Sad Serenade escrita por Miss Stilinski


Capítulo 4
Ato III


Notas iniciais do capítulo

Olá! Logo direi que esse capítulo é o mais triste e é onde tudo sai errado para elas... e que eu chorei o escrevendo... a fic tem mais dois capítulos. Não me matem!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/501429/chapter/4

Sad Serenade

Ato III

Não vou lamentar

O que eu não vou esquecer

As memórias e o seu telefone

São tudo o que me resta

********

Lisa Carter:

As horas se passavam e eu ficava cada vez mais furiosa. Minha mãe dizia-me para eu me acalmar, que ele iria chegar em poucos minutos. Mas por que eu não acreditava nela mesmo? Por que eu não dava ouvidos à minha mãe?

Ah, é claro: James Potter era um idiota. Ele fazia de tudo para me irritar, não é possível! Eu não havia me arrumado à toa, ele teria (era obrigado!) a aparecer ali e me levar à porcaria do baile da escola! Por que o amor nos deixa cega? Eu deveria saber que, quanto mais se espera de um idiota, menos você recebe dele. Era assim que as coisas funcionavam, eu deveria entrar, tirar esse vestido (já estava começando a ficar ridícula) e aceitar o fato de que James Sirius Potter jamais iria mudar.

Foi o que eu fiz: entrei, mas não tirei o vestido. Ok, eu era uma mentirosa; eu tinha esperança de que ele ainda viesse. Ah, se eu descobrisse que ele estava com outra... Mas o que eu faria? Nada. A única coisa que iria acontecer era que eu terminaria com ele, ficaria com uma dor insuportável no coração e iria chorar nos ombros de Rose.

Era uma merda amar alguém.

Deitei no sofá da sala e enrosquei-me na manta que havia ali para mim. Eu sempre tive a mania de ver televisão até tarde e acabar pegando no sono ali mesmo. Antes, meus pais brigavam comigo por causa disso; depois, aceitaram que eu não ia mudar. Eu gostava... passava filmes antigos nos canais de tv a cabo em HD. Ou então eu assistia aos DVD's dos desenhos clássicos da Disney (eu tinha a coleção). James ficava zombando da minha mania, mas brigava comigo quando eu falava algo no meio do filme.

Tentei não chorar. Eu era mais forte do que aquilo... Dormir era melhor...

Não sei quando, mas luzes de faróis me fizeram abrir os olhos. A sala estava escura e a televisão desligada. Minha mãe devia ter feito isso, sabendo que eu não iria de jeito algum para cama, sem uma explicação decente de James. Porque ele ia ouvir se não tivesse.

As luzes dos faróis diminuíram e eu voltei a fechar os olhos, quando ouvi baterem na imensa janela onde o meu sofá preferido ficava. Abri os olhos, furiosa. Eu já estava com raiva por causa de James, agora ficavam batendo na minha janela, às duas da manhã? Não, isso já era demais. Virei-me para trás, para abrir a janela e mandar quem quer que fosse ir à merda para perturbar outro, e vi James parado, de terno, com as mãos nos bolsos. Seria uma visão bonita (e era, eu é que não queria admitir), se eu não quisesse estrangulá-lo.

Fiquei de joelhos e abri a janela, com uma força exagerada, e sussurrei:

O que faz aqui a essa hora?

O cafajeste riu.

Eu sabia que ia encontrá-la na sala, dormindo. — Ele disse simplesmente, como se não tivesse feito nada de errado. Eu fiquei ainda mais furiosa.

Ora, seu... babaca. Eu me arrumei toda, me maquiei (coisa que eu detesto fazer), prendi meu cabelo e, como se não bastasse, deixou-me aqui plantada e você me aparece às duas da madrugada? — sibilei com raiva. — O baile já acabou há séculos. E você e eu também.

Eu ia fechar a janela quando ele falou:

Eu falei que íamos ao baile. Só não disse em qual.

Parei no ato, confusa.

O quê? — perguntei um pouco tonta, a janela um pouco aberta. James sorriu e esticou o braço, convidando-me para sair de casa.

Eu o fitei de modo desconfiado, hesitando. Mas, quando eu vi o seu sorriso, eu vacilei. Respirei fundo, peguei meus sapatos e saí pela janela mesmo, levantando o vestido azul para que não ficasse preso no caminho. Quando pisei no chão, James veio até a mim, pegando a minha mão em seguida.

