The Amazing Spider-Man escrita por Leinad Ineger


Capítulo 29
Capitulo 29 - O Homem Por Trás da Máscara


Notas iniciais do capítulo

Após o confronto com o Homem Areia e Justiceiro, o amigo da vizinhança precisa tocar a vida para frente.



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– Peter, está tudo bem com você? O corpo ainda doía bastante. Tinha dificuldade para se concentrar, estava irritadiço e com uma enxaqueca que já era crônica. Desde o confronto com o Homem-Areia, ao lado do Justiceiro, sentia sua úlcera piorar. Não conseguia se alimentar a três dias, mas não sentia a menor vontade de comer. O braço latejava e estava puxando uma perna. A maquiagem que usava para cobrir os hematomas o incomodava e sentia que as últimas dez horas de sono não tinham sido o bastante. - Claro, sr Simmons. Estou ótimo. - Entendo... Bom, Peter, nós tivemos um dia cheio hoje. Parece que você está mais empenhado em cumprir os horários e prazos aqui, estamos muito satisfeitos. Não é preciso mencionar o quanto você é bom no que faz, já deve estar cansado de receber elogios... Não, não estou. Esse deve ser o primeiro elogio que recebo desde que topei o convite do Superman pra entrar pra Liga. Liga, aliás, que nunca freqüentei tão assiduamente quanto deveria...– ... Mas eu quero agradecer por ficar até mais tarde com os alunos, Peter. Se você quiser, pode sair mais cedo hoje. A maioria dos estudantes está mais preocupada com os acampamentos de verão do que com o fechamento das notas. - Obrigado, sr Simmons. Estou precisando de uma boa noite de sono mesmo. - Faça um lanche, rapaz. Você parece que não está se alimentando direito. - É... É minha úlcera, sabe? - Você tem úlcera?! - Já há alguns anos. - Precisa se cuidar, Peter... Eu tenho um amigo que é gastrologista, posso marcar uma consulta com ele se você quiser. - Ah, obrigado... É que eu... Já tenho um médico, sabe? Médico da família e tals... Ele também se transforma no Lagarto de vez em quando, e tenta me matar. Mas, tirando esses pequenos detalhes, ele é da minha mais absoluta confiança.– Ah, claro. Bom, Peter... Cuide-se. - Claro, sr Simmons. Boa noite. Talvez as coisas comecem a se acalmar agora, pensou Peter, enquanto refletia nos últimos meses de sua vida. Batalhas cada vez mais violentas, decepções, angústia... Não estava sendo o mesmo bom e velho Peter Parker, não se reconhecia mais. Não tinha certeza se estava vivendo no mesmo mundo de antes. Claro, já tinha passado por maus bocados. Passara pelo inferno nas mãos de gente como Norman Osborn, Kraven e Venom, mas agora até gente como o Homem-Areia lhe dava muito mais trabalho do que o normal. Estaria ficando mais fraco? Seu estado psicológico estava interferindo em seus poderes? Talvez fosse realmente uma boa idéia procurar o Dr Connors, mas sequer sabia se ele ainda estava em Nova York. Não ouvia falar do Lagarto há muito tempo, o que não deixava de ser uma coisa boa. Talvez fosse melhor procurar o Dr Richards ou Christina McGee. Não há médicos para super-heróis em Manhattan? Com tantos mutantes, monstros e maravilhas por aí, era de se admirar que os planos de saúde ainda não estivessem explorando esse nicho de mercado. Ótimo, fiz uma piada! Talvez as coisas comecem a voltar ao normal agora!

Peter pegou no sono rápido. A tia May já estava dormindo quando ele chegou. Era tarde, muito tarde pra ligar para Mary Jane. E, de fato, não sabia se devia ligar. Ficar quieto num canto e simplesmente dormir era a melhor opção. Abriu um pacote de bolachas, mas o conforto do abraço de Daniel chegou antes que tivesse tempo de comer a metade. Foi sua única refeição naquele dia. Foi um sono sem sonhos, pesado. Cada célula de seu corpo agradecia o descanso, até que os primeiros raios de sol começaram a invadir seu quarto por uma fresta na janela. Sentia-se cada vez melhor. Talvez fosse justamente do que precisava. Uma boa noite de sono, quem sabe alimentar-se melhor. Isso era algo que o café da manhã da tia May podia garantir. - Você está se alimentando bem melhor, Peter. - Nhac! Nhac! Nhac!– Mas vê se come devagar... Está parecendo um bicho! - Nhac! Nhac! Nhac!– Garotos... - A minha úlcera estava doendo, tia. Mas acho que agora já tou melhor. - Tomara. Não dá pra ficar trabalhando tanto sem comer direito. O que foi que te deixou tão nervoso? - Como assim? - Sua gastrite é nervosa... Quando você fica muito nervoso, acaba refletindo no estômago. - Ah, tia... Tanta coisa andou acontecendo... Aquele... Aquela coisa que aconteceu com o Flash... Dois empregos... Eu e Mary Jane temos nos falado pouco... - Eu entendo... Mas precisa saber administrar essa fase, querido. Não pode deixar os problemas te soterrarem dessa forma. O Homem-Areia.– Um pouco mais de calma no trabalho, o que acha? Tanta responsabilidade pode intoxicar você. O Duende Verde.– Um homem sozinho não pode mudar o mundo. O Justiceiro.– Sei que isso está no seu sangue, mas... Carnificina...– ...Peter, aonde você vai? - Perdi a fome, tia.

