A Espiã escrita por MandyCillo


Capítulo 2
Capitulo II




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O homem gentilmente puxou uma cadeira para ela e ofereceu:

— Quer outra bebida?

— Não, obrigada. Sobre o que deseja falar, senhor…

— Charles Magnussen. — Tirou um cartão de visitas do bolso, e entregou-o a Molly. Só constavam o nome dele e um endereço em Notting Hill, uma das áreas residenciais mais elegantes de Londres. — Estou aqui a negócios, vim encontrar um empresário. Estava saindo do outro restaurante quando vi sua fotografia nos cartazes da peça que iria estrear esta noite. Resolvi ficar para assistir. — Hesitou por um instante e depois continuou — Sabe, faz algum tempo que estou procurando alguém como a senhorita.

— Verdade? E por quê? — ela perguntou ainda cheia de suspeitas.

— A história é um pouco longa e, antes de começar, gostaria de poder contar com a sua discrição. Sabe, há muitas pessoas envolvidas e…

— Não estou entendendo — disse Molly, com impaciência. — Olhe, o senhor falou numa oportunidade de trabalho e…

— Sim, e um trabalho muito bem remunerado. Mas antes tenho que ter a sua palavra…

— Certo. Mas já é tarde e estou cansada, Sr. Magnussen.

— Vou tentar ser o mais breve possível. — Pigarreando, ele começou: — Sou um homem de negócios, Srta. Hooper, presidente de um grupo de empresas chamado Magnussen Holding. Como seria de esperar, tenho rivais no meu campo de atividade, pessoas que invejam o que consegui e gostariam de ficar com parte do que tenho. É o tipo de rivalidade comum em qualquer negócio que tenha gente ambiciosa envolvida, às vezes chega a ser quase uma competição amigável. — Fez uma pausa e continuou, mais devagar. — Mas já faz quase um ano e meio que uma das minhas empresas conseguiu um contrato grande, praticamente tirado da mão de um concorrente e o diretor dessa empresa não gostou… nem um pouco. — A voz de Magnussen ficou seca. — Por isso ele se vingou me atingindo onde eu era mais vulnerável… usou minha filha.

— Sua filha?! — ela repetiu surpresa. Até então havia demonstrado muito pouco interesse pela conversa.

— Sim. — Charles tirou um lenço do bolso e começou a limpar os óculos. Seu olhar parecia mais triste. — Minha filha era muito jovem e sensível. Esse homem… arruinou a vida dela… completamente… - As palavras pareciam sair com muita dificuldade.

— Como foi isso? — Molly o encorajou suavemente quando ele ficou em silêncio, como se não conseguisse prosseguir.

— Prefiro não entrar em detalhes, basta dizer que desde então tenho procurado um meio de me vingar e acho que agora encontrei. Soube que há uma leve suspeita de que ele tem agido de forma ilegal, usando mal os recursos da sua companhia. É difícil o caso para alguém não familiarizado com o mercado de capitais — acrescentou, adivinhando que ela não tinha a menor ideia do assunto.

— Bem, posso entender seu desejo de vingança, mas não vejo no que eu poderia ajudá-lo — disse intrigada.

Charles Magnussen ia recomeçar a falar, mas o garçom o interrompeu.

— Desculpe senhor, mas já é meia-noite e temos que fechar.

— Não vou pedir mais nada, mas gostaria de terminar a minha conversa com a senhorita. — Tirou uma nota de grande valor da carteira e a entregou ao homem. — Por que não espera mais meia hora? Ah, outra coisa, quer fazer o favor de providenciar um táxi para meia-noite e meia?

O garçom arregalou os olhos ao ver a nota.

— Claro, naturalmente senhor. Vou cuidar disso.

Molly observou o homem se afastando, não muito surpresa com o poder de persuasão do dinheiro. Notou que Charles a estudava e se virou na direção dele, imaginando o que teria acontecido para fazê-lo querer tanto uma vingança. Mesmo que tentasse ocultar, sua voz se enchia de ódio quando falava no rival.

— Como eu estava dizendo, existe um boato sobre a possibilidade desse homem estar agindo de forma ilegal. Mas pode não ser verdade. Rumores desse tipo não são totalmente incomuns no mundo dos negócios e o único modo de ter certeza seria conseguir certa intimidade com ele para descobrir seus segredos. E é aí que entra o seu trabalho, Srta. Hooper.

Ela o encarou atônita.

— Então é essa a sua proposta? Quer que eu me aproxime da pessoa que arruinou a vida de sua filha? — Levantou-se, indignada. — O senhor deve estar louco em pensar que eu consideraria uma ideia dessas. E para sua informação, não sou do tipo de mulher que procura ficar íntima de um homem por dinheiro!

Virou-se para sair, mas Charles que também se levantara, segurou-a pelo braço.

— Ótimo, foi bom ouvir isso. — Molly parou surpresa e ele se apressou em continuar — Por favor, não me entenda mal, Srta. Hooper sei que é uma pessoa de princípios. Não estou sugerindo qualquer tipo de intimidade maior com Sher… hã com esse homem. Nem sonharia em pedir uma coisa dessas. Não, só quero que faça amizade com ele. A senhorita é uma mulher bonita e uma atriz de talento. Tenho certeza de que é capaz de manter um homem à distância, quando quer.

— Talvez… Mas por que eu?

— Porque tenho certeza de que ele vai ficar atraído pelo seu tipo físico. Descobri que já esteve para se casar e consegui uma fotografia da ex-noiva. A senhorita é muito parecida com ela.

— Mas… se eles terminaram, é difícil imaginar que esse homem esteja procurando alguém que lembre sua antiga noiva.

— Hã… mas eles não terminaram o noivado. A moça morreu num acidente de automóvel poucas semanas antes do casamento.

Molly se recostou na cadeira, pensando no assunto.

— E ele nunca mais casou ou ficou noivo?

— Não.

— Que idade ele tem?

— Trinta e sete anos.

— E quando a moça morreu?

— Há quase sete anos. De acordo com os relatórios que recebi, desde então, ele tem tido muitas namoradas, mas nenhuma delas por muito tempo e nunca mais houve qualquer insinuação de casamento.

— Essas namoradas… havia alguma parecida com a noiva dele?

— Não, pelo que pude saber, e fui bastante rigoroso nas investigações. Nenhuma delas se parecia com a falecida. Mas a senhorita deve reconhecer que a cor dos seus cabelos e o seu tipo físico não são muito comuns.

Ela o estudou atentamente. Sim, ele devia ser rigoroso. Podia imaginar Charles juntando sistematicamente cada pequena informação sobre o inimigo, para poder destruí-lo mais cedo ou mais tarde. Com calma, frio, agia como uma aranha construindo a teia para envolver uma mosca, chegando cada vez mais perto da presa.

Molly estremeceu com essa ideia e balançou a cabeça, decidida.

— Não, lamento Sr. Magnussen, mas não quero me envolver nesse caso. O senhor terá que procurar outra pessoa.

— Entendo o seu ponto de vista, Srta. Hooper. Agora… perdão pela franqueza… a senhorita atuou muito bem, mas essa peça não vai durar muito em cartaz. Não estou familiarizado com o mercado de trabalho no mundo artístico e nem sei quais são as suas perspectivas. Mas tenho a impressão de que a senhorita deveria pensar melhor na minha proposta, que poderia lhe render uma boa quantia em pouco tempo.


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Notas finais do capítulo

Eu sei que está meio paradinha, mas me deem um voto de confiança, sim? *-*



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