Ele me guiou até sua picape 4x4. Abriu a porta do carona para mim e eu revirei os olhos, rejeitando sua mão e entrando sozinha. Ouvi sua risada baixa enquanto ele ia para o lado do motorista. James entrou e deu partida.

Eu queria, mas não queria saber aonde ele estava me levando. Eu estava com raiva ainda, contudo, ela estava começando a se esvair quando senti o perfume dele impregnado no carro. Por que ele fazia aquilo comigo? Por que ele me afetava tanto?

De novo: amar é uma merda.

Quando, finalmente, chegamos onde quer que James havia me levado, ele me disse que teria de me vendar. Suspirei e deixei que me vendasse. James ajudou-me a sair do carro e pegou minha mão, realmente apertando-a com força, querendo dizer que ele estava ali. Comigo. Eu esperava mesmo que fosse algo importante.

Andamos por um caminho com curvas por uns dois minutos, até que ele me parou. James soltou a minha mão e foi para trás de mim, retirando a venda de meus olhos. Quando me adaptei à luz, eu arfei.

Ele havia me levado a um tipo de jardim, onde havia um píer que dava para um lago iluminado por lanternas flutuantes. No fim desse píer, havia uma mesa decorada para duas pessoas; acima da mesa, havia uma tenda branca, onde pisca-piscas iluminavam o local. James veio para o meu lado, passando a mão em minha cintura. Estava frio, mas era suportável. E ele conseguia me aquecer de tal modo, que nem me importei em estar com um vestido tomara que caia.

Ele levou-me até a mesa, porque eu estava totalmente embasbacada e envergonhada por ter desconfiado dele. Ele havia mudado. E isso era bom.

Desculpe... eu tive de fazer isso. Não é todo dia que se faz um ano de namoro com a mulher da minha vida ele disse. — Eu não queria levá-la ao baile da escola, fala sério. Fazer algo mais íntimo, agradá-la do jeito certo.

Eu sorri para ele, sentindo minha bochecha esquentar. Ele sorriu, pegando a minha mão por cima da mesa, apertando um tipo de botão. Enquanto eu o encarava, suspirei.

Eu estou tão cansada de desconfiar de você, James — falei, tirando minhas mãos das dele e desviando o olhar. James ficou em silêncio. Quando voltei a olhá-lo, ele tinha algo no olhar, que o fez ficar diferente. — Eu só... Poxa — tentei segurar as lágrimas. — Eu lhe dei uma chance, Jay. Eu não sou algo descartável e deixei que a sua aproximação me afetasse mais do que eu esperava, porque eu passei a amar você. E tem dias que você fica estranho... O amor é uma via de mão dupla, James Sirius. — Eu sustentava o seu olhar estranho, não conseguindo decifrá-lo. — Ou você magoa a pessoa, ou se magoa. Quando se ama alguém, deve ter a confiança... e eu quero confiar em você, Jay. Eu quero, porque é isso o que as pessoas que amam fazem: elas confiam.

Eu amo você, Elisabeth Stella Carter — ele falou com tanta certeza, que fez meu coração parar e meus olhos marejarem ainda mais. — E eu vou fazer por merecer. Pessoas como você, Lisa, merecem o amor incondicional, porque você é única. Lis, você não pode simplesmente me dar o seu coração, se eu não lhe der o meu.

As lágrimas desceram pelo rosto, e eu realmente senti-me feliz. Ele debruçou-se sobre a mesa e alcançou meus lábios, na hora em que a comida chegava. James sentou-se normalmente e começamos a comer.

Depois que terminamos a sobremesa, ouvi sons de violinos. Eu larguei a colher no pires e olhei para James, que sorria de forma carinhosa — sem os traços maliciosos, como se fosse... ele mesmo. Como se ele estivesse em paz. Era estranho, pois James Potter era atentado. Ele se levantou e estendeu a mão.

Eu o olhei por alguns segundo e decidi me levantar, aceitando sua mão. James a segurou, ainda estendida, e olhou-me pela primeira vez desde que chegamos. Meu vestido era azul em degradê, longo com alguns paetês prateados na barra, de ombros expostos e mangas longas. Eu estava com o cabelo solto (pois o penteado havia se desmanchado assim que eu peguei no sono no sofá de casa) e ondulados.

