Te amar não estava nos meus planos escrita por Ana Bobbio


Capítulo 5
Ajudando uma desconhecida.




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Depois que rimos e zoamos ele um pouco, continuamos o jogo.

Bianca pergunta pra mim.

Já se interessou por alguém sem ser o Bruno? Indagou. Uma pergunta um tanto sugestiva, entretanto, nada havia chegado tão perto do que eu sentia pelo Bruno. Eu não sabia definir se verdadeiramente era amor, só tinha certeza que poderia ser algo bem próximo. Não dizem que quando apresentamos alguns sintomas como ficar nervosa quando está por perto da pessoa amada ou até mesmo suspirar é sinal de paixão? Eu sentia isso perto dele como outras coisas.

Não. Nunca. Respondi seriamente. Gabriel olhou-me de forma estranha, provavelmente ele não sabia dessa minha pequena paixão pelo meu colega de classe. Apenas suspeitava. Bianca sorriu ao ver o resultado do chinelo, que dava como mentira. Não! Intervi. É sério, cara, eu realmente sou apaixonada por Bruno.

Não é isso que o chinelo está dizendo. E, infelizmente, a opinião dele é a única que vale. Você já recebeu o cascudo, então, agora é a vez da consequência. Avisou sorrindo de forma perversa, fazendo-me temer por um segundo pelo que ela diria.

Nada muito pesado, por favor. Pedi e Bianca riu. Fazendo-se de ofendida.

Jamais submeteria a você algo muito pesado, amiga. Que isso. Falou de forma debochada.

Vai logo. Gabriel reclamou. Provavelmente curioso com a consequência que ela me daria.

Ok, apressadinho. Amanhã, no recreio, você vai dar um jeito de ir até o Bruno e conversar com ele. Só isso. Eu sei que você vai conseguir. Sorriu carinhosamente. Parei de respirar por alguns segundos olhando-a assustada.

Eu não vou conseguir. Sussurrei engolindo em seco.

Eu sei que vai, amiga. Vamos lá, é fácil. Apenas aproxime-se dele. Orientou-me. Assenti, e ela continuou. Diga oi e aborde algum assunto com ele. Nada mais. Nada menos. Explicou como se fosse simples. Mas para mim não era, não mesmo. Já havia tentado diversas vezes me aproximar dele, porém nunca conseguia dar o segundo passo. Parecia uma idiota sem noção. E isso me irritava completamente.

O jogo continuou.

Segunda-feira.

ANTÔNIA! Minha mãe gritou de seu quarto, tentando me acordar. Peguei o travesseiro e coloquei sobre o meu rosto. Não faça-me ir até ai mocinha! É. Eu tinha que levantar. Do jeito que ela é, não duvidaria que ela jogaria um balde de água em mim. São nessas situações que eu percebo como o amor das mães pelos filhos vem diminuindo.

Já vou. Já vou. Gritei pra que ela ouvisse, bufei enquanto calçava minhas pantufas ainda sentada na cama. Bocejei caminhando até o banheiro. Fiz tudo o que tinha que fazer, quando já estava arrumada, desci para tomar café. Meus pais já estavam na mesa. Sentei-me junto a eles. Aproveitei a mesa cheia de delícias e comi um pedaço do bolo de chocolate junto com o suco de laranja e aproveitei pra roubar algumas rosquinhas da minha mãe.

Comendo desse jeito vai virar uma baleia. Minha mãe comentou fazendo cara feia. Sorri.

Amanhã começo uma dieta. Afirmei com um sorriso aberto.

Você prometeu essa dieta semana passada. Meu pai intrometeu-se com a testa franzida, desfazendo-se do seu jornal matinal.

Sabe como é né pais amados, algumas coisas não saem como planejado. Ri e corri até a sala pegando minha mochila no sofá, sai de casa e fui andando dessa vez sozinha até à escola. No meio do caminho, um carro aproximou-se de propósito e jogou lama em mim. Vi a cara da Jéssica passar pela janela e riu alegre, jogando um papel fora pra que eu supostamente ''me limpasse''.

Ops, amiga. Sujou. Jéssica ironizou referindo-se ao papel que tinha caído sobre da lama, sujando-o também. Naquela hora minha vontade era de esfregar a cara delas na privada. No primeiro lugar que eu visse.

Idiotas! Idiotas! Gritei nervosa. Havia sujado minha roupa toda. Minha blusa antes branca estava completamente irreconhecível. Aderindo a cor da lama. O que eu faria? Não poderia voltar pra casa, não tinha mais ninguém, e muito menos poderia chegar na escola daquele jeito. Se eu matasse aula sem dúvidas ligariam para minha casa perguntando o motivo da minha falta e eu ficaria de castigo pelo resto do ano. Do jeito que são, não acreditariam na minha palavra, achariam que era desculpa. Eu estava perdida, definitivamente.

Droga, droga!

Tirei um caderno da minha mochila e peguei uma folha dele, tentando conter o excesso de lama. Elas me pagariam, disso eu tinha certeza. Não iria deixar por menos, uma coisa que elas não sabiam, é que as quietinhas também poderiam ser más de vez em quando. E eu realmente não estava num dia bom, e a culpa era do bando de vadias da escola.