– Bom dia, Peter. - Bom dia, Robbie. Como estão as coisas por aqui? - Bem tranqüilas, considerando que o Jonah resolveu não tirar férias esse ano... - ... de novo. - Mas a gente sobrevive. E você? - Bom, tou me recuperando. Minha saúde não anda lá essas coisas. - É verdade, você está com uma aparência bem melhor mesmo. Tem ido ao médico? - Não, eu... Quer dizer, sim, mas não sempre. Quer dizer... - Tomou remédio por conta própria? - Na verdade, não tomei nada. Acho que eu tenho algum poder mutante, tipo fator de cura. - Hah! Se tem uma coisa que você não é, Peter, é invulnerável. Precisa deixar de ser teimoso. - Já falei um milhão de vezes que não sou teimoso! Mas e aí, tem trabalho pra mim? - Tenho. Coisa grande. O Kofi Annan vai inaugurar um centro de pesquisa do débito dos países em desenvolvimento. Ele tem sido duramente atacado pela imprensa por causa das denúncias de irregularidades no programa “Petróleo por Comida”, envolvendo a empresa de seu filho e até o Saddam Hussein. Acredito que muitas celebridades vão marcar presença, como Bill Clinton, Bono Vox, alguns presidentes... - Presidente Luthor? - Cancelou. - Onde vai ser? - No Empire State. - Hmmm... Não é o lugar mais seguro... - Ainda bem que você é fotógrafo e não segurança. Preciso de você lá, Peter. - Deixa comigo, vou pra lá agora. - Ótimo. Pode pegar suas credenciais e se mandar.

Longe dali... – Alô... Mary Jane?– Sim, quem é? – John... John Jameson... Tudo bem?– Ah, sim! Como vai? –Bem, obrigado. E você?– Com a agenda cheia! – Entendo... Bom, eu liguei porque... Sabe, de repente você encontra um espaço nessa sua agenda pra nos vermos hoje à noite... Se não for te atrapalhar! O que acha?– Hoje?! Ora, John... Eu... – Se não puder, tudo bem. Mas o convite está de pé.– Não, eu... Eu quero sim. – Ótimo, eu passo aí mais tarde pra te pegar!– Combinado. Mary Jane desligou o telefone sem saber por quê tinha feito aquilo. Estava com saudades de Peter, mas o relacionamento dos dois nunca pareceu tão distante. Já tinham passado por tanta coisa juntos, e agora sentia como se fossem dois estranhos. Não tinham mais nada em comum, tinham? Sempre teve receio de que, um dia, fosse acordar e não amasse mais Peter Parker. Ou que ele dissesse algo como: Sabe o que é, MJ... Felícia e eu... Sabe o que é, MJ... A Zatanna e eu... A Tempestade e eu... A Mulher Maravilha e eu... Coisa de mulher. Peter era fiel, mas vivia em dois mundos diferentes. Por um lado, ele era o encantador sobrinho de May Parker, marido dedicado, honesto e trabalhador. Um pouco desajeitado e retraído, talvez, mas nada que o tornasse anti-social. Porém, ele também era o Homem-Aranha, um super-herói. Bom, pelo menos para alguns, ele era um herói. Já tinha enfrentado terríveis vilões, ameaças alienígenas, guerras de gangues... Conhecia todo mundo dos X-Men, Vingadores, Quarteto, LJA... Já esteve em outros países, outros planetas e até outras dimensões e épocas. Alguém capaz de tudo isso era grande demais para ser o marido de Mary Jane Watson, ou será que, no final das contas, sobrava muito pouco espaço para ela? Por mais que refletisse a respeito, não conseguia encontrar um só motivo para fazer – ou deixar de fazer – o que havia combinado com John Jameson. Precisava arriscar. Não queria passar o resto dos seu dias esperando o Homem-Aranha se aposentar, ou morrer lutando contra algum vilão. Precisava de paz.