Eu continuava a olhá-lo enquanto ele me admirava. A música ainda tocava e eu esperava alguma atitude dele.

Você está linda — ele sorriu, tocando o meu cordão e depois passando a mão pela minha clavícula e ombros, me arrepiando dos pés à cabeça. — Sabe — James deu um sorrisinho —, eu vi A Pequena Sereia... não ria — ele interrompeu a minha gargalhada, mas sorria também. — Então, continuando, eu vi A Pequena Sereia e... sabe aquela parte que o príncipe leva Ariel para conhecer o reino?

Eu assenti; claro que eu me lembrava, eu havia visto o desenho tantas vezes, que tinha até decorado as músicas e as falas. Ele havia feito uma pergunta idiota (porque ele sabia que eu amava os desenhos da Disney), mas não disse nada. Ele estava sendo muito atencioso.

Bem... eu... eu meio que aprendi aquela dança deles, quando eles vão para a aldeia, lembra? — Ele não esperou pela minha resposta afirmativa. — Eu gostei daquela dança e... e vi tanto essa parte, que eu aprendi.

Você está...? Deixa eu rir? — pedi, ainda segurando a risada. James revirou os olhos e assentiu. Então eu comecei a rir. — Você... você quer que eu.. dance com você daquele jeito?

Ué, por que não? — James me encarou. — Eu ensino você.

Tudo bem, Jay-Six — concordei e fui mais para perto dele. Ele sorriu e colocou uma das mãos em minha cintura e a outra segurou a minha mão livre.

Ele começou com o famoso dois para lá e dois para cá, me guiando com a mão na minha cintura. Eu o seguia com facilidade, já que eu fazia aula de dança. James abriu o braço que segurava minha mão direita, levando-me consigo, ainda com o dois para lá e dois para cá. Eu ri e depois ele me girou por baixo de seu braço e, quando eu voltei, eu o olhei. Parecia que nós estávamos deslizando pelo píer e eu adorava aquela sensação de estar com ele.

Depois dos passos decorados, eu e ele ficamos apenas nos balançando de um lado para o outro. Minha cabeça repousava em seu peito e eu escutava seu coração bater junto com o meu.

Você sabe mesmo dançar — falei, sorrindo.

Claro que sei — ele fingiu estar ofendido. — E sabe o que mais eu sei? — James pegou meu queixo e o ergueu gentilmente para que eu o olhasse. Eu neguei com a cabeça. — Que eu te amo.

E beijou meus lábios.

Lute por mim, James — sussurrei entre seus lábios e ele selou aquilo com um "Eu prometo".

Era uma merda amar. Mas o amor tinha seus lados positivos. E esse era um deles.

Rose Weasley:

Eu odiava o amor. E quem o inventou era um idiota.

Ok, tinha seus lados positivos. Mas e o resto? E os sofrimentos? E as perdas? As traições? As falsas promessas? Os corações partidos? Porque, se amar era assim, eu não queria amar. Eu preferiria não... sentir. Sentir apenas o torpor seria bom. Ser mais alguém no mundo.

Alguns dizem que vale apena. Isso... é... mentira! O "valer a pena" era só para aqueles que tinham sorte. Eu era apenas mais uma na estatística. Por que eu estava pensando nisso? Porque, simplesmente, eu e Scorpius não estávamos indo nada bem. E aquilo estava me matando aos poucos.

Quero dizer, no início, estávamos bem. Depois de seis meses de namoro (em que ele me pedira), ele começou a se distanciar de mim e eu estava ficando doente por causa disso. Eu estava machucada, porque ele parecia gostar de mim para valer no começo. E eu nem sabia o que havia feito de errado.

Fazia um tempo que eu não conversava direito com alguém; Lisa vinha aqui e eu não falava com ela, pois me lembrava que estava feliz com o meu primo; minha mãe tentava iniciar uma conversa, mas eu não participava; meu pai tentou fazer-me rir, mas não surtiu o efeito que antes teria conseguido e eu sentia que ele começava a ficar com raiva de Scorpius; até Hugo viera ver o que tinha acontecido comigo.

