400 dias de inverno. escrita por Júlia Dama


Capítulo 4
Capítulo 4 — Tinta azul.


Notas iniciais do capítulo

Repostando (02/06). Refiz porque achei meio incompleto, ficou pequeno mas no próximo faço um pouquinho maior ;)



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— Como estava? – perguntou.

— Ótimo, jogamos futebol.

— Só? Foi o mesmo pessoal de sempre? — depois que assenti com a cabeça, ela me pediu que a alcançasse o notebook.

Minha mãe era professora do ensino fundamental e estava me mostrando algumas provas ridículas, com respostas incrivelmente fora do assunto que nos rendeu boas risadas. Perguntei sobre papai e ele já tinha ido dormir. Já eu não estava com sono, fiz uma pipoca salgada e sugeri que olhássemos um filme de comédia, não estávamos com vontade de chorar vendo romance. Peguei um cobertor, sentei e coloquei minhas pernas em cima das dela pra esperar o filme começar.

— Seu pai quer que você acorde mais cedo amanhã Anna.

—Por quê? Em pleno sábado?

—Vão trazer cavalos amanhã e seu pai quer que você o ajude a arruma-los e organizar os estábulos, Jeremy vai trazer os cavalos e não vai estar aqui durante a manhã toda. — concordei.
O filme estava passando, era mais um daqueles filmes clichês que gosto, enquanto eu comia, e o sono começava a dar sinal. Dormi no final do filme, acordei com minha mãe fazendo cócegas no meu pé dizendo “Vai pra cama, levanta”. De olhos fechados batendo nas paredes fui para o banheiro escovar os dentes, não sei como consegui acertar a escova dentro da minha boca, e depois pulei pra cama com a mesma roupa.
E então, como se tivessem se passado apenas poucas horas, o sol já emanava pela janela e fazia meus olhos arderem, a voz do meu pai me chamando era clara. Levantei, tomei um banho rápido e quente, me vesti e calcei minha botina. Chegando à cozinha minha mãe me alcançou a torrada. Da janela já dava para ver meu pai.
— Bom dia pai!

— Bom dia Anna. — ele já estava com as luvas totalmente sujas — Coma logo porque tem coisas pra fazer aqui.

Quase engoli o resto da torrada, coloquei as luvas e comecei a limpar o estábulo que até me pareceu maior, o que não era agradável. Em compensação, meu pai estava com um ótimo humor, o que nos rendeu boas cantorias. Eu não escutava as mesmas músicas que meu ele, mas eu sabia varias de cor. Depois de 40min Jeremy chegou dirigindo um caminhão barulhento onde trazia dois cavalos e, logo atrás mais um caminhão com mais dois cavalos. Estacionaram logo depois do portão e de lá desceu com duas botinas verdes que me chamaram a atenção, e do outro caminhão desceu Anthony, o que não me surpreendeu até porque ele aparecia em todos os lugares.

—Bom dia. Trouxemos cavalos muito bonitos, já temos quatro cocheiras limpas? — Jemery perguntou e meu pai disse que estavam livres.

Anthony estava tirando os cavalos, eram todos machos, um branco com manchas amareladas, outro totalmente marrom e outros dois pretos com pelo brilhoso como se tivessem passado óleo.

—Antes que pergunte, ele é meu pai. — comentou Anthony, eles eram praticamente iguais.

—Não me surpreendo de mais nada. Nem seu cabelo com feno. — ele sacudiu a cabeça, um pouco envergonhado — Eu levo dois cavalos.

Depois de feito, fomos nós dois limpar o que estava faltando quando Jeremy e papai foram pintar a cerca do lado de fora, na área de treinamento, então ficamos nós com o estábulo. O lugar não tinha mais o cheiro desagradável e agora cheirava só a ração e eu gostava daquele cheiro, cansada, me joguei em cima dos fenos em cubo, não fazia mais diferença sujar-me mais. Sentei e fechei os olhos. Anthony começou a rir e me chamou, abri os olhos e no meio dos risos ele soltou “A tinta”. Sim, eu tinha sentado em cima do pote de tinta. Levantei e minha calça de moletom que era cinza ficou azul marinho e parecia que eu tinha feito xixi, mas um xixi azul.

—Adorei a calça, ta ótima.

— Sucesso vai fazer esse seu cabelo com feno e sua meia do Batman.

—Parou! É do Batman Annabelle, Batman sempre será um sucesso.

Ri e revirei os olhos, nisso ele começou a cantar a música de abertura do desenho “Batman e Robin”, cantou até tropeçar na vassoura e cair, ai então foi minha vez de rir.

—Quem deixou a isso aqui?- disse ele, rindo.

—O Batman. — respondi

Ouvimos mamãe chamando do lado de fora, ela nos deu um pouco de água em dois copos cheios e já aproveitou e convidou Anthony e Jeremy para almoçarem conosco. Antes do almoço tínhamos que varrer o resto do estábulo e colocar os lixos na lata perto do portão. Varremos em questão de poucos minutos e ficou novo, tudo tinha cheiro bom (pra mim era bom), e não tinha nada quebrado. Anthony que agora estava cansado, mas não tão sujo quanto eu e minha calça com uma mancha enorme azul, ficava falando do quanto gostou do estábulo, que era um ótimo faxineiro e que suas meias do Batman ajudaram no trabalho. Depois de muita modéstia fomos almoçar, o vento estava mais frio e o sol havia desaparecido sem que eu percebesse, então, a comida quente era o que mais iria me satisfazer no momento.



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