Mudando de Vida escrita por Lady Padackles


Capítulo 14
Tudo, menos a familia




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No trajeto entre o local em que foram deixados por Cristy até a casa de Sam e Dean, os irmãos e Misha conversaram bastante. Sam tratou de agradecê-lo imensamente por ter colocado o Dr. Guttorp em suas vidas e garantiu que ele e Jensen estavam ótimos. Misha ficou feliz em ter podido ajudar. Estava curioso entretanto a respeito da vida amorosa dos dois. Enquanto estiveram "surtados", eles se diziam um casal gay para a sociedade, porém para Misha confessaram ser "Sam e Dean"... Agora que estavam curados, estariam dispostos a voltar para suas respectivas esposas? Finalmente ousou perguntar:

– E como vocês estão em relação a Genevieve e Danneel? Vão voltar para elas, ou... – disse isso olhando Dean nos olhos.

– N.. Não... – gaguejou Dean. Por que aquele olhar o deixava tão desconcertado?

– Nós estamos juntos – disse Sam prontamente – A verdade é que finalmente, após muita análise, descobrimos que realmente queremos viver como um casal...

Por algum motivo Dean sentiu aquela resposta como uma leve provocação, mas claro, concordou com o irmão. Sam sempre pensava antes de abrir a boca, e daquela vez não haveria de ter sido diferente. Eles queriam viver livres dos psiquiatras, porém gostariam de permanecer morando juntos.

Quando chegaram em casa, qual não foi a surpresa dos rapazes ao verem dezenas, quase centenas, de pessoas esperando por eles. Alguns policiais estavam no local tentando afastar os fãs que se aglomeravam para chegar perto das vítimas e de seus familiares, que esperavam por eles.

Misha logo avistou seus pais, sua esposa e seus filhos. Jogou-se, emocionado, nos braços de sua família, deixando escapar muitas lágrimas de alegria e alívio.

Dean e Sam também quase choraram, mas nesse caso de desespero. Viram mulheres e homens, idosos, jovens e crianças, todos se enfileirando para abraçá-los. Alguns choravam... Pelo menos Genevieve e Danneel não estavam por lá. Os dois seguraram as pontas e foram gentis com todas aquelas pessoas. Bem, pelo menos até descobrirem que meia dúzia de familiares de cada um deles pretendia se hospedar naquela casa, até que pudessem garantir que Jen e Jay ficariam bem. Eles estavam começando a surtar.

Enquanto os "desconhecidos" conversavam sobre como se acomodariam pela casa, um rapaz chamou Misha, Sam e Dean para uma conversa.

– Olá Gregory! – cumprimentou Misha. –Você já está querendo levar a gente para o Canadá agora? – Falou em tom de brincadeira.

– Claro! – respondeu ele – Vocês são as estrelas do show... – sorriu. Depois prosseguiu. – Bem, brincadeiras a parte, nós na CW sabemos que vocês passaram por momentos difíceis, e claro, vão querer um tempo com a família de vocês... Mas vocês sabem que as gravações da nona temporada já estão começando, e assim que puderem, gostaríamos que estivessem de volta. O show não pode parar, rapazes...

– Gregory, eu já estou pronto para voltar ao Canadá – disse Misha, surpreendendo o executivo. - Nada melhor do que o trabalho para me fazer esquecer os horrores que passei...

Fugir dali, para qualquer lugar, parecia também uma ótima opção aos olhos de Sam e Dean. Eles cochicharam qualquer coisa entre si, e logo em seguida acrescentaram que também gostariam de voltar a gravar imediatamente. Entraram em casa, empacotaram roupas limpas, e, para desespero dos familiares de Jen e Jay, saíram de lá com Gregory. Misha também pegou seus pertences, que estavam com sua esposa, e se uniu a eles. O executivo da CW mal podia acreditar na sua sorte. Assim que chegasse com as estrelas de Supernatural pediria um aumento pelo bom trabalho!

