Show me Forever escrita por danaandme


Capítulo 10
The point of no return.




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SHOW ME FOREVER

CAPÍTULO 10 – The point of no return.

“Hey.”

Posso ouvir sua voz aveludada dissolvendo todas as muralhas ao meu redor, incapacitando minhas defesas, se infiltrando em minha mente, incitando meu desejo por deixá-la invadir-me. Porque desde o primeiro momento eu soube; ninguém nunca seria capaz de espalhar o calor de uma tarde de verão sobre a minha pele com a mesma intensidade que a dona daqueles olhos.

Estou em seus braços mais uma vez, mas meu coração não se deixa enganar. A sensação de segurança que sempre me inundava por simplesmente estar junto a ela, não é real. Aquela que agora sorrir para mim, é uma visão. Um sonho.

“Hey.” Digo de volta e um momento depois acrescento. “Pensei ter perdido você.”

Ela é só um clone imaginário. Uma réplica irreal. Um algo não existente além das profundezas da minha mente. Mas ela sorri mesmo assim. E aquele sorriso tem o poder de iluminar minha alma.

“Ainda não.” Ela responde acariciando meus lábios com as pontas dos dedos. “Não sem dizer adeus…”

O que é exatamente o que ela está fazendo. Sei disso.

“Não vou lembrar de você quando acordar...não é?” Quase engasgo com a verdade contida naquela sentença. “Nem... dela...”

A cópia perfeita do meu anjo não precisa confirmar minhas palavras. Seu olhar já o fez.

“Talvez não precise ser assim.” Ela mente. “Posso continuar a existir...sou tão teimosa quanto vocês duas... sabia?”

Queria tanto que isso fosse verdade. Mas, sinto a presença dele dominando meus sentidos. Ela já tomou conta de toda minha consciência... agora... ele quer invadir meus sonhos.

“Ela... desistiu de mim?” Finalmente dou voz aos meus medos. Medos que ele faz questão de exaltar, todas as vezes que tento resistir a sua vontade, nos breves momentos de sanidade mental... quando o véu que tapa minha visão cai, e a ilusão que ele criou se desfaz em pequenos fragmentos. ‘Toda essa determinação não vale nada, meu tesouro. Ela não se importa com seu destino…’ É o que ele diz, e no momento seguinte volto a me curvar perante seus desejos. É mais fácil escolher a ilusão, que encarar a realidade de não tê-la em minha vida.

“Você não devia se deixar levar pelas palavras dele...”

Isso era tudo o que eu mais queria. Infelizmente não há outra escolha a não ser obedecê-lo.

“Rachel...” ela suspira meu nome, enquanto as lágrimas borram minha visão, levando ela, meus sonhos... minhas lembranças embora.

“Quinn...” Deixo seu nome escapar por meus lábios pela última vez. Já não há mais esperança.

...

“Rachel...”

No horizonte, os últimos raios de sol se despediam do dia pintando o céu numa mistura de tons de rosa e laranja, marcando os contornos dos prédios, criando uma visão quase romantizada de New York. Uma miragem romântica que só é mais acentuada pelos tons de lilás da noite, que lentamente clama seu lugar, acordando a Lua e espalhando o brilho das estrelas pelo tecido azul escuro que se estende acima da cidade.

Posso senti-la. Da mesma forma que sinto o cheiro da colônia barata que Jesse insiste chamar de perfume, embriagar o ar que deixa os dutos de ar localizados sobre o terraço do Majestic. Santana e Brittany chegam ao topo do edifício depois que a porta de acesso ao interior do Teatro já havia sido arrombada pelas mesmas mãos ansiosas que agora esmagam os restos de madeira ainda presos nos cantos dos frisos.

“Wow. Sutileza não é mesmo seu forte, Fabray.” Santana sussurrou entredentes. “Agora vão pensar que um leão com tendências homicidas invadiu o Teatro!”

Atiro o resto da porta para cima. Quem se importa? Além disso, esse pequeno exercício afiou minhas garras para trinchar meu verdadeiro alvo. Sem pensar duas vezes, adentro o espaço que certamente me levará aos bastidores do Majestic e consequentemente a minha Rachel.

“Quero arrancar a cabeça daquele nojento, Santana. Quero arranca-la mais de uma vez, se for possível.” Rosno baixinho, enquanto imagino o quão prazeroso será sentir os ossos do pescoço dele estalando contra meus dedos. Minhas presas se projetam sobre meus lábios antecipando esse momento.

“Vá com calma, Q!” Santana surge atrás de mim, contendo meu avanço, puxando meu antebraço com uma das mãos. Viro de uma vez para encará-la.

“Me solte, Lopez.” Rosno a milímetros da cara dela.

“Não mesmo, senhorita cabeça-quente.” Ela rosnou de volta.

“Quinn, é melhor ouvir a San. Se Jesse se sentir ameaçado ele pode matar Rachel...” Brittany argumenta se intrometendo entre nós duas.

