– Simples assim? – perguntou a lufana, e eu assenti.

– Viu?! Não é difícil. – ensinar a Lanna estava sendo mais fácil do que eu esperava. Ela era bem esperta, e conseguia pegar tudo muito fácil.

O único problema era fazer ela prestar atenção, o que era totalmente entendível, já que ela era monitora-chefe, participava do coral da escola – que eu nem sabia que funcionava o ano todo, do comitê de organização de eventos – que ela criou, era capitã do time de quadribol da Lufa-lufa, sem falar que era uma das colocadas para as semi-finais do campeonato de xadrez-bruxo, estava como editora-chefe do Jornal de Hogwarts, participava da fundação Gilderoy Lockhart, da fundação Dobby para elfos que desejam ser livres – junto com a minha mãe, e eu nem sabia, está cursando três matérias dificílimas – Runas antigas, DCAT e poções – e ainda namora o meu primo as escondidas. Ufa...

– Não é difícil, só é necessária muita concentração, e, normalmente, eu estou caindo de sono na aula de DCAT. – suspirou. – E eu ainda tenho que escolher o meu vestido. – arregalou os olhos, lembrando desse detalhe. – Você não vai, né?

Não sei qual foi derrame cerebral que eu tive naquele momento, mas a minha resposta foi totalmente o oposto do que eu esperava que fosse.

– Na verdade, eu vou... – os olhos de Lanna brilharam como se eu tivesse dito que ela era a mais nova ministra da magia.

– COM QUEM? - e, sem pensar, desatei a falar do meu admirador secreto e de tudo que estava acontecendo. Incluindo a conversa que tive com Ikarus e dos meus sentimentos por ele.

Depois de uma vida de minutos olhando para a minha cara sem falar absolutamente nada, Lanna piscou várias vezes e decidiu se pronunciar.

– Você precisa de um vestido e uma máscara escândalo... – quando viu o meu olhar chocado, mudou o rumo da conversa. – ...samente elegante. Saltos altíssimos e alguém que tenha uma mão divina para maquiagem. – apontou para si mesma.

– Lanna, eu... – e quem disse que eu podia falar alguma coisa?

– Sejam quais forem os seus planos para sábado, desmarque. VAMOS AS COMPRAS! – bem, eu ia fazer isso mesmo, que mal teria sair com uma amiga de vez em quando?

(...)

Lanna era bastante entendida de moda. Ela falava coisas como: "Essa definitivamente não é a sua cor.", "Esse corte é o ideal para seu tipo de corpo" e "Brincos grandes! Seu rosto é redondinho, isso vai deixa-lo mais fino.". Eu não entendia nada, mas, concordei com tudo que ela disse, porque parecia que era verdade, o que era esquisito.

Quando terminou, eu estava com sapatos com saltos absolutamente gigantes, um vestido chamativo, um par de brincos, uma pulseira e um anel tão brilhante que era capaz de cegar, uma máscara delicada – a única coisa que eu provavelmente compraria - e com a esperança de tudo isso me fazer parecer bonita.

– Você vai estar linda! Pode deixar cabelo e maquiagem comigo. – apesar de hesitante, concordei novamente. A Longbottom se mostrou bastante divertida, apesar de falar de mais, e foi interessante ver como era ser uma garota. Ou melhor, viver.

Não me agradou, claro. Essas frescuras de cor, tecido, corte, tamanho, silhueta e bla bla bla. Isso não era pra mim, até porque aquelas coisas iriam me fazer ter a noite mais desconfortável da minha vida, e quando falei isso para a Lanna, ela simplesmente disse: "Querida, você não sabe o que te aguarda!". No geral, foi chato. Não gostei do assunto, nem do troca troca de roupas e sapatos, muito menos de furar a orelha. O único momento que eu realmente pude conversar abertamente, foi quando nós duas sentamos no três-vassouras e conversamos enquanto tomávamos cerveja amanteigada.

No final das contas, Lanna era muito legal, e isso me deixava mais preocupada. Eu nunca gostara da Longbottom porque ela era a única outra garota que todos os MEUS amigos gostavam, em parte era ciúmes, e em parte, medo de perder aqueles que eu amo para outro alguém.

(...)

