Perdas e Ganhos: Como Noites de Verão escrita por MariChia


Capítulo 9
Motivos Repentinos


Notas iniciais do capítulo

Diante deste capítulo... cabe dizer que eu gosto de dramatizar um pouco, rsrs... e espero que continuem gostando de Taís! E Eduardo, rs!

Uma boa leitura e muito obrigada por prestigiar minha história! ;3



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– Eduardo...

Eu ia perguntar o que estava havendo, quando ele me interrompeu bruscamente.

(A trilha que cabe a este momento)

Puxou-me novamente em seus braços, mas dessa vez meu rosto ficou preso em seu peito, com minha cabeça levantada em sua direção.

Seu olhar e feição se abrandaram quando me encarou. Ele abriu um sorriso de satisfação, muito terno, quando coloquei as mãos sobre seu peitoral e o olhei preocupada. Eu senti seus dedos correndo lentamente por meus cabelos, e o carinho me fez corar, enquanto meu coração e respiração aceleraram.

– Você está tão linda assim... Tão linda agora. – ele abaixou um pouco sua cabeça – Eu posso te beijar?

(Imediatamente esta cena veio a minha mente)

Ele perguntou sem nenhuma cerimônia, mas podia ver que uma fagulha de apreensão se escondia no fundo de seus olhos. Eu não sabia o que dizer. Ou mesmo o que fazer, a não ser empurra-lo e sair correndo daquela farsa constrangedora.

Sem contar que depois que ele falou a palavra beijo, tudo em mim parecia entrar em um furacão, carregando as borboletas e toda minha mente, me deixando cravada na mesma posição atônita diante daquele rapaz estranhamente atraente. Um fôlego que eu não sei, até hoje, de onde veio; trouxe as seguintes palavras para fora de meus lábios trêmulos:

– M-Mas... Por quê?

Foi tudo o que consegui dizer e voltei a minha mudez tremulante. Ele parecia mais inquieto. Vi-o engolir em seco, e senti-o endurecer a musculatura mais uma vez. Seu aperto ficou mais forte como se ele quisesse me impedir de fugir depois que me desse sua resposta.

– Por que eu quero!

Ele disse com simplicidade sincera, mas dolorosa. Percebi que ele parecia ter medo da minha reação. Ela não veio. Continuei como um ser sem alma, olhando para mim mesma nos braços de um jovem gigante, como em outro plano. Sentindo-me como se minha alma nos sobrevoasse e quisesse saber o que a pequena boneca de vestido rosa iria fazer. E mais uma vez o fôlego forasteiro me fez lançar novas palavras:

– Por que você quer? O que vê em mim?

Ao ouvir aquelas palavras percebi que eram exatamente o que eu gostaria de perguntar. Talvez o meu espírito as esteja pondo para fora. Refleti.

– Hãnn... É que... hãn... sabe...

Ele estava muito nervoso agora, tão sem jeito que voltou a sua característica infantil que eu vira algumas músicas atrás.

– Bom... É que você... Você é linda!

(Onde estaria a verdadeira beleza?)

Minha alma retornou ao meu corpo e eu voltei a me preocupar com sua declaração, mas ele continuava envergonhado se forçando a me responder. Suas mãos tinham me soltado e ele tentava gesticular ao meu redor com os braços, como se seus gestos pudessem ajuda-lo a explicar o que era tão difícil de exprimir. Eu poderia aproveitar que não era mais sua cativa e correr para longe dele em busca de minha família.

No entanto, seus olhos e seu jeito envergonhado me mantiveram fixa no mesmo ponto. Enquanto um estranho sopro se apegou a minha garganta e lutava para movimentar minha língua... Talvez fosse a intimidade recém-adquirida ou minha coragem que voltou de sua distante peregrinação. Contudo eu me vi indagando-o:

– Mas só por isso? Por que me acha bonita?

Falei com cautela, estando um pouco insegura em repetir seu elogio para mim.

