Secrets and Photos escrita por Makoto


Capítulo 20
O Príncipe doente e a Descolada ansiosa


Notas iniciais do capítulo

E aieeee gemteeee, querem me matar? Sei que sim!!!
Vocês já estão cansados de escutarem minhas desculpas pela demora, mas eu amo vocês e digo novamente: DESCULPAAAAAA!! ;-;
As férias foram um saco para minha mente, tadinha dela. Tédio+Tédio=Bloqueio
Enfim, recompensei vocês nesse, acreditem!
Obrigada pelos comentários, ainda faltam responder alguns, mas vou terminar ainda hoje.
Boa leituraaaaaa.



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Secrets and Photos

Capítulo vinte:O Príncipe doente e a Descolada ansiosa 

Pisei incerto novamente, cambaleando alguns centímetros. O que via, falhava em tons e formas. — merda! A dor de cabeça não cessa! Yui... Tenho de encontrar minha irmã. Trazê-la de volta. — Encostei-me à parede do corredor, visualizando a porta em frente. Faltava tão pouco, preciso procurar... Preciso achar uma maneira de achar o desgraçado. Percorri a mão pelo rosto, limpando o suor gelado que deslizava pela testa.

— Tsc! — abri a bolsa com dificuldade, buscando a chave. Após acha-la, foi mais um desafio abrir a porta sem quebrar a merda da maçaneta. — Parece que até os objetos conspiram contra mim! É isso?! — empurrei a peça de madeira com força, detestando o barulho estrondoso que reproduziu contra a parede. Após fechá-la da mesma maneira, pude respirar normalmente, jogando os pertences em algum lugar.

Despenquei sobre o sofá, engolindo com dificuldade. O silêncio era a pior tortura, mas merecida. Mais uma vez. Levei infortúnio à vida de outra pessoa, desta vez a que tentei proteger disso tudo. O que me faltam tirar? — contorci o rosto, socando o nada que estava acima de mim. — Esse vazio aumenta, somente cresce.

Por que voltei para cá? Não há ninguém em casa...

“Você tem que ir, filho. Yui precisa do irmão. Tente não deixar ninguém dizê-la, por favor, querido.”

— Eu tentei... Juro. Mãe... — trinquei os dentes. Uma, duas, três vezes. Mordi o lábio, puxei os cabelos, soquei o sofá. Mas, nada fazia a dor sumir. Sofrer. Era esse o meu destino?

“Usi, não quero que você fique.”

Há...

Arfei forçadamente, procurando algo que retirasse o som do maldito silêncio. Antes era normal chegar e encontrar Yui rabiscando, cozinhando, até mesmo assistindo algo. Acho-me um miserável por ter desprezado todos eles, preocupado em dispersar memórias do passado. Mamãe tinha razão, deixei Yui escapar por entre os dedos, assim como a mesma.

Sentei vagarosamente, puxando o pesar que as costas causavam. O vibrar do aparelho celular despertou-me da letargia. Sabia que era Asami, mas não se queria atende-la. — peguei-o, hesitante, observando o visor por alguns segundos. O número era fixo; então a história de não ter celular era verdadeira.

— Alô... — suspirei um pouco antes de falar, cerrando os olhos.

— Ah! Oi. Liguei para saber se chegou seguro. — parecia nervosa, julgando pelo tom de voz. Quase sorri por isso.

— Sim... — levantei, indo até a bancada da cozinha. Nunca falei muito com uma garota por telefone, somente por mensagens. A voz dela tinha certa suavidade, quase chorosa. — Não precisa se preocupar. — encostei a cabeça na parede, encarando o teto. Preciso terminar tudo isso.

E... As coisas que aconteceram há duas semanas? — não esperei a pergunta, por isso, engasguei com o ar, tossindo diversas vezes. — Ei! Você está bem? — afastei o celular o ouvido quando gritou, recompondo-me. A curiosidade dela era realmente problemática, simplesmente irritante.

— Pedi que esquecesse. Aquilo não te interessa. — fui o mais sério possível, tentando convencê-la a deixar para lá. Não preciso de mais problemas, principalmente com ela. Não posso envolvê-la.

Pare de tentar afastar as pessoas! — espantei-me com a elevação repentina. Nunca a vi se interessar tanto por um assunto meu, pensei que odiasse toda essa realidade. Sorri um pouco, deslizando as costas pela parede, já que as pernas estavam pesadas o bastante. — Quer dizer que prefere sofrer sozinho a pedir ajuda?

Não respondi, apenas observei algo à frente, imerso naquela mesma frase. Odiava ter de sentir-me sozinho, mas fazia de tudo para permanecer. Que merda tenho na cabeça? Estou confundindo as pessoas, ou só a mim mesmo?

