The Amazing Spider-Man escrita por Leinad Ineger


Capítulo 23
Capitulo 23 - Máxima Carnificina - Parte 3




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Sangue.
Em toda parte, espalhado pelo chão, nas paredes e até o teto. Sobre os móveis, lustres, nas frestas da decoração e nas maçanetas das portas. Para onde quer que olhassem, o Homem-Aranha e J. Jonah Jameson viam as marcas do terror do Carnificina. O Instituto Ravencroft tinha sido transformado num matadouro. As chances dos reféns eram mínimas e todos que entraram no prédio saíram mortos.

– Escada ou elevador? – perguntou Jameson.
– Quantos andares?
– Treze.
– Elevador, com certeza – respondeu o Aranha. Contudo, antes que chegassem perto do Elevador, o Sentido de Aranha o avisou do perigo iminente.
– O que foi, Aranha?
– O elevador não é seguro, Jameson. Vamos pelas escadas.
– Como você sabe?
– Vai por mim, cara.

O Aranha não sabia como, mas algo estava terrivelmente errado com o elevador. Se tivesse entrado, descobriria, tarde demais, que o simbionte do Carnificina estava em contato com o sangue lá dentro, e jamais sairiam dali com vida.
Mas, para onde quer que o Aranha olhasse, seu Sentido de Aranha tentava avisá-lo de alguma coisa. Mas o quê? Não havia ninguém ali.
Exceto por aquele sangue...

Do lado de fora, a SWAT já coordenava uma invasão para tentar garantir que o Carnificina seria detido. Unidades Especiais, atiradores de elite e equipes de emergência já tinha assumido o controle da operação, deixando a polícia de Nova York em segundo plano. Mas o comando da SWAT já tinha estipulado um prazo para que Jameson e o Aranha saíssem de lá.
Se não saíssem em 42 minutos, seriam dados como mortos e a invasão do Ravencroft começaria.
Dentro da Clínica, enquanto subiam as escadas, Jameson deteve o Aranha:

– Espere.
– O que foi?
– Tem alguém lá em cima. No próximo andar.
– Como você sabe?
– Eu ouvi. Você não?
– Hã... Acho que minha máscara abafou o ruído. Eu não tive treinamento militar!
– Eu sempre achei que você tivesse os sentidos ampliados.
– Devo estar com cera no ouvido.
– Como você sabia do elevador?
– É uma longa história.
– Precisamos confiar um no outro se quisermos...
Nesse instante, um homem surgiu no alto da escada, apontando armas para os dois:

– Quem...?
– É o Vigilante. Eu o encontrei há algumas semanas... [1]
– O que o Jameson está fazendo aqui? Isso não é lugar para um jornalista se meter!
– Ele está comigo, Vigilante. E ele não...
– Aranha, espere – interrompeu Jameson. – Ele pode ser seu amigo, mas eu não confio nele. Você ao menos sabe quem ele é?

Antes que a discussão prosseguisse, ouviram os passos de alguém correndo no andar superior. O Aranha passou por Jameson e pelo Vigilante, alcançando rapidamente o corredor, a tempo de deter a mulher que causou o barulho com sua teia. Uma pasta de papéis que ela carregava se espalhou pelo chão quando ela caiu. O Vigilante e Jameson chegaram logo em seguida, e foi este último quem se aproximou dela:

– Carol? Dra Carol Carrol?
– Quem...?
– Sou eu! John Jameson!
– John? Oh, meu Deus...
Carol Carrol abraçou John Jameson e soltou o choro que segurou por tantas horas. O Vigilante se aproximou do Homem-Aranha, que apanhava as folhas do prontuário médico de Cletus Kasady no chão:

– Ele é John Jameson? Quem autorizou vocês a entrar aqui?
– Quem autorizou você? E você acha que o John ia mandar o pai dele entrar nesse inferno? O Escovinha ainda nem sabe que ele está aqui.
– Mas vocês não podem simplesmente...
– Aranha, temos que tirar Carol daqui – interrompeu John Jameson.
– Ele matou o meu pai, John! – gritou a Dra Carrol. – O Carnificina matou meu pai, mas encontrou um meio de controlá-lo! De controlar o corpo dele!
– Já sabemos, Carol. Acalme-se. Nós lamentamos por seu pai, mas vamos tirar você daqui agora. Vigilante, você pode levá-la para fora?
– Eu não vou sair daqui!
– Alguém tem que...

