Somos um só escrita por Sadie


Capítulo 7
Capítulo 7


Notas iniciais do capítulo

Fiquei muito feliz com os leitores comentando no outro capítulo, e por isso resolvi postar outro cap. hoje. Obrigada gente! Vocês são os melhores ♡



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Jack havia pegado no sono na poltrona perto da cama de Elsa. Estava olhando para a rainha, observando-a - mesmo sabendo que isso era bizarro -, e pensando como ele consertaria aquilo e o que levara Elsa a parar de acreditar nele. Se eu estivesse no lugar dela, eu também pararia de acreditar em mim, achando que eu teria me abandonado... Espere... Mas que diabos?

Desistiu então de tentar encontrar o x do problema e ficou encarando as gotas da chuva que corriam pela janela. Elsa tinha o sono agitado; era a segunda vez que a via dormir. A primeira foi quando ele acabou dormindo acidentalmente no quarto de Elsa após treiná-la, e acordara no meio da noite e a vira na cama, tendo mil sonhos turbulentos.

~ ~ ~

A rainha admirava Arendelle no inicio da manhã. O sol se erguia preguiçosamente, e a temperatura amena a chamava de volta para a cama. Estava sendo difícil – Elsa tinha que admitir -, mas ver o seu reino funcionando e estando tudo em ordem enchia seu coração de felicidade e orgulho. Acordar todos os dias de manhã cedinho para ver o reino que a aceitara como ela é era um de seus pequenos prazeres.

Inspirou fundo, sorrindo. Estava sendo a rainha que fora treinada a vida inteira para ser, estava sendo quem ela era após a explosão de seus poderes. Era livre agora. Os medos antigos estavam mortos e a solidão também – agora tinha Anna, Kristoff e Olaf.

Sentiu então um cheiro no ar – um cheiro que ela não conseguia identificar de que era, mas a rainha tinha a sensação de conhecê-lo. Inspirou fundo novamente, apenas para tentar sentir o cheiro melhor e tentar puxar a memória dele, mas onde quer que ela estivesse, estava enterrada.

Afastou-se da janela e voltou para a cama, e o cheiro ficara mais forte. Levantou-se rapidamente tentando se livrar dele e foi para o banheiro, que também estava impregnado.

Saiu do quarto apressadamente e foi até o quarto de Anna. Sabia que ela estava dormindo, e por isso abriu a porta cuidadosamente e silenciosamente. Inspirou o ar do quarto e não havia cheiro nenhum. Foi até o banheiro, que também estava livre de qualquer cheiro. A rainha saiu do quarto e parou no corredor, e então cheirou seu roupão de seda bege, sentindo o perfume que ela não reconhecia. O cheiro estava nela, nas suas roupas e em seu cabelo. Como isso é possível? Perguntou-se. De onde eu o conheço?

Entrou em seu quarto e trancou as portas. Abriu a sua janela e deixou o ar de fora entrar e o de dentro sair, na esperança de que o cheiro sumisse. Foi até o banheiro e encheu sua banheira, não importava se a água era quente ou fria - além de não sentir nenhuma mudança, ela apenas queria se livrar do maldito cheiro.

Tirou seu roupão apressadamente, deixando-o cair no chão, e tirou também a camisola. Entrou na água e afundou, fechando os olhos e deixando a água molhar os seus cabelos. Quando emergiu, o cheiro continuava. Começara a choramingar e a esfregar os seus braços com a esponja do seu banheiro em um ato de desespero. Ele a lembrava de memórias boas e ruins, mas em qualquer uma delas, ela sentia como se algo estivesse faltando. Não suportava a agonia; era como se ela tivesse se esquecido de parte de sua vida.

Recomponha-se, Elsa. Você é uma rainha. É apenas um cheiro. Um maldito cheiro...

~ ~ ~

Jack acordara com o som de alguém tomando banho – Elsa. Ficara tentado a entrar no banheiro, óbvio, mas sabia que não era justo. E ele não era um pervertido. Pelo menos, não tanto.