– Linda! – ele me corrigiu, e voltou a me fitar profundamente como antes, com seu corpo relaxando devagar – Você é linda!

(Ainda me pergunto: O que é a beleza?)

Ele pôs tanta ênfase no adjetivo que eu me senti derreter e as borboletas alçaram voo em meu ventre.

– Mas não... Não só isso.

Respondeu concentrado em meu olhar, sorrindo para mim como um amante quando brinca com sua amada. Ele abaixou mais um pouco, estava a dois palmos de distância e eu podia sentir sua forte respiração.

– Sei que conversamos pouco, mas mesmo pouco, eu vi que você é uma garota muito inteligente. Muito Sincera. Que ama sua família e se preocupa com ela. É amável com suas palavras. Gosta muito de ler e é muito tranquila. É divertida quando se abre...

Enumerava qualidades que eu me questionava se realmente possuía, enquanto sentia um fogo marcar da minha testa ao pescoço de tão constrangida que ele me deixou com suas palavras. E parecia não ter fim.

– Que você prefere ficar calada ao invés de falar merda... – ele parou sua declaração abruptamente e se desculpou com os olhos como se tivesse cometido o pior sacrilégio do mundo – Hãn... desculpe... de falar besteira.

Depois de se corrigir, tomou mais folego, mostrando que ainda havia mais a ser dito. Estava decidido a me cobrir com seus inúmeros tópicos.

– Você é meiga e delicada. E quando te abraço eu me sinto bem, me sinto até... poderoso.

Ele ficou encabulado com a última palavra, mas não cedeu sua postura e entendi que ele estava indicando nosso contraste como um atrativo. Lembrei-me da regra física: os opostos se atraem; e por mais que não acreditasse nesta lei, se tornou um eco em meus pensamentos. Comecei a ter uma sensação nova, que não sabia descrever. Fazendo-me notar que eu gostava de sua altura e seus ombros largos.

Apesar de seu quadro ser mais fino do que de Marcos, e ele ainda parecer ter uma leve corcunda e um jeito estabanado. Ainda assim, sua musculatura rígida, me dava à impressão que ninguém poderia me arrancar de seus braços sem o uso de uma força sobre-humana. Estranhamente sentia... Segurança. Me sentia segura em seus braços. Ao mesmo tempo que vulnerável. Um contraste de sensações que no mínimo me deixou confusa.

– E eu gosto de tudo o que vi e conheci de você... – ele me olhou determinado – ...Até agora! – engoliu em seco, mais uma vez – E eu queria conhecer mais uma coisa de você.

Ele parecia encabulado, embora decidido. Seus olhos me sugestionavam a perguntar que coisa seria essa que ele tanto queria conhecer de mim. Foi tão intimidade e motivador seu olhar que acabei por dar vida a sua sugestão.

– Q-que coisa? – eu perguntei relutante, tremendo como uma vara verde.

Ele sorriu ternamente, enlaçou meu corpo com seus braços, mas num aperto muito suave. Retomou aos poucos suas carícias em minhas costas, e, às vezes, se dirigia para meus braços nus. Deu uma rápida lambida em seus lábios secos e aproximou seu rosto ao meu, até eu sentir seu nariz quase roçar no meu.

– Seu sabor!

Disse num sussurro sensual, fechando os olhos lentamente querendo se colar aos meus lábios. Mas quando ele estava pronto para ir além. Eu consegui despertar de minha paralisia momentânea e me afastei dele bruscamente, aproveitando que ele me segurava com pouca força.

Mesmo tendo esbarrado em outro casal que estava atrás de nós, me mantive estável e ainda pude pedir desculpas e forçar meus pés para me afastar dali, enquanto ele estava paralisado, provavelmente chocado com minha reação. Mal tive tempo de pensar para onde iria. Simplesmente continuei andando em frente sem saber se ele me seguia, empurrando os inúmeros casais que bloqueavam o caminho.

