Innocence NejixTenten escrita por Mile Mieko Chan


Capítulo 7
A Sétima Noite (Parte 1)


Notas iniciais do capítulo

E depois de quatro longos meses... Aqui estou eu de novo! (Na maior cara de pau, achando que não vou levar bronca por isso e.e)
Bem, pessoal, finalmente consegui finalizar o capítulo 7, fazer a capa e tudo mais. A escola tem pegado muito no meu pé nos últimos meses (não é desculpa fajuta, é verdade!), e esse negócio de ENEM tem torrado meu cérebro bastante também ~além das cinco provas de toda sexta-feira~, por fim, motivos suficientes, creio eu, para não ter conseguido postar mais nada até agora. Honestamente, perdoem-me!

Boa Leitura!

P.S.: Muitíssimo obrigada pelas 507 visualizações!! São muito importantes para mim!



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Era difícil fazer um penteado firme num cabelo tão liso como o de Hanabi. Quando, por fim, conseguiu algo satisfatório eram quase nove da manhã. Apressou-se para chamar a figura séria que, desde muito cedo, observava algum ponto da cidade sobre uma das árvores do jardim dos Hyuuga.

— Neji-kun!! – clamou apoiando-se no parapeito de proteção do corredor superior. Ouvindo-a, numa manobra rápida, foi ao seu encontro.

— Algum problema? – perguntou serenamente.

— Sua apresentação... Faltam duas horas... – alertou, encarando-o.

— Vocês estão muito belas esta manhã, Hinata-sama – sorriu desajeitado, mas com compostura, notando quando Hanabi saiu do quarto.

— Bem... – disse um pouco envergonhada pelo elogio – Se esse é o jeito que encontrou para dizer “Desculpe-me por ter esquecido que era hoje depois que você tanto avisou”... Sem problema – sorriu. – Só não se atrase, está bem?

Sem esperar resposta, afastou-se rumo à escada acompanhada pela irmã mais nova, virando-se apenas para dar um último recado.

— Neji... – voltou-se para ele percebendo que este ainda a encarava – Será que... Poderia pedir a Tenten-chan para passar por aqui ainda hoje?

— Em quanto tempo? – questionou um pouco receoso pela ideia.

— Hum... – refletiu, concluindo radiantemente, e seguindo seu caminho logo depois – Duas horas.

*~*~*~*

Acordou sentindo-se estranhamente bem. Olhou para o relógio no móvel ao lado da cama. Nove e quinze da manhã. Desdobrou-se espreguiçando cada músculo antes de colocar-se de pé. Não trocara de roupa na noite anterior, livrando-se, no momento em que levantou, das vestes brancas que protegiam seus ombros. Levou-as consigo até encontrar uma cadeira, próxima à cozinha, onde pudesse larga-las para preparar um chá.

Chegando ao cômodo seguinte, após o longo corredor, abriu a janela e deu um suspiro relaxado, sentindo a brisa tomar conta do ambiente. Virou-se para pegar água num recipiente metálico sobre uma das prateleiras com potes e vidrarias, quando o mesmo refletiu algo que a deixou desperta. De imediato assustou-se, mudando, logo depois de encarar tal ser, para uma expressão longe de indicar boas vindas.

— O que é que você quer? – fitava-o friamente.

— Parece que dormiu bem à noite. Não esperava que meu cheiro surtisse tal efeito em você – comentou de forma tranquila, ignorando a ameaça em seus olhos.

— Do que está falando, idiota?! – disse notavelmente irritada – Por acaso andou me espionando com esse seu poder ocular ridículo?

— Lembre-se que uma de suas melhores amigas não gostaria de ouvir isso de você – lançou mão de seu sarcasmo intimidador.

— Não meta a Hinata nisso! Ela não tem culpa de ter o mesmo sangue imundo e desonesto que o seu!

— Parece que alguém acordou com problemas... – continuou imperturbado, aproximando-se dela.

— Você sabe muito bem qual é o meu problema – rebateu na esperança de que entendesse a indireta.

