Criança Perdida escrita por Lu Rosa


Capítulo 23
Capitulo Vinte e Três




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Sarah Jane Smith olhou mais uma vez desanimada pela janela para a chuva que não parava. Na sua frente o laptop aberto, mas ela não tinha idéias para escrever. Luke, seu filho, estava como sempre sentado no chão do quarto absorvido por um livro. Desta vez ele havia escolhido a história da arte Renascentista. Um livro enorme que Sarah Jane nunca teria a paciência de ler. Mas de repente, eles ouviram um som parecido com um gemido e no meio do quintal, uma forma azul apareceu do nada no meio da cortina chuvosa. Sarah Jane e Luke se entreolharam, descendo correndo as escadas.

Mas, quando ela abriu a porta o homem ali parado não era o seu antigo companheiro de aventuras de grande sorriso e de cachecol maior ainda, nem o homem alto, magro e de cabelo espetado que ela conhecera depois. O homem parado que carregava uma mulher nos braços era igualmente alto, mas de ombros largos e cabelo comprido que estava agora molhado e grudado ao rosto amável de grandes olhos azuis esverdeados que a fitavam suplicantes.

— Olá Sarah Jane. Preciso de sua ajuda. – ele pediu a ela simplesmente.

— Oh meu Deus, é claro. Entre, Doutor. Entre. – ela se deslocou para o lado segurando a porta. – Coloque-a ali. – apontou para o sofá.

O Doutor depositou a mulher no sofá e se endireitou olhando para Sarah Jane.

— Muito obrigado. Tenho um enorme favor a lhe pedir em nome de nossa amizade.

— É claro. Do que você precisa? E quem é essa garota?

Luke se posicionou ao lado da mãe para ouvir a história, que com certeza, seria empolgante.

— Essa é Alexia. Ela é filha de uma pessoa muito especial. – ele fez uma pausa. – E é a mulher que eu amo.

Sarah Jane não deixou de ficar triste ao pensar o quanto ela esperou que ele dissesse aquelas palavras enquanto viviam juntos. Mas como a tristeza veio, ela rapidamente se foi.

— E como vocês se conheceram?

— Ela era procurada pela Proclamação das Sombras por ter aberto a fenda na Cascata da Medusa. Mas nós descobrimos que ela realmente era culpada, mas ela havia sido induzida a isso pela Grande Inteligência. E em um paradoxo as duas Alexias se conheceram e se ajudaram.

— Mas porque ela esta desmaiada? – perguntou Luke.

— O tempo pode ser reescrito, Sarah Jane. Eu vou tentar mudar o rumo da Guerra do Tempo. Tem que haver outro jeito de parar a Guerra. E a Alexia... Nas primeiras movimentações das tropas Gallifreyanas, Alexia queria pegar em armas para combater os Daleks. Daleks, Sarah Jane! Eu não podia permitir. Ela me odiaria para sempre por afastá-la de qualquer conflito seja em Gallifrey ou na Terra em sua própria linha do tempo, como ela mesma me disse. Então eu... Eu apaguei a memória dela.

Sarah Jane ficou horrorizada.

— Não! Você não fez isso!

— Eu tive de fazer Sarah Jane. Eu não podia perdê-la. Não para um Dalek. – o Doutor queria desesperadamente que Sarah Jane o entendesse.

Sarah Jane sabia da ferida que os Daleks provocaram no Doutor. Ela sabia que ele não suportaria uma nova perda produzida por eles. E foi por saber disso que ela perguntou:

— O que eu preciso fazer para ajudá-lo?

O Doutor olhou para ela com esperança no olhar.

— Cuide dela. Ela não tem ninguém. Nem pais nem amigos. Esse nem é o tempo dela. Eu a tirei de uma guerra contra os Sontarianos em 2030. Ela era uma capitã de um esquadrão da UNIT.

— Ou seja, totalmente militarizada. Doutor, você sabe da minha postura anti militarista. Você tem certeza que ela não será um problema?

— Tenho. Alexia teve sua memória recente totalmente apagada.

Sarah Jane olhou para a moça adormecida em seu sofá. Ela aparentemente era inofensiva. Mas isso o tempo diria, por que ela não se recusaria a ajudar seu grande amigo.

— Pedirei ao Senhor Smith para criar uma nova vida a ela.

— Obrigado. E, - o Doutor tirou dois saquinhos do bolso e estendeu a Sarah Jane – isso é para ajudá-las.

Sarah Jane não pegou os saquinhos. – Assim você me ofende, Doutor.

— Ah Sarah Jane, não me aborreça com ninharias. Tempos difíceis vem por ai. Vocês vão precisar. – ele jogou os saquinhos para Luke.

O rapazinho os segurou num gesto rápido.

— O que? Quando? – Sarah Jane ficou muito interessada na notícia.

— Sabe que eu não posso contar mais nada. O que eu posso dizer é que a humanidade vai passar por provas enormes. Mas, como sempre, vocês vão me surpreender. – dizendo isso ela se virou para sair.

