A criadora de sussurros escrita por Lily


Capítulo 4
Desejos, livros e gatos


Notas iniciais do capítulo

Não sei se vou conseguir postar um capitulo por dia, mas ta ai outro capitulo.
Espero que gostem!!!
Criticas e opiniões são bem vindos!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/502250/chapter/4

Loren já estava na Murray a uma semana e não podia lembrar a última vez em que tinha sido tão feliz em todos os seus quatorze anos de vida. Ela tinha amigas, durante o almoço sentava em uma mesa cheia, ela era convidada para passeios em grupo e ate era elogiada pelos professores. Como ninguém tinha descoberto o que ela era o diretor Murray tinha posto limitadores de energia nela para que não houvesse acidentes.

No dia seguinte a sua chegada Tess tinha aparecido na porta de Loren oferecendo amizade em troca de ajuda para tirar uns caramelos do cabelo, e estranhamente horas depois Moxie veio fazer o mesmo. A menina pensou que Conrad tivesse algo haver com o comportamento das meninas, mas não questionou ter amigas, mesmo que de uma forma tão inusitada era muito bom.

Todos os dias ela ia para o salão principal com Moxie e Tess para fazer as refeições. Esperando por elas sempre estavam Conrad e Vladmir, os dois estavam sempre juntos, às vezes Conrad se atrasava para as aulas e esse era o único momento em que Loren não os via juntos, o que para ela não era muito legal. Conrad e Loren ficaram amigos rapidamente, ele gostava de falar e ela de ouvir, mas Vladmir Wild era outra historia, o garoto cismara com a loirinha, estava constantemente falando sobre sua altura e suas roupas, cada dia tinha um novo apelido e uma nova piada. Conrad tentava ensinar a Loren tudo que podia sobre tudo que ela ainda não sabia e constantemente iam todos para “a cripta” tomar chocolate quente e contar historias sobre os Fey e a cada nova descoberta vinha uma nova piada.

Na Murray havia todo tipo de aluno, e para Loren era sempre interessante ver meninos ricos, meninos de pele azulada, meninas com muita maquiagem e meninas com uniformes de segunda mão todos juntos sorrindo e conversando como se fossem todos iguais, e talvez ali ate fossem.

A menina passou duas vezes pelo quadro com o brasão da escola ate ter certeza de estava realmente perdida. Não era nada novo para Loren estar perdida, na Murray dava para se perder indo em linha reta.

–Olha se não é a miúda.

Loren não precisou olhar para trás para saber quem estava falando.

–Perdida? -Vladmir perguntou.

A menina se virou para encara lo, Vladimir era o que se chama de um menino verdadeiramente lindo, tinha cabelo preto liso e olhos amarelos bestiais que lembram a Loren o seu gato de estimação. Ela ficou verdadeiramente tentada a negar, mas tinha que ser sincera.

–Talvez eu esteja. -respondeu emburrada.

–Eu sabia você é tão miúda que seu cérebro não deve ter espaço para gravar os caminhos daqui. -disse num tom de falsa pena.

–Vai me ajudar Wild? -perguntou Loren irritada, não dava para ficar muito tempo perto de Vladimir sem ficar irritada.

–Eu preciso? Por que não pede ao Conrad?

–Ele não esta aqui! Você é tão frustrante! -ela bufou.

Vladmir achou graça da cara de criança que ela fez, fazendo beicinho e ficando com as bochechas vermelhas.

–Tudo bem! -o garoto levantou as mãos declarando derrota. -Eu estava indo para o salão principal, você pode me seguir se quiser mais eu não me responsabilizo se te puserem na caixa de donativos no caminho.

Loren olhou para si mesma, ele estava falando do suéter de gatinho que ela estava usando, era uma coisa que ela tinha encontrado num brechó e ate hoje não entendia como tinha ido parar lá, era lindo.

–Qual o problema do meu suéter? -questionou.

