Opostos escrita por Mari


Capítulo 22
22. Um Porto Seguro.




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Ethan estava correndo enquanto eu me sentava ao lado de Adam. O terror do último ocorrido atormentava até os meus sonhos e eu mal piscava acompanhando a corrida. Eu sabia que ele havia sentido falta daquilo, de toda a adrenalina e do barulho dos motores. Dava para ver até na forma como corria. Sorri de imediato. Ele estava feliz. Por mais que jamais fosse admitir isso, eu não podia ter mais certeza disso. Adam também sorria observando o amigo de longe. Ele era definitivamente um dos melhores amigos que alguém poderia ter. Eu me perguntava há quanto tempo eles eram tão amigos.

— Ele gosta de você... – Sussurra Adam depois de longos minutos de silêncio. Observo-o atentamente ainda engolindo as palavras que ele havia acabado de dizer.

— O que quer dizer com isso? Quer dizer... Como pode ter tanta certeza? – Pergunto gaguejando e arrancando um sorriso de Adam.

— Porque ele nunca foi legal com nenhuma outra pessoa além de mim. E porque na primeira vez que veio aqui, eu vi o jeito que ele olhava para você... – Faço uma careta rindo. – Qual é... Eu sou amigo dele há tempos... Sei quando ele está apaixonado por uma garota, apesar de ser a primeira.

Engasgo com o refrigerante que estava bebendo. Volto a encarar a corrida que havia acabado... E como esperado, Ethan havia ganhado. Ele sai do carro sendo aplaudido por todos, exceto pelos outros competidores. Seus olhos me encontram e ele sorri, caminhando sem desviar o olhar do meu. Adam nos encara e ri, saindo de lá sussurrando algo que não consegui escutar, e sinceramente pouco me importava. Caminho vagarosamente até Ethan com um sorriso tímido. Do nada, sinto um tapa forte em meu rosto e cambaleio para trás. Abro os olhos somente para ver Sônia, capitã das líderes de torcida do colégio. E a última namorada que Dave teve em vida. Recomponho-me rapidamente ao ver Ethan a encarando mortalmente e indo em direção a ela. Agarro seu braço com força.

— Ethan, está tudo bem. – Digo baixinho antes que aquilo chamasse a atenção de todos. Encaro ele por alguns segundos e seus braços relaxam. Não, não estava tudo bem. Mas era melhor Ethan pensar que realmente estava. Observo Sônia confusa tentando imaginar um único motivo para ela ter me dado um belo de um tapa. Dave. Dave. Dave. Dave. E nada.

— Qual é o seu problema? – Adam interfere encarando-a chocado. Nunca havia visto ela aqui. Sônia não é o tipo de pessoa que gosta de lugares como esse.

— Você... – Ela aponta para mim, dizendo entre arfadas. – Você pegou a Heather, não foi? Só pode ter sido um de vocês dois... Já não bastava seu namoradinho idiota ter matado meu namorado, você agora sequestra minha melhor amiga? – Grita Sônia e eu estava pasma. Boquiaberta.

— Ei, ei... Sophie jamais teria coragem de fazer uma coisa dessas... – Murmura Adam.

— Cala a boca cabelo de fogo. Minha conversa é com essa daí. Diga agora onde minha amiga está.

— Eu não sei... E se soubesse eu já teria contado... – Falo calmamente escondendo minha raiva. Odiava estar certa em algo e ainda assim, ser questionada.

— É bom não saber, porque se você...

— O quê? Vai me matar? Me sequestrar? Me torturar? Fique a vontade. Não é como se isso fosse fazer você simplesmente se sentir feliz... – Ela fica calada, me encarando por longos minutos e suspirando. Eu não estava pensando nela ao dizer isso... Para ser sincera, estava pensando em mim e em meu pai.

Por mais que eu odiasse admitir, eu sentia tanta falta dele que doía. Eu sempre me importei com ele. Sempre tentava dizer a mim mesma que não, mas a verdade é que não consigo. O problema dele é sério e no momento em que ele mais precisa de mim, da família, simplesmente começo a fingir detestá-lo. Sônia bufa e se vira caminhando para até o carro de Logan que por sinal estava do lado de fora do carro observando tudo. Um sorriso escapa de seus lábios e sinto Ethan me puxar pela cintura para perto dele fazendo com que o sorriso de Logan evaporasse. Ethan me leva para casa e não trocamos nem uma palavra até ele estacionar na porta da minha casa.

— Então ela não apareceu... – Ethan me encara confuso e eu arqueio a sobrancelha. – Heather...

— Sophie... Eu não tenho nada a ver com isso... – Ele diz baixinho e eu puxo seu rosto para perto do meu.

— Eu sei. Eu sei. Não estou te acusando. Só estou me perguntando onde ela está... E é muito suspeito o fato dela ter sido sequestrada depois de você tê-la ameaçado. – Comento.

— O que quer dizer com isso? – Pergunta prestando ainda mais atenção em mim.

— Quero dizer que se realmente não foi você... É alguém que quer que as pessoas acreditem que tenha sido. Toma cuidado... Por favor. – Sussurro. – O julgamento de Dave está tão próximo e...

— Foi cancelado. – Ele me interrompe e eu fico boquiaberta.

— Como?

