Opostos escrita por Mari


Capítulo 24
24. Ethan Gavin Brian.




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Arrumo minha mala vagarosamente imaginando onde Sônia e Heather estariam e quem queria prejudicar Ethan desse jeito, ainda por cima usando a mim e a elas para isso. Ouço o barulho da porta sendo fechada e o encaro sentado na poltrona. Meus pais haviam chegado e subiam as escadas compartilhando gargalhadas. Encaro Ethan pedindo em silêncio que tivesse alguma ideia e ele se levanta indo em direção à janela sem antes me encarar por um bom tempo. Sorrio gentilmente tentando demonstrar que tudo estava bem, mas minha cabeça estava uma bagunça. Meus pais entram no quarto risonhos, mas seus sorrisos logo desaparecem ao ver a mala.

— O que está fazendo querida? – Pergunta minha mãe e meu pai engole em seco. Camille aparece logo atrás deles e cruza os braços me encarando tão espantada quanto eles.

— Eu arranjei passagens para uma cidade próxima. Ainda estou de férias e estava pensando em viajar sozinha. – Enrolo-os, mas seu espanto não some de seus rostos, imaginando por que eu não havia lhes pedido permissão. Penso em milhares de mentiras que pudessem se encaixar e parecer verdade. – Mas só agora me dei conta que a viagem é para hoje e decidi arrumar as malas até vocês chegarem e eu poder pedir a sua permissão então... Eu posso?

Encaro minha mãe e sua expressão se suaviza e ela sorri encarando meu pai que me encara pensativo, observando algum vestígio que mostrasse a mentira que eu acabara de contar, mas por fim ele acaba assentindo.

— Eu a levo você para a estação de trem... – Ele murmura se virando para pegar as chaves do carro, mas eu o paro.

— A Olívia irá me levar e ver se ainda sobraram passagens à venda. Ela quer ir comigo então não se preocupe... Prometo ligar para vocês assim que eu chegar.

Dou beijo na testa de cada um arrastando uma mala pesada até o lado de fora de casa. Ethan já estava lá encostado no muro da casa ao lado e assim que me vê pega minha mala a levando até o carro. Entro em seu automóvel e simplesmente apago. Eu estava com tanto sono que mal notei que já estávamos em outra cidade. Ethan tentava me acordar com um sorriso no rosto, mostrando suas velhas covinhas na bochecha. Me espreguiço sobre o banco do carro. Abro a porta do carro e saio, vendo que um homem segurava as malas, levando as mesmas até o jatinho. Encaro Ethan arqueando as sobrancelhas e ele simplesmente dá de ombros. Um homem caminha até nós com um sorriso gentil no rosto.

— Senhor e senhora Gavin, o jatinho já está pronto para decolar. – Murmura o homem e eu encaro Ethan querendo rir.

— Obrigado, avise ao piloto que já estamos indo. – Responde Ethan e o homem se vira. – Senhora Gavin. – Ironiza me guiando até lá e eu dou uma risada.

O jatinho havia apenas quatro poltronas com uma mesa entre elas e ao fundo uma cama de casal com um cômodo – possivelmente o banheiro – no canto. As malas estavam agrupadas em um lugar qualquer e eu encaro Ethan que sorria.

— Pode voltar a dormir se quiser... – Ele sussurra e eu arqueio a sobrancelhas.

— Não acho que eu vá conseguir dormir de novo. – Digo e me assusto quando vejo mais alguém entrando no jatinho.

— Estou entrando. – Anuncia o cara e eu arqueio a sobrancelha. – Uou... Acho que estou no jatinho errado. – Ele dá um pulo ao me encarar.

Ethan se levanta indo até o rapaz.

— Benjamim... – Ele sorri abraçando o homem que agora, possui um nome.

— Não sabia que tinha uma namorada. – O homem me observa de cima abaixo e nunca vi Ethan tão constrangido. – Ah! Já sei... Vocês são dessa era moderna não é... Só tem um “rolo” – Diz ele fazendo aspas no ar.

— Sou a Sophie. – Mudo de assunto sorrindo timidamente.

