P.O.V Austin

Kira estava desde o encontro dela com Ally em minha casa, surtada comigo. Quando soube que teria que ir embora do teatro sem mim, estava a ponto de explodir.

–Se ousar falar qualquer coisa com ela a não ser o texto, eu acabo com a sua amiguinha. – Fala vermelha de raiva.

–Eu sei o que está em jogo, Starr. – Respondo.

–É bom saber mesmo. – Diz e sai pisando forte.

A professora nos passou os passos. Simples até. Conseguíamos até certo ponto, mas quando os olhos de Ally se encontravam com os meus, ela travava ou trocava os passos, me causando muita dor no pé. Ela pisou nele umas quinze vezes!

Quando a professora decidiu parar com o ensaio, provavelmente cansada com os enormes erros cometidos por Ally, não nos soltamos. Ally diz:

–Eu disse que não sabia dançar. Não se ofenda loiro.

–Ah, moreninha. - Sorrio. - Você sabe dançar. Perde-se quando olha para mim.

Ela não responde. Pega suas coisas e vai até a entrada.

–Ally. – Digo. - Ela para, mas não se vira.

–Não é verdade?

–Não. – Responde tentando ser convincente.

–Não minta para mim, Ally. – Falo.

Ela corre até mim com tanta vontade que me assusta. Fica cara a cara comigo, brava.

–O único que mentiu aqui foi você! – Fala colocando seu dedo em meu peito.

Pego o seu braço e coloco através de meu pescoço.

–Música! – Peço á professora, que em um primeiro momento, estranhou, mas assim que pisquei para ela, cúmplice, apertou o play. Iniciamos a dança, olho a olho, sem um erro se quer.

–Querida Ally... Se fosse mentira, eu admitiria. – Digo.

–Então o que é? Por quê? – Pergunta curiosa.

Paro por um momento, penso e faço o passo determinado:

–Amor. Para te proteger da sua dor.

–Mas que tipo de amor e proteção é esse que mais me dói do que protege? – Fala sarcástica enquanto a giro e a colo mais a mim.

–Se souber, sofrerá mais. Não me odeie Ally. Eu te machuco para proteger.

–Eu não odeio. Infelizmente, isso está longe de ódio. – Diz, me fazendo sorrir.

A música vai parando e eu nos colo mais. Falo em seu ouvido:

–Se soubesse quem causou isso, me perdoaria.

–Conte-me – Fala suplicando.

–Aqui não. Agora não. Precisamos nos encontrar. – Digo e beijo a sua orelha.

Ela se separa rápido de mim e corre enquanto recebemos palmas da professora:

–Austin! Foi incrível! Incrível! Vocês são perfeitos juntos! E ainda, de diversas maneiras!

Sorrio, discreto. Somos mesmo.

...

Depois que eu retornei umas das 20 ligações da Kira, afirmando que eu não falei nada de mais com a Ally, (Mentira...) fui para casa e contei tudo a Rosa que afirma que devo encontra-la logo, pois ela não aguenta mais ter que atender a “princesinha” da minha “namorada”.

Também espero que esse dia chegue logo.

P.O.V Ally

Cheguei em casa animada com as notícias... Austin não gosta da Kira?

–Maria! Você não acredita no que eu descobri hoje no ensaio... – Digo indo até a cozinha. – Na verdade... – Paro. -Oi pai! Você aqui de tarde?! – Falo em desespero.

–Sim! –Fala desconfiado. – Que ensaio?

–Da escola, o teatro. Resolvi tentar, sabe, muito stress esse ano ai, você sabe, né? – Digo extremamente rápido.

–Sei... Só não sabia que gostava mais disso desde aquele incidente com a garotinha morena... qual o nome... Starr?

–Sim, e eu não gostava, mas queria acabar com esse meu medo de teatro, e aproveitando a situação de stress, não vi opção melhor.

–Tudo bem, espero que se divirta... e o que descobriu no ensaio de hoje?

–Só que vou ser a protagonista. – Digo e sorrio.

Meu pai me parabeniza e diz que precisa voltar ao trabalho. Despedimo-nos e ele vai. Assim que a porta é fechada, digo:

–Essa foi por pouco!

–O que foi por pouco, Ally? – Penny diz, se sentando ao meu lado na mesa.

Antes que dissesse algo, Maria responde:

–Ela ia dizer algo sobre Austin e o senhor Lester estava aqui.

–O loiro? A-D-O-R-O ele. – Diz minha avó aparecendo de eu não sei onde.

As três me encaravam curiosas, mal piscando.

–Ele disse que não está com a Kira por que gosta dela, mas por que quer me proteger.

–Eu sabia! – Falou minha avó. – Ele jamais faria algo por maldade!

–Mas isso não faz muito sentido Ally... proteger você causando dor a você? – Comenta Maria.

Olho para Penny que diz:

–Independente do motivo, de a ele uma segunda chance. Todos merecem uma segunda chance.

–Eu só quero entender o que está acontecendo. Ele quer que nos encontramos para ele explicar tudo. Será que eu devo ir? – Pergunto confusa.

As três concordam, mas dizem que não posso ignorar o fato de que ele tem me machucado há tempos. Concordo.

Vou para o meu quarto e ligo para Trish, Elliot e Annie. Como imaginava, concordam plenamente com as minhas conselheiras de cozinha.

Desabo na cama e começo a pensar em coisas banais. Ligo o som e me permito desligar do mundo. Quando estou a ponto de cochilar ouço meu celular tocar. Levanto-me e ao ver um número desconhecido, desligo. Não estou a fim de ficar atendendo estranhos agora.

Mal da tempo de chegar à cama e o celular toca de novo. Desligo. Novamente, desligo. Quando, pela quinta vez me telefonam, atendo:

–Finalmente, Ally! – Diz a voz de Austin pela ligação.

–Austin?

–Sim. Já se esqueceu da minha voz?

–Infelizmente não! –Digo, fingindo braveza.

–Sinto muito Ally, depois de hoje à tarde, sua voz, bravinha, não me engana mais.

–Cale a boca Austin. – Ele ri. – Por que você não me liga do seu celular?

–Por causa quê eu não posso.

–An? – Digo confusa.

–Você logo entenderá. Ok?

–Tá, mas enfim, por que está me ligando?

– Espera, antes de eu te falar, guarde isso, são suas:

“The stone thrown at your window

It's telling you to get up and get up and go

And to climb down the shakers of your house

To the back of my Chevy and no one will ever know”

–O que é isso, uma música?

–Logo saberá.– Ele faz uma pausa. - Agora, sobre nosso encontro para eu te contar as coisas... – Fala animado.

–Sim?

–Quando será?