Levantou-se da poltrona e observou o quarto de Elsa. Não era como antes, como o quarto da menininha que ele havia conhecido. O quarto agora tinha paredes de uma tonalidade roxa escura, o piso, mármore polido; a cama tinha um lençol azulado e nas duas cabeceiras brancas havia livros. O quarto era bagunçado, mas de uma maneira organizada. A cama estava bagunçada – os dois lados.

Jack se lembrou – se sentara na cama na noite passada, ao lado de Elsa, tentando acordá-la, tentando descobrir se ela não acreditar mais nele era apenas uma ilusão de Jack.

Fora tudo em vão, é claro.

~~~

A rainha saiu do banheiro vestida com um longo vestido verde escuro e o cabelo preso. Saiu de seu quarto e foi até o de sua irmã.

– Anna? – Elsa chamou, espiando pela porta. A princesa ainda estava dormindo. Ótimo. A rainha desceu as escadas do castelo silenciosamente, não queria acordar ninguém do castelo. Alguns empregados estavam começando o seu trabalho, tirando poeira da sala principal e outros estavam finalizando os detalhes para o baile de máscaras de amanhã, comemorando o sexto mês de portões abertos em Arendelle.

Correu para o pátio do castelo e passou direto pelos guardas e pelos portões – após passar anos de sua vida trancada em um castelo, finalmente tinha a liberdade! Parou em frente aos portos e se espreguiçou sorrindo. Olhou para o mar e, pela primeira vez em sua vida, se sentia quase completa. A brisa de verão bagunçou seus cabelos presos e a envolveu, como se fosse o sopro da vida.

Foi até a praça, observando as casas coloridas, as barracas de comida e o chão de pedra. Ainda estava se acostumando com a nova rotina.

Passou por uma mãe andando com dois filhos pequenos e os cumprimentou discretamente. A rainha sair de seu castelo por nenhum motivo não era algo comum e nem todos sabiam de suas escapadas – apenas Olaf, que a havia pego no flagra.

– Mamãe, a rainha Elsa é algo como Jack Frost? – o filho mais novo perguntou baixinho, mas Elsa conseguira ouvir. Ela franziu as sobrancelhas – quem era Jack Frost?

Continuou andando, e por isso não conseguiu ouvir a resposta da mãe. Estava indo rápido e olhando para baixo, e acabou trombando com Kristoff.

– Ãhn...? – Kristoff tentou ver em o quê havia batido. – Elsa? Perdoe-me, não tinha te visto! – ele fez uma reverência e a ajudou a se ajeitar.

– Kristoff, pare com isso. Não há necessidade dessa formalidade... – Elsa censurou.

– Certo... Ei, eu estava indo para o castelo. Sabe, ãhn, apenas para pegar o trenó e vender gelo e...

– Kristoff, estamos no verão. – Elsa o encarou, e então sorriu. – Anna está dormindo ainda.

– Ah, certo – ele disse, olhando para o chão.

– Podemos acordá-la, se quiser. Ela não se importaria.

– Não seria justo com Anna. – ele olhou para a rainha. – Bem, então, até mais – fez outra reverência.

– Kristoff, me acompanhe até o castelo, por favor? – ela virou em direção ao castelo. Ficara aliviada de ter contornado a situação e uma possível pergunta de o que ela estava fazendo ali na praça naquela hora do dia sendo uma rainha. Se ele soubesse, ele contaria para Anna, que pediria para guardas acompanhá-la todos os dias.

Kristoff acenou com a cabeça e sorriu. Depois de ele e Anna terem oficializado o relacionamento dos dois, ele tem estado nervoso perto de Elsa, como se tivesse que impressioná-la para ficar com Anna.

– Você sabe o que é Jack Frost, Kristoff? – Elsa perguntou quando estavam perto dos portões do castelo. O nome Jack Frost martelava em sua cabeça, era ao mesmo tempo conhecido e desconhecido. Queria saber com quem fora comparada, afinal, ela tinha esse direito. Ele riu.

– Não o quê, mas sim quem. Quando eu era pequeno, eu ouvia bastante a lenda dele. Diziam que ele era o protetor dos que se aventuravam no gelo e o guardião das crianças. Eu acreditava, é claro, mas depois me contaram que Papai Noel não existia.