— Você pode vir para cá? — quando parei de prestar atenção, minha cabeça só pensava nisto. O silêncio da linha mostrou que acabei falando alto sem querer! Merda, merda, merda... — Quer dizer...! Não! Esquece a última frase, estava desatento! — puta que... O que acabei de falar? Ainda estou delirando... É só isso. — Estou sentindo-me um pouco mal, não dê importância.

Alguns momentos de silêncio. Pareciam intermináveis e sufocantes. Amaldiçoei-me de todas as formas possíveis. Levei o celular para longe, quase desligando. Encarei a tela por alguns segundos, pensando se deveria afastá-la de vez. Deveria terminar aquilo agora, deixá-la longe dos meus problemas, antes que seja tarde para mim.

— Pare de achar que somos iguais. — comecei, apertando o aparelho compulsivamente. Preciso magoá-la para afastá-la de mim. Uma pessoa a mais me odiando não faria diferença. — Então cuide dos seus próprios problemas... — não consegui terminar a frase. Não podia, ou não deveria? Por que hesitar, seu infeliz? Depois de tanto tempo manipulando a vida das pessoas, por que agora não consigo fazê-la me detestar?

— Onde você mora? — o zumbido do telefone fez-me aproximá-lo novamente do ouvido. — Qual o seu endereço? — a voz endureceu amargamente, deixando uma careta forma-se a minha face. Parece que a atingi. — Irei até ai.

Passei um tempo processando o que dissera, duvidando se era somente mais uma peça pregada pela minha cabeça. Realmente planeja vir até aqui? Quer mesmo ver minha decadência? É tão mais fácil se afastar. Garota irritante. Fazia de tudo para me deixar puto e interessado. — puxei os cabelos para cima, sorrindo embasbacado. — Onde essa garota estava? Por que não a encontrei antes?

— Pare de jogar tão sujo. — sorri sozinho, encarando o nada. Imaginei se viria mesmo, ou somente suponha. Descrevi superficialmente o endereço, hesitando a cada palavra. No que estou pensando? Uma garota, precisamente a Kei, sozinha comigo. Sei que deve desconfiar, após tudo que fiz. Não quero estragar as coisas; será bem complicado não fazer.

∞∞∞

Segurei firmemente a alça da sacola, nervosa por chegar cada vez mais perto do destino. Praguejei internamente, virando mais uma rua. Tenho de ir até o final; não conseguiria descansar sabendo que o deixei numa situação ruim. Mesmo receosa; algo dentro de mim fala para não deixá-lo sozinho.

— Nee-chan, onde estamos indo? — olhei a figurinha apertando minha mão. Também tem o Hikaru... Não pensei nisso quando ofereci ajuda. Tomara que não se importe, já que não posso deixar meu irmão sozinho novamente. — Você pareceu muito preocupada quando saiu de casa. — encarou-me com as sobrancelhas unidas; provavelmente preocupado.  

Sorri levemente, apertando a mãozinha contra a minha; tentando passar-lhe segurança. Sempre preocupado comigo, e com tão pouca idade. — voltei a observar o caminho, lendo as diversas placas de edifícios do bairro, estranhando a quantidade deles. Havia poucas casas, revelando que esse era um bairro para pessoas com altas condições financeiras. Sinto-me pequena perto de tantos arranha-céus, quase tonta.

Avistei o prédio espelhado ao longe, impressionada com a magnitude. Hm... Não estou surpresa. Pelo que Rin falou antes, a família do Usui era bem sucedida. Mas... Com o que aconteceu, nem todo o dinheiro do mundo curaria a dor que deveria sentir. — sorri desanimadoramente, relembrando todo incidente de semanas atrás.

— Chegamos. — levei a mão à boca quando Hikaru observou a construção como se nunca tivesse visto uma na cidade. Ri baixinho, sendo repreendida pelo mesmo em seguida. — Tudo bem. Hikaru... — baixei um pouco, sussurrando somente para ele ouvir. — Viemos aqui para visitar um amigo meu. Está doente e precisou de cuidados. — quase ruborizei, envergonhada por ter intrometido na vida do Usui. Mesmo que já tenha feito isso na minha, ainda era constrangedor.

— E os pais dele? — derrubou a cabeça um pouco para o lado, em sinal de dúvida. Ah... Não devo ser tão invasiva. Ainda sim, Hikaru era uma criança, e não precisava saber os detalhes.

— Viajaram. — sorri um pouco mais, mascarando a preocupação e tristeza. Segurei-me para não morder a bochecha com mais força.  Era difícil mentir para o meu irmão. — Trouxemos remédios e comida para ele. Seja um bom menino, melhor que ele. — passei a mão rapidamente pelos cabelos curtos e negros, segurando a mão pequenina novamente.

