O bracelete mortal escrita por queen


Capítulo 1
Vigilância noturna e sonho persistente




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CAPITULO 1

Acordei no meio da noite ouvindo o barulho de uma ave gritando, me levantei o mais rápido possível, o seu cantar era tão forte que seria capaz de acordar a todos naquele castelo. Era vermelha com cauda e asas enormes que ao voar pareciam pegar fogo, ela me olhava intensamente e voava desesperadamente para todos os lados como se procurasse uma maneira de chegar até mim, mas eu não entendia porque, já que minha janela estava aberta e não havia mais nada que a impedisse de vir a meu encontro. Só que ela não conseguia e ficou ali por horas. Até que de repente simplesmente pegou fogo e desapareceu.

E foi nesse momento que eu acordei, confusa e intrigada, não por causa do sonho, mas porque era a terceira vez naquela semana que eu sonhava com isso e não sabia o porquê. Foi ai que eu percebi. Tinha alguém sentado em uma cadeira perto da porta do meu quarto me olhando sem nem ao menos se mexer, aquilo me deixou assustada e me fez levantar um pouco na cama para tentar ver melhor - ainda estava escuro acho que estava no começo da madrugada - e então notei que essa pessoa percebeu que eu tinha acordado e começou a andar na minha direção, meu medo aumentava cada vez mais, era impossível distinguir quem era nas luzes tremulas das velas, até que ele chegou perto o suficiente para eu descobrir. Eu nunca tinha percebido, mas Pedro era de certa forma assustador e de dar medo a qualquer pessoa, principalmente à noite. Ele perguntou se estava acontecendo alguma coisa e eu o respondi com outra pergunta:

- O que você está fazendo aqui, você sempre me vigia? - perguntei um tanto irritada.

- Não sempre, mas ultimamente sim com mais freqüência. – respondeu.

- Por que ultimamente com mais freqüência? - disse confusa.

- Não é da sua conta, por tanto volte a dormi. - falou e voltou a se sentar na cadeira

Foi um pouco difícil voltar a dormir depois de tudo aquilo, porém acho que fui vencida pelo cansaço e pela dor de cabeça que começava a me afetar e só dei por mim quando acordei novamente mais tarde. Estava claro e já não havia mais ninguém ali a não ser eu e as coisas do meu quarto. Isso me deixou aliviada.

Levantei e troquei de roupa, imaginando que era tarde o suficiente para me atrasar para o café, então tirei a camisola branca que estava e pus um vestido simples, esverdeado e preto com uma pequena manga e fiz um coque em meus cabelos negros, o que foi um pouco dificultado pelo fato de que meu bracelete ficava enganchando em meu cabelo, por isso demorei um pouco mais.

Desci as escadas da torre direita do castelo, onde ficava o meu quarto, até que pudesse chegar à escadaria principal, que me levaria à sala de jantar, e como havia previsto meu pai já estava à mesa, rodeado por quilos de comida que poderiam ser capaz de alimentar pelo menos cem pessoas. E então me sentei junto a ele pra mais uma refeição de pura tensão, já que era difícil estabelecer uma comunicação entre nós.

Durante anos de minha infância eu tentei conversar com meu pai, mas sempre era respondida de forma fria e direta, e foi quando ele me disse o porquê que eu não tinha mãe que eu desisti totalmente de falar com ele. Naquela época meu pai simplesmente parou por um estante, olhou para mim, pensou por um tempo e disse: “Você, você é o culpada por não ter uma mãe.” Eu não entendi aquilo e perguntei por que, foi quando ele me olhou com um cara de triunfo e respondeu: “Você a matou quando nasceu ela teve que morrer para você nascer, o que pra mim foi um erro terrível, pois preferia que as duas tivessem morrido de uma vez” e terminou a frase com um olhar de ódio em sua cara. E a partir desse dia em diante eu nunca mais perguntei nada a ele. Mas hoje eu não estava conseguindo me segurar, eu queria saber por que estavam me vigiando, era um direito meu ter pelo menos privacidade, já que a liberdade fora me tirada.

- Pai, - falei, mas ele nem se quer olhou para mim – PAIII, - praticamente gritei.

- O que foi desça vez, quem morreu? Disse de forma ríspida

- Minha privacidade. - respondi e ele me olhou de forma como que dissesse, hã?- Por que tem uma pessoa me vigiando durante a noite, você por acaso tem medo que eu fuja daqui?

- Ah, é isso? – falou – sinceramente bem que eu queria que você fugisse mesmo, mas nos ainda precisamos de você, então digamos que isso é para sua própria segurança, está bom assim?

- Não, não está – falei praticamente gritando – por que o senhor me trata assim, e quem são essas pessoas que precisam que eu fique viva, até parece que quer me ver morta.

- Chega, vai pro seu quarto e não me apareça aqui até que esteja um pouco mais domesticada. – disse levantando-se da mesa e apontando para as escadas, como se quisesse na verdade me bater ou coisa pior.