Ela acabou de impedir que Santana perdesse um braço. Tenho vergonha de admitir, mas minha determinação de chegar até Rachel acabou cegando todo meu bom senso. Não posso entrar lá. Não desse jeito. Elas estão certas. No momento que aquele bastardo captar minha essência, Rachel estará morta.

“É justamente isso que ele quer. Ele vai matá-la na sua frente.” Santana rosna a milímetros do meu rosto. Ela está furiosa, mas toda essa fúria não é direcionada a minha pessoa. Santana quer a cabeça de Jesse St. James tanto quanto eu. “Não vou deixar aquele miserável ganhar essa, Q. Não vou permitir que ele a tire de você.”

Quando o olhar dela encontra o meu, eu soube exatamente o que ela quis dizer... ‘Não vou permitir que aquele bastardo mate a pessoa que você ama...’

“É por isso, que eu vou na frente.” A voz melodiosa de Brittany ressoa fantasmagórica pelo corredor, tendo sido deixada para trás, no instante em que ela praticamente evaporou no ar.

Santana puxou minha mão, chamando minha atenção.

“Não se preocupe, Fabray. Nós somos meramente uma distração. A honra será toda sua. Lembre-se; é um maldito musical, é só esperar sua deixa.”

Ela afirmou antes de partir.

...

É a primeira vez que valso sem que meus pés toquem o chão. A barra do vestido dança ao meu redor, balançando suavemente no ritmo lento da melodia que embala o ambiente. Braços fortes guiam meus movimentos, apoiando firmemente meu corpo pela cintura.

“Seria bem mais entusiasmante se tivéssemos uma orquestra ao nosso dispor, não é mesmo meu carinho? Despedir-se assim, sem a dramaticidade de um violino é algo cruel...”

Uma queimação se espalha pelo meu corpo a partir do meu pulso. As presas dele afundam sobre a minha pele. Essa doeu mais do que todas as anteriores.

“Cruel é ter que ficar ouvindo essa sua vozinha enjoada com essa lenga-lenga sem noção durante toda a eternidade, St. James.”

No mesmo minuto me sinto ser lançada para trás, com um movimento repentino. Escorrego pelo piso, deslizando pelo chão encerrado feito uma boneca de pano. Ouço um estalo vindo de algum lugar do meu corpo, mas não sinto a dor do osso partido. É bastante estranho, porque mesmo estando completamente parada, ainda tenho a impressão de estar me mexendo de alguma forma. O ardor no meu pulso quadriplica por alguns instantes, até algo gelado comprimir o calor.

“Santana Lopez... e agregada, presumo?”

“É melhor respeitar minha esposa, St. James. Como você já percebeu, ela é rápida o suficiente para esfregar, aquele diamante caríssimo preso à aliança dela, no meio da sua cara, até abrir um rasgo nessa sua focinha nojenta. ”

A quem quer que pertencessem aquelas vozes, certamente podia-se notar que nenhum deles estava muito contente de estar na presença do outro.

“Estou surpreso por vê-la aqui, minha cara. Realmente muito surpreso. Acho que acabei superestimando a garota. Pelo que vejo, sua criadora nem ao menos a acha importante o suficiente para vir ao seu resgate pessoalmente. Ao que parece, Quinn Fabray será sempre a rainha do gelo... a garota era só outro brinquedinho? ”

Aquelas palavras fizeram meu coração apertar. Por quê?

“Vou fazer você engolir essas palavras, maldito.”

“Oh, defendendo aquela que te trouxe a esse mundo com unhas e dentes?” A risada dele fez os pelos do meu pescoço se arrepiarem. “Foi exatamente isso que fez com que aquela arrogante da Fabray perdesse sua bonequinha de luxo! Ah Rachel, doce e ingênua Rachel. Seu coraçãozinho se partiu em pedaços, iludido por um amor não correspondido. No final das contas, acho que livrei a coitadinha do sofrimento. Agora, ela já não lembra nem mesmo o próprio nome, sabia?”

“Sabe qual o seu problema, St. James?” Uma voz aveludada, ressoa imponente, vinda de todos os lados. “Você fala demais.”

As vozes estão cada vez mais irritadas, e acompanhar os sons da evidente briga que se sucede é quase impossível quando mal consigo abrir os olhos. Sinto a pressão no meu pulso aumentar, como se o estivessem comprimindo entre uma prensa de gelo.

Estou tão cansada.

“Rachel, por favor. Não desista.” Uma voz estranha sussurra junto ao meu ouvido, só então percebi estar envolta por braços tão frios quanto o mármore. “Quinn está aqui. Ela veio por você.”

“Q-Quinn?” Consigo perguntar num sopro de voz. Meus olhos finalmente conseguem encontrar o foco, distinguindo a figura de uma garota loira de olhos tão azuis quanto o céu, arregalados para mim. “Quem é Quinn?”

“Rachel...Não desista.” Ela parece triste, mas meu cansaço é minha única prioridade. Ela não importa...nada importa. Então, não tenho porque obedecer.

Um urro animalesco vindo de algum lugar ali perto, é o último som que alcança meus ouvidos, antes que eu me entregue ao nada.


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