— Céus, onde eu enfiei essa bolsa? — resmungou Cassie. A menina revirara seu armário, cama, gavetas da cômoda, gavetas da escrivaninha e não achou sua bolsa.

De repente, a campainha tocou. Logan — pensou Cassie. A garota largou a mochila que estava revirando e desceu as escadas aos tropeços. Quando chegou na sala-de-estar, enxergou uma bolsinha-de-mão com lantejoulas pretas. Ali estava a bolsa! Ela a apanhou e foi atender a porta.

— Oi, Logan! — sussurrou Cassie, beijando-o na bochecha.

— Oi, Cassie! Vamos?

— Shhhh. — Cassie colocou um dos dedos nos lábios de Logan — Mamãe não pode saber que estou saindo.

— O que? Por quê? — perguntou Logan, confuso.

— Tivemos uma briga hoje cedo. Ela me proibiu de sair, mas não vou ficar trancada em casa de novo. — explicou ela, puxando-o pelo braço.

— Ah bom. Espero que eu não seja o culpado da história. — caçoou Logan — Aliás, você está linda.

E estava mesmo. Cassie usava uma calça justa, botas longas, um espartilho preto e jaqueta de couro. Ela prendera os cabelos em um longo rabo-de-cavalo, destacando seu rosto claro e delicado. Usava uma maquiagem escura e seu amuleto, como sempre.

A boate estava abafada e movimentada. Luzes de neon refletiam nas roupas de quem estava na pista de dança. Cassie e Logan estavam no bar, conversando.

— Logan, você está com o meu CD do Green Day?

— Sim. Ah, falando nisso, consegui os últimos exemplares do Batman da loja de quadrinhos do Jerry.

— Qual deles?

— Batman Returns.

— Oh! Conseguiu um para mim?

— É claro! Quando você passar lá em casa, te entrego.

— Ok.

— E... o que aconteceu entre você e Lauren? Por que vocês brigaram?

— Bem... Eu fui avisar que viríamos aqui e ela simplesmente surtou!

— Só isso?

— Eu falei que não queria ficar trancada em casa pensando como minha vida é inútil e desprezível.
Logan ergueu as sobrancelhas.

— Inútil e desprezível?

— Você é uma exceção. — brincou Cassie.

— Haha, sei. — disse Logan, soltando uma risadinha sem graça.

— Nós nos conhecemos desde os 8 anos. Você sabe que é muito importante para mim, Logan.

— Você também, Cassandra. — disse Logan. — Você é uma das pessoas mais importantes da minha vida.

Cassie corou.

— Ah, para com isso.

— Hum... Como está Kreetos? — continuou Cassie, fugindo do assunto.

— Ah, ele sempre dá um jeito de escapar da gaiola. Fico impressionado com a rapidez deste hamster,

— Devo ressaltar que ele é mais esperto que o dono?! — disse Cassie, soltando uma gargalhada.

— Devo dizer que não, Fairy. — rebateu Logan, irritado.

Cassie riu e tomou um gole de energético. De repente, a menina sentiu algo estranho. Como se alguém estivesse a observando.

A garota empalideceu e derrubou sua bolsa no chão.

— Cassie? Cassie, tudo bem? Você está pálida! — perguntou Logan, preocupado.

— Eu... estou bem. Só estou tonta. — disse ela, levantando-se — Preciso de ar. Vou naquele beco aqui perto, e...

— Quer que eu vá com você? — interrompeu Logan.

— Não. Estou bem. Já volto.

Cassie abriu passagem pela multidão até chegar à porta da boate.

Um pouco tonta, caminhou até o beco. Lá tinham apenas latas de lixo vazias e pedaços de madeira com camadas de fuligem.
O local estava frio, escuro e deserto.
Cassandra se encostou-se a um canto e fechou os olhos, respirando fundo. A tontura foi aliviando e a garota foi se recompondo.

De súbito, uma voz feminina soou em algum lugar do beco:

— Ora, ora... O que uma menina tão linda como esta faz aqui?!

Cassie deu um pulo de surpresa. A menina não vira absolutamente ninguém lá.

A figura se aproximou, passando de uma silhueta nas sombras da escuridão á uma garota alta, loira e que usava trajes peculiares. Ela sorria de um jeito aterrorizante, mostrando o que pareciam... Presas?!

Cassie recuou, mas percebeu que não tinha como escapar de lá.

— Quem é você? O que quer comigo?

— Ah, meu bem... Não se preocupe com isso. Não vai demorar muito. Eu prometo. — sussurrou a garota estranha.
Não vai demorar muito? O que diabos ela estava querendo fazer?
Cassandra não teve tempo de responder, muito menos correr. A garota do beco era extremamente rápida, e já estava atrás de Cassie. Ela era rápida como um gato.

Quando Cassie tomou coragem para escapar, a garota atrás dela a segurou pelo braço.

Cassie se debateu, tentando escapar das garras da menina. Sem sucesso.

— ME LARGA! O QUE VOCÊ QUER DE MIM? SOLTE-ME! — berrou Cassie.

— É melhor você se acalmar, meu bem. Não queremos mais tragédias em Manhattan, não é mesmo?! — disse a garota, dando risadinhas.

Cassie estava completamente aterrorizada. Nunca passou por nada assim na vida. Pensou em Logan esperando-a na boate, preocupado. Eu vou morrer, pensou Cassie.

Pensou no jeito de como falou com sua mãe. Aquela fora a última conversa das duas. Cassandra se arrependeu friamente, desejando voltar no passado para arrumar aquela situação.

Cassie chutou a garota, mas parecia mesmo que ela chutara um bloco de concreto.

— Acha mesmo que pode lutar comigo, pequena humana? — disse ela, rindo da situação.

Pequena humana? Como assim? Cassie já não sabia o que fazer. Disparou para a saída do beco, mais uma vez sem sucesso. Quando chegou à ponta do local, a menina já estava lá, observando as próprias unhas.

— Você está brincando com o fogo, menina. — irritou-se a garota estranha.

— Deixe-me ir! Te dou tudo o que tenho, mas por favor, deixe-me ir! — choramingou Cassie

A menina espantou-se com o próprio medo. Nunca agira dessa forma.

A garota riu, e aproximou-se.

Cassie recuou novamente, mas a garota aproximou-se.

De repente, Cassie sentiu algo pontiagudo perfurar sua garganta.