**Visão da Anna**

G: Hã?

A: É, vai uma cerveja?

G: 1°: você bebe? 2°: onde você vai arranjar cerveja essa hora da noite?

A: 1°: eu bebo, é uma história longa... 2°: caso você não tenha visto uma vez sequer, eu tenho uma geladeirinha no meu quarto, lembra? Minha mãe nunca mexe nela, e eu escondo as cervejas num fundo falso. Só bebo quando estou triste, ou quando algo acontece...

G: Tipo?

A: Ah, tipo, quando meu dia não foi legal, ou quando um vizinho chato vai lá em casa, aí eu bebo.

G: E as garrafas?

A: Eu tenho uma cestinha pendurada embaixo da varanda do meu quarto. Durante a noite, eu jogo as garrafas ali e no dia seguinte de manhã bem cedo eu as jogo no lixo.

G: Nossa, e como eu nunca vi essa geladeira e nem essa cestinha?

A: Homens nunca reparam os detalhes.

G: Nós vamos beber?

A: Hoje vamos. Vem. – Dando minha mão a ele.

Pulamos as varandas, pegamos algumas garrafas de cerveja, nos sentamos na varanda do quarto do Gerard e ficamos conversando. Nisso Mikey chegou, e ficou bebendo conosco. Dos três, Mikey era o mais moderado e o mais sóbrio naquela noite, mas mesmo assim ficou bêbado também. Fomos dormir e eu peguei uma blusa do Mi (eu dei esse apelido ao Mikey, ele é tão fofo!) e uma calça do Gee (apelido do Gerard. Os dois apelidos eu inventei bêbada.).

 Eu não sei por que, mas eu estava adorando dormir no quarto dos meninos, eles tinham um cheiro tão bom! Mikey tinha uma fragrância suave, delicada, mas ao mesmo tempo masculina. Gerard tinha uma fragrância mais forte, mais marcante, mas era também suave e misteriosa.

Bem, os cheiros eram bons. Eu sempre fui assim, escolhia os amigos mais íntimos pelas fragrâncias. Era uma mania que eu tinha desde pequena. Bem, voltando ao assunto, peguei uma blusa do Mi e uma calça do Gee e fui dormir. Nós três apagamos na hora e acordamos tarde no dia seguinte. Tarde mesmo, eram 2 da tarde!

A ressaca acabou nos deixando lerdos, mas nada que um banho não resolvesse. Fui a primeira a levantar, troquei de roupa e esperei os meninos, que ainda nem tinham levantado. Fui na varanda e fiquei olhando os pássaros, e entrei no quarto novamente e vi os meninos acordando.

[/Anna's POV]

A: Bom dia! Como estão com a ressaca?

M: Eu não fico de ressaca, minha linda!

A: Também nem bebe! Em compensação, na primeira garrafa já falava besteira o suficiente pra uma pessoa muito bêbada.

M: Pô valeu! Você também fala besteira pra caramba quando tá bêbada. Ainda tive que ficar te ouvindo reclamar que não tinha mais cerveja...

A: Foi você que arrumou minha cama?

M: Foi, e fui eu que troquei a roupa daquele ali. – Apontando pro Gerard.

A: Você não trocou minha roupa, né? – Ficando vermelha só em pensar nisso.

M: Claro que não! – Disse ficando vermelho. – Eu não sabia onde estava sua bolsa com as roupas, então ouvi você pedindo pra dormir com a minha blusa e com a calça do Gerard. Só te dei a roupa e te levei no banheiro. Depois disso eu fechei a porta e esperei você sair.

A: Ah, valeu então! – Ficando muito sem graça - Antes de descer, vamos arrumar a varanda logo.

G: Não precisa, minha mãe arrumou. Ela deve ter pensado que eu bebi sozinho.

A: Bom dia pra você também.

G: Bom dia.

A: Mas na varanda tinha o triplo de garrafas que você beberia. – Os garotos se entreolharam. – Não é?

M: Na verdade...

G: Eu bebia muito mais do que aquelas garrafas todas juntas.

A: Quê?

G: Quando eu disse que tinha um problema com bebidas, era um problema mesmo.

A: Aimeudeusdocéuoquefoiqueeufiz?

Gerard ficou meio tonto com a “frase” dita por Anna na velocidade de um narrador de corrida de cavalos, e, além da careta de interrogação (uma sobrancelha pra cima, a boca meio aberta, os olhos fixos num determinado ponto, além da lentidão em processar o que foi dito), Gerard consegui soltar um “Hã?”.

A: Eu...

G: Espera! Antes respira, e fala devagar, pelo amor de Deus.