–Muitos, ele machuca meus olhos com esse desenho, esse desenho denigre os felinos, é três vezes maior que você e fede a naftalina e chá. Toda essa lã não da coceira? Essas suas roupas me inspiram a clarividência. -lamentou se.

–O que? -ela perguntou.

Vladmir revirou os olhos, ela quase nunca entendia brincadeiras.

–Posso ver o seu futuro, uma solteirona com cinqüenta gatos. Vai ficar tricotando suéteres gigantes e bebendo chá. É um futuro triste Madge.

–O que te leva a pensar que meu futuro vai ser assim?! -murmurou curiosa.

–Fatos, com esses suéteres ninguém vai casar com você e então vai arrumar mais quarenta e nove gatos e quando os malucos que tricotam esses suéteres recuperarem a sanidade mental vai ter que faze los você mesma.

–Você é tão idiota.

–Você já tem um gato não é? -o menino provocou.

Loren só bufou e o seguiu em silêncio.

Doc estava fazendo perguntas a Loren para tentar enquadra la como bruxa. Já tinham descartado mestre de feras, porque no outro dia uma harpia tinha tentado arrancar os cabelos da menina se Kendall não tivesse interferido ela estaria careca, também não poderia ser alquimista porque durante a aula de alquimia quando os alunos tinham que usar uma folha para criar uma rosa Loren criou uma rosa sem usar a folha, na alquimia não é possível criar alguma coisa a partir do nada e na magia também não, mas às vezes ela conseguia. Não servia para ser feiticeira como Doc, e nem Observadora como Conrad, ou purificadora.

–Você pode ser... uma evolutista! -disse Doc.

–Não pode não, se fosse não seria tão... Madge. -disse Vladmir.

–Cale a boca Wild, estamos sérios aqui. -reclamou Doc.

–Que tipo de bruxo consegue o que quiser só pedindo? -Loren perguntou.

Por um segundo ninguém respondeu nada, ate Tess quebrar o silencio.

–Sussurradora! -ela gritou.

Senhorita Polanshick passou por perto do grupo e lhes deu um frio olhar de censura.

–Isso não existe. -disse Doc num tom de voz baixo.

–Meu pai leu para mim uma historia muito boba sobre uma sussurradora, eu me lembro de cada palavra porque a historia era muito boba.

–Seu pai leu uma historia boba para você? -perguntou Conrad surpreso.

–Qual é o problema? -perguntou Loren vendo que ele não era o único surpreso.

–O pai da Sess é o homem mais serio do mundo, ele intimida ate a Beladona. -Max explicou. – Quando ela era criança ele contava as setecentas guerras como historia para dormir. Guerras!

–A história era estranha e bobinha falava de uma menina chamada sussurradora. Durante uma guerra uma vila ficou devastada então um marinheiro foi para a vila vizinha e trouxe um menina gentil, a menina pediu para uma arvore para tudo ficar bem, tudo ficou bem e ela voltou para casa. O nome da arvore era sinceridade e enquanto a sussuradorinha fosse gentil a sinceridade iria guia la. Fim.

–Sussurradorinha? -os meninos questionaram ao mesmo tempo.

–Isso não existe, eu nunca ouvi falar disso. -disse Doc.

Doc era a menina mais inteligente entre os primeiristas, se ela não sabia era porque não existia, mas desde que Loren Madge apareceu ela já não tinha certeza disso.

–Vamos ao acervo e procurar. -disse Moxie.

O acervo era uma biblioteca do tamanho de um campo de futebol e mais alta que uma casa de dez andares, com paredes repletas de livros e mais livros. Durante o caminho Conrad e Doc explicaram como o acervo funcionava, era só se posicionar no pódio e dizer à pesquisa que os livros iam aparecendo e se empilhando um a um sobre ele como quando se pesquisava no Google no mundo humano e o sites com os resultados iam aparecendo.

–Sussurradores! -Loren testou.

Alguns livros se moveram, mas acabaram ficando no lugar.

