Reborn from the ashes escrita por Cherry Charllote


Capítulo 2
The dawn of a new hope


Notas iniciais do capítulo

Espero que gostem e por favor comentem ajuda MUITO!!kkk



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Ouvi passos no corredor, eram apresados e vinham na direção do meu quarto, desci o meio metro de nada que me separava da cama e voltei a sentar sobre os lenções brancos. Se havia uma coisa que eu tinha aprendido com esses anos, foi que as pessoas não gostão do que não podem compreender, e eu fui uma delas, aprendi da pior maneira.

Estou neste lugar desde meus 14 anos, desde que eu deixei de ser aceita em qualquer orfanato de qualquer lugar, tudo porque ninguém podia me entender ou controlar, nem mesmo eu. Faz tanto tempo que eu estou trancada nesse quarto olhando pela pequena janela de um metro com grades, que não me lembro de mais como é do lado de fora, não lembro como são as ruas, não lembro como são as casas e os prédios, como é a rotina dos cidadãos normais, como é uma tarde de sol em um parque, todas essas coisas simples, mas que não me lembro de como são! Mas talvez eu nunca tenha realmente visto algo do tipo, para que eu possa ter esquecido, afinal não tenho muitas lembranças do tempo que passei no orfanato e menos ainda de antes dele, as únicas lembranças que eu realmente tenho são do tempo que eu passei aqui, nesse quarto de 5 metros de largura e quatro de comprimento com paredes brancas e uma janela pequena, uma cama com um colchão velho, um banheiro minúsculo e pessoas que só entram aqui quando eu estou sedada.

A porta foi aberta fazendo meu olhar desviar em direção a mesma, por mais que eu soube-se quem era (já que no ultimo mês só uma pessoa entrava em meu quarto sem eu estar completamente sedada) já que mesmo durante o dia eu ficava com uma contia significativa de sedativos, o suficiente para me manter com o metabolismo lento e a cabeça um pouco tonta.

A porta fez o costumeiro rangido e se abriu devagar, aos poucos revelando cabelos longos e negros, logo depois o rosto da dona dos cabelos, uma mulher com um rosto jovem, mas cansado pela idade, com olhos negros tristes e um pequeno sorriso, o único que vi em anos e que no ultimo mês vejo uma vez por semana.

Ela entrou no quarto largando sua bolsa em cima da mesa, que havia sido colocada junto com duas cadeiras para a visita de Mikoto caso contrario, ela não estaria ali, pois eram trazidas horas antes da chegada de Mikoto.

–Olá Sakura! Como se sente esta manha?

Mikoto começou a me visitar dois meses atrás, sempre tentou fazer com que eu falasse com ela, mas a única vez que a respondi foi na primeira vez que ela veio me ver, quando perguntei se ela era alguma parente, me conhecia ou era medica, e ela negou ambos, depois disso só falei com ela em momentos raros.

Não passa um dia que eu não esteja sedada, mas, quando Mikoto me visita eu estou muito bem consciente, sinal que os sedativos são poucos ou nenhum.

–Sabe que dia é hoje sakura?

Mantive meu olhar sobre ela, observando-a mexer dentro da bolsa.

–Na verdade são duas datas especiais: A primeira é que hoje faz um mês que nós nos conhecemos, e a segunda é que daqui duas semanas é o seu aniversario de 18 anos! E quem sabe hoje não encontramos um terceiro motivo para ser uma data especial? O que você acha?

–Hum.

Era a minha resposta pra tudo, afinal não tinha sentido em eu falar, me acostumar com sua presença e me apegar a ela, mais cedo ou mais tarde ela descobriria que aberração eu era e iria embora e eu ficaria sozinha de novo, era sempre assim.

–Estou quase convencida de que você esqueceu como se fala.

“Como se fala”? Bem nem mesmo eu sei como eu consigo lembrar as palavras e seus significados, pois há três anos não tenho um dialogo com alguém.

Desviei a direção do rosto para a janela em resposta, mas por curiosidade continuei a observar ela mexer dentro da bolsa com o canto dos olhos.

–Vou ignorar esse seu mau humor, afinal eu sei que lá no fundo você é uma menina muito simpática.

Ela disse vindo ate a beirada da cama e se sentando, mas o caminho todo até ali, teve o cuidado de manter as mãos atrás do corpo. Por impulso inclinei a cabeça para frente tentando ver o que era, devia estar igual a uma criança curiosa.

–Se você tiver um pouco de paciência eu vou mostrar a você.

Ela disse sorrindo enquanto mantinha as mãos atrás das costas. Revirei os olhos e voltei a me escorar no travesseiro encostado na cabeceira da cama. Não dava para entender esse empenho dela em se tornar próxima, de acordo com que eu sei ate um mês atrás ela nem sabia que eu existia, se é que isso pode se char de existência.

– Sakura, quando eu fiz a sua idade minha mãe me deu uma coisa.

