A História de Nós Dois escrita por sayuri1468


Capítulo 5
Último cáp




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Me desculpe, Molly! Por favor, me perdoe!

SH

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– Que roupa acha que devo usar?

O garoto de cabelos cacheados se virou para a menina de cabelos lisos, presos em um rabo de cavalo, ao seu lado.

– Imagino que algo que você goste!

Molly riu.

– Estou falando do baile, Sherlock!

Sherlock exclamou, mostrando que só agora compreendia a dúvida de Molly. Os dois estavam voltando da Scotland Yard. Ele acabara de deixar um dossiê com todas as evidências que comprovavam que a morte daquela bibliotecária, que havia sido divulgada nos jornais como um acidente, na verdade fora um assassinato.

– Acho que um vestido serve! – respondeu ele após um tempo – É o que normalmente se usa nos bailes!

Molly concordou.

– Sim, eu sei! Só não sei que tipo de vestido vou usar! – Molly sorriu tímida – É meu primeiro baile!

Sherlock a observou pelo canto do olho. O rosto de Molly estava corado e seus olhos divagavam.

– No que está pensando?! – perguntou o detetive, chamando Molly de volta pra terra.

– Ué, você não é o grande Sherlock Holmes?! Deduza! – brincou a garota.

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– O que está acontecendo afinal de contas?! – perguntou Molly a Sherlock. John e Mary se entreolhavam desconfiados.

– Molly, sei que a casa é sua, mas poderia fazer a gentileza de me deixar sozinho com os dois por um instante?! – pediu Sherlock enquanto encarava seriamente Mary e John.

Molly assentiu, sem entender o que estava acontecendo. Ela saiu e fechou a porta do quarto. Nem John e nem Mary falaram uma única palavra.

– Sentem-se, por favor! – disse Sherlock indicando a cama de Molly.

O casal se sentou, novamente sem emitir uma única palavra ou qualquer ruído. Sherlock andou de um canto para outro no quarto.

– Agora, - começou o detetive– me entreguem aquela carta!

Mary abriu sua bolsa e retirou um pedaço de papel dobrado. Ela entregou a Sherlock, que após ter o papel em suas mãos, suspirou aliviado.

– Tem ideia do que poderia ter acontecido, caso entregassem esse papel à Molly?! – disse Sherlock

– Sua humanidade seria trazida de volta?! – brincou John.

Mary sorriu.

– Não! – respondeu Sherlock achando graça na brincadeira por uns instantes, mas voltando ao tom de seriedade logo em seguida – Mas mudariam tudo de vez!

– O que teria demais?! – perguntou Mary.

– Então é mesmo Molly?! Quero dizer, é dela que você fala nessa carta?! – exclamou John.

– Eu não estou pronto! Nunca estive e nem sei se estarei! – explicou para Mary, depois virou-se para John – Claro que é sobre Molly! Sobre quem mais você achou que seria?!

John não respondeu.

– Ai diz que você se aproximou dela desde o primeiro dia em que a viu! – rebateu Mary – se não estava pronto, por que se aproximou?

– Não sabia que não estava pronto! Só descobri isso na formatura!

– Mas Molly não foi à formatura! – disse Mary. – Ela acabou de me contar!

– Nope...ela foi sim! – corrigiu Sherlock – Eu que não apareci!

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Molly estava ajeitando seu vestido, ansiosa. Escolhera um vestido lilás. Seus cabelos estavam soltos com as pontas levemente onduladas. Estava nervosa e não parava de olhar pros lados, procurando Sherlock. Estava esperando-o em frente ao salão onde o baile estava ocorrendo, e a cada cinco minutos verificava senão haveria nada para retocar.

Muitos casais e grupos de amigos passaram por ela. Há quanto tempo ela estava lá, não saberia dizer, mas acreditava já fazerem três horas. Pegou seu celular.

Estou aqui, cade você?!

MH

Sem resposta. Molly começou a se preocupar, Sherlock sempre respondia na hora. Decidiu que ligaria, porém antes que completasse de digitar o número, um sms chegou. Molly leu incrédula. Um misto de tristeza, decepção e vergonha se alojaram em seu peito. Ela apenas correu de volta pra casa, decidida a não sair nunca mais.

Me desculpe, Molly! Por favor, me perdoe!

