"Quem era realmente ele?"- Perguntava-se Shun enquanto caminhava sozinho pelas ruas do noivo bairro a caminho do colégio, e de fato e ao mesmo tempo de uma forma estranha, o tal estranho, qual era mesmo seu nome? Isso, Riki, era o que ocupava sua mente na maior parte do tempo, o conhecera tão bem, mas o pequeno ainda era uma incognita, parecia que havia um código em Riki, sabia ele que o conheceu mais do que tantos que o rodeavam, Riki era diferente, completamente diferente, apesar do sorriso cheio, seus olhos eram vazios, seu riso parecia o vento gelado do inverno, frio como gelo, suspeitava que Riki não era o que aparentava ser, a principio, sentiu muita pena do garoto; Shun tinha uma capacidade incrível de captar sentimentos, o maior era solidário, queria ajudar, mas nada mais, jamais teria imaginado que em pleno dia de sua mudança e com relativamente pouco tempo de conversa fosse pensar tanto nele, pensar de um jeito tão diferente do que queria.

–O que estou fazendo?- Pensou- Não sou gay, nunca tive relações gays, tampouco me senti atraído por homens, impossível aquele garoto ter despertado meu lado sentimental-

Shun seguiu seu caminho tentando colocar sua cabeça em algum lugar sem Riki.

Parou em frente ao portão do colégio,analisou-o por um breve tempo e finalmente admitiu para si mesmo que não esperava nada de uma cidade nova ou de um colégio novo, era só mais uma de tantas que já estivera matriculado, pessoas com carteiras cheias e corações vazios, sem um propósito, apenas interesseiros pobres de alma, o garoto era seletivo em relação as amizades, já fora enganado muitas vezes, a maioria apenas se interessava no seu físico, sua beleza era de fato atrativa, mas não estava disposto a ser enganado novamente. Finalmente tomou coragem para passar pelo portão principal, o pátio e os corredores eram bonitos, as instalações eram impecáveis, era organizado,cores leves, as cores eram uma mistura de alguns tipos de azul e branco, mas até então, não havia encontrado sua sala. Foi até o fim do corredor lendo porta a porta até encontrar sua atual classe: 3ª B. Tomou coragem para entrar na sala, como suspeitava, quase cheia, percebeu os olhares dos novos colegas, por muita sorte, Shun não era tímido, o professor era um japonês velho e baixinho, que tinha um bigode cômico, que entreteu Shun, que observava a boca do japonês mexer enquanto dizia algo que o garoto não prestou atenção.

–Shun?- Indagou o homem.

–Oi?

A sala deu alguns risos

–Sente-se, por favor, há uma carteira vazia bem ali- o senhor apontou para uma carteira vazia, o maior foi se sentar, ainda intrigado com o que o professor tinha dito, mas não ligou muito para aquilo. Acomodou-se na cadeira e se abaixou para apanhar o material, ao olhar para o lado esquerdo, onde se localizava a janela, lá estava ele, pálido como a neve e frio como tal, fones de ouvido aparentemente altos, cabeça baixa, olhos e cabelo escuros como a noite, lá estava ele, apenas parado, de um jeito tão doce e tão natural, era Riki com certeza, mal imaginava que iria encontra-lo novamente, ou que o menor ligaria, apesar de Riki ter sido o dono de seu pensamento desde o dia anterior, não havia colocado tanta fé em contatos futuros, e lá estava ele, o pálido e magro Riki, que logo percebeu que olhos conhecidos o observavam.

–Shun? Eu não sabia que você iria estudar aqui! É bom te ver novamente.

–Você não me viu entrar? Ou ouviu seja lá o que o professor tenha dito quando cheguei?

–Eu costumo não ouvir uma palavra se que dos professores, me dou melhor estudando por minha conta.

–Bom...É ótimo te ver também, fico feliz que nos encontramos novamente, cara.

–Eu também-Disse Riki, podia-se notar a timidez e a excitação na sua voz, ele estava feliz.

Riki não estava mais tão sozinho, e Shun havia feito um novo amigo, e assim o dia passou, e ambos podiam notar a alegria um do outro, quase como se estivessem amando, não escondiam um sorriso ou qualquer que tenha sido o cliché daquele dia.

Shun ainda negava seus sentimentos, mas estava quase começando a aceitar o fato do menor ser muito atraente. A saída do colégio estava calma, o que era estranho, Shun e Riki se dirigiram a saída dos fundos, Riki não quis explicar porque saia por aquele portão, quando já estavam perto, Shun sentiu falta de sua pasta.

–Riki, vá indo na frente, esqueci algo na sala, me encontre la fora, prometo ser rápido.

–Tudo bem, estarei lá.

Shun retorna o caminho até a sala ainda pensando em Riki, ele não queria que o pequeno tomasse conta da sua mente daquele jeito,não queria se jogar de cabeça, se envolver, se apaixonar, afinal, não tinha certeza se Riki era ou não gay, remoeu-se naquele delicado assunto até chegar a sala, estava escora, apenas uma janela clareando justamente a carteira do menor, o que o incomodou um pouco, foi até sua carteira, apanhou a pasta, deu uma última olhada na carteira iluminada pelo Sol e saiu, rumou para o portão dos fundos novamente, já perto do portão, ainda do lado de dentro chamou o nome do garoto que não respondeu, chamou mais algumas vezes, o que o deixou um pouco preocupado, apertou o passo até o lado de fora, saiu, e ao olhar para o lado direito e viu o inesperado, Shun empalideceu na hora, suas pernas ficaram bambas e seus olhos se encheram de lágrimas sem que ele ao menos percebesse, estirado no chão, estava Riki, inconsciente, tacos de baseball e alguns galhos ao seu lado, marcado, machucado, desmaiado e suas roupas, novamente, machadas de vermelho, o sangue.