Exaustos, os rapazes dormiram a viagem toda. Quando chegaram ao Canadá, Sam e Dean foram para um hotel, e Misha para sua casa. Iriam começar as gravações no dia seguinte.

Os dois irmãos, na verdade, planejavam nova fuga. Chegaram a ir até uma loja de fantasias e comprar perucas e disfarces para que pudessem viajar pelo Canadá sem serem reconhecidos. Entretanto, ficaram intrigados quando, por curiosidade, resolveram ler o script dos primeiros episódio da nona temporada, que Gregory havia lhes entregado.

– Sam, estão gozando da nossa cara, ou o quê? – reclamou Dean, incrédulo – olha isso aqui. Ele leu:

"Sam ri da cara do Zumbi, e é atacado. O Zumbi arranha os braços de Sam. Dean solta um gritinho histérico..."

– Como assim "Dean solta um gritinho histérico"!? Eu nunca soltaria um "gritinho histérico" – disse o louro, revoltado.

Sam até achou engraçado, mais achou melhor controlar o riso. "- Vai, continua..." – disse ele. E Dean continuou, em tom de indignação:

"O Zumbi pula para cima de Dean, rasgando sua barriga com as garras. Garth, prontamente, corta a cabeça do Zumbi, que quica no chão. Olhando aquela cena, Dean desmaia."

Sam não conseguiu se controlar dessa vez e começou a rir. Dean foi ficando mais irritado. "- Ri, pode rir... se você acha que você está em situação melhor..."

Prosseguiram com a leitura, e não custou muito para Sam perceber que também o seu papel naquela história não era lá muito menos vergonhoso. Sam começou a sair sozinho pela cidade matando fantasminhas indefesos, e se dizendo Deus, enquanto Dean, machucado, não fazia nada além de chorar e se lamuriar. Enquanto isso, Garth fazia um ótimo trabalho, realizando tarefas que levariam ao fechamento dos portões do purgatório.

– Isso é uma desonra a nossa memória... Por que será que o roteirista enlouqueceu e começou a escrever como se nós fôssemos dois idiotas? – perguntou Dean, incrédulo e revoltado.

– Não sei, Dean... Bem, nós desistimos de tudo, não foi? Então talvez Garth esteja mesmo cuidando das coisas. Quem sabe... Eu espero mesmo que ele esteja...

– Bem, sim, por que nós dois viemos para cá, e simplesmente sumimos de lá... – Disse Dean pensativo.

Então os irmãos começaram a ficar intrigados. Como os roteiristas do seriado dessa dimensão conseguiam ser tão precisos sobre tudo o que acontecia na dimensão deles? E se havia mesmo essa correspondência perfeita, isso significava que haviam dois impostores enlouquecidos no lugar deles? Os candidatos mais prováveis, claro, eram Jen e Jay...

Os irmãos resolveram adiar o plano de fuga e ir até o set de filmagens no dia seguinte para confrontar o chefe do bando, que eles sabiam que estaria lá: Eric Kripke. A ideia era reclamar sobre o comportamento ridículo dos "personagens" para ver qual seria a resposta do escritor.

No dia seguinte, Sam e Dean foram buscados e levados ao Set. Assim que chegaram, foram logo procurando por Eric, que para sorte deles, já estava por ali. Os dois pediram para conversar com ele em particular e foram logo despejando sua indignação.

– Kripke, nós não gostamos nem um pouco do que está acontecendo com os nossos personagens... Não estamos a vontade em atuar desse jeito! – reclamou Dean.

– Isso não seria um suicídio comercial para a série? – ponderou Sam.

Eric Kripke olhou para eles e inesperadamente disse:

– Me desculpem, eu sou um profeta do Senhor, e estou em sintonia com o que acontece em outra dimensão. Esse história é real, e, querendo ou não, é assim que ela acontece.

Sam e Dean ficaram mudos e estupefatos. Eric em seguida soltou uma risadinha, e continuou falando.

