E lá tinha ido seus planos de fugir do apartamento de Sasuke sorrateiramente. Agora iria tirar aquela historia a limpo com o moreno.

– Espera, ele realmente não te contou? – Ino perguntou, alarmada.

– Não, Ino. Sasuke não me contou.

Respondeu, respirando fundo, tentando manter a calma, antes que entrasse no quarto ao lado e esmurrasse o lindo rostinho de Sasuke. Com que direito ele achava que poderia tomar uma decisão sobre sua vida?

– Sakura, por favor, nada de brigar com o Sasuke! Droga! Gaara vai me matar! ­– Revirou os olhos, ouvindo Ino falar sem parar.

– Ino! – Controlou-se para não gritar. – Olha, vou desligar depois nos falamos. – desligou sem dar tempo de Ino argumentar mais alguma coisa.

Olhou para o celular, mordendo o lábio com força. Não sabia o que fazer sua vontade de gritar com Sasuke por tomar decisões de sua vida era grande, mas a vergonha pelo beijo era maior. Poderia colocar o celular ao lado e voltar a dormir, mas sabia que em algum momento teria que sair do quarto.

Passou as mãos pelos cabelos, os puxando para trás, enquanto sufocava um grito histérico em sua garganta. Porque mesmo tinha topado dormir no apartamento de Sasuke? Deveria ter gritado e feito o escarcéu que sempre faz invés de topar dormir lá e brincar com Sasuke. No final a mais mexida com a brincadeira tinha sido ela.

Sim, Sasuke estava certo, aquela era uma brincadeira de gente grande, e talvez, só talvez, não estivesse preparada. Empurrou a coberta para o lado, decidida a tomar um banho e falar com Sasuke, iria descobrir o que o moreno estava tramando.

–*–

Sasuke tinha acordado renovado naquela manhã, como há muitos anos não acordava. Sentia-se mais vivo do que nunca, aquele beijo com Sakura tinha melhorado seu humor gradativamente.

Sorriu de canto, mandando uma mensagem para Gaara, avisando para o ruivo tomar conta da empresa, hoje pretendia passar o dia irritando Sakura, como há muito tempo não fazia.

Saiu do quarto ouvindo a porta ao seu lado bater com força, virou o corpo encontrando Sakura o fulminando com o olhar, enquanto mantinha os braços cruzados abaixo dos seios. Franziu o cenho, ao ver a expressão irritada de Sakura, ela não deveria estar com vergonha de tê-lo beijado ontem à noite? Sakura realmente conseguia lhe impressionar.

– Porque mentiu?

– Bom dia para você também. – Sakura bufou irritada.

– Porque mentiu? ­– Arqueou a sobrancelha ao ouvir Sakura insistir naquela pergunta sem sentido.

– Sobre o que exatamente eu menti?

– Sobre o que você mentiu? – Repetiu incrédula. – Você sabe muito bem, Sasuke Uchiha. – Cruzou os braços o olhando, irritada.

– Não, eu não sei. Explique-me sobre o que eu menti, Sakura Haruno. – O moreno cruzou os braços, escondendo o divertimento que sentia ao ver a expressão brava de Sakura.

– Sobre a minha estadia aqui. – Respondeu impaciente.

– Como soube?

– Não interessa como eu soube, Sasuke. – Descruzou os braços, o olhando indignada. ­– Porque tomou uma decisão dessas sem me consultar? É a minha vida!

– Eu pretendia te contar depois do café, já que sabia que sua reação seria essa. – o moreno revirou os olhos, não ligando para a indignação de Sakura.

– Eu só estou irritada desse jeito porque você mentiu! – exclamou irritada. – Custava me contar a verdade?

– Se eu contasse a verdade ontem, você iria reagir assim, e não teríamos um momento de paz que há anos não temos.

– Mas porque mentir?! Sabe o quanto eu odeio mentiras.

– Eu não menti, droga! Eu só omiti.

– Só omiti. – repetiu, sorrindo sarcástica. – Não, você mentiu! A noite inteira foi uma mentira para você, não é Sasuke? Só uma maneira de me manter aqui, presa aos seus caprichos.

Terminou de falar sentindo suas costas baterem levemente contra a parede, não precisou olhar para o causador daquilo tudo para saber o quanto furioso estava. Mesmo dizendo todas aquelas verdades para Sasuke, desejou que o moreno negasse. O que estava lhe acontecendo? Mordeu o lábio inferior, nervosa. Talvez tivesse medo da resposta.

– Você não sabe de nada, e mesmo assim sempre sai me acusando.

Pareceu impressão, mas jurava que tinha visto uma sombra de magoa no olhar de Sasuke, deveria ser coisa da sua cabeça, Sasuke nunca se magoaria por alguém como ela.

