A Vida Continua - Fase 02 escrita por Andye


Capítulo 2
Desavenças


Notas iniciais do capítulo

Nossa... Super feliz em ter todos vocês de volta por aqui, e quantas ideias vocês tem... Uns acham que a Estella é boa, outros, nem tanto... Mas vamos avançando e ver no que dá. E, por favor, NÃO ME ODEIEM! Continuem comentando e palpitando que eu AMO!!!
Espero que gostem e obrigada por estarem por aqui!



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O jantar continuava o menos romântico possível e Hermione ainda não conseguia acreditar que aquilo estava realmente acontecendo com ela. Sentia-se cansada e fadigada. Queria mesmo voltar para casa, tomar um bom banho e relaxar.

Rony e Estella, por outro lado, eram só alegria e sorriam animadamente enquanto comiam e desfrutavam do jantar. O restaurante trouxa era o preferido de Hermione, e o seu coração pontava fortemente dentro do seu peito ao fitar aquela estranha situação: seu marido, o amor de toda a sua vida, conversando e se divertindo tão intensamente com uma mulher que não era ela.

– Hermione, o que você tem? Por que está tão calada? - Rony perguntou, percebendo finalmente que Hermione também participava do jantar.

– Ah, não é nada Rony, estou apenas cansada, um pouco indisposta. O dia foi puxado hoje. - Respondeu com um pequeno sorriso, tentando manter a aparência que era realmente só cansaço.

– Dona Hermione, eu realmente não tenho a intensão de atrapalhar. Acho melhor ir embora. - Estella se prontificou imediatamente, constrangida.

– Não vai não. - Rony se meteu, segurando o pulso da garota e a impedindo de levantar - Eu convidei você e você vai jantar conosco. Hermione não se importa com isso.

– É verdade Estella. Não precisa se preocupar. Só estou cansada. O ministério tem dado trabalho esses dias e estou bem indisposta com toda a correria...

– Tudo bem, estamos resolvidos - O ruivo falou com um sorriso satisfeito - Mas não vamos estragar o jantar falando do Ministério. Se deixar, Hermione passa o dia e a noite falando daquele lugar.

– Desculpe Rony.

Hermione sentiu o peito afundar com a forma que Rony se dirigiu a ela. Ela estranhou. Rony nunca a tratara tão mal, muito menos na frente de estranhos. Não sabia o que estava acontecendo, mas achou prudente não irritar o marido e tentou superar a aflição que sentia e ser o mais simpática possível naquela noite desastrosa.

...

– Realmente não precisa, seu Rony.

– Não menina. Você não pode aparatar. Eu te levo lá rapidinho. Tem algum problema em eu levar a Estella em casa, Hermione?

– Não. Claro que não. Nenhum. Imagina. - Hermione respondeu em modo automático.

– Então está tudo certo. Hermione vai indo na frente pra casa já que ela está indisposta, enquanto eu te levo no orfanato e dou uma olhada em como as coisas estão por lá.

Hermione não respondeu. Apenas concordou com a cabeça e aparatou em casa. Não entendia o que estava acontecendo com o marido, mas sentia uma dor forte, sufocante dentro do peito.

Aparatou na rua de casa ainda tonta com a situação. Não lembrava de ter vivido nada parecido com o marido desde a época de Hogwarts. Resolveu então tomar banho, o jantar tinha sido indigesto e precisava colocar a cabeça no lugar antes de perguntar para Rony o que havia acontecido naquele restaurante.

A água quente foi como um remédio para seu corpo. Não saberia dizer o tempo que levou sentada no piso do banheiro, embaixo do chuveiro, enquanto a água escorria por seu corpo e levava seus medos.

Despertou dos devaneios sentindo o estômago roncar. Mal havia comido naquela noite e estava realmente com fome. Saiu do banho, secou o corpo e os cabelos, colocou uma camisola levinha, pois fazia calor, e rumou descalça para a cozinha. Havia chegado há mais de uma hora e Rony ainda não havia voltado.

Começou a se preocupar e estava subindo as escadas para mandar um patrono ao marido quando ouviu a porta abrir. O sorriso que ele tinha nos lábios se fechou assim que a encarou e a dor no peito da morena voltou.

– Está tudo bem, Ron? Você demorou.

– Sim, estou bem. Vou tomar banho – ele disse afastando-se do seu beijo e subindo as escadas.

Ela respirou fundo e subiu também. Arrependeu-se de ter comido. Tudo revirava em seu estômago e ela temia o que viria a seguir.

Hermione lia um livro enquanto o esperava tomar banho. Rony saiu do banheiro praticamente vestido. Era estranho e ela não comentou, mas ele tinha o hábito de dormir nu nas noites de calor. Não a olhou, fez um feitiço secante nos cabelos e rumou para a cama no mais ensurdecedor silêncio.

– Por que você tratou a Estella daquele jeito? – O tom forte da voz de Rony rompeu o silêncio daquela noite com esta pergunta que mais pareceu uma acusação que qualquer outra coisa.