Kofi Annan, cidadão do Gana, é o sétimo Secretário-Geral das Nações Unidas, tendo iniciado o seu mandato a 1º de Janeiro de 1997 e terminará em 31 de Dezembro de 2006. As prioridades de Kofi Annan como Secretário-Geral têm sido revitalizar as Nações Unidas, graças a um vasto programa de reforma; reforçar o trabalho que a Organização leva tradicionalmente a cabo em prol do desenvolvimento e da paz e da segurança internacionais; incentivar e promover os direitos humanos, o estado de direito e os valores universais da igualdade, da tolerância e da dignidade humana consagrados na Carta das Nações Unidas; e ainda restabelecer a confiança da opinião pública na Organização, chegando a novos parceiros e, como já disse, "tornando as Nações Unidas mais próximas das pessoas." A 10 de Dezembro de 2001, o Secretário-Geral e as Nações Unidas receberam o Prêmio Nobel da Paz. Ao conceder-lhe o Prêmio, o Comitê Nobel disse que Kofi Annan "se distinguiu por dar uma nova vida à Organização". Contudo, nem mesmo o reconhecimento da Comunidade Internacional foi suficiente para mantê-lo a salvo do turbilhão de denúncias que atravessava. Há sérios indícios de que o Programa Petróleo por Comida das Nações Unidas foi usado de forma irregular para desviar recursos para algumas empresas e para o ex-ditador do Iraque, Saddam Hussein. O secretário-geral negou várias vezes que tenha influenciado na escolha de contratos lucrativos para empresas que participaram do Programa Petróleo por Comida. Uma comissão independente está investigando as denúncias. Um relatório emitido pela comissão de investigação criticou a forma como Kofi Annan gerenciou os 65 bilhões de dólares do programa Petróleo por Comida. Contudo, o relatório disse que não havia provas suficientes para afirmar a denúncia de que o secretário-geral influenciou na escolha de contratos milionários para a companhia suíca Cotecna, para qual trabalhava seu filho Kojo Annan. Durante o Programa Petróleo por Comida, a Cotecna inspecionava embarques de carga que entravam no Iraque. A empresa tem cerca de 4 mil funcionários em 100 países. A Cotecna e Kofi Annan disseram que Kojo não teve nenhum envolvimento com o programa sob suspeita da ONU. O secretário-geral Kofi Annan tem rejeitado pedidos para que renuncie e em resposta pede para que possa prosseguir com sua agenda de reformas para as Nações Unidas. Um de seus compromissos é justamente garantir ajuda aos países em desenvolvimento, atrás de uma instituição de pesquisas que pretende avaliar não apenas as condições destes países, mas qual o tipo de ajuda que eles mais necessitam e de onde essa ajuda pode vir. A entrevista coletiva, contudo, promete ser aquecida pelas denúncias e o andamento das investigações. O local estava tumultuado, com jornalistas, curiosos e manifestantes ao redor do prédio. Agentes em todas as partes do Empire State e uma rigorosa revista aos presentes impediria que qualquer atentado contra a vida de Annan fosse cometido. Antes de entrar, Peter Parker viu o Capitão Semeghini recebendo instruções de um agente. Teve vontade de conversar com ele, mas Semeghini era amigo do Homem-Aranha, e não de Peter Parker. Foi quando seu Sentido de Aranha começou a zumbir. Um zumbido fraco, distante, mas que não podia ser ignorado. O Empire State parecia estar em uma operação de guerra, com tantos agentes e militares. Será que esse era o protocolo padrão para a visita do secretário-geral, ou algo mais estava acontecendo no prédio? O secretário-geral chegou em uma limusine das Nações Unidas, escoltado pelo exército, FBI e CIA. Os agentes o cercaram, garantindo sua segurança e, mais atrás um caminhão blindado desembarcou alguns agente da SHIELD. Entre eles, parecia estar uma velha conhecida de Peter Parker, mas não sabia que ela estava envolvida com os homens de Fury. Resolveu entrar e se posicionar, não apenas para tirar as melhores fotos, mas para agir caso alguma coisa desse errado. A entrevista coletiva foi tranqüila, com Annan esbanjando bom humor e paciência, tanto para falar da instituição que inaugurava como para explicar o caso envolvendo o programa Petróleo por Comida. Ainda brincou ao comentar o trânsito de Nova York, muito diferente de seu país natal, e assegurou que não abandonaria seu cargo enquanto as investigações não estivessem concluídas, dando, assim, uma demonstração de confiança na transparência dos negócios da ONU. Quando finalmente cortou a fita que cobria a placa comemorativa, o Sentido de Aranha de Peter enlouqueceu. Levantou-se de sua cadeira, sob os protestos dos fotógrafos posicionados logo atrás, e tentou avistar alguma coisa. Um dos seguranças parecia estar procurando alguma coisa próximo ao secretário-geral... Peter correu em sua direção, atropelando outros jornalistas. Foi barrado pelos seguranças, mas teve tempo de ver o segurança abaixando-se para pegar uma arma e apontando para a cabeça de Annan.

Enquanto tomava banho, Mary Jane se questionava sobre o que estava prestes a fazer. Seria traição? De alguma forma, estava quebrando a confiança de Peter? Não que alguma coisa tivesse que acontecer entre ela e John Jameson, necessariamente. Mas era uma celebridade, uma modelo e atriz conhecida em toda a América. Sempre havia algum paparazzi por perto, especialmente em Nova York. John também era conhecido por suas missões como astronauta, e um romance entre eles realmente seria um prato cheio para a imprensa “especializada”. Todos – tia May, tia Anna, Peter, seus amigos – ficariam sabendo pelos jornais que ela estava envolvida com... Eu não estou envolvida com ninguém Certamente, não era isso que as manchetes trariam. Mas só havia uma maneira de ter certeza do rumo que seu relacionamento com Peter estava tomando. Precisava vê-lo de fora. Manter distância e não se deixar influenciar pelo homem que amava. Precisava descobrir o que era melhor para ambos, poupando-se, assim, de mais sofrimento no futuro. Tinha dúvidas, uma série de dúvidas. Mas ficar trancada dentro do apartamento esperando que seus problemas se resolvessem – ou, pior ainda, que Peter aparecesse para resolve-los – era inútil, uma perda de tempo. Por falar em Peter, onde será que ele está agora?