– Não consegue calar a boca por um segundo e me ouvir, não é? – Sentiu o moreno soltar seus pulsos, mas seu olhar intenso continuava conectado ao dela. – Seu apartamento está com risco de desabamento, parece que o arquiteto não fez o apartamento com cem por cento de segurança.

– O que? – O olhou surpresa. – Mas e Ino, e as nossas coisas?

– Ino está na casa do Gaara. As coisas da loira ficarão lá, enquanto as suas pedi para deixarem aqui.

Respirou fundo, processando tudo que lhe fora dito. Então não tinha mais apartamento? Teria que morar com Sasuke? Não! Aquilo não podia estar acontecendo.

– Sasuke, não precisava resolver tudo para mim. Eu posso ficar na casa da minha mãe, tenho certeza que ela não irá se importar.

Isso! Ficaria na casa de sua mãe. Era a melhor ideia que tinha tido, pelo menos era o que achava até ouvir as próximas palavras de Sasuke.

– Vai colocar sua mãe em perigo? Você acabou de sofrer um atentado.

Odiava admitir, Sasuke estava certo. Não podia morar com sua mãe, não era justo coloca-la em perigo, nunca se perdoaria se algo acontecesse a ela por sua causa. Sua família era o seu ponto fraco.

– Tem razão, mas mesmo assim posso ficar num hotel até encontrar um novo apartamento.

– Você vai ficar aqui, Sakura, e isso não é um pedido.

– Não posso morar com você.

– Porque não?

– Você é homem.

– Obrigado por me lembrar, acho que tinha esquecido. – respondeu irônico.

– Estou falando sério, Sasuke. – ignorou o tom irônico do moreno. – Não posso morar com um homem que não é meu marido, minha família surtaria.

– Por quê? – perguntou confuso.

– Porque como minha família eu ainda acredito que você só deva morar com um cara depois de casar.

– Hum.

– Não em nada a dizer? Eu não posso morar aqui, Sasuke.

– Não só pode como vai. Você e eu somos adultos, podemos muito bem dividir um apartamento.

– Sasuke... – o moreno a cortou.

– Eu respeito você, Sakura, não farei nada que você não permita. – Respondeu sério, para logo dar um sorriso de canto. – E sobre ontem à noite, eu não menti em nenhum momento, ainda quero conhecer mais sua literatura, irritante.

Sentiu um estranho calor ao ouvir as palavras de Sasuke, acompanhou com o olhar o corpo de Sasuke entrar na cozinha. Tocou em seu peito, sentindo seu coração acelerado.

– É bom que isso seja um infarto. – sussurrou para si mesma.

Nunca tinha ficado tão perto assim de um homem como de Sasuke, isso era estranho. Porque quando convivia com Jesse não sentia a mesma sensação que sente com o moreno? Droga! Estava entrando num perigoso caminho, que sabia que não teria volta.

Respirou fundo, buscando acalmar seu corpo e sua mente. Teria que morar com Sasuke, correr o risco de cenas como ele de toalha, ou de beijos que a deixavam muda. Era oficial, iria enlouquecer.

Passou as mãos pelos cabelos, andando em direção à cozinha. Precisava pensar em outra coisa, e ao sentir sua barriga reclamar, lembrou que precisava comer. Isso, a sensação que estava sentindo era fome, só fome.

Entrou na cozinha vendo o moreno colocar a água no fogão, enquanto tirava algumas caixas de panquecas prontas do armário. Franziu o cenho, como alguém com um corpo maravilhosamente tentador poderia comer tanta porcaria? Balançou a cabeça em desagrado.

Andou até o moreno, chamando sua atenção para si.

– Licença. – Pediu tocando no braço do moreno, para que ele se afastasse.

Sasuke a olhou confuso, e iria questiona-la o que pretendia fazer, se o próximo movimento de Sakura não tivesse tirando completamente sua atenção.

Sakura graças a sua altura estava na ponta dos pés, impulsionando todo seu corpo para frente, fazendo não só a temperatura de Sasuke como também sua regata subir. Percorreu o olhar pelas curvas tentadoras de Sakura, a vontade de segura-la em seus braços, e tomar aqueles deliciosos lábios lhe era tentador, e se Sakura não parasse de tenta-lo com aquela posição, o faria.

Levantou os braços, tentando puxar as caixas de comida instantânea do armário do moreno, mas quanto mais impulsionava o corpo para frente, mais as caixas pareciam altas. Porque os armários sempre eram os piores obstáculos para sua altura? Suspirou continuando com o movimento, mas ao sentir fortes mãos em sua cintura, paralisou. Fechou os olhos ao sentir um leve aperto em sua cintura, e seu corpo ser levantando.

– O-o que está fazendo?