— Certo! — tomou dianteira nos passos, puxando-me fracamente.

...

Bati levemente na porta alta, tateando o corredor com os olhos. Aquele lugar fazia-me sentir deslocada e sufocada. Hikaru, pelo contrário, já se acostumou, distraído com um aquário que ficava perto dali. Cutucava o vidro e observava os peixes coloridos, entretido no próprio universo infantil. Às vezes gosto de notar momentos assim, pareciam nostálgicos e preocupantes. Por quanto tempo esta alegria e inocência permaneceriam?

Despertei com o barulho da tranca a frente. A porta foi puxada fortemente, revelando a silhueta alta e curvada. — Mas o que?! Parecia pior cada vez que olhava: Os cabelos longos apontavam em todas as direções, caindo no rosto cansado do dono. Os olhos verdes perderam destaque perto das olheiras abaixo. Ainda mais distantes e duros.

Permaneceu observando-me detalhadamente, de cima a baixo. Parecia desacreditar que eu estava ali. Não o culpo, nem eu acredito. — ficou em silêncio, apenas liberou a passagem para entrássemos. O silêncio ali preenchia o ar melancólico do apartamento. Passou tanto tempo aqui, sozinho?

— Então era esse amigo... — a voz infantil acusou-me baixinho, e o aperto tornou-se maior. — Ele parece mal. — tornou a me encarar, desta vez, desconfiado.

— Sente-se no sofá, Hika. — não respondi, apenas o indiquei que fosse até o sofá. Observei-o até o destino, sentando e observando o lugar com olhares atentos. — Comporte-se até irmos embora. — virei rapidamente para o Usui, notando o quão exausto estava. Sorri ternamente, buscando confortá-lo de alguma forma.

— Pode deixá-lo, Kei. — a voz familiar aparentava tristeza e vazio. Não quero escutá-la, não essa. Quase sinto falta do sarcasmo nela, até mesmo do tom preocupado. — Não achei que viria. — desta vez, baixou o tom, quase o calando. — Obrigado. — tive de escutar minuciosamente para captar o agradecimento, já que foi deferido de uma maneira tão baixa.

— De nada. — abri mais o sorriso, enchendo-me de uma estranha alegria. Virei às costas para retirar os ingredientes da sacola, divertindo-me com os resmungos que soltava. Aos poucos voltando ao normal, pelo menos isso. — Irei preparar mingau de arroz com frango. Você gosta? — encarei-o por cima do ombro, e mordi a bochecha quando o vi ficar vermelho. Talvez não esteja acostumado.

— Gosto. — levou a mão até o rosto, tapando o nariz e a boca. Decidi que o acho fofo assim. Mesmo com aparência madura, tinha características joviais. — Não sei como adivinhou, mas gosto sim.  — carregou os olhos até o sofá, encarando meu irmão, vidrado na própria imaginação. Recordei as palavras rudes que proferiu na ligação e torci o nariz.

Como poderia simplesmente ignorar tal estado? Durante as semanas que se afastou, pensei que poderia esquecer, mas não. Jamais me perdoaria se colocasse mais alguém de lado. Então, por que não fazia o mesmo? Que medos ele possuía? Quero tanto descobrir.

— Também gosto. Principalmente em resfriados. — coloquei o arroz na panela, deixando-o cozinhar. Procurei a faca em algumas gavetas ali perto, mas não encontrei. — Usui, onde guardam as facas? — abri a bandeja com pedaços de frango e legumes, pondo-os na tábua pendurada a frente.

— Aqui. — a voz soou bem perto do ouvido, fazendo-me afastar um pouco. O que foi uma péssima ideia, pois dei de cara com os olhos esverdeados, encarando-me de lado, enquanto o braço puxava a gaveta. Não deveria ficar tão próxima dele, mas a maneira que olhou deixou-me sem palavras.

Dolorido. Os orbes verdes eram opacos e inalcançáveis.

Odeio vê-lo assim.

— Pode descansar. Não incomodaremos mais. — hesitei um pouco, engolindo o bolo que formava na garganta. Sou tão patética... Usui permanecia forte após tantos infortúnios. E eu aqui, quase desabando por algo que o mesmo tentava aguentar. — Desculpe. — afundei a cabeça levemente no ombro direito dele, tentando não chamar atenção do meu irmão. Rin tinha razão, Usui precisava confiar nas pessoas que o cercam. Enxergar que não estava sozinho.

Como fiz. Viver em ignorância não ajudaria. Pelo contrário, tudo se tornaria um círculo vicioso.

— Hn. — a respiração aproximou-se dos meus cabelos, quente e depois fria. Permanecemos ali por alguns segundos, antes que eu o afastasse devagar. Pessoas como ele não aguentariam mais tempo com tanta dureza. Posso falar, por experiência própria.

