

— Por favor, Kei. Sua comida seria a última coisa na qual precisaria me preocupar. — riu nasalado, enterrando os dedos na franja pouco longa, jogando-a para cima. Devo parecer patética prestando atenção em detalhes assim. Remexi os pulsos contra os olhos, aliviando a ardência decorrente do sonho. Seria melhor esquecê-lo por enquanto.

— Foi um elogio? — arqueei as sobrancelhas, surpresa pela mudança radical de comportamento. O que acontecera enquanto dormira? Mesmo com a personalidade rude, demonstrava traços mais sinceros de si mesmo.

— Sério... — suspirou impaciente, desviando o olhar do meu. Passou alguns segundos em silêncio, antes de retornar a falar:

— Obrigado. Foi bom. — usou a mão para cobrir um lado da face.

Seria adorável se não fosse totalmente cômico. A maneira teimosa e hesitante na qual agradecia, demonstrava muito a falta de costume que tinha em situações assim. — esperei um pouco antes de sorrir, querendo ver a expressão que fazia nesse momento. — Talvez, mesmo que aos poucos, Usui possa se recuperar das coisas que aconteceram. Seguir em frente ao invés de se isolar na própria amargura.

Com toda certeza, a mãe dele está torcendo para ele levantar e caminhar, chorando quando ele chora, e temendo aquilo que possa fazer a si mesmo. Se ele a ama tanto, deveria ter sido uma pessoa maravilhosa. Muito melhor que ela.

— Bem, vamos ver... — estendi a mão até a testa coberta pelos fios negros, insistindo até quando recuou contra o contato. Se a febre baixara, posso deixa-lo descansar. Amanhã talvez possa acordar num estado melhor. — A temperatura amenizou. Coloquei laranjas na geladeira, para sua garganta.

— Por que está fazendo tudo isso? — o silêncio foi friamente quebrado quando os dedos envolveram meu pulso, retirando-o da pele suada. Tornei a olhá-lo, espantada com a seriedade estampada na face. — Não se sinta triste pelo que aconteceu. — de repente, as sobrancelhas uniram-se contra a ponte do nariz. Parei de respirar por alguns segundos, quando a expressão dolorida tomou forma. — Não é da sua conta.

Tomei o ar silenciosamente, tenso perante a situação. As coisas pareciam mais claras, muito pelo visto. Por isso não contava ao Rin, amigo mais próximo. A morte da mãe... De alguma forma, mexe com todo o redor do Usui. E a ligação de semanas atrás, deixava-me ciente disso. A irmã dele...

“Ela é como você. Teimosa, brava, difícil de lidar, mas às vezes é divertida. Sempre me deixa preocupado.”

“Yui?! O que está havendo?”

“Se você levá-la, juro que compro a primeira passagem para a América e te mato! Está me escutando…?!”

Arregalei os olhos por míseros segundos, desviando a atenção dos dele, como se a culpa impedisse que voltassem a olhá-lo. Por que lidava com tantas coisas assim, sozinho? Que mal faria procurar ajuda? Por que agia como se tudo fosse apenas destinado a si mesmo?

— Desculpe. Usui. Acho... Que é melhor eu ir. — tentei puxar o pulso de volta, mas o aperto tornou-se mais desesperado, ainda que não machucasse. Não posso encará-lo, não após intrometer-me de maneira tão descuidada, julgá-lo como se o conhecesse. — Por favor. Acabei de perceber que não deveria ter vind-

— Olhe para mim. — um calafrio percorreu-me quando o sussurro cortante atravessou os ouvidos. Os dedos longos saíram do meu braço, percorrendo-o até o ombro, depois senti o queixo vagarosamente sendo puxado até onde estava. — Responda. Por que está fazendo isso?

Apoiei o joelho no colchão, determinada a sair dali, mas a outra mão segurou a manga da minha blusa. Como já senti uma vez, Usui deixou-me acuada com o olhar acusador e frio. Não aplicava nenhuma força ao segurar, mas eu mesma não conseguia me mover, presa aos sentimentos obscuros que transmitia no verde profundo.

Essa é uma das vezes que o desconheço completamente.

— Não quero que aguente tudo isso sozinho. — talvez pensasse que eu estava com pena, ou apenas curiosa sobre o passado. Mas, não me sinto a vontade mexendo naquilo que o faz sofrer.

— Sinceramente... — soltou-me de vez, caindo sonoramente sobre a cama. Suspirou algumas vezes, sussurrando consigo mesmo. A postura incrivelmente calma perante tudo, analisando-me constantemente. É fácil mensurar o quão diferente ficaria a convivência. — O que fiz não interessaria você, acredite. Mas, a partir de hoje, não se livrará de mim tão fácil. — o sorriso prepotente surgiu novamente, deixando-me de certa forma aliviada.