Aula de DCAT, meu inferno particular, digamos assim. Era incrivelmente difícil encarar aquele homem, pelo amor de Merlin, fala sério. Como é possível um homem ser tão... tão... QUENTE? O modo como sua língua deslizava pelo seu lábio inferior quando ele dizia o feitiço era sexy ao extremo. E quando passava suas mãos pelos cabelos, pareciam que seus olhos desviavam do mundo e se direcionavam só para mim, por uma fracção de segundos, e isso estava me matando.

– Rose... – sussurrou Lysander ao meu lado. – Você está babando. – afirmou, fazendo com que eu arregalasse os olhos e levasse a manga da camisa para limpas a baba que começara a escorrer. – Fico feliz que você ainda não seja uma dessas frescas que tem nojo da própria baba. – brincou, e isso me fez sorrir.

– Hipócritas! Essas garotas ficam cheias de blablabla, e trocam saliva com metade da escola. – o garoto ao meu lado deu uma leve cotovelada em meu ombro.

– Assim que se fala. – após poucos segundos, ele voltou a falar. – Espera ai, por que você tava babando? – FUDEU! O que eu iria responder? "Oh, porque eu estou loucamente atraída pelo nosso professor de defesa contra as artes das trevas! Ele é sexy, e só de ouvir a sua voz, eu sinto todas aquelas coisas ridículas que eu zombei durante toda a minha vida?!", é, eu realmente estou ferrada.

– Por hoje é só! Lembrem-se que quero um metro de pergaminho resumindo tudo o que vimos até agora, é para próxima aula! – lembrou e dispensou o pessoal, não nessa ordem, obviamente.

Espera ai... EU AMO ESSE PROFESSOR!

– Ah, senhorita Weasley, poderíamos conversar? – merda, que viado! Arg. Eu achando que iria me livrar da pergunta do Lysander e ele me apronta uma dessa.

Sinto meu rosto ficar vermelho, e tento esconder com o cabelo.

– Cla-claro. – maldição! Por que eu não posso simplesmente falar.

– Ah, já sei. – escuto a voz de Lysander, e logo em seguida sinto os seus lábios em minha bochecha. – A gente se ver no almoço Rose. – quando levantei meu rosto, ele sorria gentilmente. – Você fica uma gracinha corada. – após dizer isso, ele saiu, deixando-me ainda mais vermelha, e com vontade de arrancar sua cabeça por me fazer sentir assim.

Menos de um minuto depois, lá estava eu, parada em frente à mesa do professor, enquanto a sala ficava completamente vazia. Ikarus parecia bastante inquieto, o que acabou me deixando nervosa, o que era um problema muito grande, levando em consideração que só de estar perto dele parecia que eu iria derreter.

– A-algum problema professor? – Meu intuito foi encarar o chão, mas eu era uma garota forte, não? Mantive a cabeça levantada, encarando o homem que negou com a cabeça, e sorriu, fazendo uma onda de tremor por todo o meu corpo.

– Eu tenho algo para você. – arregalei os olhos. Ele não poderia simplesmente me entregar a coisa e dizer algo tipo "Isso é pra você?" Que merda, eu estou parada aqui, sentido que fui condenada ao beijo do dementador. Fala sério, eu estou tremendo. - É apenas uma besteira, quer dizer... – ele puxou algo de sua mesa, e entregou-me.

Me instinto dizia para bater o presente na cabeça dele. Como ele poderia dizer que um livro era uma besteira?

– Obrigada. – sussurrei, enquanto segurava o presente.

– Sei que gosta de livros, e espero que goste dele. – era impressão minha ou ele estava me olhando de forma diferente do que o normal? - Era o favorito de uma pessoa muito querida para mim e você se parece muito com ela. – Coração? Já pode desacelerar um pouco, ok? Não é muito usual as pessoas morrerem por receber um livro de presente.

Nem percebi o sorriso que se formara em meus lábios, quando notei, ele já estava ali, totalmente sincero e sem nenhuma censura. Ikarus sorriu de volta.

– Nossa. – sussurrou. – Você é muito linda. – ao ouvir isso, minha boca se abriu instantaneamente e meus olhos se arregalaram. Era a primeira vez que alguém me elogiava assim, de forma tão natural. – Oh Merlin, perdão Rose. Isso foi totalmente inapropriado. – mordi o lábio com força, não queria que ele pedisse desculpas por isso.