— Claro que sei – passou por ela alcançando um pequeno recipiente de porcelana na prateleira mais alta e retirando-lhe a tampa para mostra-la um pote vazio. – Sem chá.

— Ah! Saia logo daqui!! – fez um gesto de repulsa com uma das mãos e encostou-se a pia, olhando para a janela aberta. A irritação retornou aos nervos quando ouviu o tinir de seus utensílios de cozinha sendo remexidos pelo intrometido ninja de cabelos longos. – M-Mas o que pensa que está fazendo?

— Não é óbvio? – falou já com tudo o que precisava em mãos e mostrando-lhe um saquinho com folhas e pétalas moídas de alguma coisa que não conseguiu identificar.

— Não acredito que veio até minha casa pra me fazer um chá?! – estava indignada. Esperava algo mais importante de uma visita súbita como aquela. Puxou um banco alto de madeira e colocou-o no mesmo lugar onde se apoiava, sentando em seguida.

— Na verdade não... – disse concentrado acendendo uma das labaredas do fogão – Hinata pediu que comparecesse à nossa casa ainda hoje, parece que precisa falar com você.

Imediatamente lembrou-se sobre a data. Tanabata Matsuri! Como pôde esquecer? Hinata ofereceu-se para costurar alguma coisa que pudesse usar no festival, já que não encontrara nada adequado para a ocasião. Há quanto tempo não ia a um festival, mesmo? Permaneceu pensativa até que uma xícara surgisse diante de seus olhos, exalando um aroma inebriante.

— Posso saber o que o metido a cozinheiro preparou? – disse levantando-se e tomando o objeto de suas mãos, moderadamente calma.

— Cerejeira. Espero que goste – ironizou o tom.

— Espere... – disse antes que a bebida tocasse-lhe a boca – Está... Gentil, não acha? – repousou a xícara sobre a mesa e colocou-se mais perto dele com cautela.

— É um estorvo pra você? – olhou-a desconfiado.

— Não, só... – aproximou-se lentamente – Um pouco cortês demais... – parou – Galanteador? – mostrou-se em dúvida. Ele apenas abriu mais os olhos e aumentou a distância entre ambos, num instante desviando o olhar e não sabendo de onde, nem como, a faca que apontava para si fora parar em suas mãos. – É bom mesmo que seja o Hyuuga... E pro caso de não ser, eu o mato assim que tomar o meu chá – sorriu de forma tão ameaçadora quanto estava sua voz, dobrando a atenção dos olhos perolados para a lâmina no momento em que a cravou na mesa, acertando-o com um punho fechado logo depois.

— Por que RAIOS fez isso?!! – urrou caído no chão.

— Continua sendo você? Hum... Bom saber que não era um jutsu.

— Você é mesmo estúpida! O que a fez pensar que eu a atacaria?

— Nada – disse voltando a sentar-se e com a xícara em mãos novamente. – Mas se não fosse você teria sido um golpe bastante útil – bebericou sem pressa, vendo-o se levantar. – Está bom...

— Bom? – caminhou em direção a ela de cabeça erguida, enfatizando a mancha avermelhada em sua pele alva, e com o mesmo tom de ironia do início da conversa.

— Hum... – murmurou levando uma das mãos ao seu queixo e virando-lhe o rosto para analisa-lo. – Perfeito! – sorriu.

Ele já não sabia se falava do chá ou do leve hematoma em sua face. Parecia ter sido proposital, mas preferiu ignorar tal pensamento e ver o que faria em seguida.

— Pegue algo frio na geladeira e coloque nisso aí... – disse despreocupada, saindo da cozinha e mostrando apenas sua cabeça pela passagem – Vou tomar um banho, Hyuuga. Hinata deve saber que chegarei lá em uma hora e... Tente fechar a janela quando passar por ela, sim? – falou sorridente como se ditasse ordens a um empregado e saiu definitivamente do cômodo, dirigindo-se ao banheiro.

Não é necessário dizer o quanto aquilo o deixou furioso. Antigamente era ele quem ditava as regras, e agora, com uma mísera troca de olhares, ela o colocava nas mãos e o derrubava daquele jeito? “O que aconteceu aqui?”, pensou. Seria o que chamam de...

