Uma semana depois

– Katniss, sua maluca. Onde você estava?- Minha mãe vem até mim bufando. Vai logo para o camarim.

– Mãe, por isso mesmo que eu vim. Preciso te dizer uma coisa.

– Fala logo que temos que ensaiar.

– Mãe eu não posso mais fazer a Rosa.- Abaixo a cabeça, triste.

– Como assim não pode mais fazer a Rosa, Katniss Everdenn?!

– Não podendo. É coisa minha, foi mal mãe.

– Katniss, filha, agora que você vai desistir?

Ainda não tenho noticias do Peeta, e atuar com ele para toda a escola como par romântico não seria nada fácil. Vai ser melhor assim, talvez ele nem volte mais.

Pego minhas coisas e vou para casa, já que eu só ficaria para ensaiar.

Ontem no jantar pedi ao meu pai uma moto, já que Cato ganhou um carro. Ele disse que pensaria no assunto, mas por enquanto vou a pé mesmo.

Chegando em casa jogo minha bolsa no sofá e me jogo lá também.

Preciso ouvir sua voz, Peeta. Mas não sei se seria uma boa idéia falar com você. Eu sinto sua falta, mesmo falando que não, eu sinto falta do teu sorriso, do teu olhar.

–Alô Peeta?! Oi, aqui é a Katniss.- Falo ao celular.

– Peeta, é uma tal de Katniss.- Uma voz feminina fala.- Katniss?- A voz dele surge.

– É...oi.- Respondo triste.

–Que surpresa, confesso que não esperava.

–Nem eu, Peeta. Sinto muito te atrapalhar...Acho melhor desligar.- Falo e fico na linha esperando uma resposta.- Peeta?

–Eu estou aqui.- Responde ele.- Ouvindo sua respiração.

– Você foi embora.

– Eu sei.

– Já faz tanto tempo...você está..n-namorado?

– Mad que pediu para você perguntar isso?

–Não, eu estou sozinha aqui em casa.

– Ah, sério? Então, sim, eu estou namorando...-Responde ele. A vontade de chorar começa a vir, ele merece ser feliz, eu que deixei ele ir embora. Eu que não corri atrás e sim fugi. Sinto lagrimas salgadas descerem pela minha bochecha.- Katniss?

– P-Peeta... – Tento não falar soluçando, mas não consigo.

– Você está bem?

– Sim.

– Eu estou preocupado. Você está chorando?

– T-tchau Peeta.

– Espera Kat...como vo...

Desligo o celular o jogando no tapete. As lagrimas vieram.

– BABACA!- Grito me deitando no sofá.- Idiota, imbecil, inútil, cafajeste, egocêntrico, egoísta, mentiroso, falso...

Vou falando todas as palavras negativas que conheço e invento outras também, sinto meus olhos se fecharem.

Eu perdi Peeta, perdi ele, e acho que agora para sempre. Sou muito orgulhosa para admitir que quero ele para mim. E isso soa egoísta, Peeta não vai voltar por minha causa.

Acordo no fim da tarde e percebo que nem almocei. Estou morrendo de fomeee. Vou até a cozinah e olho os armários.

– Vamos fazer um X-Katniss.- Falo para mim mesma, amo conversar sozinha.- Tudo o que tem na cozinha.

Pego varias coisas e decido fazer uma coisa mais elabora. Eu não sei cozinhar, mais amo tentar fazer.

Enquanto tento achar na internet como se fazer arroz, o telefone toca.

– Alo.

– Oi, Katniss.- Era Peeta de novo.

– Oi...

– Tentei te ligar varias vezes no seu celular.

– Ele deve ter acabado a bateria. Joguei ele em algum lugar ai.- Falo sonolenta ainda, tipo com uma voz grogue.

– Ah.- Ele ri.- Te liguei para saber se você estava bem. Eu estava brincando, você nem me deixou terminar, eu não estou namorando.

