Etérea escrita por Maya Poltergeist


Capítulo 1
Capítulo 1 - Saci


Notas iniciais do capítulo

Leiam com carinho.



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Luana Silver é um nome conhecido e temido dentro do submundo sobrenatural que se alastra por todo o país. O nascimento, na década de 90, da moça que atualmente possui 21 anos marca o estopim do ressurgimento dos super dons. Nos ultimo 300 anos ninguém além dela havia nascido com todo o seu poder paranormal desperto. Isso trouxe prestigio para sua família mas muito sofrimento para a jovem que, desde o nascimento, convive com a sina de machucar as pessoas e a si mesmo por não conseguir controlar todo o seu potencial.

Não podendo ser criada em seu núcleo familiar fora deixada quando ainda muito criança aos cuidados de um casal de anciões do Ministério Sobrenatural. Estes também se mostraram inaptos a ajudá-la, apesar de não sofrerem as conseqüências dos surtos explosivos da menina. Quando tinha 7 anos de idade sofreu um acidente que ninguém presenciou e o poder que se acumulou até então explodiu fazendo com que ela quase morresse. Foi quando o casal com consentimento da mãe da garota fizeram o impensável: lacraram seu poder. Apesar do lacre, o ectoplasma da menina ainda vaza e com isso a garota que nascera a mais forte teve seu poder apenas reduzido.

Mas esse não é o segredo mais bem guardado da jovem, não podendo revelar sua fraqueza a ninguém ela precisou de apoio. Foi nessa busca de proteção que ela conheceu Selene, a única filha dos Marion, uma família de Feras Dragão que ainda possui sangue forte. Apesar de ter esbarrado na menina quando ainda criança foi quando se reencontraram com 15 anos que as duas criaram um vinculo. No exato momento quando Luana descobriu o maior pecado da família dracônica, um crime punível com a sentença de morte pelo Ministério: esconder um Híbrido.

. . .

Luana estava escorada na varanda de sua casa descansado após terminar de almoçar, era um dia pacato. Uma leve brisa fria destoava do tom árido e quente que se instalava desde cedo e trazia um alivio para todo aquele calor. Como nasceu e foi criada em Brasília a jovem estava mais que acostumada com aquele clima. Ouviu seu celular tocando e resmungou antes de atender.

– Hey . . . –Respondeu a ligação desanimada.

– Hey, seguinte se arruma e vem me buscar que a gente tem trabalho. – A voz feminina do outro lado da linha falou energeticamente.

– Tudo bem comigo, tudo ótimo. Como assim trabalho? Eu to descansando. –Grunhiu.

– Aff! Achei que você queria um Saci para a sua coleção. – Selene provocou.

– Você falou Saci?! Vou me arrumar, em 15 minutos estou ai. - Luana nem esperou uma resposta, desligou o telefone e se apressou para se arrumar.

Luana trabalha como Detetive Paranormal que é um cargo no Ministério Sobrenatural. Esse é o menor cargo possível dentro do órgão e o único motivo da jovem aceitá-lo é manter as aparências. Uma Paranormal nível 7 como ela levantaria suspeitas se não tivesse começado uma carreira relacionada aos seus poderes cedo. Considerando que esconde o fato de que só consegue usar seu poder até o nível 3, levantar suspeitas pode ser mais perigoso que aceitar responsabilidades que não consegue cumprir. Porém o trabalho que corria para cumprir não era oficial e sim algo que fazia por fora por interesse próprio.

. . .

Foi num furgão preto buscar a amiga, assim que chegou no local saiu do carro para que Selene dirigisse. As duas tinham aparência bem diferentes. Luana tinha o cabelo castanho meio ondulado com uma semi franja, olhos pretos quase arroxeados, pele clara e estatura grande tendo seus 1,68m de altura. Já Selene tinha cabelos longos pintados de azul turquesa, pele morena jambo, olhos pretos ônix e estatura baixa tendo apensa 1,53m de altura.

– Então, para onde estamos indo Sel?

– Parque da Cidade, na clareira que tem os banquinhos de cimento, perto do lago e do bambuzal. Você sabe onde é, quando éramos protótipos de gente já fomos lá beber.

– E como lembro, foi quando eu descobri que se dormisse bêbeda meus poderes se manifestavam sozinhos.

– Eu pessoalmente adorei a experiência anti gravidade. Mas quase revelamos nossos poderem para humanos.

– Aquilo foi perigoso. - Luana estava sorrindo torto. – Que bom que não deu em nada.

O local que era perto da casa da Selene, não passaram nem 10 minuto até já terem chegado e estacionado o veiculo. Luana abriu o bagageiro do furgão que estava lotado de aparelhos de filmagem e monitores entre vários outros materiais de registro, como termômetros e gravadores. Pegou uma filmadora de mão que tinha visão noturna e infravermelha e entregou para a jovem mais baixa.

As duas não conversaram muito enquanto seguiam para o ponto de investigação. Lá remexeram as folhas secas do local e analisaram as casacas das arvores por inscrições fora do normal para descartar espíritos baixos e artimanhas de pessoas má intencionadas, filmando tudo para analise. Após mais meia dúzia de análises as duas se entreolharam e abriram sorrisos grandes e cheios de malícia.

– Dessa vez é de verdade. A gente achou o desgraçado. – Selene falou.

– Dessa ele não escapa, bora pegar as coisas. – As duas correram uns 300 metros até o carro, Luana chegou ofegante ao contrario de Selene que parecia nem ter andado aquela distância.

– Você pega a garrafa e a peneira que eu vou descansar um pouco. – Luana sentou no chão sem nenhuma delicadeza.

