Naquela noite antes de dormir, recebi uma mensagem de Eddy.

Mab, eu sei que deve estar puta da vida comigo... Mas quando eu voltar, vou te explicar tudo. Prometo.

Eu poderia ignorar como fiz com a última mensagem, mas aquele momento eu senti necessidade de responde-lo.

Vc não me deve explicações, Eddy Vizentin. A vida é sua, faça o que bem entender e foda-se.

Minutos depois recebi sua resposta.

Amanha conversaremos melhor. Espero que não me odeie.

Eu odiava, odiava muito. Mas tinha algo maior, bem maior, que fazia todo ódio desaparecer quando lembrava do sorriso dele, do jeito dele e de tudo que havíamos vivido naqueles meses. Eu não o respondi, mas esperei ansiosa até a manhã seguinte para poder vê-lo novamente.
Eddy estava fora do café quando o vi de longe. Estava com a cabeça baixa escrevendo algo no celular; mensagem para Juliana, imaginei. Cheguei perto dele e pude sentir seu cheiro, que me deixou calma e fez com que a vontade que eu tivesse de socar a cara dele passasse. Ele me olhou e deu um sorriso largo, depois me abraçou forte, mas eu não retribui, mesmo querendo.
– Eu estava com saudades. Mesmo. - Ele disse enquanto ajeitava uma mecha de meu cabelo para atrás da minha orelha.
– Com certeza. - Eu comecei a caminhar e ele me acompanhou.
– Por quê está assim, Mab? O que eu fiz de errado? - Ele segurou de leve meu braço.
Eu o olhei nos olhos, suspirei fundo e disse - Quem é ela? -
– É a Juliana. - Ele sorriu e eu quis chorar.
Voltei a caminhar e ele apenas ficou parado olhando eu me afastar. Eu pedi baixinho para que ele viesse atrás de mim e me desse uma explicação óbvia disso tudo, mas ele não fez.
Passei a manhã deitada no ombro de Thalita. Não chorei, porque odiava chorar em publico, e Eddy não poderia saber que chorei por ele. E se eu fizesse, ele saberia.
– Como é essa garota? - Thalita me perguntou.
– Tipo perfeita. -
– Detalhes, Mab. Detalhes. -
– Ela é loira, tem olhos verdes, é alta, magra, tem um corpo lindo, um sorriso lindo e sabe lá o que mais. Não sei. É o tipo dele, sabe? -
– Não tem essa de "O tipo dele", fala sério. Você deve ser muito mais. -
– Só se eu fosse mais como você... -
– O que quer dizer? - Thalita se afastou.
– Você também é perfeita. É ruiva, tem os olhos lindos, um corpo maravilhoso e olha só pra mim; uma garota comum, que ninguém olha nem se interessa. Por quê com Eddy seria diferente? O que eu tenho demais? - Eu nunca havia sido tão sincera com Thalita e ela se espantou.
– Mab, você tem tudo. Você é linda, e o melhor de tudo, é cativante. O que acha que essa menina tem a oferecer para ele? Apenas o que tem no meio das pernas, tenho certeza. Diferente de você. Você tem tudo. Mesmo. -
Eu quis rir, eu quis chorar, mas só soube olhar para os lados e procurar Eddy; não o vi. Eu o queria e admiti isso. Mas eu não tinha chances diante daquela garota, me sentia um nada perto dela. E talvez eu fosse.
Thalita não pode me levar até a metade do caminho aquele dia, então fui sozinha. Não havia visto Eddy depois daquela nossa "conversa" e pensei na possibilidade de ele ter ficado abalado e ter ido procurar Juliana. [...] Quando cheguei na esquina de casa, Eddy estava parado em um poste com uma rosa vermelha na mão. Assim que ele me viu, caminhou em minha direção. Paramos um na frente do outro mas não dissemos nada. Ele me entregou a rosa e me deu um beijo na testa, sussurrou um "desculpa" e depois caminhou para ir embora. Eu poderia ter pedido para ele ficar, para entrarmos em casa e conversamos sobre que merda estava acontecendo com nós; mas eu não fiz. Apenas me virei e o vi indo embora, e ele não olhou para trás. Por um momento pensei que ali seria o fim, mas na verdade só estava começando