O único que conseguiu arrancar algumas palavras de mim fora Albus, pois ele não tocou no nome de Scorpius. Por um momento, eu cheguei a esquecer meus problemas emocionais; Albus conseguia fazer isso.

Suspirei e deixei a almofada que Scorpius me dera em cima da cama ao me levantar. Passei em frente a janela e o vi de relance com o caderno nas mãos. Voltei e li o que estava escrito: "Precisamos conversar." Essas palavras temidas. Era tão ruim lê-las quanto ouvi-las.

Não me dei o trabalho de responder, apenas assenti. Desci as escadas e fui para a cozinha, a fim de sair para o jardim dos fundos. Eu o esperei pular o muro e meu coração parou, como sempre fazia ao vê-lo. Como eu queria voltar para aqueles tempos em que ele se interessava por mim. Como quando ele ria de algo que eu dizia, ou quando a gente fazia biscoito juntos. Parecia certo.

Agora tudo estava tão errado.

Scorpius se aproximou de mim e eu fiquei paralisada. Ele me afetava tanto com aqueles cabelos louros e lábios finos... eu tinha saudades dele. Eu sentia falta de tudo nele. Mas Scorpius não sentia mais falta de mim. Eu estava vendo aquilo nos olhos dele. E eu morria um pouquinho mais.

Oi, Rosie — ele me cumprimentou com formalidade.

Oi, Scorpius — respondi e esperei. Scorpius viu que eu esperava e colocou as mãos nos bolsos: era sinal de que ele estava nervoso. Eu não queria saber o porquê.

Eu... eu não sei por onde começar — disse ele, passando as mãos no rosto. — Mas... mas acho que... acho que deveríamos terminar.

Eu estava sem chão. Como ele se atrevia me seduzir, ser legal comigo, e chegar depois de alguns meses aproveitando, termina comigo sem me olhar nos olhos? Naquela hora, eu senti os estilhaços do meu coração ricochetear em meus outros órgãos (principalmente os pulmões).

Por que me diz isso? Falava coisas lindas para mim até duas semanas atrás — falei, finalmente, e Scorpius me olhou. — Por quê?

Eu... eu não sinto... a mesma coisa de antes, Rose. Eu não consigo ficar preso a uma pessoa só.

Foi você quem me pediu em namoro — relembrei-o e ele fez uma careta. Eu queria chorar, mas não na frente dele.

Sim, eu sinto muito.

Não, não sente — rebati e ele me olhou. — Se não sentisse, estaria sendo o Scorpius que eu conheci.

Eu não sou nenhum santo, Rose. Eu... você merece alguém melhor do que eu. Você é boa demais para mim e eu sou um... cafajeste demais para você. — Ele mexeu nos bolsos. — Não somos um para o outro.

Poderíamos ser, se você tentasse.

E eu tentei! Eu pedi você em namoro! — Scorpius quase gritou e eu quase derramei as lágrimas que eu tanto segurava. — Mas eu não consigo, porque eu não amo você.

Aquilo doeu como se minha mãe tivesse me dado um tapa na cara. A mágoa e a dor tomaram conta de mim e dificultava a conter as lágrimas.

Ok... — eu falei com a voz rouca e baixa. — Eu... só não acredito que você não queira lutar por mim... — desviei o olhar. — Saia do meu jardim, Scorpius Malfoy.

Virei-me e entrei novamente em casa. Ouvi o farfalhar das plantas enquanto ele pulava o muro de volta para sua casa. Com a porta fechada da cozinha, escorreguei pela mesma e sentei-me no chão. Logo em seguida, eu desabei.

*****

Te desejo o melhor, eu realmente desejo

Apesar de saber que eu ainda não superei você

Sei que ambos somos culpados

Não posso acreditar

Que você não lutou bravamente por mim

A parte que mais doía era aquela. Aquela memória, aquela lembrança que levara Lisa a compor essa música. A lembrança que ainda a machuca profundamente. Uma dor que nunca passaria.

******

Lisa Carter:

Estou com tanta pena da Rose — comentei enquanto olhava para a casa dos Weasley ao lado da dos Potter. — Aquele Scorpius a magoou, ele merecia uns socos.

James se arrumava para o primeiro dia de trabalho com o pai, Harry Potter, na delegacia da cidade. Eu estava feliz por ele ter conseguido uma vaga lá; tio Harry era um famoso investigador criminal de toda Londres e James ficara com medo de que o aceitassem apenas porque é filho de Harry.

