Arizona Robbins

Arizona ficou se perguntando por que tudo conseguia dar tão errado. As manhãs ao lado de Callie no hospital pareciam intermináveis, e ela parecia sempre tentar dar um jeito de encontrá-la em algum canto. Cathy era uma víbora, da qual já conhecia bem o veneno e se deixou envenenar por muito tempo. Ela odiava a presença dela, odiava saber que estava por perto e odiava mais ainda a vontade voraz que ela tinha de tentar se vingar pelo que havia acontecido entre elas.

– Tudo bem Dra. Robbins? – Karev, o interno mais promissor aos olhos dela, se apoiou com uma das mãos no balcão da recepção e a encarou. – Você está meio pálida.

E estava mesmo. Mas porque havia acabado de ver um fantasma.

– Arizona! – Catherine vinha em sua direção. – Espero que conheça maquiagem, porque com essa cara pálida... Nunca te vi tão descuidada.

– Pega leve, Cathy. – Callie chegou por trás dela e Arizona se arrepiou, teve medo de que elas estivessem juntas. – O que ainda faz aqui?

– Vim falar com você, Callie. Será que podemos ter um segundo... – ela encarou Arizona. – Em particular?

– O que quer que tenha para falar, melhor que diga logo. Não vou a lugar nenhum com você.

– Não me deixem ficar entre vocês.

Arizona dá as costas e Callie pensa em ir atrás dela, mas Cathy a detém. Callie também repensa, sobre o porquê de ir atrás de alguém que mal dá bola para ela, e desiste. Arizona corre até o banheiro com lágrimas escorrendo pelo rosto, perdida em meio aos seus pensamentos. Tudo que ela queria era entender porque Callie não saia da sua cabeça, porque não conseguia pensar em outra coisa. Se recusava a imaginar que estivesse apaixonada. A presença de Cathy causava tudo isso. Ela não queria ter que viver esse drama o tempo todo, mas sempre ela dava um jeito de voltar.

Quando entrou no banheiro, limpou as lágrimas e se apoiou na pia. Ela começou a ouvir sons de choro, que se não eram dela, com certeza ela também não estava sozinha. Arizona caminhou em passos lentos até o último boxe, aberto, e viu Addison, ou apenas Addie, como Callie gosta de chamar, sentada chorando desesperadamente.

– Tudo bem com você? – ela perguntou em um tom sutil e até simpático.

– Não sabia que você estava aqui...

– Estou sozinha. – ela se aproximou de Addie e entregou um lenço a ela. Addison a analizou com desconfiança, mas reparou que Arizona também estava chorando, se sentiu então confortável por não estar tão sozinha. – Quer conversar?

– Conversar não vai mudar a situação.

– Se eu não souber, também não posso tentar te ajudar.

– Esse é o ponto, você não pode me ajudar... Ninguém pode me ajudar.

Um monte de questionamentos subiram na cabeça de Arizona, mas o mais obvio deles, ela descartou. Não acreditou que uma cirurgiã neonatal cometesse um erro tão básico, que ela vivia todos os dias na realidade de seu trabalho. Mas mesmo assim, olhou para Addie e se sentiu sensibilizada, não gostava de ver as pessoas chorarem.

– Quer que eu chame alguém?

– Por favor, não. Não quero que ninguém saiba, principalmente o Mark.

– O Mark? – ela ficou curiosa. – Vocês... Estão juntos?

– Não, e se havia alguma chance de ficarmos juntos, ela desapareceu.

– Sinceramente, eu entendo como é. Mas parece que o fantasma daquele que você ama ou já amou, nunca some. – disse pensando em Cathy, mas Addison pensou estar falando de Callie. Era óbvio que nenhuma das duas pretendia fazer daquela conversa um eterno sigilo, assim que uma saisse do banheiro, todos saberiam da bomba que estava por vir.

– Você e Callie estão juntas?

– Não! A Callie está transando com a minha ex, e pelo que parece, está gostando de esfregar isso na minha cara.

– Aquela garota morena que vive nos corredores desse hospital? Ela me parece meio arrogante.