– Mas tu é fraca hein?! – Ironizou.

– É por isso que eu preciso de proteção. – Respondeu com um sorriso cínico.

Voltaram e tomaram seus postos de tocaia esperando que algum redemoinho aparecesse. Nos primeiros quinze minutos estavam atentas e ansiosas, mas conforme o tempo passava foram ficando entediadas. Sabiam pelo bestiário da Luana que sacis ficavam 7 dias em cada local de passagem e haviam registros dele há 6 dias no local então teriam apenas aquela chance de capturá-lo. Depois de esperar duas horas elas começaram a se preocupar por conta de sacis só aparecem de tarde e a noite começou a cair. Foi então que sentiram uma corrente de ar forte. As duas levantaram e viram o monte de folhas que fizeram começar a se espalhar até aparecer um redemoinho.

Selene pulou pisando em cima de uma mesa de churrasco do local e do alto do impulso jogou uma peneira de palha trançada em cima do redemoinho que se desfez. Em baixo da peneira começou a vazar uma fumaça espessa vermelha sangue e Luana correu com a garrafa para aprisionar ao saci. Infelizmente ele foi mais rápido tomando sua forma real destruindo a peneira, voltou sua atenção para a telepata que estava a sua frente.

– Você quer me capturar, menina?

Luana engoliu a seco antes de responder. – Se eu quero? Eu vou.

– Porque não negociamos então? – A criatura era uma mistura do Saci das ilustrações infantis com um gênio de olhos fulminantes e um cinto enfeitado com um enorme rubi no centro.

– Acha que eu sou tola? Não negocio com trapaceiros. Vai fazer o que? Me oferecer desejos? – O rosto da jovem demonstrava uma confiança que ela não tinha.

– Eu posso, mas se não tiver interessada posso oferecer poder. – Nessa hora ele se aproximou e sorriu perto do rosto da menina. – Mas vejo que é mais inteligente que isso. – Ele deu uma pausa. – Pena que é fraca.

Então a criatura levou suas mãos ao pescoço da Luana e começou a enforcá-la. Gemeu e olhou para onde estava Selene ficando preocupada de não encontrá-la. Lutava contra a força bruta da criatura usando seus poderes de Telecracia, porém era difícil se concentrar com falta de ar. Estava quase sufocando quando viu um vulto passar entre ela e o saci e depois se projetar como sombra enorme com asas que logo tomou forma de um enorme dragão preto arroxeado. A enorme Fera usou de suas garras para arrancar Luana da mão do gênio soltando uma risada feroz.

– Podem escapar, mas não podem me capturar suas crianças tolas.

Então o dragão abriu a boca e colocou a língua para fora e nela estava o rubi do saci que a avistá-la urrou de raiva. Luana foi colocada no chão e sorriu com a pedra em sua mão.

– Agora podemos negociar. – Tinha uma maldade em seu olhar. É de conhecimento geral que, ao obter o gorro do saci é dado ao possuidor três desejos, porém são poucos os que sabem que a pedra do saci é a única maneira de matar a criatura. Naquele momento Luana tinha a vida do monstro em sua pequena mão.

– O que quer de mim? Posso te dar toda riqueza, poder, o que quiser. Apenas me devolva a pedra.

– Eu quero algo muito mais valioso que isso. – A menina ficou séria. – Eu quero você. – Ela apontou a garrafa aberta na direção dele. Na rolha da garrafa tinha um símbolo de proteção marcado. – Ah, mas tire seu gorro antes.

E assim ele fez, contrariado e raivoso enquanto era sugado para garrafa. Luana virou sorrindo para a Selene em forma dracônica.

– Nós vencemos!

O enorme dragão voltou a ser uma sombra que se reduziu retornando a sua forma humana.

– É claro que vencemos, já imaginou que mico um dragão perder?! Vish, seu pescoço tá feio! – Comentou ao perceber uma marca vermelha no local. – Desculpa, se eu tivesse acertado melhor a peneira ele não teria escapado e podíamos ter evitado isso.

– Do que você está falando? De onde eu vejo deu tudo certo.

– Você deveria ligar para a Alice e pedir para ela olhar o seu pescoço. – Selene falou preocupada com a amiga que não parecia ver a situação com seriedade.

– Não vou abusar da paciência dela Sel, fora que isso é que nem chupão: só tem cor, não dói nada. Deve passar em alguns dias. Vamos lá para casa, podemos lanchar e guardar ele na coleção. – Ela sorriu sacudindo a garrafa.

. . .

As duas chegaram à casa de Luana e foram direto para um quarto que parecia um depósito, repleto de prateleiras cheias de objetos curiosos como chifres de demônios, escamas de sereias, ervas raras e outras coisas que pareciam saídas de um covil de bruxa. Colocaram o gorro e a garrafa em um local vazio de uma das prateleiras que Luana havia deixado separado especialmente para aquele espécime.

Naquele momento, ambas pressentiram uma presença atrás delas, porém quando se voltaram não encontraram nada. Elas se entreolham sérias mas apenas saíram do cômodo sem olhar para trás perdendo o vulto que se posicionou a frente ao saci antes de apagarem as luzes.

As duas se encaminharam para a sala onde na mesa havia bolo, pão de queijo, croissants, entre outros exageros que Luana estava acostumada a preparar. Selene começou a se servir enquanto esperava a outra pegar as bebidas e foi quando ouviu o barulho da Luana caindo e vidros se despedaçando de contra o chão.


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Notas finais do capítulo

1: Bestiário é um livro que classifica e ilustra animais e seres mitológicos.

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