E não foi assim. Ele se esforçou e ganhou o cargo de policial sozinho. Eu e o resto da família dele estávamos orgulhosos. Harry esbanjava sorrisos e peito estufado ao ver o filho chegar onde chegou sozinho. Eu estava muito feliz por vê-lo feliz.

Eu sou policial agora, posso mandar alguém ir lá. Esse Scorpius terá a lição que merece — disse James com raiva. — Quem ele pensa que é para deixar minha priminha daquele jeito?

Não pode desperdiçar o seu trabalho dos sonhos, por uma bobagem, Sirius — a voz de Albus nos surpreendeu e eu o encarei. Ele estava encostado no batente da porta do quarto de James, olhando para o irmão. — Deixa que eu resolvo isso com a Rose. Não vale a pena perder seu emprego por um babaca.

James o observou por um longo tempo e depois sorriu, indo até o irmão mais novo e passando braço em volta do ombro de Albus. Eu sorri com o gesto e nada disse, senão, era bem capaz de estragar o momento.

Você está certíssimo, Albus Severus — e deu abraço no irmão. Albus revirou os olhos, mas eu vi o sorriso brincar em seus lábios.

Está bem, Jay. Agora pode me soltar. Vou ver a Rose — comunicou e eu assenti. Ele acenou e saiu dali.

Ele gosta mesmo da Rose... mas não sei se ela está preparada. Espero que ele saiba o que está fazendo... Tudo bem com você? — perguntei, franzindo a testa, quando voltei o meu olhar para ele e vi que James me olhava com a expressão séria.

Lisa... eu tenho que lhe dizer uma coisa. Isso está acabando comigo há um tempo e eu preciso que saiba que...

James Sirius Potter! — gritou Harry do hall da entrada, interrompendo o que ele ia me dizer. — Se não descer agora, vai ter que ir de ônibus.

Ele me olhou e seus olhos estavam desesperados. Eu só não sabia se era por causa do que o pai dissera ou o que ele ia me contar. Então eu sorri, encorajando-o a ir com o pai, mesmo preocupada com o outro assunto.

Ele assentiu e me beijou, segurando o meu rosto nas mãos. James nunca havia me beijado assim e eu fiquei com medo; ele jamais me beijaria como se fosse a última vez que faria aquilo. Talvez fosse minha loucura se manifestando.

Não se esqueça — ele falou com pressa. — Eu amo você e mais ninguém, ouviu? Mais ninguém.

Eu também te amo — respondi, beijando-lhe os lábios novamente.

Vá até a delegacia às nove da noite, ok? — Eu assenti e ele sorriu. — Vejo você mais tarde, então.

Ele correu pelo corredor e eu fiquei olhando enquanto ele descia os degraus com rapidez. Aquela história estava me deixando com um pressentimento ruim. Eu pensei nisso durante toda a manhã e a tarde.

Quando deu oito e quarenta da noite, eu já estava quase entrando na delegacia. Como estava escuro e o sereno já deixava sua marca, deixando as ruas e as calçadas molhadas, e tudo estava tranquilo, só alguns carros passavam, eu consegui ouvir. As vozes vinham do beco que havia ao lado de um restaurante simples. Uma era de mulher e ela tentava não ser percebida e um homem, que tentava argumentar algo.

Com medo de o homem fazer algo com a mulher, eu fui até o beco mal iluminado e quem eu vi, deixou-me estática e triste demais para eu fazer algum movimento.

Ashlee LockWood abraçou James e o beijou (pareceu mais que ela o tinha abocanhado) e tudo que eu construí para confiar em James Sirius Potter ruiu. Deixou de existir simples e puramente.

James Sirius — falei com a voz entrecortada. James empurrou Ashlee para o lado com força e tentou chegar perto de mim, mas eu andava para longe deles. — Não toque em mim! — gritei e me virei para correr para o outro lado da rua.

Lisa! Lisa! Não é o que parece!

James vinha atrás de mim e eu queria que ele ficasse longe. Que não viesse atrás de mim, que não falasse comigo. Mas ele insistia! Ele ainda estava atrás de mim.

Engraçado como todos falam isso! — disse eu com sarcasmo. — Troca de disco, que esse já está velho.