Não estava acreditando, era a segunda vez que gaguejava por alguma ação de Sasuke. Mordeu o lábio inferior com força ao sentir outra vez aquelas fortes e grandes mãos apertarem sua cintura levemente, não tinha coragem de abrir os olhos, a vergonha lhe era grande.

– Pegue o que quer pegar.

Abriu os olhos, encontrando o armário em frente aos seus olhos. Tentou olhar para baixo e ver o rosto do moreno, mas ao tentar vê-lo sentiu outro aperto em sua cintura. Mordeu o lábio, tentando se acalmar, voltando sua atenção para as diversas caixas no armário, as pegando.

– Pronto, peguei.

Sentiu seus pés tocarem o chão, deixando-a mais calma. Mas as mãos do moreno continuavam em sua cintura, fazendo-a desviar o olhar por nervosismo.

– Você só come porcaria? – Perguntou levantando os macarrões instantâneos para o moreno ver.

Sasuke sorriu de canto, soltando a cintura de Sakura.

– Olha quem fala a rainha dos fast foods.

– Eu não como só besteiras, ok? Eu mudei meus hábitos alimentares, e você deveria fazer o mesmo. – Diz olhando em desagrado para as caixas.

– Eu não como só besteiras, Sakura. Na minha casa eu tenho uma alimentação normal, esse apartamento tem besteiras porque passo a maioria do tempo no trabalho.

– Hum. – murmurou o olhando. – Vamos ao mercado.

– Agora?

– Não, vou esperar você me entupir de besteiras e me deixar gorda. – revirou os olhos.

– Acho impossível. – diz a olhando dos pés a cabeça.

– Não, não é impossível. Agora vamos fazer uma omelete de presunto e tomates. – Diz abrindo a geladeira. – Olha! Não tem ovos, nem presuntos. – exclama. – E verduras e frutas são algo que sua geladeira e casa não conhecem.

– Como eu disse, eu moro sozinho nesse apartamento.

– Correção, você morava.

Sasuke sorri de canto gostando das palavras de Sakura, pegando as chaves do carro.

– Vamos irritante, no caminho compro um suco e uma torta. – Diz abrindo a porta.

– Prefiro um misto quente com tomate.

– Ok, eu compro um misto quente.

– Quem vai pagar sou eu.

Diz cruzando os braços, enquanto entram no elevador.

– Eu já disse que um cavalheiro nunca deixa uma dama pagar.

– Ok, mas e se essa dama amaçar chuta-lo num lugar perigoso. ­– Sakura sorri maldosa.

– O cavalheiro a faz relembrar a época do colégio. – Diz sorrindo de canto, abrindo a porta do carro para Sakura.

– Hum. – murmura. – Você sabe que eu não tenho medo de você, né?

– Então porque toda vez você fugia de mim?

– Precaução. – responde colocando o cinto. – Toda vez que você sorria assim, era porque eu iria parar em alguma parede.

– Bons tempos. – Sasuke sorri, relembrando.

– Só se for para você. – Sakura o olha revirando os olhos.

– Vai dizer que você não se divertia?

– Não.

– Ainda farei você confessar que gostava de mim naquela época. – O moreno vira para Sakura, sorrindo.

– Boa sorte. – diz olhando para o mesmo sorrisinho irritante de anos atrás. – Certas coisas nunca mudam. – murmura olhando para a estrada.

–*–

– Droga de prateleira, porque tão alta?

Levantou mais os braços em direção ao molho de tomates, bufando irritada em seguida por não conseguir pega-lo.

– Onde o Sasuke se meteu com esse presunto?

Arrastou o carrinho de compras, indo atrás do moreno, mas parou ao vê-lo falar com uma mulher loira. Sorriu balançando a cabeça ao ver a loira inutilmente tentar seduzir Sasuke, com um balanço de cabelo exagerado e risadas histéricas.

– Eu sou uma grande fã do seu trabalho, sua empresa é muito boa.

Ouviu a mulher falar, tocando no braço de Sasuke.

Encostou-se à prateleira, colocando o carrinho ao lado de seu corpo, vendo a cena se desenrolar. Não perderia Sasuke lidar com uma “fã”, mas não ia mesmo.

– Obrigado. – Viu o moreno falar gentilmente, olhando em volta em busca de se livrar da mulher.

Desencostou-se da prateleira, empurrando o carrinho em direção a Sasuke, iria fazer a caridade de ajuda-lo, mesmo achando que ele não estava merecendo. Sasuke ao vê-la se aproximar sorriu de canto, sorriso esse que a loira achou que tinha sido para ela.

– Seu sorriso é muito bonito. – a rosada revirou os olhos, sorrindo.

