Mistérios da Lua - O Retorno da Magia escrita por uzumaki, Gengibre


Capítulo 4
A estátua de gelo


Notas iniciais do capítulo

Oii meus cupcakes fofos! Mais um capítulo pra vcs aproveitarem até depois de amanhã, eu acho ~('-')~



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POV'S ANNE

Meu nome é Annelise Raxel Watern, tenho dezesseis anos e fiz aniversário dia 12 de outubro. Eu vivi minha vida toda em um orfanato sem ao menos saber quem eu realmente era, até um garoto chegar na minha escola e me teletransportar junto com meu melhor amigo para o Reino da Luz, que é na verdade uma quase cidade moderna, com a diferença de que usamos magia. Eu fugi daqui com Frederick William Dellarge, até que fomos sequestrados pelo meu padrasto, Hanker, que é o pai do meu melhor amigo, Josh Ian Collins Rogers. Eu passei uma semana com Ed e minha mãe, Miranda Camille Watern no Reino das Trevas, até Hanker, ao saber que eu tiraria seu Trono, mandou guardas atrás de mim e Ed, onde eu fiz um teletransporte que deu errado e acabei em outro tempo. Depois de fazer amizade com Lyanna Stark, eu pude voltar ao meu tempo, mais precisamente, ao meu quarto, onde - de acordo com Josh - guardas vieram e me colocaram em uma cela. Eu consegui fugir de lá, e fui atrás de ajuda no Reino do meu pai, Raffael Santiago Raxel. Ninguém sabe como cheguei lá, mas eu consegui, e Hanker matou meus pais. Eu acordei no meio do Templo da Lua, onde eu enfiei uma adaga de prata em mim, e me matei para salvar Ed e meus amigos. Depois disso, tudo é confuso, porque não me explicaram muito bem, mas eu acordei, saudável e sem memórias.
Eu posso ter vivido tudo isso, mas eu não me lembro de nada.
E eu -

– Anne? - Chamou Millena, entrando no quarto. - O que é que você está escrevendo aí, hein?

– Bem, eu tô tentando organizar minhas memórias, os fatos importantes, mas a única coisa que eu sinto é uma dor de cabeça. - Respondi, mostrando a ela a folha.

– Sabe... - Ela disse, fazendo uma cara de pena. - Você podia também escrever suas memórias recentes, as que você lembra. Pode ser igualmente importante.

– É. - Dei de ombros. - Eu sei que deveria, mas tudo está acontecendo tão rápido.

– Eu não conhecia você até dois dias atrás. - Ela se sentou na ponta da minha cama. - Mas o pouco que eu sei é que você é muito legal.

– Obrigada Millena. - Sorri. Millena era legal, e eu acho que era a única amiga que eu tinha, mas ela era muito reservada. Agia como se estivesse escondendo algo, algo pesado demais para ela carregar, e eu não podia ajudar se ela não quisesse falar comigo. - Você também é muito legal, e uma ótima pessoa.

– Obrigada. - Millena baixou a cabeça, surpreendentemente culpada. - Anne, eu...

– Garotas, o jantar tá pronto! - Joe entrou no quarto, vestido de cozinheiro. - Vocês vão adorar minha comida, porque ela está - E ele deu um beijo nos dedos, como faziam os italianos.

Joe já estava morando conosco a um dia, mas mesmo ele teve que embarcar na nossa rotina. Em uma noite as meninas preparavam o jantar - sem magia nenhuma - e na outra os meninos. O desafio havia sido lançado por Millena, que afirmou que eles não saberiam nem fritar um ovo sem usar magia. No nosso jantar, fizemos uma lasanha de frango, que eles tiveram que admitir, estava incrível.

– Bem, vamos descer então. - Millena se levantou e saiu do meu quarto, que ficava no sótão.

Quando descemos, os meninos estavam todos vestidos de cozinheiros, com chapéis enormes e aventais brancos, e impressionantemente, todos sujos de farinha e ovos, como se tivessem feito uma guerra de farinha, o que eu achava muito provável. Passamos por eles e sentamos na mesa. Joe puxou a cadeira de Millena cavalheiramente, enquanto Josh e Ed tiveram uma disputa de olhares furiosos. Rolei os olhos, e comecei a puxar eu mesma a minha, mas Joe me impediu e puxou a minha.