– Mas como eu a tratei Rony? – Ela achou estranha a pergunta dele.

– Mal. A tratou mal e parecia está com nojo da garota.

– Nunca. Nunca trataria Estella mal. Por que está dizendo isso? - Ela se sentiu realmente ofendida com essa acusação.

– Porque eu percebi, Hermione. A Estella também e qualquer pessoa em sã consciência perceberia.

– Mas Rony, eu apenas estava indisposta. Só aceitei jantar fora porque você me convidou, caso contrário teria vindo pra casa.

– E por que não veio? Teria sido melhor que aguentar o seu mau humor com a garota.

– Mau humor? – A voz dela começa a se alterar.

– Sim. Muito mau humor, por sinal. Será que você não tem um pingo de compaixão em seu coração?

– Mas é claro que tenho, Ronald. E gostaria muito de saber por que está me acusando.

– Acusando? Não... Eu não estou te acusando. Estou apenas falando que odiei essa situação e se soubesse, teria ido jantar com ela, apenas.

– Então pra que me convidou? – a voz saiu num grito ensurdecedor.

– Porque pensei que você saberia compreender uma pessoa doente da alma, mas vi que me enganei. Você continua a mesma sabe-tudo irritante de sempre. Não mudou nada. Se importa apenas com o seu bem sem se importar com o seu próximo.

– Rony, por que está dizendo essas coisas? – a voz estava pastosa. As lágrimas começavam a apontar.

– E não me venha com chorinho besta agora. Você me envergonhou essa noite. Nunca imaginei...

– Mas do que você está me acusando finalmente? – A voz esganiçada revelava as lágrimas que caiam sem medidas de seus olhos.

– Você é sem sentimentos, Hermione. Você não sabe o que é amar, se superar, se esforçar para melhorar. Você nem ao menos tem amor próprio. É seca como a professora Trelawney sempre disse que você era.

– Rony, não diz essas coisas...

– Por quê? Ouvir a verdade machuca, é? Pois saiba que Estella também se machucou ao ser tão mal tratada por você. Ela está sozinha, Hermione. Não tem ninguém na vida. Teve a família destruída por partidários e o mínimo que você poderia fazer era se compadecer.

– Mas eu não fiz nada, Ronald.

– Realmente, você nunca faz nada. A única coisa que sabe fazer é adubar sua mente com livros idiotas e se esquece de viver.

– Rony, por favor...

– Eu tô cansado disso. Cansado dessa vida sem sentido. Cansado de estar ao lado de uma pessoa sem sentimentos, sem escrúpulos, sem boas intensões...

– Mas fui eu que dei emprego pra ela. - havia desespero na voz chorosa da morena - Fui eu quem a ajudou no hospital. Fui eu que ajudei a investigar sobre os pais dela... eu fiz tudo o que pude por ela...

– Você me dá nojo! Ainda tem coragem de cobrar...

– Mas eu não estou cobrando nada. Não fiz nada forçada. Queria apenas ajudar.

– Ah sim... Ajudar. Você não faz nada se não receber algo em troca.

– Claro que não, Rony.

– Claro que sim, Hermione...

Eu... Eu vou dormir no quarto de hóspedes hoje. - Falou imaginando o que ouviria dele com essa afirmação.

– É melhor mesmo.

As palavras eram como facas penetrando em Hermione. Desde que se casaram jamais haviam dormido separados, e ela almejava com todas as forças que ele dissesse que não era necessário. Pelo contrário, ele nem ao menos se ofereceu em ir ao quarto de hóspedes em seu lugar.

Ela andou cabisbaixa pelo quarto tentando controlar as lágrimas que ainda teimavam em sair. Pegou seu travesseiro, uma coberta no roupeiro e rumou para fora do quarto, muito triste. Não sabia aonde aquilo tudo ia terminar, mas não gostava nada do rumo que estava tomando.

Chegou ao quarto de hóspedes e desabou sobre a cama. As lágrimas caiam rapidamente e a dor era alucinante. Não sabia o que fazer, como agir ou se portar, tinha vontade de ir ao seu quarto, desculpar-se e fazer as pazes.

Mas não havia feito nada, não sabia por que teria de pedir desculpas. Achou melhor permanecer onde estava. Amanhã conversariam com mais calma e se acertariam.

Dormiu banhada por lágrimas, vencida pelo cansaço e a exaustão.

Quando ela acordou, a sensação de não ter dormido pesava em seu corpo. Virou-se na cama em busca do calor que acostumara a ter ao seu lado e não o encontrou. Lembrou-se da noite péssima que havia vivido. Se levantou e rumou direto para o quarto.

Poderiam se acertar agora que os ânimos estavam melhores. Caminhou apreensiva e um pouco animada pelo corredor. Iria acordá-lo, já que ele sempre dormia até tarde e dependia dela para levantar na hora certa para ir trabalhar.

