Anthony Stark não gostava de não saber das coisas. Anthony Stark não gostava de ser pego de surpresa. Porque, mais especificamente, Anthony Stark gostava de controlar as coisas.

Então o fato que ele soube do atentado a SHIELD por uma reportagem no jornal não o deixou nada feliz. Nem um telefone. Um aviso. Nem uma alma sequer pensou em lhe dizer, Hey, Hydra estava nos controlando esse tempo todo! Ou coisa do tipo.

(...)

Estavam a chamando de agência terrorista. Elaborando qualquer tipo de teoria idiota. Ah, me poupe. Tony não acreditava em nenhuma daquelas baboseiras. Ele queria saber a história completa, mas Fury parecia incomunicável e Romanoff se recusava a atender o celular. Mas pelo amor de deus, estávamos falando de um dos maiores gênios de tecnologia da nossa geração. Não tinha segredos que se escondiam de Tony Stark.

“Hey, Bruce chegou.” Disse Pepper entrando em seu escritório. “Ah, pelo amor de deus Tony, se arrume. Você está parecendo um morador de rua que foi atropelado por um caminhão de lixo. Qual foi a última vez que dormiu?”

“Dormir? Essa palavra não conta mais no meu dicionário, desculpa.” Ele quase derrubou uma xícara de café presente em sua mesa na pressa de levantar. “Dormirei quando puder, meu amor.” Ele respondeu mais cuidadosamente depois do olhar de desaprovação que recebeu. Beijou a sua testa e pulou para fora do escritório.

“Há, Bruce Banner! Ou como eu gosto de chamar adorável abominação verde. Finalmente um rosto familiar tão confuso com o meu. Ideias do que estaria acontecendo? Palpites? Sou todo ouvidos. Aberto a novas teorias. Hm, na verdade não totalmente, pois se a sua teoria for idiota demais descartarei ela. Mas não creio que precisarei chegar a esse ponto.”

“Stark. Bom te ver novamente.” Ele disse levando as palavras sarcásticas do amigo na brincadeira. Os dois apertaram as mãos. “Faz apenas uma hora que o atentado a SHIELD aconteceu. Não acha que devemos esperar um pouco antes de tirar conclusões precipitadas?”

“Meu caro, exatamente. Faz uma hora. Uma terrível e longa hora. Eu quero saber o que está havendo, e quero saber agora.”

“E você precisa de mim por que...”

“Duas cabeças pensam melhor que uma.”

“Ah,” Bruce não pode evitar em sentir certo alivio. Quando descobriu que a Central estava sendo atacada, seu primeiro pensamento foi, por favor, que não precisem de minha ajuda. Sim, podia ser um pouco egoísta, mas ele não era nem um pouco fã do outro cara. Tinha medo de ir ajudar e acabar causando mais dano do que bem. “Então não tem nada a ver com, você sabe, ele?”

“O adorável monstro verde? Não. Bem, não nos chamaram. E se não nos chamaram não precisam da nossa ajuda em combate. Mas isso não me impede de querer me intrometer e ser informado.” Ele abriu um sorriso maroto.

Tony se dirigiu as seus computadores.

“JARVIS como estamos no processamento das informações da SHIELD?”

“Tem alguma coisa me impedindo de vasculhar informações, senhor.” Respondeu a voz robótica vindo de todos os lugares e lugar nenhum.

“Informações da SHIELD?” Perguntou Bruce analisando os hologramas formados no ar. Ele sempre se impressionara com a capacidade de Stark. Sua habilidade com a tecnologia era realmente notável. Mas deus o livre comentar alguma coisa sobre isso com o próprio. Seu ego era capaz de ficar gigante e sufocar todos presentes na sala.

“Ninguém se deu o trabalho de nos avisar sobre o que está acontecendo na Central. Aviões de guerra e explosões no céu? Não parece nada bom. Então resolvi descobrir pelos meus próprios métodos. SHIELD sempre escondera segredos de nós. Quando estávamos em sua nave descobrimos que suas verdadeiras intenções com o Tesseract era construir armas. Imagina o que mais aquela agencia pode ter debaixo do tapete. Depois da batalha de New York fiquei ocupado com, hm, outras situações.” Tony toca quase involuntariamente o peito onde o dispositivo que constantemente salvava a sua vida fora removido. “Mas agora está na hora de voltar ao trabalho, começando por hackea-la. JARVIS, o que está te impedindo?”

“Algum tipo de mensagem, senhor. Está em todos os sistemas.”

“Mostre-a”

Um holograma se formou no ar, projetando grandes palavras que formavam duas frases. Duas frases que fizeram o coração de Tony bater um pouquinho mais rápido, e o choque assumir o controle das suas emoções.

Out of the Shadows, Into the Light.

Hail HYDRA.

“O que...” Bruce tentara botar seus pensamentos em ordem, mas falhara.

“Não.” Tony se negava a acreditar no que lia, no que quer que aquelas palavras signifiquem. “Hydra não existe. Não mais. Isso é apenas um erro no sistema, ou um idiota tentando aparecer.” Ele andou até o painel de controle e começou a pesquisar ele mesmo.