– Bem, senhoritas Watern e Belutti, vocês hoje vão provar a melhor comida do mundo, preparada completamente sem magia. - Discursou Joe, segurando uma colher de pau.

Josh e Ed se aproximaram de nossos pratos que estavam cobertos com um daqueles coisas de prata, e puxaram, revelando um maravilhoso... miojo. Millena fechou os olhos e tombou da cadeira, gargalhando. Eu enterrei minha cabeça na mesa, rindo.

– Eu não acredito que vocês fizeram miojo! - Gritei, em meio a risos.

– Enfrentamos água fervente e vapor quente bravamente apenas para mergulhar massas cruas naquela panela! - Protestou Joe, com emoção na voz, erguendo a colher. - E para quê? Para dar comida a essa plebe ingrata que ainda reclama!

– Alerta vermelho, baixou o Hamlett aqui! - Gritou Ed, rindo também. - Se controle, homem!

– Acho que... - Josh de repente ficou paralisado, olhando para a porta da frente como se ali estivesse um monstro. Todos paramos de rir e viramos devagar para ver o que era. Na mesma hora Millena ficou branca como osso e Ed correu em direção da porta da frente. Ali estava, uma garota ruiva congelada, carregando uma espada de bronze.

– Sophie! - Gritou Ed, correndo para a garota congelada. Eu conhecia vagamente esse nome, Sophie. Ela era a irmã de Ed. Um lampejo de memória correu pela minha cabeça. Uma mulher vestida de prata, com uma adaga no pescoço de Sophie que estava com olhos cheios de lágrimas. Uma pessoa se movia atrás dela. Josh talvez? Mas não importava naquele momento. - Sophie! Me ajudem aqui!

Nós quatro fomos tirados de nosso choque e corremos para ajudar. Josh, Joe e Ed começaram a puxar a parede de gelo, mas Millena os parou.

– Anne, jogue água no chão. - Mandou ela. Sem pensar muito no que eu fazia, fiz a água dos copos que estavam na mesa subir como bolhas, e caírem no chão ao redor do gelo, fazendo-o deslizar.

Millena ergueu a terra, abrindo uma cratera no delicado piso de madeira da casa de Ed. A parede de gelo escorregou, mas começou a se mexer como se algo a empurrasse, e Joe logo estava ali, fazendo um gesto de puxar com a mão. Nós três o ajudamos a colocá-la mais perto da lareira que tinha na sala, e Ed tacou uma bola de fogo na lenha, a fazendo queimar. Das chamas da lareira, saiu se arrastando uma labareda, que começou a se enroscar como uma cobra no enorme bloco de gelo, mas algo parecia errado. O gelo nem derreteu, e muito menos se desfez.

– Por que isso não derrete? - Perguntou Josh, impaciente.

– Isso não é gelo comum. - Ed se aproximou e tocou o bloco de gelo, com lágrimas nos olhos. - É um tipo de gelo encantado. Isso é trabalho de um elemental da água em nível de mestre. Gelo é água congelada, é fácil manobrá-la. E esse gelo aqui, é Gelo Encantado. Tão resistente quanto ferro, e impossível de derreter. Apenas um outro elemental, com nível de mestre pode derretê-lo.

Todos olharam para mim, de soslaio, e eu me lembrei. Ah, é. Eu domino a água. Bem, outro trabalho a fazer adicionado com sucesso na minha lista. Me tornar mestre no meu elemento e descongelar a irmã ruiva de Ed. O que poderia levar anos.

– Tem que ter outro jeito! - Argumentei.

– Você precisa descongelar a Sophie, Anne! - Gritou Josh, pegando meu pulso com força. Seus olhos estavam cheios de um sentimento que eu não consegui identificar. Raiva, talvez? Ele apertava meu pulso com tanta força que pensei que ia quebrar. Fiz a única coisa que me ocorreu. Plantei um tapa na cara dele. Ficou uma marca vermelha na cara dele. Cinco dedos. Ed me encarava, atônito, e Millena estava perplexa.

– Nunca mais me segure desse jeito. - Avisei, puxando meu braço. - Eu vou ajudar Sophie, mas não agora.

Deixei quatro pessoas me olhando, perplexos, e subi para o meu quarto no sótão. Tranquei a porta e pulei a janela, que dava para o telhado. Era de noite, e as estrelas estavam altas no céu, brilhando como pérolas. Eu tinha colocado uma colcha no telhado, pra mim poder me deitar e ficar ali, sentindo a brisa. Eu não sabia, porque, mas o vento batendo no meu rosto dava uma boa sensação.

