400 dias de inverno. escrita por Júlia Dama


Capítulo 5
Capítulo 5 - O jogo.


Notas iniciais do capítulo

Desculpas pela demora, pretendo não demorar mais tanto. Espero que gostem!



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Enquanto meus pais e Jeremy conversavam dentro de casa, Anthony e eu estávamos lá fora. – Annabelle, vai um pouco pra esquerda, bem do lado da macieira. – fomos para o campo que tinha atrás da minha casa, que não era nada pequeno e cheio de árvores altas.
–Aqui? – ele estava com uma folha e um lápis 6B na mão, levantou o dedo fazendo sinal de positivo.
–O desenho está ficando muito real... Eu sou muito bom!- dizia, rabiscando a folha com rapidez enquanto eu ficava parada. – Só mais um detalhe aqui... PRONTO.
Ri — Anthony, meus braços não são de palitinhos, muito menos minhas pernas e, o que é isso?
— Sua touca. – disse orgulhoso.
— Ta parecendo uma panela.
—Isso é arte, Annabelle, você não sabe reconhecer uma obra. Semana passada quando Picasso foi almoçar lá em casa, quase roubou minhas telas. – não se segurou e acabou rindo de si.
—Sente falta de San Francisco? – perguntei
—Faz só um mês que eu vim pra cá, não sinto não. Minha mãe me liga todo dia pra saber se eu fiz amigos, como ta o tempo aqui... Falei de você, que foi a primeira pessoa que eu conheci aqui e ela falou que você não vai me aguentar mais uma semana.
—Sabias palavras- falei.
—Tive uma ideia – disse – Ainda não presenciei você jogando basquete, vamos pra minha casa?

Falamos com meus pais e depois de convencê-los que era apenas uma partida, eles deixaram. Fomos a passos lentos e o vento frio balançava meus cabelos que se faziam em nó durante a caminhada. Chegando, um pittbull enorme vinha correndo para nos receber, ou então para me morder e receber Anthony. O cão parou e nos observava com atenção, e era como se entendesse Anthony falando com ele.
—Então garotão, essa é Annabelle, receba bem ela. –dizia acariciando-o na cabeça. —Annabelle, garotão. Garotão, Annabelle.
—Esse é o nome? Caramba, super original. – falei enquanto garotão lambia meus dedos.
—Eu tinha 10 anos. – falou, e então me puxou pela mão para os fundos.
—Aqui é a Mini Quadra de Basquete do Anthony. – falou- Eu que dei o nome.
—Realmente, sua criatividade me surpreende... EU NÃO ACREDITO. SUA. BOLA. É. AUTOGRAFADA. – era o meu jogador favorito, Kobe Bryant- COMO VOCÊ CONSEGUIU?
Ele riu — Você torce para os Lakers?
—Sim, desde pequena. Tenho um pôster do time no meu quarto.
—Sério? – riu de novo — Eu jurava que você era virada só para esse lance de cavalos e tal. – depois de uma gargalhada irônica minha, ele encarou-me com um olhar desafiador – Quero fazer uma aposta!
—Qual?
—Seu eu ganhar quero ver você conseguir subir até aquela marca – e apontou para uma árvore muito alta que, em um galho, tinha um pedaço de tecido vermelho. — Aquele pedaço de blusa vermelha marca até onde eu consegui subir, eu teria subido mais se não tivesse enganchado a roupa.
Ri —E se eu ganhar?
—O que você quer? – perguntou.
—Ahh... – pensei em pedir a bola, mas, se fosse comigo, eu não daria nem se me pagassem. – Você vai fazer um bolo de chocolate, bem caprichado.
—Sou um desastre na cozinha. – falou em meio a risos.
—Eu imaginava. – peguei a bola de suas mãos e comecei a jogar
Ele era bom, mas não era rápido, e sua pontaria podia melhorar também. A bola picava no chão fazendo uma sequencia de sons que se juntasse mais alguma batida, iria ser como uma música eletrônica. Garotão observava, em alguns momentos se juntava a nós, pulando e nos desequilibrando. Depois de uma hora, suados e com dois casacos a menos, parei ao ouvir um “CHEGA”.
—Você me deu um cansaço. – disse Anthony, se deitando na grama respirando com dificuldade.
—Eu falei. Que no basquete. Eu me garanto. Só empatamos. Porque. Você levou vantagem... Na altura. – falei em meio o ar que saia e entrava da boca, ofegante.
—Frase de perdedora não cola, senhorita. Vou trazer água e já pra árvore. – esticou a mão para me ajudar a levantar, e buscou água.
Depois de longos goles, que me fez muito bem , fui para a árvore. Ela ficava do lago de um pequeno lago, tinha, sei lá, uns 30 metros de comprimento. Comecei colocando um pé aqui, outro ali, uma mão pra cá, outra pra cima. E assim fui. Passo por passo, bem devagar.
—A visão ta ótima daqui. – gritou Anthony
—Se estiver falando da minha bunda, sugiro que pare. – falei, depois de rir e quase me desequilibrar.
—Não estou! E, mesmo se tivesse, eu estaria olhando para a mancha de tinta, e não para a sua bunda. – falou, na verdade, gritou, porque era realmente alto.
Eu estava a uns 3 metros do pedaço de camisa vermelha, quase alcançando. “Ta quase”, ele dizia lá de baixo. E eu, com o rosto praticamente colado na árvore, fazia força para conseguir me apoiar em um buraco no tronco.
—Se não conseguir, pode pular.
—Ah, sim. Daí quebro minhas pernas.
—Eu te pego. – falou – Brincadeira, tem um monte de folhas que meu pai juntou hoje bem cedo, se pular, vai cair em cima delas.
—To quase!!!
Acho que ele não me ouviu, mas, de qualquer forma não importava. Antes de conseguir ao menos me agarrar na manga da blusa, escorreguei. Cai. E pior, cai dentro do lago.


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Notas finais do capítulo

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