— Tem remédio e bebida esportiva na sacola. — peguei a faca da sua mão e a coloquei no balcão. — Qual a sua temperatura? — amarrei o avental na cintura, pronta para começar o preparo da comida. Mingau seria rápido e prático; não poderia invadir a privacidade dele por mais tempo.

— Não tenho saco para medir. — caminhou até a sala, depois entrou num corredor, provavelmente até o quarto. Hikaru acompanhou-o, ou melhor, fuzilou-o com o olhar. Aqueles dois eram teimosos na mesma medida. Arqueei uma sobrancelha, segurando o riso.

— Então meça agora. — elevei o tom para que escutasse de dentro. Não obtive respostas, mas confiei a ele essa tarefa.

∞∞∞

Após medir a temperatura com o maldito termômetro — o que era desnecessário. — deitei finalmente na cama, puxando o cobertor até o pescoço. Odeio ficar doente, mas tenho que dizer: Estava gostando de ter a Kei comigo, cuidando de mim. Era nostálgico ver alguém usando a cozinha. As únicas que a utilizaram foram a Yui e a minha mãe.

Sentei para tomar o remédio, ingerindo até o último gole da bebida esportiva. A tontura havia amenizado, mas o peso na cabeça era insuportável. Voltei a deitar, fechando as pálpebras pesadas. Qualquer um diria ser estranho deixar a casa na mão de estranhos, mas confiava nela e no pirralho que me detesta.

As noções de redor enevoaram, assim como o peso no corpo.

 Adormeci.

...

— Toque para mim, filho. — a aparência dela não estava tão degradada, apenas uma leve magreza e olheiras incomodavam. Olhava para mim carinhosamente, segurando minha mão. — Kaede contou que você não tem ido para as aulas.

— Como poderia? Com a senhora nesse estado?

— Vamos. Não precisa parar a sua vida por minha causa. Um dia, todos nós estaremos juntos. Então, não olhe apenas para trás.

Mesmo comigo morrendo, quero que você seja feliz. Não importa as tempestades que virão. Após elas, um belíssimo arco-íris contornará seu futuro.

Existirão pessoas que o odiarão, por minha causa. Desculpe filho. Queria poder calar a todos e mostrar a pessoa maravilhosa que és.

Mas também, existirão aqueles que segurarão você nessa difícil caminhada. Procure-os e não os deixe escapar, segure-os fortemente.

— Vamos, por favor. Deixe-me escutá-lo tocando. — pediu mais uma vez, levantando meu rosto e olhando fundo na minha alma.

Naquele dia chorei, observando o sorriso acalentador.

...

O ar faltou-me, então abri os olhos, arfando pesadamente. As palavras da minha mãe ainda percorriam até os covis mais escuros de mim, deixando a mesma sensação acalentadora que o sorriso dado a mim naquele dia. A sensação morna preenchia os olhos, então usei o cobertor para limpá-la.

Logo notei a presença familiar encostada à beirada da cama. Os braços cruzados e a cabeça apoiada neles, deixando os cabelos caindo sobre a expressão calma e suavizada. Quanto tempo havia se passado?  — olhei o relógio, suspirando em seguida. Ainda bem, somente uma hora e meia. Mas... Ela estava tão cansada assim?

Retirei os fios que cobriam o nariz, quase rindo com a careta que fez. Talvez estivesse sonhando. Deslizei os dedos pela bochecha avermelhada, tocando os fios negros azulados. Aproximei-me vagarosamente, descansando os lábios sobre a testa dela. Agora entendi o que devo fazer para resolver isso tudo.

— Rin teve razão. Não consigo ser o mesmo sem você. Apaixonado ou qualquer outra coisa. Não paro de pensar em você. — respirei fundo, agarrando o calor que subia pelo meu pescoço e bochecha. Quero desvendá-la, assim como fez comigo. Saber tudo sobre ela.

Segure-os fortemente.

— Não irei perder você, nem para outro, ou para eu mesmo.


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Notas finais do capítulo

Escutei um Amém?!
Ahhhh! Adorei escrever esse, mas foi bem complicado escrever uma declaração no estilo do Usui.
Falta só a tapada da Kei notar. Mas bem... O Take-kun não entrou na estória a toa. Muahhahahahaaha
AVISOOOOO: Queria que meus leitorezinhos fofitxos deixassem nos comentários, perguntas para os personagens da fic, sabe. O Usui, a Kei, o Rin, a Ami, a Maki. Pois, pretendo fazer um especial de todos os feriados que passaram e eu não fiz especial :o
Bjocas do Usui e do Rin!!!!