– Anne? - Chamou Millena do lado de fora da porta. - Anne, você está bem?

– Vá embora, Millena. - Falei.

– Anne, por favor, me conte o que aconteceu. - Pediu ela, mas seu tom parecia implorar.

– Eu não quero falar sobre isso, Millena. - Cortei o assunto.

– Ok, então. - Millena suspirou. - Se precisar de uma amiga, eu estou aqui, tá bom?

Eu não falei nada, mas ouvi Millena sair andando. Meu quarto era no alto das escadas, uma pequena porta azul. De vez em quando ela ficava brilhante, como se tivesse acabado de receber uma demão de tinta, mas hoje ela estava fosca, sem brilho. Assim como, eu percebi, a casa inteira. As telhas assumiram um contorno branco, e as paredes ficaram pretas. Ah, ótimo. Agora eu teria que pintar o lado de fora da casa.

– Annelise! - Chamou alguém, sussurrando. Olhei ao redor, mas não tinha ninguém.

– Aqui embaixo, garota. - Disse de novo. Olhei para baixo e ali estava Joe, voando como um pássaro.

– O quê é que você está fazendo aqui? - Perguntei.

– Te fazendo companhia. - Ele voou e se sentou ao meu lado. - Eu não conheço aquela ruiva congelada, e todos estão tentando descongelar ela. Ed está contribuindo com lágrimas, Millena com respostas estúpidas e Josh com um saco de gelo na cara, o que eu achei muito irônico, dada a situação.

– Eu dei muito forte? - Perguntei, me sentindo culpada.

– Deu! - Ele sorriu como se isso fosse ótimo. - Ficou a marca de cinco dedos na cara dele, mas o problema é que ele ficou branco quando viu a Sophie, então contrastou direitinho. Aquele foi o "The best tapa of the world".

Ele começou a rir como um idiota, e eu também, mas por causa da risada engraçada dele, não por causa da piada.

– Viu, você já tá rindo. Viu como é bom ter um amigo palhaço? - Questionou ele, com um sorriso no rosto.

– É. É bom mesmo. - Respondi. De repente a expressão dele se foi como um vento batesse numa folha de papel, revelando algo completamente novo ali embaixo.

– Eu sei o quanto é difícil ter tantas expectativas nas costas. - Contou ele. - Na minha família, nunca tivemos um elemental, e quando eu tinha cinco anos, mamãe tinha Diana e Alexander pra cuidar, porque meu pai havia morrido. Meus irmãos nunca foram assim, tão responsáveis. Eu tinha cinco anos, Diana seis, e Alex oito.Três filhos pequenos e minha mãe ainda tinha que trabalhar. Ela contava com meus irmãos, mas eles também eram pequenos. Quando eu entrei pra escolinha, eu fiquei bravo com um coleguinha e um vento o apanhou, fazendo ele cair no chão. Foi quando descobriram que eu dominava o ar, um elemento que teve seu último elemental a cinquenta anos. Desde aquele momento, eu fui treinando minhas habilidades, as aprimorando. Foi difícil, eu só tinha seis anos. Hoje eu não chego a ser um Mestre Jedi, mas eu consegui. Você não tem do que se queixar.

Eu deveria ficar brava com isso, mas ele soava tão infeliz.

– As minhas habilidades não são assim tão incríveis. - Sorri. - Eu tenho apenas que governar um Reino inteiro, aprender a lançar feitiços e essas coisas, e dominar meu elemento pra trazer de volta a irmã do Ed.

– Cada peso é um peso, não importa o tamanho. - Disse ele, se espreguiçando. - Eu sei porque gosta daqui.

– Sabe? - Indaguei.

– O vento é bom daqui. - Respondeu ele, e eu fiquei surpresa ao perceber que eles estava certo. - Sua mãe, ela dominava o ar, sabia?

– Ed me contou isso uma vez. Ele disse que ela era uma mulher linda e incrível. - Falei, sentindo um inexplicável aperto no peito. - Ele me disse que eu tenho uma leve queda para o ar.

– Sério? - Ele perguntou, e o sorriso no rosto dele me disse que eu tinha falado bobagem.