Uma rajada atingiu o agressor antes que ele conseguisse disparar. Peter ficou olhando, tentando entender o que realmente estava acontecendo. Alguns homens da SHIELD cercaram o secretário-geral, enquanto agentes da CIA e do FBI foram para cima do autor do atentado. Mas ele desaparecera ali mesmo, diante dos olhos de todos os presentes! Uma voz no alto-falante ordenou que todos se acalmassem e voltassem para seus lugares, até que um plano de evacuação fosse elaborado. Não havia o risco de bomba ou de novos disparos, mas o criminoso ainda estava dentro do prédio e tudo seria feito de maneira a cercá-lo e detê-lo. - Você precisa voltar para o seu lugar, cara. - Eu preciso ir ao banheiro. - Não vai rolar. Primeiro, você levanta e sai correndo na direção do secretário-geral, depois alguém saca uma arma e tenta matá-lo... - Eu fiz isso porque vi aquele cara indo na direção dele! Eu nem tou armado, pode me revistar se quiser. - Está bem, como quiser. O banheiro é ali. Murray, Gers... Acompanhem o senhor... Parker, não é mesmo? Acompanhem o senhor Parker até o banheiro. Peter andou até o banheiro, seguido pelos dois agentes, enquanto a segurança organizava todos os presentes. Entrou sozinho, e vestiu seu uniforme, saindo por janelas laterais e andando pelo teto até chegar ao elevador. Diferente do prédio da ONU ou qualquer outro tipo de base militar, o Empire State era mais uma atração turística, sem necessidade de detectores de metais em cada porta, ou câmeras de vigilância em todos os andares. Claro que precisava tomar certos cuidados com seus lançadores de teias. Mas era só desmontá-los e colocar as peças junto com os acessórios de sua câmera. Não pareciam armas, apesar da dificuldade em ter que montá-los e desmontá-los sempre que algo assim acontecia. Foi de elevador até a Administração, onde os chefes da segurança deveriam estar. Rastejou pelo teto até a sala principal, observando o que acontecia pela tela de um daqueles velhos dutos de ar. O secretário-geral estava lá, junto com agentes da CIA, FBI, SHIELD e uma velha amiga: Jéssica Drew, aMulher-Aranha. Então, ela fora a responsável pela rajada que salvou a vida de Kofi Annan. Com um salto, o Aracnídeo invadiu a reunião. Os agentes sacaram suas armas, mas o reconheceram antes mesmo que o Sentido de Aranha disparasse. - O que esse inseto está fazendo aqui? – esbravejou um dos agentes. - Deixem ele ficar – ordenou a Mulher-Aranha. – O Homem-Aranha tem status de Vingador... - E sou membro da Liga da Justiça! - ... e pode nos ajudar a identificar o responsável por esse atentado. - Eu já estou cheio de receber ordens de uma aberração fantasiada, agora vão pagar salário para o primeiro que aparecer? – voltou a gritar o agente. - Quieto, Harris! Eu estou no comando dessa operação e tenho autonomia para selecionar quem faz parte dela! - Belo comando... - Se não fosse por mim, o secretário-geral estaria morto, enquanto seus homens olhavam para as pernas das assessoras da ONU! - Gente, estamos todos muito nervosos – interrompeu Annan. – Por que não nos concentramos no problema? Se o Homem-Aranha puder ajudar, tanto melhor. Essa situação toda é desgastante, eu sei, mas o único jeito de pegarmos o atirador é colocando as idéias no lugar. A Mulher-Aranha e o outro agente pareceram constrangidos com a calma com que Annan controlou a situação. Ele era um grande orador, sim, mas ter essa lucidez logo após um atentado demonstrava que ele tinha qualidades ainda maiores. O agente Harris se sentou, virando a cara para a Mulher-Aranha, mas parecia ter entendido qual era seu lugar ali. - O senhor tem razão, secretário – disse Jéssica. – Desculpe-nos. Homem-Aranha, nós realmente vamos precisar de sua ajuda aqui. - Eu sou todo ouvidos. - Temos um assassino no prédio, um terrorista internacional. Estávamos desconfiados do envolvimento dele desde que as denúncias contra o secretário-geral começaram. Nosso assassino tem envolvimento com empresas de fachada e ditadores do Oriente Médio. Aparentemente, não há nada ideológico aqui, apenas ganância. - Quem é ele? - O Camaleão.