Ele estava quase atravessando a rua, quase me alcançando. E eu quase queria que ele alcançasse, mas ainda não era o suficiente;

Você tem que me ouvir, Lis...

Era isso que você ia me contar? — Eu gritei do outro lado, apontando para trás dele, de onde Ashlee ainda não havia saído. — Que estava com ela?! Como eu fui estúpida! Eu confiei em você, porra! Eu lhe entreguei tudo! E você mentiu para mim!

James estava no meio da rua, tentando se explicar, mas a minha fúria era tão grande, que eu não o ouvia. Não ouvia mais nada. O sangue pulsava em meus ouvidos e minha garganta tinha um nó que não se desmanchava.

Eu estava despedaçada.

Lisa, eu não menti! Por favor, deixa...

Não! Você não lutou bravamente por mim, James — eu chorava e ele havia parado no meio da rua. — E isso é o que mais dói.

Eu ia lhe contar — ele disse com a voz embargada e eu chorei mais. — Eu ia... mas então ela...

Tudo o que aconteceu em seguida foi em uma fração de segundos: eu me virei para gritar algo mais a ele, então ouvimos o barulho de um carro derrapando no asfalto e James deu um passo para me alcançar. Então o carro o jogou para trás, arremessando James a mais de dois metros de distância, de tamanho que foi o impacto.

O barulho que o carro fez ao chocar-se contra o corpo de James foi tão grande, que eu pude ouvir os ossos dele se quebrando. Eu arfei, a dor em meu coração me cortando de dentro para fora. Abri a boca, mas dela não saiu nenhum som. Coloquei a mão no peito, mas o meu coração ainda pulsava.

Então eu corri.

Eu corri tão rápido, que eu nem senti quando derrapei no chão e me joguei para perto dele. Eu me recusei a olhar os estragos de seus ferimentos e as lágrimas não paravam de cair. Ele respirava com dificuldade e seu rosto estava sangrando demais e também estava inchado. A dor ainda assolava meu peito e tudo estava perdendo a cor.

Segurei sua cabeça levemente, mesmo sabendo que era errado. James abria e fechava os olhos e a boca, tentando dizer algo.

Shh, não... diga nada — balancei a cabeça, soluçando. — Você vai ficar bem. A gente... a gente vai ficar bem. — Eram promessa vãs, porque meu peito ainda doía.

Per... perdoe-me... — Ele sussurrou e eu chorava ainda mais. — Eu... vou... lutar... brava... bravamente... por... você... sempre.

Ah, James. Isso é tudo culpa minha! — acariciei seu rosto, manchando toda a minha roupa de vermelho. — Se eu...

Shhh — ele conseguiu dizer. — Eu... eu.. não... vou... po... poder... vê-la... cantar, não...é? — James tentou sorrir. Mas aquilo pareceu doer mais.

Não diga isso. Você vai ver, sim! Você sempre foi um cabeça dura irritante! Não pode me deixar agora, James. Você nem ouse a fazer isto!

Ele tentou sorrir novamente.

Eu sempre... sempre... gostei — ele se engasgou com o sangue e eu gemi de dor — desse... seu... jeito. Você... é... tão... tão linda. Eu... eu... quero... que saiba... que... eu..amo você as últimas palavras soaram com firmeza e, lentamente, eu vi a vida deixar seus olhos. Dessa vez, meu coração parou e voltou a bater dolorosa mente em meu peito.

Aquilo não estava acontecendo. Eu me recusava a acreditar.

Não. Não! Acorda — eu o sacudi, mas ele não se moveu. — Não me deixe! Volta. Volta!! — Eu olhei para os lados, procurando ajuda, ou alguma coisa pela qual eu pudesse me agarrar. O motorista não havia saído do carro. — AJUDA! AJUDA — gritei com toda a força que meus pulmões podiam e enterrei meu rosto em seu peito. — Não vá... eu amo você tanto!

Tive alguns flashes de Harry chegar correndo e se ajoelhar do outro lado do filho mais velho e chorar como eu sobre seu corpo. O grito que ele dera fora o pior; era de dor pura. Era a dor que superava até a minha.

Eu tinha perdido o amor da minha vida.

Harry tinha perdido um filho.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Bem, espero que gostem, não me matem e...
Comentem!



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Sad Serenade" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.