– Obrigada pelo elogio. – Isso, com toda certeza, era a pior coisa para se dizer no momento. Senti minhas bochechas ficarem quentes. – Eu acho melhor eu ir indo. – "Aproveita e escreve um livro: Como ser completamente idiota por Rose Weasley." – Obrigada pelo livro e pelo elogio. – Todo mundo compraria o livro, com certeza.

– Nada Rosa. Vemo-nos amanhã. – assenti, e sai de lá o mais rápido que pude.

Nenhuma palavra descrevia melhor o que eu sentia do que constrangimento. O que tinha acabado de acontecer ali? O professor tinha flertado comigo? Que tipo de pessoa usa flertar hoje em dia? Credo Rose, você está ficando louca, completamente.

– Rose? – Ikarus me chamou, fazendo com que eu virasse em sua direção. – Você esqueceu isso. – anunciou, estendendo meu livro de DCAT e minha pena.

– Ah, obrigada. – sorri, pegando minhas coisas. Mais um motivo para escrever o maldito livro.

– Sabe, quando olhei para sua pena, pensei que era uma pena comum, fiquei bastante impressionado ao notar que é de uma raríssimas íbis eremita. – levantei as sobrancelhas, realmente surpresa, ninguém nunca havia notado isso.

– Ah, foi um presente do meu Teddy quando ele voltou do Oriente Médio, ele disse algo sobre as penas que nós usamos significar muito sobre nós, e disse que essa combinava comigo. – dei de ombros.

– Se ele estiver certo, a senhorita é uma garota especial e raríssima. – respirei fundo. Eu iria acabar mais louca do que eu já estava.

– É, espero que ele esteja. – sussurrei para mim mesma.

– Eu acho que ele está. – Ikarus sorria para mim de forma diferente. Eu não estava preparada para aquele sorriso. Minhas pernas pareciam que iam se desmontar. – Bem, eu tenho aula em breve, até mais Rosa. – o mais surpreendente foi o que ele fez a seguir.

Ele passou o braço pelos meus ombros, e beijou a minha testa. Ikarus Krum, o professor de DCAT que tem todas as alunas babando por ele, BEIJOU A MINHA TESTA. E a idiota aqui respondeu o que? NADA! Absolutamente nada, porque estava perplexa demais para dizer qualquer coisa. Quer dizer, assim que ele saiu de vista, a retardada aqui sentou-se no chão, e ficou tentando controlar a respiração. Merlin, parecia que eu tinha saído de uma maratona.

(...)

– Terra para Rose! – a voz de Scorpius me fez suspirar. Estávamos na biblioteca estudando para o NIEMs. No meu caso, tentando, porque eu não tinha qualquer concentração. Minha mente parecia que não obedecia o meu comando e ficava voltando para aquele simples beijo.

– Desculpa, eu estou meio... – um suspiro saiu de seus lábios.

– Apaixonada. – arregalei os olhos.

– Quê? – eu estava totalmente surpresa. – De onde surgiu isso? – virei meu corpo para poder ficar de frente para ele.

– Nem adianta fingir, eu conhe... – pigarreou. – Você mostra todos os sinais de estar apaixonada. É normal, acontece com todo mundo. – piscou para mim. –Cuidado para não se magoar, mas, se isso acontecer, pode falar comigo. – um sorriso sincero e ao mesmo tempo esquisito surgiu em seus lábios.

– Só isso? – eu estava ainda mais confusa. – Nada de me zoar? Ou alguma risada? Nem mesmo querer saber quem é? – não entendi porque isso me deixou profundamente magoada.

– Não, nada disso. – ele voltou sua atenção para o seu livro. – Você tem todo o direito de viver sua vida da forma que você quiser, se quisesse meu conselho ou minha ajuda, você mesma falaria, então... – deu de ombros e continuou a encarar seu livro.

– Tudo bem... Eu acho. – sussurrei, voltando-me para o livro a minha frente.

A parte mais estranha era que eu sentia como se Scorpius tivesse jogado, com toda a sua força, um balaço em direção a minha cabeça. Se antes eu estava confusa sobre o que eu sentia por Ikarus, agora eu não sabia nem o motivo de eu estar me sentido assim em relação ao loiro da sonserina.

Quer dizer, depois de tudo o que estava acontecendo, eu não sabia nem mesmo quem eu era.

O que merda estava acontecendo comigo?