– Mary Jane, você está linda! Você também, John, pensou Mary Jane, mas achou melhor não dizer nada. Não queria que ele pensasse em tomar quaisquer liberdades, ou que ela estava dando abertura para algo mais do que sua companhia. E depois, ele estava apenas sendo simpático. Ela se vestiu com elegante discrição, afinal não estavam indo para a entrega do Oscar. Era apenas um jantar em algum pequeno restaurante oriental de Manhattan. Em retribuição ao elogio de John Jameson, apenas sorriu... Aquele sorriso capaz de enlouquecer um homem. Foi pior do que ter respondido. - E então, Mary Jane... Para onde você quer ir? - Bom... Nós tínhamos combinado comida oriental, certo? - Isso... Conhece algum restaurante legal? - Um monte, mas vou deixar por sua conta escolher... - Ótimo! Tem um lugar que eu quero muito ir, tenho certeza que você vai gostar. Na verdade, eu preferia estar com Peter agora, ou estar sozinha, vendo TV de roupão sem ter que parecer natural para um estranho, alguém que eu não amo, só para não me sentir sozinha...– ... então resolveram me dar férias remuneradas até o final do ano! Dá pra acreditar? - Hã, eu... Eu também estou de “férias”, mas é como se não fosse... - O seu emprego deve ser muito legal... Sempre viajando de primeira classe, se hospedando nos melhores hotéis, recebendo muito bem por isso... Tem algum contra no meio de tantos prós? A solidão.– Claro que não! É muito divertido. A gente sempre está conhecendo gente famosa. - Quem você conhece? - Mês passado teve um desfile em Atlanta. A Christina Aguilera estava lá. Ela é garota-propaganda da Coca-Cola. - É mesmo? E o que achou dela? - Em eventos assim, a gente não conhece a pessoa de verdade. A gente tem que parecer simpática, sorrir pra todo mundo, elogiar o anfitrião... Mas eu conversei com a Jéssica Simpson uma vez e ela é muito divertida. Ela e o marido dela. - Ela é casada? - É sim. Com um ator. - Não deve ser fácil para uma pessoa bonita e famosa ter se casado tão jovem... - Nem tanto... Acho que o mais difícil é lidar com a distância. - Foi por isso que seu casamento não deu certo? Não, a gente lidava bem com essa coisa de distância, agenda, compromissos... Na verdade, o difícil foi a agenda do meu marido. Chamadas noturnas, viagens extraplanetárias... Meu ex-marido é o Homem-Aranha, então você deve imaginar o quanto é difícil estar num casamento assim. Afinal, você até já apanhou dele...– Mais ou menos... Não foi o pior que aconteceu com a gente. - Mas você parece ter se recuperado bem. - Eu... ...ainda sinto falta dele.– ... tenho que seguir em frente.

– É bom ver você de novo, Homem-Aranha. - Bom ver você também. Não sabia que você estava trabalhando para a SHIELD. - Não sou operativo oficial. Nick Fury pediu minha ajuda porque o caso envolve um vilão meta-humano. Assim eu recebo como free-lancer e não preciso usar colante azul. - O que você tem contra colante azul!? - A polícia já cercou o prédio. Temos pouco tempo para encontrar o Camaleão antes que isso vire um tumulto. - Qual o interesse do Camaleão no Kofi Annan, afinal? - A invasão do Iraque foi um grande erro. As Nações Unidas se posicionaram contra e, mesmo os aliados históricos dos Estados Unidos, como a Inglaterra, não gostaram da maneira como a operação foi conduzida. Isso criou uma bolha de tensão muito frágil e que está prestes a explodir desde que começaram as denúncias contra o secretário-geral. - Eu só não entendo por que os árabes querem ele morto... - Não são os árabes, Aranha. São americanos. Um dos nossos. Se isso realmente for verdade, que Annan está envolvido em um esquema de corrupção que beneficiou Saddam Hussein, ele vai ter que responder por crimes contra a paz mundial. Mas alguns dos nossos não estão dispostos a esperar a conclusão das investigações. Um grupo terrorista de extrema direita chamado “Razão Branca” parece ter pago uma fortuna para que o Camaleão mate o “traidor”. Assim, eles se livram de um aliado de Saddam Hussein, um empecilho ao expansionismo imperialista da América e, de quebra, um negro bem-sucedido. - Difícil acreditar nesse tipo de coisa acontecendo depois do 11 de setembro. - Bem-vindo à América. Ao chegarem ao saguão do centro de convenções do Empire State, o Homem-Aranha, a Mulher-Aranha e os operativos da SHIELD se sentiram aturdidos com a quantidade de autoridades presentes. Realmente, não ia ser fácil tirar todos dali sem que o Camaleão escapasse. Pelo menos, Kofi Annan estava a salvo. - Senhoras e senhores – tomou a frente a Mulher-Aranha – Espero que me desculpem pelo transtorno e entendam que estamos tentando garantir a segurança de vocês. Pretendemos encerrar essa operação o mais rápido possível, mas precisamos contar com a cooperação de todos. Esperem em seus lugares enquanto nós conduzimos a investigação. Fiquem tranqüilos, tudo estará acabado logo. Os agentes da SHIELD estão à disposição para garantir que todos recebam o melhor tratamento possível. - Estou me sentindo um refém aqui – comentou Bono Vox. - Isso não é nada. Barra mesmo é encarar uma CPI – respondeu o presidente do Brasil. O Homem-Aranha verificou a sala. Olhou bem para cada um dos presentes, tentando captar qualquer perturbação, qualquer coisa que ativasse seu Sentido de Aranha. Mas não havia nada ali. - Ele não está aqui. - Como é? - Avise o pessoal da SHIELD, o Camaleão não está aqui. - Como você sabe? - Vai por mim. - Aranha, me desculpe, mas eu não posso simplesmente “confiar nos seus instintos”... - Ah, qualé? - Essa é uma operação profissional, Aranha. A SHIELD trabalha diferente. - A SHIELD tudo bem, mas você? - Não é que eu não confie em você, mas tenho um protocolo a seguir. Você não. Você tem minha autorização pra procurar o Camaleão onde quiser. - Hmmm... Legal. Posso pedir ajuda? - Pra quem? - Eu tenho um amigo na polícia. Vi ele lá fora. - Peça para o Dickinson chama-lo, então. Semeghini foi conduzido ao interior do prédio até uma ante-sala do centro de convenções. Lá, o Homem-Aranha já estava esperando por ele. - Você está em todas, hein Semega? - Você também. Disseram que você pediu pra me chamarem. - É, não tem muita coisa que o pessoal da SHIELD aqui possa fazer, mas eu não tenho que preencher relatórios. Pensei que você talvez pudesse me ajudar a encontrar o assassino. - Tudo bem, eu só não quero ter que preencher relatórios por isso também. - Isso é com você. - Ótimo. Semeghini puxou a máscara do Vigilante de um bolso lateral em sua calça, mostrando-a ao Aranha. - Ah, cara! Fala sério! - O que você esperava? Acho que peguei gosto por essa coisa de super-herói. - Mas vê se não atira em ninguém, ok? O que temos aqui não é nada de outro planeta. Eu sei que você não tem experiência com super-vilões, mas... - Quem disse que eu não tenho? Eu já prendi o Escorpião. - Você!? Quando? - Uns três anos atrás, quando ele tentou roubar o Guggenheim. - Ah, eu lembro disso. Você deu treze tiros no Escorpião e saiu no Clarim uma foto sua com a manchete “policial heróico”, ao lado de uma foto minha dizendo que era cúmplice dele, mas tinha conseguido escapar... - Ei, eu não escrevo as notícias! - Tudo bem, tudo bem... Veste seu traje de festa e vamos atrás do Camaleão.