SH

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– Você não apareceu?! – repetiu Mary incrédula – Sherlock! Como pode?

Sherlock não respondeu. Mary interpretou seu silêncio como resignação, e continuou.

– Se for esse o caso, você deve realmente mostrar essa carta pra ela!

– Eu não posso! Você sabe dos sentimentos de Molly por mim, Mary! – justificou – Se eu mostrar essa carta para ela....- Sherlock não finalizou, mas Mary sim.

– Se mostrar essa carta, vai ter que tomar uma decisão! E é disso que você tem medo!

Sherlock sorriu. Mary era esperta, sempre fora. Não pode deixar de admirar a esposa de seu amigo nessa hora. Era impressionante o quanto ela conseguia lê-lo.

– Sherlock, como seu amigo eu te aconselho, mostre essa carta para Molly! – disse John após assimilar toda a história.

– A propósito, John! – começou Sherlock – como você encontrou essa carta afinal de contas?!

– Sra. Hudson me deu! Achou que você tinha escrito para mim, já que você não citou nenhum nome na carta! – explicou John.

– Eu decididamente irei proibi-la de entrar no meu apartamento! – disse Sherlock, sem falar realmente sério.

– Não fuja do assunto, Sherlock! - disse Mary – Mostre a carta para Molly!

– E faço o que depois?! – perguntou Sherlock, como se realmente estivesse esperando uma resposta.

– O que deve! – disse Mary.

Mary abriu a porta e chamou Molly. Os olhos de Sherlock demonstravam surpresa e medo. Molly chegou ao quarto.

– Pois não?! – perguntou a garota sorridente.

Mary virou-se para o detetive e indicou Molly com os olhos. O detetive obedeceu sem emitir uma única palavra. Ele esticou os braços e entregou a carta para Molly.

– O que é?! – perguntou Molly enquanto desdobrava o papel e se sentava em sua cama.

– Você vai saber quando ler! – respondeu Mary.

Os olhos de Molly correram pelo papel. Primeiro ela leu atônita, depois releu emocionada e na terceira vez, estava chorando. Mary ia abraça-la, mas John a impediu e a levou silenciosamente do quarto, deixando Molly a sós com Sherlock.

– Sherlock! Quando...? – Molly nem conseguia falar direito.

– Você leu a carta, você sabe quando! – respondeu o detetive sentando-se ao seu lado na cama. – Eu escrevi logo após aquela noite, mas nunca tive coragem de enviar!

Molly secou as lágrimas com a manga de sua blusa. Ela não sabia o que dizer, na verdade, ela nem sabia se queria dizer alguma coisa.

– Me desculpe! – disse Sherlock – Eu sempre acabo ferindo você de alguma forma!

– O que?! – Molly virou-se irritada pra ele – Você está dizendo que tudo foi pra me proteger de você?

Sherlock confirmou com um movimento de cabeça. Molly se levantou da cama e postou-se de frente para o detetive. Antes que ele pudesse perguntar o que Molly estava planejando fazer, ela lhe deu um tapa com toda a força que pode em seu rosto.

– Seu idiota! – disse enquanto Sherlock massageava a região aonde tinha acabado de levar o tapa. – O que você acha que é?! O que você acha que eu sou?! Acha que meus sentimentos vão mudar só por que você quer?! Só por que você acha que é “um perigo pra mim”?! Você acha mesmo que amar você todos esses anos, achando que eu não era correspondida, foi menos sofrido do que se estivéssemos juntos, com eu tendo que conviver com seu humor?! Eu já convivo com seu humor! Eu não me importo como seu humor! Eu gosto do seu humor, mesmo quando ele é insuportável...

Molly se calou, pois sua boca foi ocupada pela boca de Sherlock. O detetive puxou-a para um beijo. No início, Molly tentou resistir por conta da surpresa, mas não demorou muito para se render aos lábios de Sherlock. Quantos anos se passaram, eles não saberiam dizer, mas quando se separaram, Sherlock a olhou nos olhos e a abraçou logo em seguida. Um abraço forte.

– Você fala demais! – brincou o detetive .

Lágrimas caiam do rosto de Molly. Era um sonho? Quando foi que as coisas chegaram nesse ponto?! Naquele mesmo dia, quando vira Sherlock mais cedo, não tinha o menor indicio de que aquilo iria acontecer! Será que ela acordaria a qualquer segundo a partir de agora? Não! Ela não queria acordar! Não podia ser um sonho!