– Não! - Desmenti, com raiva. Senti minhas bochechas ficarem verrmelhas. - Eu quero dizer que eu gosto do ar, oxigênio, e gosto de ficar sentada na brisa, mas o meu negócio é água.

– Acho que o seu negócio é bem quente. - Supôs ele. De começo eu não entendi, mas depois o pouco do vermelho que tinha no meu rosto ficou um super vermelho.

– Joe! - Gritei. - Pensei que estava aqui pra me ajudar. - Me levantei e comecei a fazer menção de entrar no meu quarto de novo, ele me puxou de volta.

– E eu estou! - Protestou ele.

– Tanto faz, só me deixa em paz. - Rolei os olhos e pulei para o meu quarto.

– Sabe, aqui tem uma brisa tão boa, acho que vou passar a noite! - Gritou ele.

– Que seja! - Gritei em resposta, e tranquei as janelas e fechei as pesadas cortinas.

O que me impressionou mais, foi o fato de que eu não estava mais com raiva, nem mesmo triste. Dei de ombros, peguei minha toalha e desci calmamente e silenciosamente para o banheiro, que felizmente era perto das escadas. Corri para dentro, fechei a porta e tomei um bom banho. Quando saí, pus meu pijama e subi as escadas.

– Ei. - Alguém chamou, do último degrau. - Me desculpe. - Ed pediu.

– Desculpar pelo quê? - Como era de costume, a primeira vista dele fazia meu coração sambar, mas eu estava tentando me acostumar.- Você não fez nada de errado.

– Eu impus a você que fizesse uma coisa que você nem tem ideia de como fazer. - Respondeu ele, parecendo sofrer de verdade. - Eu sei que sou um pouco chato, eu estou tentando te fazer lembrar.

– Eu também quero lembrar. - Admiti. - Tudo o que eu mais quero é lembrar.

– E você vai, mas... - Ele se interrompeu. - Nem todas as lembranças são boas.

– Aposto que a maioria que tive com vocês foi. - Sorri. Ed ficou tão vermelho quanto o cabelo da sua irmã. Eu ri. - Não seja assim, Ed.

– Assim como? - Questionou ele, passando a mão no cabelo para disfarçar.

– Assim tão gay. - Desci alguns degraus, até estar perto dele. - Eu disse a verdade.

Antes de ele responder qualquer coisa, me virei e dei as costas a ele, subindo as escadas rapidamente. Corri para o meu quarto e tranquei a porta. Me joguei na cama, até perceber que tinha algo ali. Um bilhetinho dobrado.

"Querida amiga Annelise, eu vou passar a noite na sua janela berrando se você não abrir a bosta da veneziana. Josh trancou as janelas do quarto, e todas as demais janelas também. A porta está encantada e eu estou congelando de frio. Abra essa bosta agora." Do seu lindo Joe.

Corri para a janela e abri as venezianas. Joe saltou para dentro, tremendo.

– Você tá congelando. - Assim que eu disse isso, percebi o quanto soava estúpido.

– Recém percebeu isso? - Ele disse, ainda tremendo.

– Se acalma. - Falei, pegando um cobertor no armário.

– Quarto legal. - Ele disse, sarcástico.

– Não seja sarcástico. - Joguei o cobertor nos ombros dele. - Pronto. Agora tome um banho quente, coloque uma roupa confortável e vá pra cama.

– Ok. - Ele deu um passo, e começou a andar em direção a porta, como um pinguim. Eu comecei a dar uma risadinha.

– Acho que a brisa estava gelada demais, não é? - Perguntei.

– Ra-Ra. - Ele rolou os olhos, e parou na frente da porta. - Abre aqui?

– Você não consegue nem puxar uma maçaneta?

– Tá muito frio. - Ele tremou. Eu bufei e fui até a porta.

– Pronto. - Dei um passo para trás, o deixando passar. - Agora vá...

Para minha total surpresa, ele me deu um beijo na bochecha.

– Boa noite, Annelise. - E com o seu passo de pinguim ele saiu do quarto, descendo as escadas, e entrou no banheiro.

Fiquei parada na porta como uma idiota, até finalmente entrar no quarto e desabar na cama. Assim que fechei meus olhos dormi, e outras memórias começaram a invadir minha mente.


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Notas finais do capítulo

Comentem, meus fofos lindjos!



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