Queria estar com Peter agora. Numa noite como essa, provavelmente ele ia me levar para comer em uma deli, ou passaríamos a noite assistindo desenho animado. Teve aquele verão em que fomos no Central Park a noite e acabamos tendo que correr da polícia, que queria nos prender por nadar sem roupa em um dos lagos...– ... mas eu não creio que meu pai vá apoiar uma campanha dessas na cidade. - Qual cidade? - Hã... A nossa? Mary Jane, está tudo bem? - Está sim, John. Desculpe, eu só perdi o fio da meada. - Você mal tocou na comida... - É, acho que meu paladar não está muito cooperativo hoje. - Olha, se você quiser ir embora... - Não, está tudo bem. Desculpe, eu não quero estragar seu passeio com minha cabeça avoada... - Não é o “meu” passeio, Mary Jane. É o seu. Eu convidei você, lembra? - Claro... É que... Bom, minha vida anda um pouco atribulada ultimamente. - Espero não ter escolhido uma péssima hora pra te convidar pra sair... - Não, de jeito nenhum. Eu é que não estou sabendo deixar meus problemas em casa. Eu devia estar relaxando e conversando, mas em vez disso não paro de pensar nas coisas que me incomodam. - E o que tem incomodado você, MJ? - Bom, pra começar eu vou ter que escolher entre contratos de publicidade de empresas rivais. Não é o tipo de coisa que devia me incomodar, mas eu tenho amigos nas duas empresas. E, se você trabalha para a Coca, não pode ser visto bebendo Pepsi, entende? - Entendo. E qual das duas você vai escolher? - Na verdade, são duas griffes. Contratos de exclusividade costumam render um bom dinheiro, mas sua imagem acaba ficando associada à marca, mesmo depois do fim do contrato. - E qual vai ser a melhor opção para você a longo prazo? - Eu ainda não pensei nisso... - Mas deveria ser o principal para você tomar essa decisão. Já que você corre o risco de ver sua imagem associada a uma griffe, que seja uma bem estabelecida e que não tenha problemas com a Peta, por exemplo. Eu vi um desfile da Gisele Bündchen em que esses militantes ficavam subindo na passarela com cartazes, gritando... Tudo bem que isso foi culpa dela, e não da marca que ela representava, mas uma coisa pode acabar puxando a outra. - Sabe que você tem razão? Eu nunca tinha pensado sob esse aspecto... - É que eu também tenho um contrato com uma griffe esportiva, sabe? Eu não desfilo, mas sempre vou a eventos usando um boné com a logo deles. - É mesmo? Conta mais, John. Talvez você possa me dar algumas dicas a respeito. E talvez a noite não seja, de todo, um desperdício.