O pesadelo recomeçou.
Do andar de cima, vieram duas vítimas do Carnificina: um homem com uma perfuração que ia do ânus à barriga, e uma mulher.
Decapitada.
Apesar de não ter cabeça, ela parecia ser capaz de “enxergar” o que estava ao seu redor. Investiu contra o Vigilante, segurando-o pelo pescoço antes que ele tivesse tempo de sacar suas armas. O outro agressor tentou atingir o Homem-Aranha com socos, mas não foi rápido o bastante. O Aracnídeo o derrubou com um sem-pulo no peito. Um pouco de teia foi o suficiente para garantir que não se levantaria.
A mulher sem cabeça tinha derrubado o Vigilante, tentando estrangulá-lo. Ela não parecia ser capaz de se movimentar muito, mas tinha muita força. Aos poucos, a máscara do Vigilante foi sendo arrancada. John Jameson interveio, dando um chute violento nas costelas da agressora, que caiu inerte, segurando a máscara.
– Semeghini? O Semeghini é o Vigilante?
– O chefe de polícia? Você devia estar lá fora! Como entrou aqui?

Semeghini se levantou, apanhando sua máscara nas mãos da mulher e colocando-a novamente:

– A SWAT já está no controle. Não vou ficar lá fora dando entrevistas. Posso ser mais útil aqui dentro.
– Com essas armas? – perguntou o Homem-Aranha.
– É do Carnificina que estamos falando, Aranha. Luva de pelica não ia funcionar...
– Não funcionou com aquele garoto, não é? [2]
– Aranha, Semeghini... – interrompeu Jameson. – Eu nem quero saber o que está acontecendo aqui. Temos pouco tempo para resolver essa situação. A última coisa que eu quero é a SWAT entrando aqui. Por isso, vamos acabar com as hostilidades. O Vigilante precisa...
– Você não vai me dizer o que fazer, Jameson! – interrompeu Semeghini. – Você pode ser o chefe da segurança aqui do Ravencroft, mas eu ainda sou o chefe de polícia! - Quando você decidiu colocar essa máscara, deixou tudo isso lá fora... “Vigilante”.

Os dois se encararam por alguns instantes. A voz da Dra Carrol os interrompeu:

– Eu... Eu os conheço... São médicos daqui. Este é o Dr Handsome. Aquela é a Dra Humble. Ela ainda está com o crachá... Também viraram zumbis...
– Não são “zumbis” – disse Jameson, dando as costas para Semeghini. – É um processo biológico. Só não sei como fomos capazes de detê-los tão facilmente. Os que estavam lá fora deram mais trabalho.
– Eles estão mortos a horas. O sangue já está coagulando.
Enquanto isso, o Aranha puxou Semeghini para um canto:
– O que você pensa que está fazendo?
– Aranha, pode ir se acalmando. Eu sei que você não acredita em mim desde o que aconteceu com Rafael Meheshin [1], mas eu precisava fazer mais. Não dá pra ficar sentado lá fora enquanto a SWAT...
– O Carnificina é perigoso!
– Acha que não sei? Esqueceu que eu tenho que lidar com isso todos os dias? Não me venha dizendo que você tem “mais experiência com o Carnificina”. Pelo que eu sei, sua única experiência é ser espancado até que o Venom te salve...
– E qual a sua experiência? Puxar o gatilho?

Mas, antes que a situação chegasse ao limite, a Dra Carrol os interrompeu:

– Vocês precisam matá-lo. O Carnificina está além da cura, da salvação... Enquanto ele não morrer, vai continuar matando, principalmente agora que é capaz de matar à distância... Vocês precisam matar o Carnificina...

Como Chefe de Segurança do Ravencroft, John Jameson era bem capaz de matar o Carnificina. O Vigilante era, na verdade, um policial em cumprimento do dever – ainda que sob uma máscara – e Semeghini já tinha visto muitos de seus homens morrerem naquela noite.

Já o Aranha se pegou pensando se seria capaz de matar o Carnificina como último recurso. Ele sabia que a Dra Carrol estava certa.
Talvez, pensou Peter Parker, Talvez eu também esteja, por ter decidido entrar aqui.