*~*~*~*

Por volta das dez horas, Tenten encontrava-se na mansão Hyuuga. Estava no quarto de Hinata ajudando-a a organizar um traje, visivelmente masculino, rodeado de inúmeros acessórios próprios de uma grande cerimônia.

— Pra que tudo isso, Hina? – perguntou curiosa.

— É a cerimônia de iniciação do Neji-kun como membro ativo do clã. Serve para dar direito de assumir o controle de assuntos mais confidenciais, por assim dizer, quando necessário.

— Pensei que o cargo dele como jounin já fosse suficiente – falou sem demonstrar interesse.

— E é, mas sabe... Meu pai resolveu voltar com algumas tradições depois que ele chegou – comentou sem muita vontade.

— Mas vocês não são tradicionais por natureza? – ela riu da observação.

— Sim, mas... É Tanabata Matsuri! Por que não? – disse feliz por comemorar com quem faltava, depois de tantos anos. Retirou-se por um momento para buscar o kimono que fizera.

A jovem esperou, encarando as vestes à sua frente com um mau pressentimento.

*~*~*~*

O sol estava forte, mas isso não impedia a andança da beldade pelas ruas. Tinha olhos verdes encantadores e fios longos e loiros caiam sobre seu kimono, que arrastava pelo chão de forma delicada e indiscreta. Muitos encaravam, incrédulos, tal beleza, em parte oculta por vestes negras e poucas estampas. Uma sombrinha tão rutilante quanto sangue impedia que os raios a tocassem, destacando-se junto à tintura forte ao redor de seus orbes finos e pravos.

*~*~*~*

Tomou a liberdade de sair à procura de Hinata após quinze minutos esperando. Não se sentia bem sabendo que, a qualquer momento, o Hyuuga que lhe abordara mais cedo poderia aparecer, não sendo diferente o que viu quando passou pela porta, arrependendo-se por ter chegado mais cedo que o esperado. Pararam em frente um do outro e ela o encarou por alguns segundos.

— Estúpido – falou asperamente.

— Posso saber o porquê do elogio? – ironizou.

— Como pode deixar uma mulher te acertar? Que vergonha! – riu da situação.

— Prefiro ser acertado por uma mulher que pelo “brinquedinho” que ela estava segurando... – assinalou.

— Poderia desviar dos dois da próxima vez... – disse passando por ele – Já que a sua excelência é tanta!

Sabia que ele teria respondido não fosse Hinata aparecendo ao final do corredor e indo em direção a ambos. Ele entrou no quarto sem cerimônia e trancou a porta atrás de si. Tenten fora conduzida para outro cômodo e apresentada ao miraculoso trabalho da amiga.

Alguns minutos mais e de lá saía uma shinobi estonteantemente linda como nunca havia sido vista antes. Usava um coque único que valorizava as laterais bem desenhadas de seu rosto e uma flor púrpura presa a um dos lados da franja curta.

— Só falta mais uma coisa... Espere um momento, Tenten-chan – disse afastando-se.

— Mas assim já está ótimo, não acha? – disse tomada por um tom de vergonha, esperando que Hinata voltasse novamente do quarto.

Os Hyuuga não eram muito chamativos quanto ao que vestiam. Mas só porque algo foge dos holofotes, não significa menos importância ou elegância. Todos se trajavam uniformemente. As cores costumavam mudar de ano em ano, mas não importando a ocasião, era o tipo de clã que sempre se destacava em termo de sutilezas e ternura.

Ela voltou com outra vestimenta em mãos, um tipo de capa que é usada por cima do kimono em si, a qual apresentava finíssimas estampas florais e um dragão azul na parte inferior. Vestiu a tímida em sua frente no instante em que duas senhoritas, já com certa idade, passavam por ambas no corredor, também prontas para a tão falada comemoração. Ouviu murmurinhos vindos delas, provavelmente elogios voltados a Hinata, porém não pôde deixar de notar olhares curiosos sobre si também. Realmente era difícil ficar à vontade numa casa com tantas pessoas.