–A historia da sussurradora! Bruxos que sussurram! Grozens! Floops! Livros! Vilas! Sinceridade! -Loren começou a gritar todo tipo de palavras aleatórias.

Os livros começaram a ir de um lado para outro, esbarrando uns nos outros caindo e zunindo no ar. Um livro enorme de capa roxa voou direto na direção de Loren no pódio numa velocidade que só permitiu que ela piscasse. Quando a menina abriu os olhos de novo levou alguns segundos ate perceber que Vladimir a tinha tirado da frente do livro.

–Obrigada?

–De nada. Agora você deveria arrumar essa bagunça porque os livros não voltam para a estante se caírem no chão. -ele avisou.

Loren queria chorar de frustração e vergonha, mas ao invés disso ela fez o de sempre. Falou coisas sem sentido.

–Tente usar sua magia. Você diz e as coisas acontecem não é. -disse Doc.

Nem sempre era assim.

–Tudo bem, eu vou tentar. Victorius por favor, que você esteja bem. Que possa voltar para casa em segurança, não importa onde seja sua casa, por favor, que você esteja bem. -ela murmurou como uma oração.

Do nada ela queria chorar, e nem sabia por que, e os livros nem se moveram.

Vladimir não conseguia dormir com os múrmuros de Max, seu colega de quarto.

–Por que você não dorme?

–Eu fico tendo pesadelos com o senhor Wess contando uma historia boba para a Tess. Não consigo dormir! Cadê o Conrad?

Max costumava ser sempre um bebe chorão, Vladmir sabia que se não fizesse algo ele não poderia dormir, e tinha certeza que Conrad estava na biblioteca fazendo ele mesmo as próprias pesquisas e continuaria ate tarde.

–Vamos para a cripta, eu vou te arrumar um copo de leite que vai fazer você ficar em coma.

Os meninos se esgueiraram pelos corredores ate o acervo e com um pouco de esforço convenceram Conrad a vir junto.

Ao chegar perto da cripta param na Sandy shugar para comprar leite quente e sidra de maçã.

–Não consigo parar de pensar no senhor Wess contando historias infantis bobas. Aquele cara me assusta mais que a sua irmã. -Max disse apontando para Vladmir.

–Eu posso-

Os meninos foram interrompidos por uma sombra pulando o portão.

–Outro transferido? -perguntou Max.

Os meninos o ignoraram e foram direto para o portão sem nem considerar que pudesse ser perigoso. Chegando lá deram de cara com um grande e gordo gato cinza.

–Um gato? O que há de errado com o laxus?! -gritou Max, o que lhe resultou em alguns cascudos.

–Se alguém nos ouvir é detenção imediata. -Conrad sussurrou. -Mas você tem razão esse gato deveria ter explodido tentando entrar aqui.

–Esperem, acho que entendi. -disse Vladmir. -Um gato.

Um brilho de entendimento passou pelo rosto de Conrad.

–Você é o Victorius bichano?

–Vic quem? -perguntou Max.

–Victorius. -o gato respondeu.

Max deu vários passos para trás.

–Gatos humanos não falam. -gaguejou.

– Você sempre falou? -Vladmir perguntou ao gato como se para ele falassem.

–Pessoas com o cheiro dessa escola sempre puderam me entender. -disse o gato.

–Você. Gato. Deveria ter explodido tentando entrar aqui. -disse Conrad.

–Conrad não ouviu o que aquela garota disse? “Victorius, por favor, que você esteja bem. Que possa voltar para casa em segurança, não importa onde seja sua casa, por favor, que você esteja bem.” -Vladmir repetiu.

Conrad ficou impressionado pelo amigo ter lembrado as exatas palavras que Loren tinha dito, mas antes que pudesse dizer alguma coisa uma voz inconfundível falou atrás deles.

–Já passou da hora de dormir.

Era Sonic Murray. O diretor.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "A criadora de sussurros" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.