– Não, agora, sério mesmo... Sinto muito que vocês não estão contentes com o papel que tem que desempenhar. Lembrem-se que vocês se ausentaram por muito tempo na oitava temporada... Vamos justificar essa ausência através desse surto de loucura, ok? E depois teremos Wincest... As meninas vão adorar!

– Como é que é?! – Perguntaram os dois em uníssono, incrédulos.

Kripke estendeu alguns roteiros de episódios futuros, que eles ainda não tinham em mãos, e conduziu-os para fora de sua sala.

Acharam um lugar para se esconder, já que o diretor do episódio e a maquiadora estavam atrás dos dois. Conversando, aos cochichos, chegaram a conclusão desesperadora de que Kripke era de fato um profeta, e que Jay e Jen eram os responsáveis por toda aquela confusão na vida deles. Pegaram os roteiros futuros, e tremendo, puseram-se a ler. A cada frase que liam, mais apavorados iam ficando.

– Eu sabia que esse Jen era gay! – Exclamou Sam, indignado com uma das cenas de namoro incestuoso.

– Pois é... E o Jay idem. – Respondeu Dean, também irritado.

Mas ainda não haviam chegado à parte pior. Quando os dois "idiotas" foram responsáveis por abrir novamente a porta do inferno, e manter aberta a do purgatório, os irmão sentiram-se fisicamente enjoados.

– Dean, pelo amor de Deus, nós temos que arranjar um jeito de voltar para lá! – Disse Sam, exasperado.

Dean também sentia esse impulso. Esse impulso de voltar lá e consertar tudo, e salvar o mundo... Além disso existia a imensa vontade de rever Castiel. Mas a decisão que tomara havia sido definitiva. Olhou para Sam. Seu irmão era ainda tão jovem... Tinha direito de construir uma vida normal, de ser feliz...

– Não, Sam! Não tem volta. Esquece... Vamos fugir desse lugar e esquecer que Supernatural jamais existiu.

Sam reclamou, discutiu e suplicou, mas Dean foi inflexível. O Winchester caçula se conformou momentaneamente com o argumento do irmão de que mesmo que decidissem voltar para casa, isso seria impossível, visto que ali não existia Castiel, nem anjo algum.

Assim que terminaram a discussão, foram surpreendidos por Fred, que achara seu esconderijo. Os dois se assustaram.

– Fred? O que você está fazendo aqui? – perguntou Sam.

– Por que? agora não posso mais andar livremente pelo Set? – disse o anãozinho. Existia ódio em seu olhar.

– Não é isso... Mas achamos que tinha pedido demissão... – completou Dean.

– Não, resolvi não abrir mão da minha carreira por causa de dois babacas como vocês... - E dizendo isso Fred foi em direção aos irmãos e acertou um forte soco no estômago de Dean. O caçador deu um passo para trás, se dobrando de dor. Sam saiu em defesa do irmão, e empurrou o anãozinho dentuço no chão. Fred então sacou uma arma, e atirou certeiramente na cabeça de Sam. E feito isso, o ator saiu correndo dali com suas perninhas minúsculas.

– Não! Não! Sammy! – Dean gritou. Começou a tremer, segurando o irmão baleado – Sammy, me escuta, agora não... Agora você não pode morrer... Não aqui nesse lugar, onde a morte é definitiva... – seus olhos se encheram de água, e Dean começou a chorar dolorosamente.

O barulho do tiro atraiu todo mundo que trabalhava no set, e logo pessoas se aglomeraram ao redor dos dois. Um paramédico tentou reanimar o rapaz, sem sucesso. Várias pessoas, vendo Dean chorando compulsivamente, tentaram afastá-lo da cena, mas ele se recusou a sair de perto.

Então Dean olhou para os Céus e chamou Castiel:

– Cass, de onde você estiver... Por favor... – disse aos soluços – Salva o meu irmãozinho, Cass... Leva a gente de volta pra casa...


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