Era verdade. Aquela mensagem aparecia em todo o banco central da SHIELD. Mas o que diabos aquilo significava?

“Hydra... Hydra não era a organização nazista?” Disse Bruce por fim. “Pensei que tinha sido derrotada depois da segunda guerra.” Ele se juntou a Tony nos computadores.

“E foi. Com a ajuda do nosso picolé humano de colante azul e vermelho. A criação da SHIELD se deu com a sua derrota.” Seu pai tinha ajudado a combatê-la. Seu pai tinha ajudado a criar a agencia. Tony sentiu um aperto no peito ao pensar nisso. O que estava acontecendo?

“Senhor, tem alguma coisa acontecendo. Parece que as informações foram liberadas.”

“Conseguiu acessar o sistema?”

“Não, senhor. Parece que as informações simplesmente foram dadas.”

Uma expressão de confusão passou pelo rosto já confuso de Stark.

“Como assim dadas?”

“Vazadas. Alguém compartilhou todo o banco de dados da SHIELD, relatórios, dados, perfils, todo tipo de informação na rede. Tudo o que já passou pela SHIELD para o mundo ver.”

Tony começou a vasculhar. E o quanto mais ele procurava, mais ele odiava o que lia. Hydra estava por tudo. Implantava e espalhada em todos os cantos da agência, desde sua criação. Uma raiva começava a borbulhar em seu peito. Como foi que isso aconteceu? Bem debaixo de seus narizes?

Ele não se sentia triste que a agência fora tomada. Ele não se sentia desesperado, porque perdera o emprego. Não. Tony não era um agente. Ele apenas fazia parte da Iniciativa dos Vingadores, a qual, foi inicialmente reprovado, alias. Não tinha nenhuma obrigação legal com a SHIELD. Mas ele se sentia responsável. Ele devia ter percebido. Seu pai devia ter percebido.

Era frustração e não tristeza, o que sentia. Se sentia impotente. Não pôde e não tinha como ajudar. Era uma coisa fora de seu controle, e Tony odiava estar fora do controle. Seu discurso interno fora interrompido por um arquivo que chamou a sua atenção.

Nick Fury – Eliminado.

Que?

Era um arquivo da Hydra. Afirmava que o diretor havia morrido na mesa de cirurgia. Tony sentiu como se seu coração tivesse pulado uma batida. Fury morto? Só acredito vendo. Mas isso não impediu o surgimento de uma pontada de dúvida no canto de sua mente.

“Merda!” Ele socou a mesa.

(...)

“Tony, eu te imploro, pare de andar pela sala. Você está me deixando mais nervosa do que já estou.”

“Pepper, Pepper, Pepper! Se eu não ocupar a minha mente com algum exercício, capaz de ir atrás de Alexander Pierce eu mesmo.” Tony estava nervoso. Era evidente. A causa de sua aflição foi o telefonema de Maria Hill uma hora antes. Ela prometera uma explicação e relato em primeira mão dos acontecimentos que ocorreram mais cedo naquele dia.

Bruce brincava com seu relógio de pulso no confortável sofá de carmuça branco. Não estava com raiva, ou nervoso, apenas tentava ficar o mais relaxado possível. Todos sabiam o que acontecia quando Bruce Banner perdia o controle de suas emoções e ele preferia evitar um acidente.

“Tony, ela está certa. Andar de um lado para o outro não vai fazer Maria chegar mais rápido.”

Tony emitiu um suspiro irritado e se jogou na poltrona no sofá ao lado de Pepper. Ela começou massagear os seus ombros em uma tentativa de acalma-lo. Passaram- se alguns minutos até que JARVIS interrompesse o silêncio.

“Senhor, Maria Hill está aqui para vê-lo.”

Pepper levou um susto com a velocidade em que ele pulou do sofá e se pôs de pé. No momento em que a agente entrou na sua linha de visão, ele avançou até ela e começou o seu interrogatório.

“Hill! Como diabos vocês deixam isso acontecer? Em um momento é Iniciativa Vingadores tudo flores e alegrias e em outro é Hydra tomando o controle e explosões por todo os lados. E vocês não tinham nenhuma pista, sério? Sério? Nenhuma pista que a maior companhia de espionagem dos Estados Unidos estava sendo dominada por uma organização nazista criada por um maluco de careca vermelha?

“Stark,”

“E que história é essa de Fury estar morto? Ele não pode estar morto. Ele é tipo um ser sobrenatural. Eu não acredito que ele possa morrer, sinceramente. E agora? O que vai ser da SHIELD?

“Stark.”

“E nem para avisar? Sabe um telefonema mais cedo seria muito bom. Aceitava até um e-mail ou uma carta, realmente. Mas é claro, não precisavam da minha ajuda. É, estou vendo como vocês se saem muitíssimo bem sem mim.”

“Stark!” Hill tinha interrompido o seu interrogatório. “Pelo amor de deus, acalma-se. Vou explicar tudo.”

“Bem, então acho melhor você começar a falar.”