– Eu estou bem agora.- Sorrio feliz, fazendo uma dançinha e meu estomago ronca-.... Peeta? Como se faz arroz?

– Arroz, Katniss?

– Pois é, preciso comer. Estou morrendo de fome.- Ambos rimos. Peeta começa a me explicar como fazer e vou seguindo. Ele me ensinou a fazer panqueca e algumas estavam queimando, mas pela primeira vez, estava muito bom. Ela só dá mais algumas viradas para ficar tudo igual.

– Agora de molho. O que você tem ai?

– Frango, peixe e ovo. Também tenho carne.- Respondo olhando na geladeira.

– Você odeia peixe, odeia ovo. Carne é mais fácil.- Diz ele.

– Mas ta toda...

– Encharcada de sangue?

– Isso.- Rio.

– Ô menina fresca.

– Ei.- Reclamo.- Ah, não, Peeta. Ai no frango vai ter que tirar a pele. Eu não quero.- Digo virando as panquecas.

– Então... o que tem mais ai?

– Eu não sei, perai que vou ver,- Vou ate a geladeira.- Olha, tem frutas, tem molhos de salada.. hm.. AI TA QUEIMANDO. Droga! Minha panqueca queimou.- Reclamo choramingando.- Eu não estou acreditando.- Ouço gargalhadas do Peeta.- Peeta!

– Eu sabia que isso ia acontecer, você nunca consegue ficar na cozinha sem queimar alguma coisa.- Não resisto e rio junto com ele, jogando tudo na pia e minha comida queimada no lixo. Peguei aqueles suquinhos de bebê.

– O que você foi fazer em Michigan?

– Na verdade, eu decidi vir estudar aqui.

– Ah, foi uma surpresa para mim, não esperava isso.

– Que eu te deixasse?

– Eé-é acho q que sim.- Me enrolo um pouco com as palavras.

– Eu estava brincando, Katniss. Mas fala ai, você sente minha falta, não é? Deu te perturbando.

– Mas é claro que não.- Nego divertida.

– Eu sinto sua falta.

– Para com isso.- Peço.

– Mais não falei mais do que a verdade.

– Eu sinto muito sua falta, e agora você ai sem poder me olhar, eu digo que estava errada sobre nós. Agora você está longe e eu não quero admitir porque você deve está feliz. Não tem nada que te prende, não é?- Subo as escadas correndo me jogando no meu quarto e tirando meus sapatos.

– Eu nunca disse que ficaria aqui para sempre. E sabe porque?

– Porque você me ama?

– Não, porque eu amo minha família.

– Idiota.

– Não, é por você mesmo. Eu só sumiria realmente se fosse para Atlanta, para te avisar que eu desisti. Mas eu sou Peeta Mellark.

– E nunca desiste de nada.- Completo sorrindo.- Como você pode fazer isso? E porque ainda não voltou?

– Porque eu precisava ouvir de você, que eu faço falta. Ultimamente me fez falta ser a falta de alguém, ser a sua falta.

– Você foi, todas as vezes, a única peça que falta em mim. Você é a pessoa que sabe o que vou dizer sempre, é tão obvio assim? Está estampado na minha cara? Porque eu espero que nunca se apague. Eu sinto que tem algo real, o meu conto de fadas. Mas eu sou orgulhosa demais e precisei que você fosse embora para ter coragem, Peeta Mellark, você é a minha falta. Eu preciso de você, você conhece todos os meus pedaços, todas as minhas manias. E, eu não estou acreditando que eu estou falando isso, mas eu te amo.

– Eu devia ter te deixado, porque eu passei minha vida toda correndo por você, correndo atrás de você. Mas eu não, jamais, desistirei de você, e é claro que você sabe que eu te amo também. Passamos por tantas coisas juntos, e somos egoísta, porque ao mesmo tempo que não queremos nada entre nós, não nos queremos com ninguém.