— O julgamento. Foi cancelado. Entrar no sistema da delegacia é com certeza mais fácil do que roubar pirulito de criança. Digamos que o delegado Seymour não tem o melhor sistema de segurança do mundo em seu computador. – Sussurra Ethan dando de ombros. – Pensei que seus pais haviam te contado.

— Não... Eles não contaram. – Digo baixinho. – Acho melhor eu entrar.

Ethan me encara com um sorriso no rosto. Abro a porta do carro e antes que eu pudesse sair sinto suas mãos segurando meu pulso firmemente.

— Sophie, eu... – Seus lábios murmuravam meu nome e eu senti um frio na barriga. Encaro-o rapidamente. – Boa noite.

— Boa noite Ethan... – Sussurro sorrindo e correndo para minha casa.

Dou de cara com meu pai estourando pipoca e eu me apoio no batente da porta da cozinha.

— Vai assistir um filme? – Pergunto baixinho. Ele se vira somente para me encarar, arqueando as sobrancelhas e olhando em volta como se esperasse que eu tivesse falando com outra pessoa.

— Sim... Sim, eu vou.

— Qual?

— Ainda não escolhi para ser sincero. – Responde sorrindo cansado.

— Posso assistir com você? – Peço baixinho. As luzes do andar de cima estavam desligadas e provavelmente todos haviam dormido. Menos ele. Como se esperasse que eu voltasse sã e salva. Seus olhos se encontram com o meu. Um brilho especial aparece em seu olhar e ele sorri. Sorri de uma forma que jamais tinha visto em toda a minha vida. Ele sabia que aquele era meu jeito de pedir desculpa mesmo que eu não seja totalmente errada nessa história.

— Claro, claro... Eu adoraria assistir um filme com você filha. – Meu pai sorri e eu o sigo até a sala.

Ele insiste que eu escolha um filme e por mais que eu não gostasse, escolho um filme de animação. Ele me lembrava da época em que assistia com ele quando pequena, todas as manhãs. Sento-me ao lado dele e encosto minha cabeça em seu ombro enquanto ele me puxa para mais perto de si. Então mais uma vez percebo o quanto estava enganada em relação a uma coisa: eu nunca precisei de um porto seguro. Eu sempre tive. E ao olhar nos olhos dele, eu sabia que sempre iria ter. Porque ele era meu pai. O primeiro homem que amei e que continuarei amando.

O primeiro que me ensinou sobre as coisas básicas da vida... E eu senti falta dele porque mesmo estando ao lado de Ethan, não me sentia totalmente protegida. Porque eu precisava dos braços do meu pai. De seu olhar protetor sempre me observando em alguma peça teatral idiota quando eu tinha medo de cair do palco quando era pequena, com os braços sempre preparados para me segurar caso isso acontecesse. Da forma como sempre desligava o celular à noite e se sentava ao meu lado somente para ouvir como havia sido meu dia. E depois de tanto tempo, percebi na sorte que tinha em ter um pai presente. Na sorte que eu tinha, em ter ele como pai.

Heather

Meus olhos estavam embaçados e eu estava com mais machucados do que podia contar. Me sentia observada o tempo todo e aquilo me irritava. Eu sabia que alguém estava ali sentado observando alguma coisa na tela de um computador. Tentei inutilmente identificar o homem, mas eu não o conhecia. Ouço o barulho de uma porta sendo fechada e o homem fica de costas para mim como se quisesse que eu não o identificasse quando alguém entrou no quarto. As luzes são ligadas e eu me espanto encarando o local. Era um quarto completamente sujo com apenas uma escrivaninha. Assusto-me ao ver que Logan estava ali, ele me encara e corre até mim.

— Então... Culpou a Sophie de tudo? – Pergunta o homem e eu mal tenho forças de arquear a sobrancelha. A garota que eu não conhecia assentiu.

— O que você fez a ela? – Grita ele. – Disse que não iria machucá-la.

— Tente não agir como uma criança pelo menos uma vez na vida Logan... Precisamos dela machucada. De todas as maneiras possíveis. – Responde o homem calmamente e eu engulo em seco. – Agora saia de perto dela. – Logan me encara de novo e eu sentia o ódio correr pelas minhas veias. Como ele pode ter feito aquilo comigo? Quero sair dali e chorar. Viro o rosto, não aguentava mais encará-lo... Ouço ele se afastando vagarosamente.

— O que precisamos fazer agora? – Pergunta a garota com os braços cruzados.

— Agora? Você vai sumir por uns dias Sônia... E vamos deixar que Sophie leve a culpa por isso. – Murmura o homem e a tal Sônia abre um sorriso largo que logo se torna uma gargalhada.

— Ethan vai se arrepender por ter matado meu namorado sem nenhum motivo.- Sussurra ela fechando a cara.

O homem iria dizer algo, mas Logan interrompe:

— E deixe-me adivinhar... Anthony vai se arrepender por ter ‘roubado’ sua namorada... – Logan revira os olhos fazendo aspas no ar.

— Pode apostar filho... Pode apostar. Anthony brincou com fogo... Está na hora de fazê-lo se queimar. Blair vai se arrepender de ter o escolhido e Sophie... Vai se arrepender de ter se apaixonado pelo herdeiro da máfia dele.


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