— Inconveniente. — terminei, devolvendo o sorriso provocativo. Ao menos voltou ao normal. O prefiro assim, a afundado nas próprias sombras. Jamais esqueceria aquilo que escutei; observei o precipício escuro da sua vida pessoal, e percebi o quão fundo era. Virarei as costas perante ele, mas não darei um passo para longe. Sinto que Usui cairia a qualquer momento. — Parece bem melhor. Está tarde, e meu irmão precisa dormir. Descanse bem. Amanhã não vá a escola, falarei ao Rin o que houve.

— Anda muito íntima dele, não acha? — o tom debochado soou atrás de mim. Não recuei, apenas abri a porta e dirigi-me ao corredor.

— É o meu amigo, assim como você e as meninas. — soltei decidida, sem qualquer vergonha ou hesitação. Desde que falei tudo o que queria, olho para mim mesma com determinação, vontade de fazer aquilo que sempre desejei, mesmo com os empecilhos. — Peço a ele para trazer suas anotações, já que são da mesma turma.

∞∞∞

Tsc. Pela quinta vez levantei para conferir o telefone, implorando em silêncio alguma ligação, fosse do desgraçado, ou da Kei. A quietude deste apartamento deixa-me quase claustrofóbico. Desisti em tentar adormecer, sequer conseguiria. Comi algumas laranjas, aliviando a ardência na garganta. Mas nada acontecia. Ninguém viria.

Sentei contra a madeira clara, posicionada frente à parede do corredor. A sensação térmica dava alívio, mas agonizava dentro do lado esquerdo do peito. Levantei finalmente, e entrei no cômodo atrás de mim. — Mais impecável impossível, bem típico da pirralha. — Sorri para o nada, indo até o baixo altar montado ao canto de uma das paredes rosadas.

— Tomara que o velho não fale nada. — juntei as mãos, cruzando as pernas horizontalmente. A fotografia refrescava a memória do sorriso dentro de mim. Quase achei que estava ali, a minha frente. Isso me fazia humano, ou pior que um? Mesmo sendo o culpado por tudo, poderia alguém como eu, seguir em frente?

Piorei tudo, mãe. Com meus amigos, a Yui, a vida de outras pessoas. Cheguei a este ponto seguindo o que achei certo, mas ignorei todos aqueles que ofereceram apoio. Nunca esperei nenhum futuro brilhante, apenas o pior de todos os finais. É disso que tenho medo: Ignorância. Por causa dela fiz o que fiz. Superar seria errado da minha parte?

Seria ruim desejar recomeçar?

...

A brisa não deixava o sono chegar, trazia malditos calafrios às pontas dos dedos. O toque insistente do telefone ecoava pela fresta da porta. Demorei um tempo para associar tudo, mas quando o fiz, corri até o aparelho, trazendo-o com força até a orelha.

— Alô?

Usi! — a voz energética me fez suspirar, aliviado.

— Yui?! Onde você está?

Voltando da casa do vovô! 

Como assim? Ainda no país? Mas, pensei que tivesse ido a América. Deve ter sido coisa do Ichinose, aquele pai de merda.

Papai teve de resolver algumas coisas, então fiquei na casa do vovô. Logo volto para casa!

— Certo... Certo. Ainda bem. — arfei, derrotado. Não controlei a vontade de respirar fundo e sorrir sozinho. Nem mesmo sei o quão feliz estou me sentindo agora, mas a onda quente percorreu onde antes doía, o manto morno cobriu o lado esquerdo do meu peito. — Quando você vem?

— Estamos na porta!

O clique da porta surpreendeu-me, principalmente quando a figurinha animada veio correndo até mim. Abaixei até poder agarrá-la nos braços, apertando até ter certeza que não me faria sentir aquilo novamente. Não sei o que aconteceu, mas, fico agradecido aos problemas que não a levaram.

— Divertiu-se sem a gente? — o timbre debochado zuniu repetidamente, e quase achei que estava alucinando. Coloquei Yui no chão, indicando-a para ir até o quarto, seriamente. Contragosto, obedeceu, correndo sonoramente e fechando a porta em seguida. — Teve sorte de a Haikan contatar antes de embarcarmos. Tive de cancelar o voo.

Como areia nas mãos, apertei o formigamento ferozmente, avançando contra a postura ereta e medíocre do mais velho. Antes que pudesse tomar qualquer ação, segurei o colarinho do terno, sacudindo até todo o ódio sumir. Não consegui socá-lo, nem chutá-lo, ou ao menos gritar. Apenas respirei profundamente, pois era aquilo que estava esperando.

