Ensaio sobre Ele. escrita por Mitch


Capítulo 8
Tudo Diferente.




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Haviam passado dois meses e o meu relacionamento com Eddy era o mesmo de sempre, cafeteria antes do colégio, aulas cabuladas no parque, companhia até a porta quase todos os dias, terças a noite no cinema, quintas a noite em cima do Edifício, visitas a casa de Eddy nos domingos, papos de 'mulher' com sua mãe e irmã, filmes juntos no final da tarde e depois um beijo na testa de despedida. Assim foi por dois meses, longos meses, em que eu desejei todos os dias que pelo-amor-de-Deus, não acabassem mais.
Passeava pelo centro da cidade ouvindo a trilha sonora em que Eddy havia me mostrado na semana passada enquanto falávamos no telefone e ele comia uma maça e dizia 'escuta essa, me lembra você'. Parei em frente a lojinha de suprimentos; entrei na mesma e observei as poucas pessoas, caminhei ate a mulher da bancada e pedi um saco de jujubas. Eddy fez com que elas se tornassem minhas favoritas, passamos a come-las toda sexta a tarde no telhado da minha casa. Já passavam das 16h, e naquele dia o clima não era dos melhores; céu nublado com jeito de chuva forte pela frente. Assim que saí da lojinha, para minha surpresa, avistei Eddy no outro lado da rua. Ele estava encostado ao lado de uma loja de roupas, entediado, como se esperando algo. Atravessei a rua e quando cheguei no meio-fio, Eddy ergueu a cabeça e pode me ver, me olhou surpreso e desanimado.
– Ei Ed. - Eu o abracei apertado como se não tivesse o visto no dia anterior.
– Oi Mab. - Disse com uma voz leve, e um abraço mais leve ainda.
Eddy olhou para o lado, e eu o acompanhei. Uma garota estava nos olhando, com um sorriso irônico no rosto ela se aproximou de mim e me deu um beijo no rosto.
– Então você é a famosa Mabelle? Acertei? - Ela disse enquanto me analisava.
– Mabelle sou eu mesmo, famosa nem tanto. - Dei um sorrisinho.
– Mab essa é a Juliana, e Ju, essa é a Mabelle. - Disse Eddy se desencostando da parede.
– Eddy fala muito de você, eu não via a hora de te conhecer! - Juliana disse enquanto se apoiava nele. - Não é mesmo, amor? -
– Ah, é realmente ótimo saber disso. Bom o tempo está ficando meio feio e acho melhor eu ir para casa, sabe como é né, não gosto de pegar chuva. - Eu literalmente não sabia onde enfiar minha cara. Amor? Que porra era aquela?
– Eu e a Ju vamos lá pra casa, é caminho... Espera a nossa entrega vir, que a gente vai junto. -
– Não, não, obrigado. Eu não quero incomodar, e vou pegar um táxi. Mas foi bom te ver. Te vejo amanha. Ou não. Segunda. Talvez. -
Uma mulher saiu da loja e chamou pela Juliana, ela virou as costas e Eddy se aproximou de mim. - Não quer mesmo companhia? -
– Não. -
– Então depois nos falamos. - Ele fez sinal com as mãos para um táxi que estava passando.
Entrei no táxi e não fiz questão de olhar pela janela. Naquele momento eu não sabia se deveria chorar na frente daquele cara estranho com cara de maluco, ou vomitar no seu tapete imundo, ou simplesmente indicar minha direção e ir para casa. Optei pela opção que me faria menos idiota. Nem minha mãe ou meu pai estavam em casa, fui direto para meu quarto. Sentei na cama e não conseguir pensar em nada além daquilo, deles, ele. Quem era Eddy Vizentin? O que ele queria de mim?


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