– Em qual andar estamos? - Quase no último. Tem algo errado aqui, Semega. - Como você sabe? - Segredo profissional. Fique preparado. As portas do elevador se abriram e o Homem-Aranha saiu na frente do Vigilante. Algumas pessoas que trabalhavam ali ficaram assustadas ao ver dois uniformizados saindo de dentro do elevador, mas sabiam que aquilo era parte do esquema de segurança. Quem, em Nova York, nunca ouvira falar do Homem-Aranha? E foi o Aranha quem começou a correr pelos corredores, pulando nas paredes para se esquivar das pessoas e voltando ao chão para não esbarrar em nenhuma campainha. Semeghini apenas olhava enquanto seu parceiro desaparecia no corredor. Achou melhor ir atrás dele, para o caso de precisar de ajuda. O Aranha estava parado diante de uma porta de metal, diferente do resto da decoração do Empire State. Parecia tentar “ouvir” o que se passava do outro lado, mas Semeghini não acreditava que ele pudesse ouvir tão bem a ponto de saber o que se passava dentro daquela sala. - Que porta é essa, Aranha? - Não sei ao certo, talvez seja da segurança. Só sei que tem algo muito errado aqui. - Nós passamos por um monte de andares e nada. O que você acha que pode ser? O Camaleão? - É o que vamos descobrir. Chega pra trás e fica esperto... O Aracnídeo começou a usar sua força para abrir uma fresta na porta de metal. O esforço parecia ser grande, mas estava dando resultado. Em poucos instantes, ela se abriu. A Mulher-Aranha estava dentro da sala: - Homem-Aranha! Quem é esse? - Um amigo que eu trouxe pro jantar, querida – respondeu o herói, saltando contra a heroína. A Mulher-Aranha não entendeu o motivo daquele ataque mas, a julgar pela atitude dos dois, só podia ser coisa do Camaleão. Ela se desviou do Aracnídeo, que aderiu a uma parede próxima, entre monitores de vigilância e sistemas de alarme. - Melhor desistir agora, Camaleão! - O que!? Aranha, sou eu! Ele deve ser o Camaleão – respondeu a heroína, apontando para o Vigilante, de armas em punho. Mas o Homem-Aranha não estava disposto a ouvir. Lançando-se novamente, contra ela, teve seu ataque detido pela rapidez da Mulher-Aranha. – Aranha, pense um pouco! Sou eu! Enquanto segurava o Homem-Aranha pelos pulsos, impedindo que ele a atacasse, a Mulher-Aranha concluiu que o Camaleão o fizera acreditar numa mentira. Mas não tinha tempo para se explicar. Com um clarão, os lançadores de teia nos pulsos do herói explodiram, como resultado da rajada bio-elétrica da heroína. O Homem-Aranha caiu, e parecia estar bastante ferido. Antes que o Vigilante pudesse atirar, contudo, foi atingido por um chute da Mulher-Aranha. Ele não representava mais ameaça, mas precisava fazer algo com relação ao Homem-Aranha. - Segurança, eu peguei o Camaleão. Preciso de inibidores e médicos aqui em cima, o Homem-Aranha está ferido! A equipe da SHIELD não demorou muito a chegar. O inibidor era, na verdade, um soro injetável – proibido pela ONU - que impediria o Camaleão, ou qualquer outro meta-humano, de utilizar seus poderes. Os médicos examinavam os pulsos do Aranha, infeccionados com queimaduras e o veneno da Mulher-Aranha. Foi quando Semeghini se recuperou: - Eu... Eu sou da polícia... Eu não sou o Camaleão, porra! - E eu sou a Shakira – respondeu a Mulher-Aranha. – Se não quiser ver meu rebolado, é melhor ficar quieto. - Eu estou falando a verdade! Eu tenho credenciais de segurança, estão no meu bolso! Um dos agentes da SHIELD o revistou e constatou que, pelo menos em parte, a história era verdadeira. - Muito bem – disse a Mulher-Aranha – considerando que isso seja verdade, o que deu em vocês para entrarem aqui e me atacarem? - O Aranha disse que tinha algo errado aqui... Quando entramos, encontramos você! Achamos que fosse um disfarce do Camaleão! - Hmmm... Realmente tinha algo errado aqui. Eu encontrei uma bomba. - Convenhamos, você teria feito a mesma coisa... - Está certo, mas o Aranha disse que estava contando com a ajuda de um amigo dele da polícia. Quem é você? - Meu nome é Edward Semeghini, eu sou capitão da polícia – declarou o Vigilante, enquanto tirava a máscara. - O Aranha mandou me chamar e eu coloquei meu uniforme pra poder fugir do protocolo da polícia. - Entendo... Bom, eu teria feito a mesma coisa, certo? - Muito engraçado. - Temos uma situação muito arriscada aqui. Já se passou quase meia hora, não encontramos o Camaleão e ele até plantou uma bomba no prédio. Temos alguns dos reféns mais importantes do mundo aqui e nenhuma pista! - Talvez seja melhor liberar todo mundo e abortar essa operação... A situação é arriscada demais para os reféns. - Você não entende... Desde 11 de setembro, já tivemos atentados em Madrid, Uslan, Israel e Londres... Não podemos deixar que isso se repita em solo americano. É questão de segurança nacional determos o Camaleão. Se ao menos o Aranha... Ei! O que você pensa que está fazendo!? A Mulher-Aranha se voltou a tempo de ver o paramédico que atendia o Homem-Aranha tentando remover sua máscara. Rapidamente, ele sacou uma arma e disparou contra a Mulher-Aranha, que só não foi atingida porque o agente Harris saltou na sua frente, recebendo os tiros com seu colete à prova de balas. Mas foi o Vigilante que, num rápido movimento, tomou a arma do agente Gers e acertou dois tiros nas costas do Camaleão, que conseguiu fugir em meio ao tumulto. - O Camaleão ainda está no prédio! Gers, fique com Harris e o Aranha! Smith, Murray, Dickinson e McBrain, vocês e o Vigilante venham comigo! Precisamos deter aquele assassino! O agente Gers olhou para os ante-braços do Aranha, com queimaduras e inflamações, e para o agente Harris, que tentava se levantar após o coice dos tiros que recebera. A situação começava a se tornar desesperadora. Qualquer um podia ser o Camaleão e eles, agentes da SHIELD com treinamento especial, foram feitos de idiotas. Não conseguia imaginar um cenário pior.