– Por algum tempo, tentei deixar tudo para trás. As mágoas, decepções e até os momentos de alegria. Não queria mais remoer aquelas lembranças que me consumiam. Só que parecia impossível me desprender de você. Quanto mais eu fugia, mais me assombrava e tudo piorava.Passei a te procurar em todo canto, cada rosto, cada expressão, era voce que eu via em cada cabelo parecido. Eu sabia que as coisas não podiam continuar assim, aquilo me corroía como ácido. Quando voce foi embora pela primeira vez, eu caí, como uma garotinha indefesa, como se meu coração virasse pó. Ai na segunda vez, foi a mesma coisa, e na terceira também. Então eu percebi que a culpa também foi minha, apontar dedos é muito fácil, mas deixar tudo para trás sempre foi um desafio. E eu quero você para mim, Peeta.

Foi como tirar um peso dos meus ombros. Não quis ouvir mais nada, desliguei. Eu desliguei largando minha caixinha de suco 99, 99% açúcar no chão; deixando meus joelhos se chocarem contra o mesmo e levantar minha cabeça, rindo.

Porque chorar? Porque ele está longe? Ele vai voltar. Porque se lamentar do passado, que passou? Ele já passou. Porque temer que ele está longe com outras garotas? Ele me ama. Porque chorar se eu o amo? Não preciso disso. Mas sofrer as vezes é bom, chorar é bom. Eu gosto. Eu gosto de repensar, pensar 3 vezes, gosto de chorar porque me alivia, me limpa e tira o que estava guardado a muito tempo. Mas agora eu não preciso chorar e sim rir. Não sei do que, mas eu já chorei, não quero ficar com dor de cabeça por tanto chorar e sim por tanto rir.

Rir de como a vida é engraçada, rir por chorar, rir por amar, rir por simplesmente ri. Quando eu tiver meus filhos vou falar que eu ri ao invés de chorar, ri do passado, ri do futuro mais eu ri no presente. Que eu vivi rindo, vivi chorando, vivi gritando, batendo, reclamando, amando, sorrinso, lembrando, relembrando. Mas que eu precisava somente ri em alguns momentos. Eu poderia ri quando estava triste, mas não, ri agora, que não sei meus status atual.

Sinto a porta bater nas minhas pernas.

– Ai!- Reclamo me levantando.

– Oi Katniss.- Era Prim, bem na porta, aquele cotoco de pessoa.

– Oi maninha. Que que você ta fazendo aqui? Fala pra mamãe não ir na cozinha.- A pego no colo levando no seu quarto.- Vamos tomar banho? Passou o dia todo na rua né? Um.... ta saindo mais que a sua irmã mais velha né?

A coloco no chão e bato de leve da sua bundinha depois que ela tira a roupa e sai correndo para o banheiro da sua suíte. Fui lá e a coloquei na banheirinha de chão e deixei ela com alguns brinquedos para ir separar a roupa que ela ia usar.

– Kat, o belo, Kat, o belo ta na fente.- Me chama pedindo para tirar uma mecha de cabelo do seu rosto. Com a lingüinha para fora tentando afastar sues cabelos loiros com o cotovelo.

– Pronto. Vamos lavar o belo agora ta? Joga a cabeça pra trás.- Peço e começo a passar o xampu e o condicionador.- Vem.

A enrolo na toalha depois que enxáguo e coloco a mesma em pé na cama.

– Olha quem ta pelada!- Cato chega beijando a bochecha da Prim.- Quem é a chavosa do irmão, quem é?

– Eu!- Ela levanta os bracinhos rindo.

– Prim, Prim, me fala. Quem me ama?!- Cato pergunta e ela levanta os dois bracinhos. – O menina esperta.

– Cato pega a frauda dele pra mim.- Peço enquanto passo os produtinhos nela, como Hipoglos e talco.

Meu maninho me ajuda a trocar Primrose.

– Cara, você não vaia creditar no que aconteceu.- Ele ri sozinho.- Marvel e Fox assumiram o namoro e admitiram está namorando escondido a um bom tempo.