— Neji-kun já deve estar pronto... Vou chama-lo, venha comigo – disse puxando a jovem por uma das mãos, não lhe dando outra escolha senão segui-la. Bateu na porta discretamente apressada, o relógio passando das onze.

— Não precisa disso, Hinata-sama. A cerimônia é somente ao meio-dia – disse ele ao sair.

— É você quem vive a dar sermões sobre pontualidade. Ande logo! – comentou ela, impaciente, dando-lhe leves tapinhas nas costas.

Tenten chegou a estranhar a forma com a qual Hinata vinha se comportando nos últimos dias. “Deve ser a maturidade chegando...”, observou mentalmente sabendo que, mesmo agindo como adulta, um lado insistia em continuar inibido. Algo que pulsava mais forte com a presença de certo alguém – não presente naquele momento. Hinata tomara a frente, soltando sua mão e não notando seu olhar pensativo.

Esbarrou em Neji quando chegaram à escada, devido ao desequilíbrio que as getas[1] lhe proporcionavam. Instintivamente, segurou-a. Mais uma troca de olhares e o rubor fez com que se afastassem. A única coisa que ocupava sua mente àquele milésimo de instante era evitar qualquer contato com ele. Caminhava aflitamente enquanto olhos claros e curiosos a observavam por trás.

*~*~*~*

Ino e Sakura já estavam na praça principal desde cedo. Algumas apresentações de dança e música já tinham acontecido e um grupo de artes marciais chinesas se comprometia em deixar a plateia boquiaberta. Muitos conhecidos estavam por lá, sendo mais notável a presença de um clone da inspetora Anko em cada barraquinha de dangos[2] que fosse possível encontrar no evento.

Coincidentemente o aniversário de Kiba e Akamaru localizava-se na mesma data e, não muito longe dali, uma turma de garotos fazia a festa num pequeno bar improvisado - acompanhados, claramente ou não, por um grupo de professores.

— Vê se não deixam o professor Gai beber demais. Ele tem uma aposta a acertar comigo... – dizia Kakashi lendo um de seus rotineiros livros de bolso.

— O Gai-sensei é tão responsável quanto você pensa!! – disse Lee confrontando-o.

— Acho que você não é o mais indicado pra falar de bebida, não é mesmo, Rock Lee? – satirizou Kiba, arrancando umas poucas risadas dos demais.

— Dattebayo!! Lembro de uma vez que ele ficou embriagado com um bombom de licor que o doido do professor sobrancelhudo deu pra ele! – lembrava Naruto confuso – Hum... Hey, Kakashi-sensei! – animou-se, puxando-o pela manga do yukata.

— O que é que foi agora, Naruto? Não tá vendo que estou lendo?

— Deixa esses livros pra lá! Se liga, onde posso encontrar esses doces que fazem você queimar todo o seu cosmo e ser o herói da parada? Hein? Hein? – pentelhava com esperança de resposta e um sorriso estúpido no rosto.

— Primeiramente, não tenho acesso a essas informações e, mesmo que tivesse... Não ia ser uma boa ideia contar pra alguém impulsivo como você.

— Bah! Eu nem queria mesmo! – fechou a cara e permaneceu sentado.

— E qual seria o segundo ponto? – perguntou Shikamaru, ainda concentrado na partida de shogi[3] com o professor Asuma.

— Bem... É só que esse negócio de queimar o cosmo não é do nosso roteiro... – voltou os olhos para o livro novamente.

— Alguém sabe se o Neji vai aparecer? [Lee]

— Mas é claro que vai! Hoje é a apresentação dele como responsável pelo clã! – disse Gai com sua pose habitual e um sorriso brilhante. - E nós vamos... [N/A: pausa dramática] AJUDÁ-LO A OFUSCAR TUDO E TODOS COM A CHAMA DA JUVENTUDE!!!

— Essa não... Torcida organizada de novo? – comentou Kakashi angustiado.

— NE-JI! NE-JI! NE-JI!!... [Gai e Lee sacudindo os braços em coreografia]

— Mas eles nem chegaram ainda... – falou Kakashi sendo ignorado por ambos – “Acho que não vou aguentar isso por muito tempo...” Pessoal, vou dar uma volta. Encontro com vocês depois – disse com um aceno.