Mikoto arrastou as mãos para frente me mostrando a linda imagem de uma caixinha de musica preta com detalhes rosa, ela tinha o formato redondo e por todos os lados da pequena caixinha tinha flores feitas de o que paresia ser fios pratas. Era lindo.

Ela olhava para a caixinha como se nela ouve-se um filme do seu passado, era algo muito importante para ela, isso podia se ver de longe, mas então, porque ela estava mostrando para uma loca em um manicômio?

–Ela me deu antes de morrer, foi dela.

De repente me senti mal, pelo fato de Mikoto ter perdido a mãe, afinal eu não me lembro da minha, nem sei se cresci com ela, só lembro que não cresci em nenhum orfanato, mas perder uma pessoa parecia algo realmente terrível.

–Sua mãe morreu há muito tempo?

–Quando eu tinha sua idade, foi na manhã do meu aniversario.

–Sinto muito.

E realmente eu sentia, e por mais que eu nunca tenha visto ou escutado alguém prestar condolência a outra pessoa algo me dizia que “sinto muito” era o certo a se dizer naquela hora. Mas o que eu ainda não entendia era porque ela estava mostrando algo com tanto valor para ela, e ainda para uma loca em um manicômio que ela conhecia há um mês, não há sentido nisso.

–Obrigada, mas não precisa se preocupar com isso, foi há muito tempo e eu já aprendi a lidar com a perda.

Ela me deu um sorriso triste, mas logo voltou ao habitual sorriso de sempre, então pude me concentrar na principal pergunta.

–Porque esta mostrando pra mim?

–Por que...

Ela largou a caixinha na minha frente, sobre os lenções, me permitindo ver melhor os detalhes, agora podia ver uma flor prata maior que as outras e bem no meio dela uma fechadura. Minha curiosidade só aumentou, olhei para ela com a expressão mais confusa ainda.

–Agora ela é sua, eu quero lhe dar de presente.

Meu espanto era grande, mais um pouco e meus olhos cairiam das minhas órbitas, afinal porque ela queria dar aquilo pra mim?

–Mas você nem me conhece...

–Não como eu gostaria, mas o suficiente para saber que você vai cuidar bem disso e que merece.

Não dava pra acreditar, aquilo tinha valor, valor material e muito mais valor sentimental, porque ela iria dar para uma completa desconhecida?

–Olha! Você deve ter uma filha para dar isso.

–Eu não tenho uma filha.

–Um filho que guarde como lembrança para a senhora então.

De repente o olhar de Mikoto voltou a cair em um poço de tristeza.

–Não tenho um filho, eu...não tenho.

Ela parecia pior do que quando falou da mãe, era quase o mesmo tipo de dor de perda que ela sentia pela mãe, mas muito pior.

Nunca em todas as visitas dela eu havia falado tanto! Ela já havia tentado falar sobre tudo comigo, mas nunca me falou da vida dela.

–Mas porque dar pra mim?

Ela estava confiando uma lembrança da mãe a mim sem nem me conhecer direito? Ela devia estar mal, eu estava com sérias duvidas se era eu que deveria estar naquele quarto, mas por mais doido que isso fosse eu me senti feliz por ela estar acreditando em mim e talvez gostado de mim... isso tinha que acabar. Mikoto não sabia oque eu era e uma hora ou outra ia descobrir, com um espirro eu poderia fazer a caixinha voar na parede, e quando algo do tipo acontecesse, ela me deixaria como as pessoas do orfanato e aquelas que me mandaram pra lá quando eu tinha oito anos.

–Não tenho para quem dar, então vai ficar com você, só peço que tenha cuidado, pois é a única lembrança que tenho da minha mãe e é de muita importância para mim.

Ela falou como se tivesse dado o assunto por encerrado, veio em minha direção para entregar a caixinha, em um pulo sai da cama para tentar protestar, Mikoto pareceu se assustar com meu gesto e soltou a caixinha, e eu vi em câmera lenta quando eu rapidamente estiquei a mão para tentar alcançar, mas foi em vão, pois estava longe de mais e não pude pegar. Fechei os olhos não querendo ver o estrago que viria logo que ela chegasse ao chão, por impulso fechei a mão que avia ficado vazia por não ter alcançado o objeto, esperando ouvir o BAK. Que nunca ouvi chegar.

Abri meus olhos devagar para me deparar com o que eu menos queria que tivesse acontecido a alguns centímetros da minha mão a caixinha estava flutuando, o medo se espalhou em mim, afinal dês do incidente no orfanato nunca mais avia feito algo do tipo na frente de ninguém, eu estava hesitando olhar para Mikoto eu sabia exatamente oque viria á seguir. Desprezo, pavor, incompreensão, afinal quando as coisas não funcionarão desse jeito para mim? Nunca.

Levantei a cabeça lentamente o máximo que pude, não queria ver o olhar de pavor no rosto de Mikoto, o que eu sabia que iria estar lá no momento que eu a visse.

