American Horror Story: Dark Circus escrita por Annabel Lee


Capítulo 5
Boas-Vindas e Distintivos


Notas iniciais do capítulo

"Antes de mim só existiam coisas eternas, eu, eternamente existo. Abandonai todas as esperanças, vóis que aqui entrais"

Dante



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– LUCY!

Como toda adolescente em uma cidade nova, indo morar com sua tia de meia-idade que adora assar biscoitos, Lucia foi recebida com um abraço de esmagar os ossos. Teve que puxar o ar com a boca enquanto envolvia os braços na tia Cassie, retribuindo o abraço.

Não, tia Cassie não era gorda. Ela até estava "na ativa", fisicamente falando. Pintava os cabelos de loiro, mas naquele momento os fios brancos estavam em evidência, e tinha algumas rugas no canto dos olhos castanhos.

– Oi, tia Cassie! - ela disse, libertando-se do sufoco.

A tia segurou-a pelo rosto e sorriu, talvez checando o que mudou nela e o que permanecia como da última vez que se viram. Lucy fez o mesmo com Tristan, embora não tenha nem tocado nele direito desde que chegara.

– Você está tão grande - ela disse, dando indícios de que choraria.

– Tia... Não... Estou feliz em te ver também - abraçou-a de novo.

– Tão grande! - tia Cassie se afastou para apertar as bochechas dela.

– Tudo bem, tia, pode parar de torturar a Lucia - Tristan disse, saindo de casa (Wow! Quando ele entrou?) - suas malas estão em seu quarto, maninha.

– Obrigada - Lucia olhou para a grande casa de madeira de dois andares. Uns poucos indícios de tinta indicavam que a casa um dia fora pintada de branco, mas o tempo costuma arrastar essas coisas; as janelas eram quadradas e grandes, com cortinas brancas e a porta era azul-céu.

– As aulas começam amanhã - disse tia Cassie - hoje você vai se adaptar um pouco e conhecer a vizinhança - olhou para o sobrinho que, distraidamente, comia uma maçã - Tristan vai te ajudar com isso.

Ele ergueu os olhos negros, confuso.

– Ajudar com o quê?

Tia Cassie revirou os olhos.

– Apresente as pessoas à Lucy, seu imprestável! - Lucia riu - e leve-a para comer algumas coisa. Ela está magra demais!

– Não sei o quanto isso tem a ver comigo, mas venha Lucia - jogou a maçã no mato - meus amigos costumam fumar no parquinho.

– Pelos Céus! Não apresente-a aqueles delinquentes agora - tia Cassie falou - leve-a para comer primeiro.

– Okay - Tristan revirou os olhos. Depois passou o braço pelos ombros de Lucia, agindo como o irmão mais velho comum que deveria ser - vamos, Lucy!

Mas Tristan Black tinha muitas virtudes, e ser normal não era uma delas.

_ _

Jovens detetives costumam ter sorte quando seu primeiro trabalho envolve mistérios sobrenaturais em pequenas cidades do Canadá. Pelo menos era o que James O'Brian pensava quando colocou os pés no asfalto cinzento de Heaven City.

Ele ergueu os olhos verdes para a pequena delegacia local e o ambiente cheirava a uma mistura perfeita de eucalipto, café e mistério. O sonho perfeito para um garoto de vinte anos, considerado o gênio do pensamento dedutivo.

James apertou o casaco de couro preto contra si, segurou a mala com mais firmeza e caminhou até o senhor que usava o uniforme de policial do lado de fora da delegacia. Os cabelos negros do jovem estavam gelados enquanto o vento os fazia bater na nuca. A consequência de deixa-los na altura do pescoço, ao invés de raspar tudo de uma vez.

Poderia ter pensado duas vezes.

Enquanto atravessava a rua na atmosfera gélida canadense, ele poderia ter recuado.

Há muitas oportunidades para jovens entusiasmados, americanos e inteligentes. Havia muitos casos para se investigar; ladrões, assassinos, estupradores.

Mas jovens como James vivem para o que não entendem, para o mistério ondulado e sombrio da vida. Agarram o que é inorgânico. Agarram com unhas a fumaça sobre suas cabeças.

Ninguém, porém, poderia tirar da cabeça de O'Brian que investigar o Cirque des Tenébres era errado.

Nem mesmo um detetive veterano, sentado em sua cadeira de balanço e lendo sua velha revista. Talvez ele mesmo visse uma luz branca e pálida no entusiasmo jovem de James, a medida que ele se aproximava, com os cabelos negros voando para o rosto.

– Senhor? - chamou, tirando a atenção do senhor para sua revista de esportes.

– Pois não? - ele perguntou.

– Meu nome é James O'Brian, sou o novo detetive - mostrou o distintivo e estendeu os papéis necessários - vim de Nova York. O senhor é o detetive-chefe?

O homem coçou o bigode grisalho enquanto lia a documentação de O'Brian.

– Sim - disse, devolvendo tudo - me chame só de Chefe ou de Marshall... - fez uma pausa para observar James por baixo dos óculos - você veio para o "Caso Tenébres"?

– Sim - ele afirmou com animação.

O detetive suspirou.

– Muito jovem - disse para si, então voltou-se para James - te disseram sobre os casos anteriores? Sobre os métodos?

– Tudo - ele confirmou - foram cinquenta e cinco mortes em três continentes, nos últimos nove anos. Sempre ocorreram às quatro da manhã no final das apresentações e ninguém consegue dar detalhes exatos.

– Exato - Marshall olhou-o com atenção - e te falaram que Heaven City era uma das cidades...

– Afirmativo.

– E que o circo está de volta?

– Afirmativo.

– Muito bem - Marshall levantou-se da cadeira - como você foi um dos únicos que se apresentou, começa hoje. Nosso objetivo é simples, meu caro: não haverão mais mortes e nós conseguiremos uma prova contra o circo. Nós vamos pará-los.

James sorriu. Depois de um tempo em silêncio, ele tornou a falar com o Chefe.

– Por que só Heaven City iniciou uma investigação? Ninguém de Nova York parecia interessado.

Marshall suspirou.

– Porque nós acreditamos no que ocorreu. Essas grandes cidades acham que tudo que é verdade está próximo deles, no alcance das mãos, mas nós entendemos que tudo é complexo e sempre será. Uma cidadã foi morta em 1986, uma jovem notável, e não pudemos fazer nada a não ser observar quando o circo iniciava o massacre em outra cidade, e em outra, e em outra...

Parou.

– Agora que ele está de volta, nós vamos fazer a justiça.

Algo se agitou em James. Coisas como essa sempre soam perfeitas para jovens inexperientes como ele, que só anseiam usar seus talentos e inteligências para o Bem, sem olhar para a situação como um Todo. Sem olhar nas consequências, nos fatos.

Com um aperto de mãos ele estava dentro.

E seu destino era costurado com o de muitos, numa linha vermelha que liga todos diretamente ao Tenébres.


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Notas finais do capítulo

Um pequeno elenco:

James O'Brian - Ben Barnes
Detetive Marshall - Jamie Lee Curtis
Tristan - Evan Peters.
Lucy - Emma Roberts.
Tia Cassie - Lily Rabe.
Maryse - Taissa Farmiga.
Louis Cypher - Ian Somehalder.



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