— Faça o que tiver de fazer. Assumirei a droga da empresa.

Farei as coisas certas daqui para frente, mesmo que tenha de arriscar o próprio futuro.

∞∞∞

Não somente um dia passou desde que o vi. Três a quatro correram facilmente, sem qualquer notícia; nem mesmo Rin sabia. Tentei ir até o apartamento após as aulas, mas somente a irmã dele estava. Era demasia tímida, mas agradeceu a consideração e aceitou as coisas que comprei na farmácia. Recusei-me a perguntar sobre o irmão, pois seria rude, mas a mesma falou sobre ele estar ocupado com o pai.

Retirando isso, as coisas permaneceram calmas. Apesar da preocupação que tive, ando distraída com certos assuntos. Vovô nos visitou no final de semana, período entre os quatro dias passados, mais desconfiado e calado. Sequer mencionou nossos pais, nem mesmo para dizer que não os achou. Preferi não estender a conversa, pois Hika estava lá.

Estranho, mas desconsiderava atenção.

— Asami, algum problema? — a voz baixa chamou, tomando minha atenção para o grupo, que conversava animadamente enquanto comíamos. Sorri para Ami, negando e proferindo um “sem problemas”.

— Coincidência a Kei sempre estar aérea quando o Usui não está. — como sempre, Maki surgiu de sei-lá-onde, sussurrando maliciosamente. Ah... Os mesmos comentários. — Isso para mim é amor. — cantarolou, sentando ao lado de Ami. Os headphones brilhavam em azul claro, reproduzindo um zumbido baixo. — Vocês não irão me deixar de lado. Hoje à noite tenho um encontro com meu namorado.

— O Ine? — sorri de lado, mordendo a maçã verde. 

— Ine...? — balbuciou, arqueando as sobrancelhas. 

— O Inexistente. — terminei com a boca cheia, tomando cuidado para não gargalhar e engasgar. Ami segurou o riso, pedindo desculpas discretamente. Maki jogou ervilhas no meu cabelo, reclamando aos ventos. — Ah, vai! Você começou.

— Muito engraçada, você. Mas, sério, dessa vez vou conseguir. Temos nos falado por mensagem, pois ele é universitário. Este ano tentarei entrar na mesma universidade.

Estar com elas tornou-se normal e agradável. Os outros pararam com os olhares e comentários, até mesmo Kaori desculpou-se dias atrás. Não nos falamos muito, mas não desejo nada de mau. Kiritsugu também se tornou uma boa companhia, quase todos os dias, vamos pelo mesmo caminho, conversando sobre banalidades.

— Falando nisso, Ami. Onde está o Neandertal? — a morena teclava de maneira veloz a tela do celular. — Seu namorado?

— Rin-kun pareceu ocupado falando ao celular, não sei onde está. — sussurrou tristemente, com expressão preocupada no rosto. Ami era bastante insegura quanto ao namorado, mas Maki falou algo sobre castrá-lo caso a machuque.

— Oh, ali ele. Com... O Usui? Aquilo é o Usui? — os olhos dourados de Maki surpreenderam-se, enquanto apontava para algo às minhas costas. — Nossa. Isso parece um daqueles filmes “dia de princesa”.

Virei às costas, um pouco ansiosa e aliviada por algo de ruim não ter acontecido. Não fiquei tão surpreendida quando aquilo, mas, de alguma maneira, despertou certa desconfiança. Os cabelos negros estavam bem mais curtos, mostrando o longo pescoço e os piercings alojados na orelha direita. Nada demais, mas o deixou diferente.

Rin chegou completamente alegre, um pouco demais que o normal. Talvez Usui finalmente tenha contado algo a ele; o que acho merecido, já que se preocupa com o amigo. Ambos sentaram naturalmente na mesa, com o ruivo gritando sobre o quão surpreso ficou. Observei os olhos verdes por um tempo, confusa com tudo aquilo.

— O que foi? — o encarar indiferente pousou em mim, fazendo-me desviar dele. Os outros não se importaram conosco, apenas conversavam entre si. O vi aproximar os lábios do meu ouvido e sussurrar:

— Já estou bem. Foi apenas um recesso de mim mesmo.

Algo havia acontecido.


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Notas finais do capítulo

Eita, eita, eita, olha o comecinho das tretas envolvendo os protagonistaaas! Tretas ever B|
Deixem seus reviews! Ficaria feliz em respondê-los!
Beijinhos! Mako!



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