Tinha sido uma noite agradável. Nada de desaparecer no meio da noite porque Darkseid estava invadindo a Terra ou porque o Duende Verde resolveu estragar tudo novamente. Apenas uma noite em boa companhia, com um belo jantar e vinho. Precisava fazer isso mais vezes, mas não tinha certeza se John Jameson realmente a via apenas como uma amiga. Mas isso não tinha tanta importância assim. - Boa noite, John. E obrigada. - Obrigado por confiar em mim, MJ. Espero ter ajudado. - Ajudou sim. Vou ter um dia cheio amanhã, mas vai ser mais fácil tomar algumas decisões. - Que bom! Então... John se aproximou de Mary Jane, beijando-a de leve no canto da boca e esperando ser retribuído. Ela fechou os olhos e, de cabeça baixa, esperou até que ele entrasse no carro e fosse embora. Ela queria – muito! – mas não achava isso certo. Não enquanto estivesse com a cabeça voltada para... Peter. Onde está você agora, Peter?

O centro de convenções estava calmo. A Mulher-Aranha e os outros agentes da SHIELD não tiveram problemas para se posicionar lá dentro, mas não seria tão fácil encontrar o Camaleão. Ele queria matar o secretário-geral da ONU – que estava muito bem escoltado em outra sala, onde ninguém tinha autorização para entrar até que um código específico fosse acionado. Mas e se ele resolvesse matar outra pessoa para causar mais tumulto? E se explodisse o centro de convenções? A heroína teria que pensar rápido, pois o tempo estava contra ela. Do lado de fora, uma multidão estava aglomerada, aguardando o desfecho da crise. Dentro, dezenas de repórteres escreviam notas sobre a ação da segurança, a maioria criticando a organização do evento. Foi quando a Mulher-Aranha notou um dos jornalistas andando entre os convidados de honra. Tinha apenas um bloco e uma caneta, mas sabia que não podia ignorar nenhuma anormalidade. Ela se dirigiu até ele com passos rápidos e decididos, mas não foi o suficiente. Ele a viu se aproximando e levantou os braços. - Aonde o senhor pensa que estava indo? - Entrevistar Paul Martin, o primeiro-ministro do Canadá. - Caso o senhor não tenha notado, esta é uma situação de emergência. Não dá pra ficar circulando por aí com um terrorista a solto. Por favor, volte para o seu lugar, faça suas entrevistas depois, e abaixe os braços! - Claro, me desculpe... A heroína se afastou sem dar as costas ao jornalista, que fez como ela mandou. Tudo parecia estar sob controle, quando ela ouviu um grito no meio da multidão. O grito se tornou pânico e várias pessoas começaram a correr de maneira desordenada. Ela se voltou a tempo de ver o Camaleão, com sua verdadeira face pálida, correndo em direção a ela com uma faca, após ter estocado o agente Dickinson. Teve receio de não ser rápida o bastante para reagir. O rosto do Camaleão se parecia com um sorriso, uma expressão mórbida de triunfo... Foi quando o Homem-Aranha reapareceu. O Camaleão, mesmo em boas condições, não era páreo para o Aracnídeo. Mas, apesar de ter levado dois tiros do Vigilante, estava enfrentando um Aranha seriamente ferido. Isso podia equilibrar a conta, mas o que realmente impressionou a Mulher-Aranha foi a fúria do ataque de seu amigo. Cada soco, cada chute, vinha carregado de ressentimento e ira. Não estava tão rápido quanto antes, os ferimentos em seus ante-braços eram feios e não podia mais contar com as teias. O Camaleão tentava responder à altura mas, apesar de suas habilidades, tinha a força de um homem comum. Um chute no peito o arremessou em direção ao palanque onde estavam alguns dos jornalistas. O Homem-Aranha caiu sobre seus joelhos, abalado. A Mulher-Aranha se aproximou dele: - Homem-Aranha, você está bem? - Não... Não muito... Meus braços... Você pegou pesado! - Não se preocupe, eu vou encaminhar você para os médicos da SHIELD. Você salvou minha vida agora, obrigada. - Era o mínimo... que eu podia fazer, depois... depois de atacar você... - Você fez o que eu esperava de você. E, Aranha? - Sim? - Pros amigos... Pros amigos eu sou Jéssica. - Ok, Jéssica... Você pode me chamar... de Luis Inácio. - Engraçadinho. Vamos sair daqui.

Os especialistas da SHIELD fizeram curativos nos braços do Homem-Aranha e lhe deram antibióticos e analgésicos. Os ferimentos eram feios, mas ia melhorar em alguns dias. Mary Jane foi dormir chorando, pensando que não era tão simples assim tomar decisões. Tinha medo de magoar Peter, de ofender John mas, principalmente, tinha medo do que fazer com sua vida. A Mulher-Aranha resolveu tirar umas férias após salvar Kofi Annan do atentado, mas não se conformava com o fracasso. Os agentes da SHIELD prenderam um jornalista que o Camaleão nocauteara. O verdadeiro vilão conseguira escapar mais uma vez, levando consigo segredos mortais.


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Notas finais do capítulo

A seguir: Revolução Industrial!"



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