— Ué, mas já vai? – estranhou Naruto.

— Tenho umas coisas pra falar com a Hokage. Melhor encontra-la antes do carrinho de sakê! – sorriu, desaparecendo.

O pequeno bar tinha uma visão privilegiada do festival por ficar numa elevação do terreno. “Os Hyuuga devem chegar logo”, pensava Naruto memorando a imagem de alguém que há pouco não via.

# *~*~*~* #

Não é necessário dizer o número estrondoso de pessoas – ou deveria dizer fãs? – que, deslumbrados, encaravam a família que acabara de chegar. Teria saído dali o mais depressa possível se não fosse por Hinata puxando-me gentilmente pelo braço.

Era vexaminoso apresentar-me ao público em meio aos Hyuuga. Não por causa de Neji, mas pela intromissão de minha parte. Deveria ter ficado em casa ou mentir dizendo que apareceria mais tarde, pois os olhares que antes eram de admiração converteram-se para as mais dubitáveis máscaras quando se voltaram para mim. Ainda permaneci, de certo modo, calma, porque nenhum deles parecia incomodado, nem mesmo o senhor Hiashi – que na ocasião apresentava um semblante mais que orgulhoso, apesar de sereno.

Andando em meio a multidões, alcançamos o palco principal. Tanto Neji quanto seu adversário não utilizavam roupas de praticantes de kendo[4], sendo que fui, mais tarde, informada que era apenas uma luta simbólica, com espadas que sequer possuíam lâmina para corte.

Àquela altura era quase certo, para quem não conhecia Neji como eu, que ele perderia no primeiro golpe; seu oponente parecia um touro de tão exagerados que eram seus músculos. Chegava a ser uma situação ligeiramente bizarra. Porém, apesar de todos os assuntos mal resolvidos entre nós, algo me impulsionava a olhar para ele. Por mais improvável que fosse para mim, minha confiança nele estava ainda... Viva?!

# *~*~*~* #

Ambos combatiam com excelência. Não importava qual golpe o oponente tentasse, ainda que testando o Hyuuga, este sempre tinha uma resposta. Deixou muitos atônitos quando quase fora acertado no pescoço, abaixando-se no último segundo e mostrando a ilustre lâmina de sua espada em posição de defesa, o que fez o brutamonte desviar, parecendo irritá-lo e mudando o estilo da luta para algo mais deliberado. Não era de fato kendo, mas agradava o público da mesma forma, senão mais que isso.

Neji parecia dançar sobre a pequena arena, por vezes deixando o mal-humorado à frente a ponto de explodir. Parecia muito fácil para ele, até presenciar um golpe mais forte que o lançou de um lado a outro da área, não sendo, entretanto, o suficiente para deixa-lo fora dela. Segundos depois, continuava imóvel; os barulhinhos de conversas paralelas começavam e uma espécie de apresentador encarava-o discretamente temendo algo grave.

Os olhos da jovem kunoichi, porém, não abandonavam o palco, fazendo um sorriso de canto repentinamente surgir quando percebeu o movimento da finíssima espada sendo tocada novamente. O gigante dos cabelos ruivos aproximava-se de forma lenta, com uma arma branca semelhante e pesada erguida, pronto para dar o golpe final. A pouca distância fê-la temer. Quando o impulso foi dado pelo adversário, num salto e rotação perfeitos, passou por cima de sua cabeça o ninja dos olhos claros, desaparecendo por trás do enorme misto de carne, ossos e expressões desagradáveis.

Era uma pena o seu tamanho não compensar a pouca agilidade, pois perder equilíbrio num giro único o jogou frente a um golpe fatal. A espada ‘Jinkaku[5]’ o encarava fria e ameaçadoramente, quase lhe tocando o pescoço e decidida a atravessá-lo se necessário. O olhar vitorioso de Neji não soava diferente. A luta chegara ao fim.