– Quanto tempo ainda?
– Vinte e dois minutos. Depois disso, nós entramos.
– E quanto aos dois?
– Não podemos assumir a responsabilidade. Vamos entra lá para deter o Kasady ou... Ei, quem é aquele cara gritando?
– J. Jonah Jameson, o pai do John Jameson. Acabam de contar para ele que o filho dele está lá dentro.
– Saco! Não podemos lidar com um pai histérico. Vamos adiantar a operação e entrar lá agora!
– Ainda não. Estamos aqui para ajudar.

Os capitães da SWAT se viraram para ver de quem era a voz jovem e amigável que se juntara à conversa. Não esperavam nenhuma interferência, pois a SWAT tem autonomia em missões como essa. Mas, dessa vez, consideraram a ajuda bem-vinda.

– Hmmm... Ok... Eles têm dezoito minutos.

– Semeghini, você precisa levar a Dra Carrol para fora.

– Eu posso ser mais útil aqui.
– E também pode salvar a vida dela! O Carnificina quer o Aranha e meu pai, já é um risco grande demais!
– Fique com as minhas armas, pelo menos.
– Não – interrompeu o Aranha. – Nada de armas.
– Acha que o Carnificina tem os seus escrúpulos, Aranha?
– Não. Acho que ele tem os seus.
Jameson achou que fosse ter que apartar uma briga entre os dois mas, ao invés disso, Semeghini tirou a máscara e encarou o Aranha:
– Eu não atirei naquele garoto.
– Você esperou todo esse tempo...
– Você não me deu a chance de falar. Presta atenção, eu não estou lavando as mãos do sangue do garoto, mas eu preciso que você saiba que não foi uma decisão fácil. Não me ajudou a dormir melhor à noite e não diminuiu minha admiração por você. Pelo contrário. Eu sei que você, melhor do ninguém, é capaz de tomar uma decisão difícil. Mesmo que sua consciência não concorde ou...
– Senhores, detesto interromper – disse Jameson. – Mas o tempo está contra nós. - Ok, Jameson – disse Semeghini, recolocando a máscara. – Eu vou tirar a Dra Carrol daqui.

O Homem-Aranha e Jameson continuaram sozinhos, enquanto o Vigilante ajudava a Dra Carrol a se levantar. Depois de alguns andares, o sangue cobria completamente o chão. No último andar, pararam diante da porta da sala da administração. Sabiam que ela não estaria trancada.

– Ele já sabe que estamos aqui – disse Jameson. – Vamos acabar logo com isso. A sala 440 tinha um corredor que levava, à direita, para a sala da administração e, à esquerda, para os banheiros, depósito e almoxarifado. Entre as duas seções, estava o laboratório, com duas divisórias. Havia alguns órgãos e membros espalhados pelo chão, em meio ao sangue. A cabeça da Dra Humble também estava lá, olhando para o vazio.
A voz da própria morte ecoou:

– Ora, ora, ora... Vejam só quem veio nos visitar...
– Solte os reféns, Kasady!
– Não posso, Aranhinha... Não posso, não posso, não posso... Ou você quer que eles caiam?
– “Caiam”? Do que você...?
– Devia ter avisado seus amigos para não tomarem o elevador, Aranhinha...

O Vigilante se sentiu incomodado com o sangue dentro do elevador, mas queria sair rápido do prédio. A Dra Carrol, apesar de bastante abalada, começava a se recuperar do choque.
Apenas quando o elevador parou é que os dois perceberam o grave erro que tinham cometido.
O sangue nas paredes começou a fluir em direção aos dois, tocando-os, estudando-os. Sabiam que não teriam escapatória. Suas vidas estavam nas mãos do Carnificina.

– Tenho uma surpresa para vocês – voltou a dizer, após alguns minutos. – Meu outro gosta de sangue. Por isso, mudamos um pouquinho a decoração do prédio. Nós estamos por toda parte agora. Ninguém entra ou sai sem que eu saiba.

O Vigilante e a Dra Carrol eram conduzidos para a sala 440, pelo simbionte mesclado ao sangue que estava no chão. Os dois estavam cobertos de sangue, que fluía desde o chão e dançava sobre seus corpos.

– Jamesoooon... Imagina só o furo que eu tenho pra você...


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