– Não acredito! Sasuke Uchiha, eu sou uma grande fã do Senhor. – Sakura soltou o carrinho, abraçando Sasuke, mostrando uma animação exagerada, arrancando um sorriso do mesmo.

– Obrigado, procuro sempre agradar as pessoas com os meus produtos.

– Ah, e você agrada mesmo. – Sakura ouviu a mulher falar, e virou-se para ela.

– Você também é fã do Sasuke?

Pergunta fingindo curiosidade, e animação.

– Sim. – a mulher responde, mostrando claramente seu ciúme por ver Sakura tão próxima de Sasuke.

– E você sabe com o que ele trabalha?

Sakura podia sentir o cheiro de falsidade daquela mulher de longe, era obvio que era mais uma mulher interesseira que não sabia nada mais que o nome de Sasuke e o valor de sua fortuna.

– Claro que eu sei. – a mulher respondeu com superioridade, que fez a rosada cruzar os braços, e a olhar com um sorriso de canto. – Sasuke Uchiha trabalha com publicidade.

Sasuke olhou para a mulher com tédio, mais uma que vinha lhe encher a paciência e não se dignava, a saber, nem com o que trabalhava. Olhou para Sakura, vendo a rosada soltar uma risada divertida.

– Você está bem de fã, hein? – pergunta rindo vendo a expressão confusa da mulher. – Deixa eu te explicar, ele trabalha com tecnologia. – Diz apontando para o moreno, vendo a mulher ficar vermelha de vergonha e de raiva dela.

– Eu só me confundi, é que fico nervosa na presença de um grande homem.

Sasuke pegou o carrinho de Sakura, puxando a rosada, deixando a mulher com cara de tacho. Não estava querendo ser paquerado por uma mulher vigarista, mas tinha que admitir que estava se divertindo com Sakura.

– Vamos.

– Ah, só porque eu estava me divertindo sendo sua fã por um dia. – diz rindo vendo o moreno sorrir de canto. – Ela estava tão preocupada em te seduzir que se esqueceu de saber o básico sobre você.

– E você parecia bem incomodada, diria até que estava com ciúmes. – a rosada parou de rir, ficando séria por um estante, absorvendo as palavras de Sasuke, voltando a rir em seguida.

Sasuke sorriu ao ver Sakura rindo, podia ver suas covinhas, que a deixavam com um ar fofo.

– Então meio metro de gente, o que você não alcança. – sorriu de canto ao ver Sakura o fulminar.

– Vou tacar essa latinha de atum em você, seu emo. – diz o ameaçando com a lata, vendo o moreno se aproximar de si com um sorriso. – Naquela prateleira, quero o molho de tomates.

– Não tem medo, né? – Diz com um sorrisinho zombeteiro.

– Precaução. – fala puxando o molho da mão do moreno, vendo o sorriso continuar no rosto do moreno. – Vamos para o caixa.

Sakura empurra o carrinho em direção ao caixa, sendo seguida por Sasuke. A rosada começa a tirar as comidas do carrinho, vendo uma senhora se aproximar do moreno.

– Parabéns, meu filho. Continue assim, um ótimo rapaz.

Sorriu ao ver a senhora segurar as mãos do moreno, fazendo um leve carinho, deixando Sasuke sem jeito.

– Obrigado.

A velhinha sorri, dando tchau para o moreno, saindo em seguida.

Sakura desviou o olhar, guardando as comidas nas sacolas, pensativa. Sasuke era sempre sério e frio, mas em alguns momentos ele mostrava seu verdadeiro eu, e o verdadeiro Sasuke parecia ser uma pessoa linda.

Entrou no carro com Sasuke ainda pensativa. Tinha sido injusta com Sasuke, e precisava se desculpar. Virou o rosto, encontrando o moreno concentrado na estrada, aproximou o rosto de Sasuke, o beijando na bochecha.

– Desculpe por ter sido injusta mais cedo, obrigada por me deixar ficar no seu apartamento.

– Hum.

Sorriu virando o rosto para a janela, vendo a rua. Sasuke estava cuidando de si, e a protegendo como nunca pensou que ele faria, talvez estivesse errada, talvez não quisesse que Sasuke fosse bom consigo, porque assim não estaria confusa.

Fechou os olhos sentindo o vento bater contra seu rosto, lembrando o beijo que trocara com Sasuke, não deveria estar pensando nisso, mas desde o momento que Sasuke a beijou, não conseguia parar de sentir a doce sensação que se apoderou de seu peito, o calor que acalentou seu corpo. Sasuke estava lhe levando para um caminho confuso e perigoso, temia segui-lo cegamente, temia perder-se.

Sasuke sorriu de canto ao olhar de relance para Sakura, a grande armadura estava se rachando, e logo ele iria quebra-la por completo, tendo Sakura para si, como há muito tempo desejava.