O Hyuuga fez uma reverência ao hipotético inimigo após embainhar a espada. Desceu do palco de apresentações sem fazer muita cena, sendo aplaudido com vigor pelos loucos eufóricos na área inferior. Tenten pôde ver seu tio sussurrar-lhe algo no ouvido discretamente ao passar e seguir para onde estava indo, sorridente. Seja lá o que tivesse dito, não deixou o sobrinho com o melhor dos humores. Este, por sua vez, desapareceu em meio ao tumulto que se acalmava para ouvir novamente o apresentador. Hinata interrompeu seu acompanhamento de cenas, chamando-a.

— O que acontece agora? – perguntou Tenten ainda olhando para a área, vendo o forte e desajeitado ninja levantar-se e lançar um olhar durão à plateia.

— Hum... – direcionou o olhar para o mesmo local – Bem, acho que os reais praticantes de kendo devem subir agora. Podemos curtir o festival normalmente.

— Mas como aquilo aconteceu?! Parecia ter sido uma pancada forte, você não acha? – questionava com a mente desconsertada.

— Neji-kun parecia bem quando saiu de lá... – observou Hinata, de súbito notando a presença de alguém que conhecia em um canto. – Tenten-chan... Dispensaria minha companhia por alguns minutos? – perguntou um pouco sem jeito.

— Err... Claro... Algum problema? – encarou-a.

— É que... Estou um pouco preocupada com a Kurenai-sensei. Ela não tem passado muito bem ultimamente.

— Está indo encontra-la? – Hinata respondeu com um aceno negativo. Vozes da multidão faziam árdua a tarefa de ouvi-la.

— Vê aquelas mulheres de kimono xadrez ali? – indicou timidamente, em meio às pessoas que passavam, duas moças bastante elegantes, vestidas em tons escuros e claros como peças de um yin-yang – São parentes dela.

— Ah... Tudo bem, Hina – concordou. – Conte-me se souber de alguma coisa, estarei com Kiba e os outros garotos. Sabe onde fica?

— Sei sim... Avise ao Kiba que chegarei logo – concluiu num tom sereno, retirando-se.

*~*~*~*

“Malditas getas!”, pensava enquanto andava desconfortavelmente pelas ruas movimentadas pelo festival. Procurou algum local onde pudesse se sentar e, chegando a um velho assento de madeira, apressou-se com uma kunai para folgar uma das costuras que a incomodava.

— Bem melhor! – aliviou-se ao colocar os pés no chão novamente. Continuou rumo ao seu destino recebendo olhares atrevidos de alguns garotos, os quais ignorou com toda vontade do mundo. Nem ela mesma se reconheceria de tamanha que era a airosidade do que usava. Roupas simples, porém finas, que passavam uma imagem mais amável do que estava acostumada a mostrar. De uma maneira ou de outra, estava...

— Brilhante, Tenten-chan... – dizia Lee, quase babando sobre o prato de macarrão de arroz que comia.

— Não diga essas coisas! – falava excessivamente ruborizada, não sendo vista quando entrou no local. – Já não basta a vergonha que passei enquanto vinha para cá com tanta gente me olhando... – sentou-se ao lado do colega de equipe.

— Nossa... – disse ainda impressionado. – A Hinata não perde nada em questão de estilo – engoliu rapidamente. – Só acho que deveria ter um pouco mais de verde nisso aí.

— Se é uma tentativa de me presentear com uma daquelas suas roupas, pode esquecer! – falava depressa, abanando-se freneticamente com um leque.

— Não, não... – riu um pouco. – Verde dá sorte! – comentou decidido, voltando a comer e conversar enquanto o fazia.

Kiba se aproxima com uma bandeja munida de bebidas para cumprimenta-la.

— Olha só quem chegou... Seja bem-vinda!

— Meus parabéns! – sorriu em resposta. – Eu até o abraçaria se não estivesse tão ocupado... 

— Contratar garços sairia caro, só aluguei o espaço e minha mãe me ajudou com umas coisinhas – explicou animado – A Hinata não vem? O Naruto quase enlouquece quando contei que ela estaria aqui, hehe... – sussurrou, debochando um pouco.

— Ela está tentando descobrir o que aconteceu com a professora Kurenai. Deve chegar logo...