A: Tudo bem – Tomando fôlego, os olhos enchendo de lágrimas – Meu Deus, você tem noção do que está falando? Isso é uma doença! E eu sou culpada, afinal, te incentivei a beber. Eu só piorei seu estado. Eu não acredito. Não Gerard! Por favor, me perdoa! Eu não sabia! E - eu não queria... De novo não! De novo não! – agachando-se no chão e abraçando os joelhos, em meio a tantas lágrimas que lhe escorriam o rosto a deixando cada vez mais vermelha.

G: Anna, tudo bem. – agachando-se, abraçando-a e falando-lhe nos ouvidos – Eu te perdôo. Não foi sua culpa, nem sua intenção. Você não sabia de nada... Meu estado já esteve bem pior. Eu estou me curando. Eu vou parar de beber, por você.

A: Não. Por você. Você tem que parar de beber por você, não por mim.

G: Então pela nossa amizade, tudo bem?

A: Aham. Tudo bem então. Gerard, eu te amo cara.

G: Eu também te amo.

M: Ei, tudo vai ficar bem agora. – Agachando-se também – Vamos, um abraço coletivo!

Os três se abraçaram. Um abraço sincero, de amizade, de união, de amor, carinho e tudo mais que uma amizade verdadeira tem.

G: Agora enxugue essas lágrimas...

M: E sorria, porque você tem amigos...

G e M: Que te querem muito bem.

A: Valeu gente. Amo vocês.

M: Eu também me amo.

A: Convencido!

M: Tô zoando, eu também te amo.

G: Agora levante-se. Vem me explica o porquê do “De novo não!”.

A: Tem mesmo que ser agora?

G: Não, porque eu tô azul de fome e não vou conseguir prestar atenção em mais nada.

A: Gente, já viram que horas são? Eu ia fazer o almoço de hoje! Que lástima!

G: Que bom me livrei da sua comida.

A: Amanhã eu faço o almoço.

G: Hoje à noite eu trago mais cerveja, quem sabe assim você dorme até tarde de novo e não faz almoço.

A: Gerard... Não diga isso jamais de novo.

G: Tô zoando linda!

M: Vamos descer logo, pelo amor de Deus?

Os três desceram as escadas correndo apostando corrida, e deram um susto enorme em Donna quando Anna tropeçou em Gerard, os dois caíram e levaram Mikey junto escada abaixo.

D: Meu deus, vocês estão bem?

A: Hehehehehe... Estamos. Bem, pelo menos eu estou, afinal, caí em cima dos dois.

G: Au, eu bati minha cabeça no joelho do Mikey, ou seja lá o que for. Mas fora isso estou bem.

D: Mikey, você tá bem?

M: Bem, com exceção da dor por ter levado uma cabeçada no joelho, a dor de cabeça por ter batido no degrau, a dor no braço por bater em outro degrau e a dor na “parte” por ter levado um chute da Anna, estou bem.

A: Foi mal.

M: Foi péssimo. Mas eu te perdôo.

G: Vamos tomar café?

D: Café? Vocês vão é almoçar! Já pra mesa. E Gerard Arthur Way, depois quero ter uma conversa séria com você.

G: T - tudo bem.

Os três entreolharam-se. Anna e Mikey já sabiam o que era. Anna estava tentando achar uma maneira de livrar Gerard e não sujar sua imagem com Donna, além de achar uma maneira de convencer Donna a não contar pra sua mãe.
    Os três desceram, sentaram-se à mesa, foram servidos com lasanha, arroz, salada, batata palha e suco de uva, e puseram-se a comer. Estavam famintos e a ressaca aumentava ainda mais a fome. Comeram e repetiram. Donna apenas os olhava, esperando que terminássem o almoço para ter a “conversa séria” com Gerard.

**Visão da Anna**
    Acabamos de comer e subimos correndo para escovar os dentes; havíamos planejado sair. O que não reparamos foi que o dia estava nublado e frio. Um dia frio em plenas férias de verão não é boa coisa. 
    Escovamos os dentes, nos arrumamos e descemos. Pegamos dinheiro, as chaves de casa, guarda-chuvas, casacos e cachecóis. Decidimos ir passear pela cidade, conhecendo todos os pontos divertidos.

Estávamos descendo as escadas, os três totalmente de preto, e Gerard chamou a mãe para avisá-la.

D: Gerard, espera! Você não vai enquanto não conversarmos. Eu limpei as garrafas de ontem à noite, você voltou a beber? Meu Deus, cria juízo meu filho!

G: Mas mãe... – Olhando para Anna e Mikey – Eu parei de beber. Ontem foi a última vez, eu juro!

D: Da última vez você me disse a mesma coisa, e não foi bem assim! Gerard, se você não parar, eu vou te internar numa clínica!

G: Não mãe, por favor!

A: Não Donna! A culpa não foi dele! Foi minha!

D: O quê?