— Doutor, - Sarah Jane correu atrás do Doutor – Você vai voltar?

Ele a olhou com um sorriso alegre.

— É claro. Eu sempre estou por ai. – e entrou na TARDIS.

Uma vez dentro da TARDIS, o Doutor deu vazão a sua tristeza. Ele nunca se arrependeria de ter deixado Alexia para trás. Sua vida estava em perigo andando com ele e o amor que ele sentia por ela não permitira que ela se ferisse. Não novamente. Nunca mais perderia alguém que amasse. E o que ele viveu com Rose nem de longe se comparava ao seu sentimento por Alexia.

Andou pela TARDIS arrastando seus passos como se tivesse doze mil anos ao invés de dois mil e trezentos. O grande salão parecia vazio sem a presença dela ali. Para onde olhasse o Doutor a via. Andando de um lado para outro quando pensava numa saída, ou sentada aos pés da poltrona favorita dele ouvindo mais e mais histórias sobre suas andanças pelo Universo. Ou sentada nesta mesma poltrona com os pés para cima absorta lendo um livro.

O Doutor poderia levar horas a observando sem que ela percebesse. Mas às vezes ela o flagrava e, como um adolescente, ele corava e fingia que estava fazendo algo.

Balançando a cabeça o Doutor procurou evitar aqueles pensamentos. O que era para ser estava feito. A alegria de um amor estava proibida para ele. Ele era o Doutor, para sempre destinado a ser sozinho. O Doutor colocou as coordenadas de navegação da TARDIS para Gallifrey e foi para sua poltrona favorita tomar chá e ler seu livro favorito. Estava tudo como deveria ser.

Alexia abriu os olhos sentindo renovada como se tivesse dormindo há dias. Ela virou a cabeça e viu pela janela o sol que brilhava. Rapidamente ela se sentou na cama, não reconhecendo onde estava. Não era seu quarto na TARDIS muito menos seu antigo quarto na casa dos... Na casa de quem mesmo? Ela não se lembrava onde havia vivido antes da TARDIS. Confusa ela tentou recordar alguns fatos de seu passado. Ela era Alexia Tyler. Seus pais eram Rose Tyler e John Smith. Eles viviam em um universo paralelo e seu pai era um clone de um alien chamado O Doutor que era um Senhor do Tempo e viajava pelo universo em sua nave chamada TARDIS. O último lugar que ela visitou se chamava Gallifrey que era a terra natal do Doutor e eles fugiram do inicio da Guerra entre os Senhores do Tempo e os Daleks. O Doutor a salvara da Guerra, mas os dois discutiram e ela havia perdido a consciência.

Alexia ainda pensava em tudo isso, quando a porta se abriu e um jovem entrou.

— Oi. Eu sou Luke Smith. – ele depositou uma bandeja na mesinha ao lado da cama. – Vou avisar minha mãe que você acordou. – Ele saiu do quarto.

Alexia levantou-se da cama caminhando até a janela. Ela viu que estava no segundo andar de uma casa típica de subúrbio. Crianças uniformizadas andavam de bicicleta ou caminhavam juntas conversando ou brincando umas com as outras. Alexia se sentiu repentinamente triste. Como se a visão daquelas crianças a lembrasse de algo que ela não vivera.

— Olá. – Alexia ouviu uma agradável voz feminina. Ela virou-se.

Parada na porta havia uma mulher com cerca de quarenta anos de cabelos castanhos na altura dos ombros. Ela tinha um sorriso em seus lábios, mas os olhos a avaliavam atentamente.

— Como você se sente? Eu sou...

— Sarah Jane Smith. É, eu sei. – a outra arregalou os olhos, estupefata. – Você já foi companheira do Doutor, não é?

— Sim. E em nome dessa amizade eu aceitei hospedar e cuidar de você.

— Eu lhe agradeço senhora Smith.

— Senhorita Smith.

— Senhorita. Mas eu acho que devo seguir o meu caminho.

— Se é o que você deseja... Mas, - ela hesitou – você tem para onde ir?

Alexia ficou sem saber o que responder.

— Luke, meu filho, vai para a Universidade e eu, bem – Sarah Jane parecia um pouco embaraçada – vou ficar aqui sozinha. E você já está aqui há bastante tempo. Eu me acostumei com você.

— Há quanto tempo eu estou aqui?

— Quinze dias.

— Nossa! Por isso eu me sinto tão disposta. Eu nunca dormi tanto.

— O senhor Smith acha que você passou por muitas experiências estafantes em pouco tempo. Seu corpo precisava se recuperar.

— Senhor Smith? Mas você disse que era senhorita...

— Ah Senhor Smith é o meu super computador. Ele avaliou toda a recuperação do seu corpo durante esse tempo. E há algo que você precisa saber.

— O que? - Alexia não gostou muito do tom de Sarah Jane.

A outra segurou em sua mão e sorriu.

— Você está grávida.


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