G: Anna, Julie te contou algo sobre Rebecca?

A: Não, mas eu quero que você me conte. Quem é ela?

G: Não posso... Não agora. Entenda-me, eu...

A: Não confia em mim, não é? Gerard, nós somos namorados. Eu confio em você, e acho que você deveria confiar em mim também.

G: Anna, Rebecca foi uma pessoa especial na minha vida. Muito. Foi minha primeira namorada, meu primeiro amor. Não posso contar tudo pra você agora, porque essa história me machuca um pouco ainda.

A: Tudo bem.

Não, não estava nada bem. Anna sentia-se traída, estava contendo-se para não dizer aquilo para Gerard. Ele notou algo em Anna, não ciúmes, mas desilusão. Desilusão de que seria um amor perfeito, com 100% de confiança, com 100% de amizade. Gerard notou a tristeza, notou a desilusão, notou que Anna se continha para dizer o que sentia naquele momento.

G: Anna, não é que eu não posso...

A: Apenas não quer. Eu sei.

Com a voz de Anna veio a certeza de tudo. Ela sentia-se triste, desiludida, traída. Traída por um fantasma do passado de Gerard, uma garota que talvez nunca mais encontrasse. A certeza disso? A voz de Anna estava trêmula, num tom diferente, um pouco mais fina, como se não fosse a verdadeira voz de sua namorada.

G: Anna, eu...

A: Chega Gerard! – não conseguindo conter-se. – Tudo bem, você não quer me contar. Agora para de ficar tentando falar, achando palavras. Você sabe como eu estou agora. E eu sei como você está.

G: Eu sei disso. E sei que você está frustrada por eu não te contar. Agora tente conter-se que eu te conto tudo. Eu tive medo de contar isso pra você. Medo por achar que você falaria que eu ainda amo Rebecca. Medo por correr o risco de te perder por um fantasma.

A: Um fantasma que está vivo! Eu sei que ela está viva. Posso ver isso nos seus olhos! Eu tenho medo, Gerard. Medo de você ir atrás dela e me largar aqui, sozinha. Você precisa confiar em mim! Isso me torna frustrada, você sabe. Você consegue sentir isso. E eu sei.

Gerard a abraçou e Anna chorou. No fundo, ela não sabia que Rebecca estava viva, apenas disse por achar que realmente estava. E tinha razão. O fantasma está vivo. Gerard a sentou na cama, tomou fôlego e começou.

G: Rebecca, como eu disse, foi meu primeiro amor. A conheci com 13 anos. Ela morava nessa casa, dormia nessa quarto. Fomos feizes, mas algo a fez fugir. Tentaram matá-la. Ela ficou no hospital por um bom tempo, e quando saiu, terminou comigo, me dizendo que eu era o culpado por tudo. Ela foi embora, me deixando aqui sozinho. Nunca mais fui feliz. Até agora, depois que te conheci. Com 14 anos, uns dois meses depois de terminar tudo, eu comecei a beber. Cheguei a me drogar. Cheguei a tentar suicídio. Ela é apenas uma lembrança. Uma triste canção sem nada a dizer.

A: Gerard,eu não sabia.
G: O que você está sentindo agora?
A: Como assim?
G: Você tá diferente. Me conta.
A: Tudo isso é uma ilusão. Você acha que me ama, mas eu apenas trago a lembrança da Rebecca. Essa não é uma vida verdadeira. Isso não é realidade. - chorando.
G: É mentira sua. Meu amor por Rebecca acabou, e se tornou apenas lembranças. Nosso amor é verdadeiro,eu sei disso. Nunca me iludi. E eu te amo. Isso eu garanto: não é ilusão, não é mentira, não é lembrança de Rebecca.

A: Eu te amo.

G: Eu também te amo. Muito. Mais do que eu poderia imaginar.

A: Tô com medo da Julie, ela me disse que eu iria me arrepender como a Rebecca se arrependeu. Será que foi a Julie que tentou mata-la?
G: Se for, ela vai se arrepender.
A: Você não vai atrás da Julie. Não hoje. Amanhã. Por favor.
Gerard ficou assustado por um instante. Anna sabia exatamente o que ele faria. Parecia ter adivinhado. "Só pode ser isso. Nascemos um pro outro. Somos tão ligados que um sabe o que o outro fará, como se previsse o futuro." pensava. Os dois abraçaram-se. Gerard ficou acariciando os cabelos de Anna.
G: Eu não vou. Por você.
A: Vamos descer? Eu quero esquecer tudo de ruim dessa festa.
G: Tudo bem, vamos.
Os dois desceram e ficaram sentados no sofá conversando. Depois da meia-noite, o clima esfriou. Não o clima do pessoal, mas a temperatura caiu. Todos sentaram-se no tapete enorme na sala e ficaram tomando chá e conversando. A festa foi tão cansativa, que os garotos nem conseguiram is para casa. Os meninos dormiram na sala, uns babando no tapete, outros dois roncando nos sofás.
As meninas subiram e dormiram no quarto. A festa se resumiu a isso: música, refri, briga, mais música, uns "bêbados" de alegria e muita zoeira. Nos dia seguinte todos acordaram felizes, principalmente o novo casal: Alicia e Mikey. Acho que já foi dito: Eles ficaram! =)
Os dias se passaram, se transformaram em semanas, as semanas em meses....

** 2 anos depois...**
Anna acordou recebendo beijos e mais beijos de Gerard. Passaram a noite juntos, mas não foi a primeira vez. Sarah se mudou para Montreal e deixou a casa para a filha. Todo mês mandava dinheiro para ela.
Gerard continuou na casa da mãe, mas trabalhava. Os dois já estavam juntos há dois anos, numa relação linda, cheia de amor, carinho, respeito e cumplicidade.
Já haviam terminado o colégio, Gerard continuava com a banda, mas Matt, meio-irmão* de Anna, tomou o lugar de Bob. Na verdade, Bob mudou-se para Belleville, Illinois, numa época em que sua avó estava doente, mas não voltou mais.
Gerard pretendia fazer faculdade de desenho, mas não queria deixar Anna em Newark e ir pra New York. Anna também não queria deixar Gerard, mas tinha que ir para a faculdade de Economia. Os dois estavam decididos a casar.