Mikoto não tinha nenhuma emoção em sua face, não havia medo, espanto ou surpresa era como uma perfeita estatua de mármore, certamente ela estava em choque, logo voltaria ao normal e sairia gritando e a suspeitas dos médicos pelo motivo de eu estar aqui seriam confirmadas, afinal eles nunca viram o que eu sei fazer.

Ela se abaixou ate a caixinha com as duas mãos e pegou-a do ar e me encarou com a mesma expressão de mármore de antes.

Eu queria me defender, dizer que eu posso explicar, que não tinha sido culpa minha, mas isso não iria adiantar, como eu poderia me defender? Não dava. Como poderia me explicar? Se nem eu mesma sabia. Se a culpa não era minha? De quem poderia ser então? Ninguém, só minha.

De repente o rosto dela se tornou uma mistura de medo e espanto,

–Há meu deus!

Era isso, agora era só esperar a gritaria e os médicos e os calmantes que me colocariam pra dormir em menos de um minuto.

–Eu achei que você ia a deixar quebrar. Nunca mais me de um susto desses.

Já havia baixado a cabeça esperando os gritos, mas eu quase destronquei meu pescoço pela velocidade que olhei para ela quando ouvi aquelas palavras.

–O que?

Mikoto foi ate a mesa e largou a caixa lá, logo depois virou para mim como se fosse outra pessoa seu rosto mantinha uma expressão seria e sua postura era de autoridade, se não estivesse perdida com a situação estaria intimidada por seu comportamento.

–Antes de te explicar qualquer coisa você vai ter que ficar calma para que eu possa explicar as coisas.

Mais o que? O que era aquilo? Não dava pra entender, o que ela queria me explicar? e porque eu tinha que ficar calma?

–Que coisas? Olha eu não sei se você viu direito mas eu segurei o porta joias no ar.

–Eu sei, e agradeço se você não tivesse feito isso eu teria perdido a única lembrança da minha mãe.

Ela veio e parou na minha frente com o mesmo rosto serio de antes.

–Como assim? Você não vai sair gritando e falando que eu estou possuída ou que sou uma aberração?

Pois foi isso que aconteceu no ultimo orfanato que passei antas de vir para este lugar. Ela deu um de seus pequenos sorrisos e me puxou para sentar ao seu lado na cama.

–Seria hipocrisia da minha parte. Eu sei oque você é Sakura e não acho isso anormal.

Como não? Estou cada vez mais convencida que ela devia estar dentro de uma sala como esta. E como ela poderia saber quem eu sou? Podia ser nova na época mas eu sei que o governo fez de tudo para tapar especulações sobre oque aconteceu no orfanato central de Nova York não tenho certeza porque mas sei que foi feito tão bem que as pessoas daqui não sabem exatamente porque o governo me mantem aqui para um “tratamento” especifico. Ate parece me deixaram aqui para morrer.

–Olha eu não sei oque você esta pensando mas pode parar de fingir que me aceita.

–Porque fingiria aceitar?

Ela perguntou como se a resposta fosse obvia, e era.

–Não sei! pena, medo de eu te machucar, poder ver uma aberração de circo de grassa ou você é loca.

Coloquei ênfase na ultima sugestão. Mikoto revirou os olhos e voltou o ficar seria.

–Se deixar eu te explicar talvez entenda.

Aquilo era loucura, insano, mas quais eram as minhas opções?

–Me explicar oque? Que você não deve ser bem certa para estar aqui? Ou que você é dona de um circo e quer me contratar? Ou...

–Ou talvez que você não é uma aberração, que você não é a única no mundo com um dom, que eu estou aqui para te ajudar, para ti levar a um lugar onde vão ajudar você e que vão te ensinar a lidar com isso. Sakura você tem que entender que você não sebe da metade das coisas que estão acontecendo lá fora, e que você e todos como você estão em grande perigo de vida, pessoas como vocês estão sendo caçados como animais. Eu posso te ajudar, mas você vai ter que entender que negar oque você é não vai te levar muito longe!

Eu estava chocada, tudo que eu tinha acabado de ouvir havia me pegado de surpresa, como poderia ter mais pessoas como eu? Eu não era a única? Que tipo de lugar era esse? Isso não era uma piada?!

Eram perguntas de mais e senti a falta dos sedativos nesse momento, pois a dor de cabeça estava me matando, e não era para menos, tudo isso de uma vez só era muita coisa!

–Não sei. Como posso ter certeza?

–Sou a única pessoa que você pode confiar agora.

Ela estava seria e a postura de autoridade tinha voltado, ela inspirava calma e dava para ver que ela estava empenhada em me fazer acreditar.

–Isso tudo sobre o presente foi um truque?

–Sim... Eu tinha que fazer você se mostrar e não vi outro modo se não esse.

Nunca me senti tão idiota, tomo tanto cuidado para me controlar e fui me deixar cair num truque desses. Era patético.

–Eu não sei, eu tenho muitas perguntas e...

–E eu posso responder, mas não aqui e nem agora, mas primeiro tenho que saber... Quer ficar aqui ou...


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado e não esqueçam de comentar!



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