– Catherine, sim, ela é. Sugiro tomar cuidado com o veneno...

– Eu você diria isso para Callie. Sabe que ela no mínimo sente algo por você, não é?

– Não sei o que ela sente, não sei se seria capaz de sentir o mesmo...

– Talvez você devesse se dar uma chance, ao invés de chorar por algo que tem solução.

– E porque você acha que eu estava chorando pela Callie?

– Porque parece meio obvio...

– E tenho quase certeza que você também está chorando por alguém.

– Não estou chorando por ninguém. Gostaria tanto de estar. – ela disse em um tom tão melancólico, que Arizona se arrepiou.

O som do coração de Addison partindo era como o tic tac de um relógio quebrado, que não ia para lugar nenhum, só esperando a pilha acabar. Arizona também tinha as forças esgotadas! Esgotadas de tentar esquecer Cathy, de pensar em Callie, em perder pacientes e em tentar mudar de vida sem conseguir nada. Parece que os mesmo problemas vão e voltam e nada parece melhorar.

– Addison, sei que não confia em mim, mas se houver algo que eu possa fazer para te ajudar... Eu farei, tudo bem?

– Arizona... Eu estou grávida de um interno. – a palavra ecoou em todo banheiro. – eu estou grávida do Karev.

Callie Torres

A presença de Catherine no hospital não deixava nem de longe, Callie confortavel. Mas só de pensar no ciumes que ela consegui provocar, se enchia de esperança, de conseguir entender finalmente o que estava acontecendo entre ela e Arizona.

– Alguém viu o Mark? – ela gritou, mas todos pareciam ignorá-la.

Quando Callie se virou para procurar o amigo, Alex Karev voou em sua diração e bateu com o rosto no chão caido na sua frente. Callie tomou um susto quando Mark apareceu para surrá-lo em seguida, o que deixou todos a sua volta, perplexos.

– Seu filho da... – Alex nõ conseguiu terminar a frase, foi atingido mais uma vez.

– O que é isso aqui?! – Richard gritou da ponta do corredor. – Dr. Sloan!

Mark não deu ouvidos, continuou batendo em Alex, que também revidava no final das contas. Callie, Owen, Derek resolveram agir para apartar a briga, enquanto os outros continuavam assistindo entretidos e se perguntando o que de fato estava acontecendo.

– O que está acontecendo?! – berrou Richard. – Quero que me digam agora!

– Esse otário partiu para cima de mim, sem motivo nenhum!

– Mark! – Derek o segurou quando ele tentou dar mais um soco em Alex.

– Dr. Sloan?

– Pergunte a Addison! –ele esbravejou ese desvenciolhou dos braços de Derek. – Eu peço demissão.

– Mark, calma ai! – Callie tentou acalmar os nervos do amigo, que não a escutava.

– Não, não, não quero uma palavra de vocês. E de você – ele apontou para Alex. – Boa sorte sustentando o seu filho! Não fico nem mais um segundo nesse hospital.

Mark deu as costas e Callie tentou correr atrás dele, mas Derek também a impediu, pensando que seria melhor dar um tempo a ele. Todos estavam perplexos e mal acreditavam no que haviam acabado de ouvir.

– Onde é que está a Addison? – Alex perguntou gélido, sem saber o que pensar, nem mesmo o que dizer.

“Preciso te contar uma coisa. Grave. Me encontra no último andar, na sala dos atendentes. Az.”

Sério? Arizona não poderia ter escolhido momento pior para lhe contar uma má notícia, Callie precisava achar a Addison primeiro. Então começou a correr nos corredores, abrindo portas e se perguntando que diabos estava acontecendo, porque ela não sabia que a Addison estava grávida? Desde quando?

“Callie, venha logo. Estou com a Addison, precisamos conversar. Az.”

Foi então que ela mesma voltou e deu um tava em Karev, até perceber a bobagem que estava fazendo. Era tudo verdade, e sabia exatamente como Mark deveria estar se sentindo.

– Não pense que isso vai fazer de você maior. A culpa é toda sua! – ela disse o mais alto que pode. A culpa era mesmo dele. Ou melhor, a culpa era deles...