Deixe-me ajudá-la. Alguém disse por trás de mim, uma voz grave, provavelmente masculina. Virei-me rapidamente assustada e sem querer tropecei na minha mochila que estava no chão. Justamente quando eu estava a um centímetro do chão, braços musculosos e fortes envolveram-me rapidamente, fazendo o chão encontrar-se tão perto e meus cabelos caíram para frente, impedindo uma terrível e vergonhosa queda. Impedindo que o meu dia se tornasse bem pior.

Quando eu pensava que as coisas não podiam piorar. Hoje definitivamente não é o meu dia. Revirei os olhos. Ele somente riu ainda me segurando em seus braços. Foi um tanto estranho a situação. E ridícula. Ainda não tinha o visto, tinha visão só um de seus braços em minha cintura e outro segurando o meu braço, apenas ouvia sua voz. Merda. Eu estava ali nos braços de um possível aluno da escola, numa situação totalmente desagradável, toda suja de lama e provavelmente com o cabelo todo despenteado e com a pior aparência possível. Não que isso fosse a minha principal preocupação, mas poderia futuramente ser motivo de risadinhas desnecessárias. Levantei a cabeça ajeitando meu cabelo e pude finalmente vê-lo, seus cabelos claros e sua pele um pouco pálida, não exageradamente, o suficiente para fazê-lo ser atraente. Poderia me soltar? Indaguei reparando que de repente ele se calou. Meio sem jeito, ele o fez. Ajeitei-me o máximo que conseguia, implorando que os meus fios rebeldes voltassem a se comportar. O que só deve ter piorado a minha situação. Ele olhou-me de cima a baixo fazendo minhas bochechas se avermelharem. Ele reparou e riu, fiz cara de poucos amigos, o garoto tentou conter suas risadinhas desnecessárias. Felizmente depois de cinco segundos contados conseguiu.

Pra sua sorte eu sou novato nesse colégio. Então, acho que posso chegar no meu primeiro dia de aula sem a camisa do colégio. Disse. Franzi o cenho, não entendendo.

O que isso tem a ver comigo?

O tal novato tirou a camisa de uniforme do corpo e eu arregalei os olhos. Não esperava que fizesse isso. Deixou a mostra seu físico fazendo-me prender os olhos naquela região por algum tempo indeterminado.

Menina? Acabei voltando ao normal quando me chamou, pelo visto, reparou que eu havia me perdido pela sua expressão, ele segurava uma risada. Eu odiava ser motivos pra risos, porém tentei me controlar para não parecer ignorante. Afinal, querendo ou não, ele havia me ajudado e muito. Praticamente salvado a minha vida e a minha liberdade.

Não precisava... Quer dizer, sim. Pus a mão na testa, confusa. Ok. Peguei a camisa que ele me oferecia. Como vou vesti-la? Questionei ao notar que estávamos no meio da rua. E, ao contrário dele, não iria ser nada legal eu tirar a roupa estando ali. Depois me toquei que aquela resposta era meio óbvia, pelo modo que havia a formulado. Acho que não tem mais ninguém vindo... Todos já devem ter entrado, então, vire-se para que eu possa me trocar. Expliquei.

Não me importo de ficar do jeito que estou. Sorriu de lado, bagunçando o cabelo de forma indiscreta.

Vira agora. Cerrei os olhos. Ele riu e virou-se finalmente rindo de mim. Sorri contente e tirei a blusa suja, ficando só de sutiã ali no meio da rua. Eu definitivamente não batia bem. Mas, como dizem, quem está na chuva é pra se molhar. Conferi se o garoto ainda estava cumprindo o que ordenei e depois coloquei a camisa agora limpa. Era um pouco maior que a minha mas serviria. Ele se virou e sorriu ao ver sua blusa em mim. Que tal? Mostrei-me no meu novo traje feliz da vida como se estivesse usando um vestido de gala.

Só deixe esse cabelo para trás. Narrou ao se aproximar, aproximou também seu polegar no meu rosto e, mesmo que eu devesse, não recuei, tocou seu dedo em minha pele causando-me um certo arrepio e pegou a pequena mecha de cabelo que estava na minha cara e colocou atrás da minha orelha. Quando finalizou, encarou-me mais uma vez.

— Está ficando melhor? Sussurrei timidamente.

Excelente. Está... mais linda. Sorriu, inesperadamente, eu sorri de volta. Por mais que eu não quisesse, suas palavras causaram-me um certo desconforto e ao mesmo tempo deixou-me muito melhor. Um dia que aparentemente seria o pior da vida agora parecia não ter sido tão mau assim. ''Linda.'' Ai está uma coisa que ouvia muito pouco de alguém. E felizmente suas palavras pareceram sinceras. Acho melhor irmos, não quero chegar atrasado logo no meu primeiro dia de aula. Falou e eu acordei do pequeno transe, concordando logo após.


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Notas finais do capítulo

Ai está!! Já há suposições pra quem pode ser essa pessoa que ajudou a Tônia? se tiverem podem falar que no próximo capítulo descobrirão, haha!! bjsss



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