— Sei quem você é... Esse aqui falou muito de você. Ethan... Ethan... Você definitivamente puxou seu pai em relação a namoradas. Vocês são uns putos de tão sortudos.

— Sophie, Benjamim irá nos ajudar e é por isso que precisamos sair da cidade. Seja quem for que estiver tentando me atingir, provavelmente já tem acesso a todos os tipos de câmera de segurança dessa cidade. Não seria seguro descobrir sobre ele aqui. – Ethan explica e eu assenti. – Por que não vai descansar? Eu e Benjamim vamos conversar sobre o assunto.

Encaro o homem que sorria animado como se aquilo não passasse de diversão para ele e acabo assentindo para Ethan, tirando meus sapatos e me deitando na cama. Mas eu não conseguia dormir. Se Ethan estava precisando de ajuda, definitivamente, as coisas estavam mais erradas que o costume. Agarro meu próprio corpo, me cobrindo com uma coberta e encarando a pequenina janela que dava visão da bela vista do céu. Fecho os olhos esperando que algum vestígio de sono me atingisse, mas nada. Abro-os ao sentir alguém se deitando ao meu lado.

— Está acordada? – Pergunta Ethan. Conseguia ouvir sua respiração pesada muito próxima de minha nuca. Assenti sentindo suas mãos passarem pela minha cintura me puxando para mais perto.

— Eu disse que não conseguia dormir mais. – Murmuro. – Já estamos chegando?

— Daqui algumas horas. Está com medo? – Questiona e cerro os olhos. Faço que sim com a cabeça. – Não fique. Eu estou aqui.

— Eu sei. – Susssurro me aconchegando no calor de seus braços.

Estou sentada ao lado dele e estamos assistindo a um filme infantil. Nossos pais não estavam em casa e isso era meio que frequente. Estávamos comendo pipoca enquanto o filme acabava mostrando o feliz para sempre. Reviro os olhos.

— Não entendo como pessoas da nossa idade gostam disso. Principalmente as meninas. – Sussurra ele e eu suspiro pesadamente.

— Acho que gostam de acreditar nesse final feliz. Afinal, é uma realidade que todo mundo deseja. – Digo baixinho me levantando e caminhando até a cozinha.

— Você está certa. – Concorda ele e eu o encaro.

— Em dizer que as pessoas gostam de acreditar nisso ou no fato de ser uma realidade que todos querem?

— Em tudo. Eu desejo um final feliz para você, afinal, é minha melhor amiga. – Murmura e eu sorrio.

— É... Eu também desejo um final feliz para você.

Heather

Caminho quase que contando os passos até a mansão de meu pai. Os seguranças me encaravam assustados. Respiro fundo. Eu precisava fazer aquilo porque acima de tudo eu não queria morrer e sabia que Sônia e Logan me vigiavam de longe. Bato na porta algumas vezes e meu pai sai preocupado da enorme casa me dando um forte abraço. Gemi de dor e o mesmo se afasta se desculpando.

— Quem foi o desgraçado que fez isso com você minha filha? – Pergunta ele bufando alto.

— Precisamos mesmo falar sobre isso agora pai? Eu estou cansada e sinto meu corpo responder com dor física a cada passo que dou e a cada palavra que digo. – Murmuro baixinho entrando ali e sendo abraçada pela minha mãe que me guia até as escadas.

Ela estudou medicina então já pediu para as funcionárias arrumarem um cômodo para que a mesma pudesse tratar de meus machucados. Eu finalmente estava em casa e me sentia tão bem. Me sentia livre, a não ser pelo pequeno microfone grudado em minha blusa. O homem que me sequestrara queria ter certeza absoluta de que eu colaboraria com seu plano. E eu não podia recusar. Sentia vontade de chorar.

— Heather. – Meu pai me chama e eu me viro para encará-lo. – Antes que vá, minha filha, só me diga o nome... Apenas o nome de quem fez isso com você...

— Ethan Gavin Brian. – Respondo friamente, e enquanto subia às escadas, arranco o pequeno microfone grudado em minha blusa suja. Já havia feito minha parte e só esperava não ver a cara de Logan e muito menos de Sônia por aí.


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