Elsa riu.

– Enfim, a lenda desse cara é que ele traz o inverno para os humanos e a diversão. Sua lenda não é muito conhecida, é mais comum nas montanhas do norte daqui. Não sei se acreditam tanto quanto antes...

A rainha franziu as sobrancelhas. Era como se uma corda estivesse sendo puxada, levantando uma lembrança que estava no fundo do mar.

– E como seria a aparência dele?

– Depende. Em alguns locais ele é um guerreiro barbudo montado em um cavalo feito de gelo. Não gosto muito dessa versão, já que ele é feito todo de gelo. Fica menos humano, sabe? – Kristoff falava animadamente. Falar de sua origem sempre o animava. – Mas a minha versão preferida é a sua aparência de um adolescente de mais ou menos dezesseis, dezessete anos. Sei lá, quando eu era criança eu meio que queria ser ele.

Elsa riu, e percebeu que ele estava vermelho e rindo.

– Acho que já ouvi essa história... – Elsa comentou, e os dois chegaram à sala principal do castelo – o piso de mármore polido os refletia. – De qualquer forma, obrigada, Kristoff. – ela apertou sua mão e, logo após, ele fez uma reverência. Estava começando a subir as escadas quando se lembrou: - Ela já vem. – e piscou para ele, deixando-o para trás sorrindo.

~ ~ ~

A história que Kristoff a havia contando deixara um nó em sua cabeça. O nome ressoava em sua mente: Jack Frost, Jack Frost, Jack Frost... De onde lhe conheço? Algum sonho? Ilusão?

Estava sentada na poltrona de seu quarto, com os pés descalços para cima e o cabelo solto. Não havia muito que fazer em seus deveres de rainha – deixara tudo organizado no outro dia para que descansasse no dia anterior ao baile e no dia do baile.

Estava começando a ficar agoniada – tinha que o conhecer de algum lugar! Algum teatro na praça, alguma história que sua mãe lera ou que ela mesma havia lido entre vários outros livros. Seu nervosismo fez com que nevasse dentro de seu quarto, e Elsa inspirou fundo, irritada. E então, ao sentir o cheiro, ela reconhecera: um pouco de sândalo misturado com um cheiro amadeirado...

As suas lembranças a atingiu como uma avalanche: o dia em que conhecera Jack, em que ele a ajudara, em que ele a fizera rir e que ele a levou às estrelas – literalmente. Perdeu-se em seu devaneio, lembrando-se de quando Jack a surpreendera, agarrando sua cintura. “Elsa, relaxe.” Ela estava tão nervosa – os treinamentos para ser uma rainha haviam começado. Sem ela perceber, Jack a havia levantado do chão. Estavam flutuando. Quando percebeu, exclamou: “Jack! O que está fazendo? Não me levante, ah meu Deus!” ela estava rindo. “Medo de altura, futura rainha?” “Cale a boca, Sr.Dono da diversão.” Ele a havia levantado mais ainda. “Jack, o que está fazendo? Se você não me puser no chão agora, eu vou gritar e acordar o reino todo.” “Bem, não há problema nenhum. Esqueceu que sou invisível para eles? Só iria ganhar fama de louca.” Eles riram – seus corpos estavam tão próximos que Elsa podia sentir os batimentos de Jack. Ela nunca havia sentido – nem mesmo sabia que ele tinha batimentos cardíacos. Sentira-se estúpida – ele não estava morto.

Quando percebeu, Elsa estava vendo Arendelle como pequenos pontos brilhantes em meio à noite. “Onde estamos indo?” “Onde nós pertencemos, Elsa.” Ele dera um sorriso torto. “E onde seria isso?” “Às estrelas!” Jack então voou tão alto que Elsa não pôde conter o grito – e estava rindo. Uma risada gostosa, que não ouvia fazia tempo.

Acordou de seu devaneio quando ouvira uma respiração próxima a ela. Abrira os olhos e, em sua frente, sentado em sua cama, estava o garoto de cabelo branco, olhos cinza-azulados e dentes tão brancos quanto a neve que a havia levado às estrelas.


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