— Ah, então ela ainda não sab... – alguém o chamou do outro lado. – Err... Parece que o Akamaru roubou os chinelos do Shino de novo... Espera aí! – saiu dando um leve batuque no balcão.

— Não é certeza... – Lee voltou a falar, finalmente terminando de comer. – Mas parece que ela e o professor Asuma estão de casamento marcado.

— Sério? Fico muito feliz por eles! – sorriu maravilhada. – Espero que outros casais se formem também... – desviou o olhar para Naruto. Rock Lee captou a mensagem, concordando.

— Você já fez algum pedido, Tenten?

— Devo ter passado por muitas árvores de bambu pelo caminho, mas não prestei atenção a isso. Você já?

— O Gai-sensei me levou até lá logo quando chegamos. Você bem que poderia ir com o Neji, ele também não...

— Ah, Lee! – interrompeu, deixando certa fúria transparecer e virando o rosto para o outro lado. – Não pense que eu esqueci o que você fez na casa do Naruto...

— Só estava tentando ajudar. Foi o Gai-sensei que...

— AQUI ESTOU EU, JUVENTUDE MARAVILHOSA!! – apareceu repentinamente, assustando os dois.

— Está louco?! Não nos assuste assim!

— Minha jovem Tenten, a juventude problemática vem lhe subindo a cabeça? - um sorriso complementou a alegria que emanava de sua voz.

— Acho que o problema dela começa com outras letras, Gai-sensei – Lee sorriu mentirosamente inocente, recebendo um olhar assassino.

— Não me sinto bem, apenas isso! – tocou a testa com a ponta dos dedos.

— Estamos num local alto, aqui o ar é mais fresco... Tente relaxar um pouco, minha cara – Gai apoiou uma das mãos em seu ombro, voltando um olhar de relance para Lee.

— Acho que tem razão... Volto logo – afastou a cadeira onde estava e saiu do bar, dirigindo-se a um local mais aberto, decorado com árvores de pedidos em papéis coloridos.

— Acho que conseguimos, sensei! – avistou ela se afastar.

— Ao Poder da Juventude!! – brindou a investida animadamente, arrastando o aluno para se divertir com os outros.

*~*~*~*

Kakashi caminhava há algum tempo quando finalmente encontrou Shizune, carregando uma porquinha conhecida e ocasionalmente vestida nos braços.

— Professor Kakashi! Não esperava vê-lo por aqui! Curtindo o festival? – cumprimentou-o contente.

— Bem... – coçava a cabeça. – De fato, não... – encarou-a seriamente. - A Godaime está por aqui?

— Também estou procurando... – disse confusa. – Problemas?

— Na verdade não sou eu... – começou sem saber como transmitir. – São os ninjas das tropas especiais que encontrei desacordados no caminho pra cá. Parecem ter sido envenenados com alguma coisa, não estavam mortos, mas inertes como pedras. Creio que algum de vocês deve ter um antídoto, se bem sabe do que estou falando...

— Essa não... – falava abismada. – Não é possível que ela tenha voltado...!

 

[1] Calçados altos, geralmente de madeira, comumente utilizados por gueixas e maikos (gueixas aprendizes).

[2] Bolinho japonês feito com mochiko (farinha de arroz), relacionado ao mochi (bolinho recheado, também feito com arroz). Geralmente é servido com chá verde, como aperitivo.

[3] Versão japonesa do jogo de xadrez.

[4] Arte marcial japonesa moderna, desenvolvida a partir de técnicas tradicionais de luta com espadas, utilizadas pelos samurais no Japão feudal (ver: kenjutsu).

[5] Do japonês, “personalidade”.


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Notas finais do capítulo

Gente, desculpa, eu sei que esse capítulo ficou bem grandinho. (:P) Vou tentar não fazer outro desses u.u' Não percam as capas e os especiais no blog! (Posto mais coisas tão logo for possível.)

Se tiverem alguma crítica acerca do capítulo ou da história em geral, não hesitem em enviar. Comentários são muito bem-vindos! (Estou com saudade deles!)



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