Loving In The Dead escrita por Miss Jackson


Capítulo 15
A nossa casa




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Quando acordo estou deitada relaxada e tranquilamente em uma cama de hospital, e por um instante penso que estou morta e que era ali o fim da linha, mas algo me disse que eu ainda estava viva. Puxo oxigênio, desesperada por ar puro, e é só o que eu encontro.

– Carl, Carl – sussurro, olhando em toda a minha volta procurando por Carl, mas tudo que vejo me lembra uma sala de hospital. – Merda.

Me levanto suavemente da cama, curvando-me pela dor nas costas, e começo a caminhar em direção da porta. Onde está a bosta da minha espada?, penso, estressada, e abro a porta, dando de cara com um grande corredor repleto de salinhas. Legal, isso por acaso é um hospital?, pergunto mentalmente, começando a andar com passos largos e silenciosos, olhando em todas as salas, procurando por Carl. Algumas salinhas tem “pacientes” descansando, o que é bom, pois 1) isso seria sinal de vida nesse lugar e 2) Carl poderia estar entre eles, por isso olho mais atentamente.

– Com licença, moça? – diz uma doce voz feminina atrás de mim, me fazendo saltar de susto, o coração disparado, e me viro para ela. – Posso ajudá-la, querida?

– Hã, eu...

– Você estava na última explosão? – pergunta ela. Cabelos pretos presos em um rabo de cavalo, olhos azuis elétricos, pele negra, roupas de enfermeira, cara de estar na casa dos trinta, um tipo de fichário e caneta na mão e, como devia imaginar, uma arma presa na cintura.

– Sim. Eu e um garoto, cabelos negros e olhos azuis... – Suspiro ao lembrar dos olhos perfeitos de Carl encarando meu rosto. – Eles devem tê-lo resgatado junto comigo, então...

– Lindsey? – diz uma voz masculina atrás de mim, e dou de cara com Tyreese, sem nenhum arranhão, limpo e acompanhado de Carol e as crianças, todos em perfeito estado. – Graças a Deus!

– Ty?! – Estou surpresa. Tyreese, Carol e as crianças estão vivos, inclusive Judith! Sinto-me capaz de sair saltitando de alegria, o que Rick e Carl vão dizer quando... OH. – Rick e Carl, vocês os viram?

– Claro – responde Carol. – Por que a preocupação? Estão em perfeito estado.

Suspiro aliviada. Lizzie e Mica ainda estão me encarando, boquiabertas, quando sorrio e abro meus braços, e elas se jogam neles.

– Sentimos tanta falta de você, Linddie... – sussurra Lizzie, fungando em seguida.

– Também senti muita falta de vocês – respondo. Elas me soltam, sem parar de me encarar.

– Acho que você já se arranjou – diz a suposta enfermeira. – Com licença. – E ela sai caminhando, desaparecendo no corredor.

– Onde estão Rick e Carl? – pergunto, meus braços envolvendo Lizzie e Mica enquanto encaro Carol e Tyreese.

– Eles ainda não acordaram – responde Tyreese. – Nossa explosão causou mais danos à eles do que à você, especialmente Carl. Vocês dois foram encontrados abraçados, e Rick um pouco mais distante da área de vocês, pedimos quartos urgentes pra vocês e...

– Carl – ofego. – Onde ele está?

– Na sala 571, mas...

Olho para eles, me desculpando, e saio correndo em busca da sala 571.

568...

569...

570...

571!

Abro a porta e me deparo com Carl deitado em sua cama de hospital. Há um curativo cobrindo sua testa com sangue visível. Seus braços estão depositados suavemente em sua barriga.

– Oh, Carl... – caio de joelhos diante de sua cama. – Você está bem, graças a Deus...

– Lindsey – sussurra ele, ainda com os olhos fechados, mas ergue a mão, tateando em busca da minha. – Você está bem?

– Estou – acaricio a mão dele com o polegar. – Melhor agora.

Ele dá um sorrisinho, abrindo os olhos lentamente e me encarando.

– Tyreese, Carol, Judith, Lizzie, Mica... – sorrio. – Estão vivos. Todos eles.

Ele suspira, aliviado.

– Onde estamos? – pergunta, sem esconder sua felicidade pelo bem-estar de todos.

– Um tipo de refúgio, ainda não analisei muito bem – respondo. – Mas... – Olho para a janela aberta do quarto de Carl, está um lindo dia de sol e posso ouvir a doce melodia dos pássaros. Por um momento, sinto como se fosse chorar, lembrando de tantos dias normais como esse que eu tive antes da Praga.

– Lindsey?

– Parece um bom lugar – completo, voltando a encará-lo. – Pelo visto há várias pessoas por aqui. O lugar parece ser bem grande.

– Walter e Martin?

– Talvez haja alguma chance de eles terem sido resgatados. A explosão foi causada pelo povo daqui, parece que eles estão fazendo uma “limpa” e procurando sobreviventes. Tyreese e Carol devem ser bastantes importantes aqui, e eles tem um ar de superioridade.

– Judith?

– Está em perfeitas condições, um amorzinho.

– Graças a Deus.

– Descanse – digo enquanto me levanto, ele se senta na cama instantaneamente e me segura.

– Vai me deixar aqui sozinho?

Reviro os olhos.

– Vou.

– Como você é má.

Dou uma risadinha.

– Vou procurar mais dos nossos. Fique vivo até eu voltar, ok?

E saio do quarto.

Tyreese está rondando os corredores, verificando se os “pacientes estão bem”. Me paro ao lado dele, as mãos na cintura, esperando que ele diga alguma coisa, mas ele não diz.

– Acho que está na hora de você me explicar isso, Ty – digo, e parece que Tyreese acaba de acordar de um devaneio. Ele me encara, suspira e dá um sorrisinho leve.

– Eu, Carol e as crianças encontramos esse lugar – começa ele. – Devia servir como asilo. Já faz um tempo, acho que foi logo que saímos da Prisão e começamos a seguir o caminho do Terminus. É enorme, decidimos que serviria como abrigo. Com o passar do pouco tempo já havíamos limpado todo o lugar, mas sobreviventes começaram a aparecer. Sobreviventes com todo o tipo de história, desde policiais até ladrões. Achamos que todos merecem uma chance em um mundo como esse. – Ele aponta em volta, para todo o lugar. – E, então, fizemos disso a nossa casa.


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