4 anos depois:

–Laura como você brinca? Com seu amigo imaginário ? Riram todos as crianças da classe.

Todos os dias era assim na escola, em casa, na rua … passados em meio a risada que ela mesma proporcionava , da pior maneira possível , as crianças não riam com ela , riam dela.

E assim seguia mais um dia de aula, como todos os outras ela era castigada pelos colegas , zombada o tempo todo e de nada fazia sua tia , que se quer importava com a presença da sobrinha , nem os diretos da escola que fingiam não ver nada.

Mas naquele dia algo mudaria, ela não deixaria que fizessem aquilo com ela novamente. Um sentimento de ódio e raiva atormenta a cabeça da menina. E 6,5,4,3,2,1 esses foram os segundos que se passaram até que tudo mudasse completamente de apenas um sentimento para algo que se tornasse concreto.

–Você vai se arrepender, seu merda ! Disse Laura com as mãos no pescoço do garoto, enforcando-o até que ele sufocasse. E assim seus problemas acabariam, pensou ela, nesse momento em que o pior dos sentimentos tomassem conta dela por inteiro.

Chegava gente de todos os lados para ver o que estava acontecendo , porque tanto barulho no pátio. Kevin já não conseguia respirar direito, e tentava pedir que ela parasse, mas ela não o ouvia , não ouvia ninguém. Parecia que todos os sentimentos que Laura guardara dentro de si durante esses anos, a cegassem completamente.

Foi então que a diretora da escola viu a cena e se apavorou na mesma hora. Ela via Laura, uma menina em cima de um aluno sufocando-o no pátio da escola com o olhar que transbordava raiva. Imediatamente ela tira Laura de cima dele, logo em seguida ela puxa Laura pelo braço.

–O que você pensa que está fazendo? Disse a diretora, furiosa. Saiam todos daqui, disse ela novamente.

Quando elas estão saindo dali para irem a sala da direção, os outros professores correm para socorrer o garoto. Mas Laura vira-se novamente e cospe na cara de Kevin. Todos ficam perplexos com a cena. Imediatamente ela é levada.

Rosangela, a diretora, manda que Laura aguardasse na sala de espera da secretaria. Ela manda que a secretária chamasse a psicóloga da escola na sala dela e alguns professores para discutir que medidas tomar perante as atitudes da menina.

Laura parecia nem ligar para o que estava acontecendo ela ficara deitada no sofá , assistindo a TV , quase dormiu. Passadas uma hora de discussão a diretora chama ela para uma conversa junto com a psicóloga , que analisaria seu comportamento.

–A senhorita tem algo a dizer? A diretora disse com um olhar de arrogância para Lara

– Vai mudar de castigo? Retrucou.

–Senhorita Garcia a nossa meta e o nosso objetivo não é o castigo, porém ensinar pedagogicamente o que é o certo e o que é o errado. Disse calmamente, mantendo o controle e a educação mas demonstrando no fundo dos olhos a fúria que estava dentro dela

–Blá , blá , blá.. você não é minha mãe pra dar sermão. Me coloca na detenção logo, pelo menos não preciso ficar aqui olhando pra sua cara.

–Vou assinar sua suspensão e ligar para sua mãe. Disse a diretora no auge da fúria.

–Pode ligar pro cemitério eles atendem. Disse Laura com ironia.

Rosangela levou um susto, e ficou espantada com a reação da menina de 12 anos.

– Cadê a sua mãe Laura?

–Morta, debaixo da terra junto com meu pai.

Rosangela fica ainda mais assustada.

–É diretora foi isso o que me disseram quando eu tinha 8 anos, e vi minha casa destruída e meus pais mortos dentro dela, quer dizer o que restou deles. Disse ela com uma lagrima escorregando pelo seu rosto , e o ódio no tom da sua voz e no seu olhar.

‘’-Mamãe cheguei.Disse Laura alegremente.

– Oi minha princesa, como foi a aula? Disse a mãe dela pegando-a no colo com todo o carinho do mundo.

– A aula foi muito legal, a gente se divertiu muito hoje. Disse a menina extremamente feliz e alegre.

–E os estudos? Perguntou a mãe em tom de brincadeira, com um sorriso tão grande e acolhedor que fazia a filha se sentir a menina mais feliz do mundo.

– A mamãe estudar vem depois. Respondeu-a rindo a própria justificativa.

– Depois? Minha menina ta crescendo tão rápido. Disse Juliana com um abraçando-a bem forte.

–Mas seria sempre sua princesinha. Sussurrou a menina.

–Sempre meu bebê.’’

– Laura você está me ouvindo¿ Perguntou a diretora pela quinta vez, tirando Laura dos seus pensamentos e da sua lembrança do passado.

Depois de perceber que havia viajado em seu pensamento ela diz :

–O que foi ¿

–Então quem é a sua responsavel¿

–Minha tia.

–Vou entrar em contato, ela precisa saber do seu comportamento.

–Pode ligar, ela não ta nem ai pra mim. Disse Laura com indiferença.

Enquanto Rosangela, procurava o telefone de Marta com a sua secretária, Laura ficara ali sentada na cadeira pensando em como as coisas haviam mudado desde que ela tinha 8 anos. Ela tinha uma vida perfeita, com pais amorosos , boa situaçao financeira , tinha tudo oque queria. Agora ela estava ali em uma sala da direção, por ter quase enforcado um colega de sala, ela mesmo se assustara com seu comportamento. Mas sua cabeça havia mudado , não era mais aquela menina de 8 anos que brincava de boneca. Apesar de ter se passado apenas 4 anos ela amadurecera muito rapido, a tia , não dava a minima pra ela, não a ajudava em nada. Laura desde pequena teve que aprender a fazer tudo sozinha, ninguem sabia o que ela sentia, nem o que ela pensava; desde a morte de seus pais sabia que estava só e não podia contar com ninguém.

Chega a direto na sala novamente.

–Sua tia está a caminho. Disse.