Sai de perto dele imediatamente, eu sentia raiva dele, o que era horrível já que ele era meu pai, mas eu não conseguia, por mais que eu tentasse e ele me dava nojo, talvez pela forma como ele me tratasse ou sei lá, a única coisa que sei é que não quero vê-lo por um bom tempo. Fui direto para o meu quarto, o único lugar que eu podia freqüentar naquele castelo, com tudo isso já não importava mais, pois era aonde eu queria estar naquele momento.

Subi correndo as escadas e me joguei na cama assim que cheguei para poder enfim chorar em paz, porém não era um choro de tristeza e sim de raiva, raiva por ter um pai como aquele, raiva por eles me manterem trancada nesse lugar sem me dizer o porquê, raiva por não ser boa o suficiente para ninguém, raiva por de certa forma ter matado minha mãe e por querer matar o meu pai e raiva por simplesmente ser eu.

Passei horas deitada na tentativa de me sentir um pouco melhor, porém de nada adiantou, então quando se iniciava o crepúsculo decidi me levantar para ver o por do sol. Meu quarto ficava de frente para a praia e tinha um vista incrível, era realmente muito impressionante e a única coisa que eu gostava desse lugar.

Fiquei horas na janela do meu quarto observando o universo do qual eu não tinha contato, já que sou proibida de sair do castelo. E apesar de conseguir ver a praia dali essa era a única coisa que podia ver já que as janelas desse lugar eram mantidas fechadas, mas isso não importava, pois nada mais tinha valor quando eu estava diante do mar e das estrelas.

Depois de um momento percebi que já estava ficando tarde e foi quando eu senti alguém tocar o meu ombro, me virei rapidamente em reflexo, era Pedro novamente, o meu “vigia noturno”, eu não sei por que, mas ele me dava medo, o motivo era desconhecido, porém talvez pela forma como me olhasse, um olhar de certa forma de raiva ou de nojo - não sei explicar - ou talvez pela sua própria figura, pois já era de se esperar o medo de um cara alto, magro, com olhos fundos e corcundas, sem contar o tique que ele tinha nas pernas e nas mãos - onde era mais visível - como se ele tivesse sofrido um acidente e aquilo fosse uma seqüela. Definitivamente estranho, para não dizer feio. Ele veio me dizer que estava na hora de dormi, o que foi estranho, pois até aquele momento, eu nunca tive toque de recolher, mas como eu não estava nem um pouco afim de mais uma discussão, então simplesmente assenti com a cabeça e me deitei, para facilitar o seu trabalho.

Apesar de Pedro ter saído depois de ter falo aquilo para mim eu demorei um pouco para dormir, porque eu tinha quase certeza que ele voltaria para me vigiar daqui a alguns minutos e não é nada legal você dormir com a sensação de estar sendo observada, ainda mais por um cara amedrontante como aquele. E embora eu achasse que ele viria isso não aconteceu, pelo menos até o momento que eu estava acordada.

Às vezes eu sonhava que estava voando e era maravilhoso porque parecia muito real e se tornava surpreendentemente incrível, eu era capaz de sentir o vento batendo em meu rosto e coração acelerado, no entanto o mais divertido de tudo era que eu voava em uma espécie de cavalo alado, o que era basicamente impossível, porém eu adorava imaginar o surreal, imaginar coisas que desafiam as leis da vidas passadas para mim, e toda vez que eu tinha esses sonhos eu me sentia bem durante o dia todo, era como uma nova dosagem de vida para uma pessoa a beira de uma morte causada pelo tédio, por isso resolvi que não ia tomar café lá embaixo hoje, para evitar traumas maiores e não ter que terminar com rápido efeito da dosagem de vida.

Fiquei durante vários dias na minha própria companhia, pois segundo o meu pai não era para eu sair do quarto até que estivesse domesticada e como eu não me sentia um animal selvagem para ser domesticado resolvi ficar por ali. Eu percebia que em algumas noites estava sendo vigiada, mas não eram todas elas, parecia que tinha um cronograma a ser seguido nos dias que eu tinha e que eu não tinha que ser “acompanhada”, porém isso não fazia diferença só era mais uma coisa não explicada que acontecia comigo, porque sinceramente eu nunca fui uma ameaça nem mesmo para uma mosca quanto mais para um “reino e seu rei”, mas como diziam que era para minha segurança eu tinha que aceitar – como sempre -, sinceramente eu nunca vi uma pessoa tão mais ameaçada do que eu, porque até mesmo dentro do castelo eu não podia ta perambulando.

Com tudo eu já havia aproveitado esses dias de vigilância para tentar estabelecer uma conversa com Pedro e descobrir algumas dessas coisas, no entanto isso não funcionou, pelo contrario ele ficava irritado quando eu fazia certas perguntas, então resolvi deixar para lá. E foi depois de alguns dias que as respostas começaram a ser reveladas.


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