Jay acordou assustado com o a voz desesperada de Jen chamando por ele. Quando deu por si, estava deitado em uma cama num quarto de hotel vagabundo, que cheirava a mofo. Jen parecia apavorado.

– Jay, acho que nós fomos sequestrados! A última coisa que me lembro foi de estar conversando com você em seu trailer, e em seguida fiquei com sono... E não lembro mais de nada! Devem ter dopado a gente!

A última memória de Jay também era essa. Estavam em um intervalo de gravação, ensaiando as falas da próxima cena. A cena em que Gale, o Dentuço, mataria seu personagem. Depois sentiu sono, e recostou a cabeça no encosto da cadeira. Devia ter cochilado...

Jay então, vendo o desespero do amigo, abriu um enorme sorriso. E depois começou a rir com gosto.

– Jay! O que está acontecendo? – reclamou Jen, nervoso.

– Você fica muito engraçado nervoso desse jeito – respondeu o mais novo, entre gargalhadas.

– Isso não é hora para rir! Temos que sair daqui depressa, não sei o que estamos fazendo aqui!

– Deve ser alguma pegadinha do Mishel, seu bobo – respondeu Jay, conseguindo controlar melhor o riso – No mínimo eles estão nos vendo de algum lugar, ou até mesmo filmando. Devem estar rolando de tanto rir da sua reação.

– Pegadinha do Mishel!? – surpreendeu-se Jen – Desde quando dopar alguém é pegadinha? Isso está muito além dos limites...

– Bem... Devo confessar que eu também andei pegando um pouco pesado com ele. Bem, nós andamos pegando pesado um com o outro...

– Pesado como? – perguntou Jen curioso.

– Da última vez coloquei um morcego morto pendurado no lustre do trailer dele para enfeitar. Ele ficou furioso...

– Morcego morto? Porque você faria uma coisa dessas!?

– Ele tingiu todas as minhas roupas que estavam guardadas no set de rosa. TODAS!

Jay então foi contando sobre várias pegadinhas um tanto pesadas na opinião de Jen.

– E porque eu nunca soube dessas coisas? – perguntou o louro.

Jay e Mishel tinham um pacto de manter tudo em segredo, e eles sabiam que Jen consideraria aquelas brincadeiras de muito mau gosto. Mas então porque tinha sido incluído dessa vez? Jay chegou a conclusão que Mishel tinha colocado sonífero no jarro de suco que estava no trailer de Jay, sem saber que Jen também o beberia. Depois, ao ver os dois dormindo, não resistiu e incluiu Jen na brincadeira também.

Jen estava bastante indignado com aquela história, porém muito mais aliviado por não mais achar que tinha sido sequestrado. Resolveram então sair dali. Com certeza Mishel deveria estar esperando por eles do lado de fora.

Saíram, mas não viram ninguém. Não viram nada familiar a não ser o Impala, estacionado na frente do hotel. Estava tudo deserto, nenhum carro estacionado, exceto o deles.

– Essa brincadeira está indo longe DEMAIS – praguejou Jen – Jay, você tem noção de que nós temos que viajar para Chicago amanhã cedo?! Será que todo mundo enlouqueceu?

Jay se sentia um pouco culpado, porque aquela brincadeira de fato parecia estar indo longe demais, e Jen não tinha nada a ver com isso. Deu um tapinha no ombro do amigo e pediu para ele ficar calmo.

– Vamos até o Impala. Deve ter alguma pista por lá. – disse Jay.

Jen encontrou a chave do carro em seu bolso, assim como a carteira de Dean Winchester com vários cartões de crédito falsos. Abriu o carro, mas não havia nada de diferente por lá. Ele e Jay ficaram observando a rua deserta durante quase uma hora, mas ninguém apareceu para gozar da cara deles.

– Vamos embora daqui! – vociferou o louro, entrando no Impala.

Jay também já estava ficando nervoso. Aquilo estava passando dos limites mesmo... Seria possível que NÃO fosse uma pegadinha?

Assim que puseram o carro em movimento e encontraram outros carros, repararam, em desespero, que as placas eram, em sua maioria, do Estado de Indiana, nos Estados Unidos. Eles não se lembravam de ter entrado em avião algum. Resolveram então ligar para suas esposas, usando os telefones celular de Sam e Dean, mas nenhum dos dois teve sucesso. Sempre dizia que o número era inexistente. E foi assim que constataram em desespero que o telefones de todos os seus familiares e amigos (aqueles que se lembravam de cor) eram inexistentes.

Com o coração aos pulos, abriram o laptop de Sam e entraram na internet. Procuraram por "Supernatual", "Jen Eco", "Jay Pé-de-Moleque", e não encontraram absolutamente nada. Com o Impala estacionado na beira da estrada, sem saber para onde ir, Jen e Jay se entreolharam e começaram a chorar compulsivamente.

Quando as lágrimas começaram a lhes faltar, resolveram dirigir até uma lanchonete e comer alguma coisa, pois estavam famintos e desidratados. A garçonete que os atendeu teve até pena do estado lastimável dos dois. Eram tão bonitos, porém estavam visivelmente arrasados.

Apesar da fome, não conseguiram engolir muita coisa. Pagaram com cartão de crédito falso e se sentiram péssimos por isso. Sentiram-se ainda piores ao se lembrar que não tinham casa. Outro hotel vagabundo era o destino dos dois. Por que o destino cruel os havia transformado em Sam e Dean Winchester?