Ela apertou o detetive mais forte e afundou seu rosto no tórax dele. Fechou os olhos e sentiu o perfume dele. Ele acariciava os cabelos dela.

– Molly..- começou Sherlock – Você não quer se mudar com Toby para a Baker Street? Tem um quarto vago e eu preciso muito de alguém para dividir o local!

– No quarto de John?! – perguntou Molly.

– Bem, quero dar o quarto pro Toby, para compensar por roubar a companheira de quarto dele até então!

Molly riu.

– Vamos sim, Sherlock! – respondeu afundando seu rosto novamente no peito do detetive – Vamos adorar dividir quarto com você!

Ficaram mais um tempo abraçados, até Molly insistir para descerem e falarem com Mary e John, que aguardavam na sala. As notícias foram muito bem recebidas.

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Eu não teria como expressar o pesar que levo comigo depois daquela noite. A fatídica noite em que te deixei esperando por mim. Eu não tenho palavras ou explicações para dar, apenas quero que saiba que ninguém me fez sentir como você fez. Você me deu sua amizade sem pedir nada em troca, você ficou ao meu lado desde o início, mesmo quando todos falavam mal de mim, você nunca se importou e ficou ali por mim, pra mim.

Não existe gratidão suficiente pra isso. Não existe sentimento que compense mesmo aquele que eu carrego em meu peito.

Eu tenho medo, e por isso fugi! Sei que muitas pessoas – e você também – acham que eu tenho controle total das minhas emoções, e até que não possuo emoções, mas estão todos enganados. Eu as possuo e eu não as controlo.

Eu amo você, mais do que me é permitido por mim mesmo dizer. E isso me assusta. Nunca quis ficar tão perto de alguém antes. Nunca fiz tanta questão de ter alguém, como faço agora. Sei que você sente o mesmo, sei dos seus sentimentos. Não é o medo de não ser recíproco que me impede, é o medo de eu não saber lidar. Desde que eu te vi pela primeira vez – antes que você pudesse me ver – eu quis ficar perto de você!

Não quero magoar você. Não quero que meu humor te afete. O tipo de trabalho que faço também é perigoso e pode te machucar. Não posso perder você! Jamais!

Seja feliz, viva a sua vida e me perdoe!

Só tenho mais uma coisa a te pedir, das inúmeras que já pedi: Fique sempre na minha vista.

Se case, tenha filhos, netos, uma família feliz, como você sempre quis e merece ter. Mas por favor, não fique fora da minha vista. Me deixe te ver para que eu sempre possa saber se está tudo bem com você! E acredite, se você não pode me ter, ninguém mais terá!

Eu te amo,

Sherlock Holmes

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– Acho que você me deve um baile! – brincou Molly deitada na cama, com a cabeça em cima do peito de Sherlock.

– Esse relacionamento já está nas fases da cobrança?! – respondeu o detetive, brincando também.

Molly levantou a cabeça e olhou para ele, sorrindo. Sherlock lhe deu um selinho e beijou-lhe a testa em seguida. Molly deitou a cabeça novamente em seu peito.

– Sabe – começou o detetive – Até dá para colocarmos aquelas bolas metálicas aqui no flat! E se abrirmos espaço na sala, dá pra colocar aquele jukebox velho.

Molly sentou-se na cama imediatamente.

– Como você sabe?!

Sherlock a olhou sorrindo. Molly insistiu.

– Como você sabe qual era a decoração, Sherlock?!

– E você provavelmente deveria usar lilás de novo, definitivamente é a cor que mais realça a sua pele!

– Sherlock! – exclamou a menina.

– Eu estava lá, Molly! Atrás da árvore perto da entrada! – explicou – Eu fiquei lá desde antes de você chegar e só sai depois de muito tempo quando você foi embora!

Sherlock acariciou o rosto de Molly.

– Você estava linda!

– Sherlock...seu idiota! Seu grandessíssimo idiota! – com os olhos marejados, Molly o beijou e depois se aninhou em seu colo. Sherlock sorriu.

– Eu sou mesmo um idiota! – disse concordando com Molly. Tinha sido um total idiota, mas não seria mais. Nunca mais.


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