Assustou-se ao encontrar a cama do jeito que deixara na noite anterior. Foi até a suíte, ao banheiro social, desceu para a sala, olhou na cozinha, no escritório, no jardim, no quintal... Não havia sinal de Rony na casa.

O embrulho no estômago voltou. Junto com ele a forte dor de cabeça e a necessidade de voltar a chorar. O que está acontecendo? Perguntava-se sem conseguir responder.

Tomou banho e vestiu-se da melhor forma possível. Sentia-se um trapo. Os cabelos embaralhados a fizeram lembrar-se dos cabelos sedosos de Estella. Novas lágrimas romperam de seus olhos.

Desceu até a cozinha, mas não conseguiu ter fome. A dor de cabeça era lancinante. Não conseguia enxergar direito com as fortes pontadas que sentia na nuca e no alto da testa. Preferiu usar a lareira. Acreditava ser menos arriscado já que sentia tanta dor.

Depois de alguns minutos em sua sala foi visitada por Harry.

– Bom dia Mione. Nossa... O que você tem?

– Estou com uma dor de cabeça muito forte.

– Precisa de alguma coisa?

– Ah não, não se preocupe. Já passa.

– Tem certeza, Mione? Você está bem? Andou chorando?

– Não Harry. Não estou triste. Não chorei. Estou apenas com dor de cabeça.

– Tá bem. - ele falou sem acreditar na amiga - Tudo bem. Mas se quiser conversar, estou por aqui.

– Obrigada Harry, mas não precisa se preocupar, mas por que veio aqui? Algum problema?

– Ah... Quase esqueci. - Harry se adiantou - Preciso saber onde o Rony está. O Ministro está precisando dele e ele não está na sala dele.

– Eu não sei onde ele está. Pensei que ele estivesse aqui – ela tinha o olhar assustado agora.

– Mione, você dorme com ele e não sabe onde ele está? - a pergunta fez Hermione se contorcer.

– Bem...Er que...

– Mione...

– Não dormi com ele essa noite. - desabafou em um grande suspiro.

– Como? Por quê?

– Nós discutimos...

– De novo?

– Mas dessa vez foi sério de verdade.

– Sério quanto?

– Eu... Bem...

– Mione, por favor, não posso ajudar se você não me contar.

– Nós discutimos por causa da Estella.

– Por causa da Estella?

– É. Ele me acusou de ter tratado ela mal ontem à noite...

– A Gina bem falou que esse jantar não estava cheirando bem. E o que aconteceu?

– Ele disse que não tenho sentimentos e que sou seca por dentro. Que não tenho amor próprio e só sei adubar minha mente com livros idiotas. Que estava cansado de viver com uma pessoa sem escrúpulos e sem boas intensões...

– O Rony disse isso? – Harry estava incrédulo.

– Disse que... Eu... Eu dou nojo nele.

– Hermione, por favor, não chore. - Harry se adiantou onde a amiga estava, lhe abraçando.

– Eu fui dormir no quarto de hóspedes e quando levantei hoje de manhã ele não estava em lugar nenhum - ela estava novamente em prantos - Eu não sei onde ele está ou com quem está ou se está bem... Não sei Harry...

– Calma, Mione, eu vou encontrá-lo. Eu vou conversar com ele e vocês vão resolver tudo isso.

– Não, Harry. Não fale com ele. Você sabe como ele se irrita quando se metem na vida dele.

– Hermione, eu conheço o amigo que tenho. Fique calma. Por que não tira o dia de folga?

– Não. Não quero ir pra casa agora. Preciso manter minha mente ocupada.

– Certo. Assim que tiver notícias eu venho falar com você.

Aproximadamente uma hora depois Harry voltou para a sala da amiga.

– Você o encontrou, Harry? Ele está bem? Onde ele esta?

– Mione... Eu o encontrei sim.

– E como ele está?

– Está bem...

– E por que você está com essa cara? O que houve?

– Ele estava com a Estella.

– Como? – o corpo dela pesou sobre as pernas. Sentou-se de uma única vez na poltrona perto dela.

– Ele está com ela desde o início da manhã. Estávamos procurando e a Gina foi dar uma olhada no orfanato para te poupar um pouco e me mandou um patrono dizendo que ele está lá desde cedo. Que estava muito feliz ajudando Estella e que nem percebeu a presença dela no orfanato.

– Com a Estella?

– Sinto muito, Mione.

– Tudo bem Harry. Eu converso com ele na hora do almoço. Deve ter acontecido alguma coisa. Não se preocupe.

Mas Hermione não o encontrou na hora do almoço. Esperou um bom tempo no restaurante que sempre almoçavam e ele não apareceu. Resolveu aparatar em casa e tentar encontrá-lo, mas não havia sinal dele em casa também. Não sentia fome e então resolveu voltar para o ministério.

Conversaria com ele a noite. Mas também não o viu. Ele não apareceu em casa para jantar. Ela esperou até ser vencida pelo sono. Rumou para o quarto e dormiu a segunda noite sozinha, apenas sentindo o cheiro dele e tendo as lágrimas como companheiras.


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