Assim que sai do meio da multidão comecei a aumentar minha velocidade para ir à mesa onde havia visto meus pais mais cedo. Para meu lamento, ela estava vazia, ocupada apenas por bolsas femininas e alguns casacos. Não identifiquei nenhum como dos meus pais. Pensei em me dirigir para quadra de tênis onde meu irmão poderia estar brincando com seus novos amigos. Corri para lá como se um predador estivesse atrás de mim, sem saber se de fato, Eduardo me perseguia.

(I'm Run!)

Já havia escurecido, talvez passassem das sete e meia, provavelmente já deviam ser oito da noite. Mas não mais que isso. Embora a escuridão da noite trouxe seu bordado de estrelas e uma lua perfeitamente redonda e branca como uma perola no céu.

Cheguei à quadra e me deparei com alguns jovens conversando, alguns casais em suas carícias íntimas. Vi Miranda agarrada a Tales como uma serpente enrolada em uma arvore. Bernardo, o segundo irmão do trio Figueiredo, sugando os lábios de uma gótica pálida com o cabelo colorido. Observei por mais algum tempo, até que quase tive um ataque com a cena de Marcos beijando e acariciando com ferocidade a ruiva que o havia constrangido com um mero sussurro.

Na hora, senti meu coração doer. Machucado como se atravessado por uma lança. O que vi, na penumbra daquela quadra, depois de ter forçado minha vista atrás de meu irmão, me chocou e magoou. Eu sabia que ele e eu não tínhamos nada. Sabia que ele apenas foi gentil com uma menina que achou ser uma adolescente tímida que precisava de ajuda para se enturmar. Que ele apenas se preocupou em não magoar seu ser aparentemente frágil, sendo tão duro com seus amigos quanto sua discrição permitiu.

Ainda assim, mesmo depois de minha razão apontar todas estas questões e ainda me fazer lembrar que eu prometi não me iludir, eu não conseguia deter as lágrimas doloridas que começaram a cair dos meus olhos. Minhas mãos tremiam e eu queria sair de lá o mais rápido possível, mas minhas pernas não me obedeciam. Todos os meus comandos para que elas se mexessem eram lançados fora em forma de finos rios pelos meus olhos.

– Ahã! – senti um aperto forte sobre o meu ombro – Você está aqui! – a voz era familiar e animada – Sabia que meu irmão tá louco atrás de você?

Eu não respondi, não queria saber de irmão nenhum de ninguém. Só queria encontrar meu próprio irmão. Ou, simplesmente, encontrar um buraco onde pudesse me esconder; esconder minha tristeza. Cuja qual eu não entendia. Não via motivo nela e me considerava tola por estar assim. Mas me censurar fazia a vontade de chorar aumentar e eu só queria sair dali e ficar bem longe de tudo e todos.

– Você tá bem, garota?

Antes que ele conseguisse me virar. Eu me soltei de seu aperto em meu ombro e corri o mais rápido que pude para longe daquele lugar.

(and... Run More!)

Corri sem direção, sem pensar. Sem entender o porquê de estar assim e o porquê de estar fugindo. Quando a razão resolveu voltar a minha mente, eu olhei para o caminho por onde vim e vi que ninguém me seguia e que estava bem longe do local do churrasco, da pista de dança e da fatídica quadra.


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Notas finais do capítulo

Quero muito agradecer ao querido Victor e a doce San, que muito me tem feito feliz por seu carinho, atenção e por todos os seus belos comentários, que me deixaram nas nuvens de tanta felicidade. Agradecer é pouco para toda alegria que vocês tem provocado em mim!

E continuo grata e feliz por também ter a diligencia e carinho de Glamour Crueltly, Emily Jane e Skye Holmes.

Vocês tem me motivado e me inspirado muito. Tem contribuído para o meu aperfeiçoar, não apenas como escritora, mas como pessoa também. Muito obrigada meus lindos!!!


PS: estou pensando em reeditar esta história quando ela estiver completa, até porque quero diminuir o número de capítulos. E também, consertar todos os erros.



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