A Terra de Norbith escrita por Tachibana Aoi


Capítulo 2
Eu, estranho, em uma terra.


Notas iniciais do capítulo

E chegamos ao segundo capítulo! (ah vá) Espero que gostem ^^
Eu não detalhei bem algumas coisas, como roupas, pois sempre que eu leio gosto de imaginar as coisas do meu jeito. Claro que eu vou falar um pouco sobre as "coisas" em geral, mas alguns detalhes vou deixar que vocês imaginem xD
E... Esse capítulo não teve muito terror ou suspense, mas no próximo, já tenho planos para isso.
Critiquem a vontade o que não acharam que ficou bom, isso é até um favor para mim ^^
É, acho que é só. Boa leitura :D



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Olhando-se de cima, podíamos ver um corpo caído no chão, com vestes rasgadas e ensanguentadas. Era Aaron. Havia uma criatura bípede comendo seus cabelos castanhos e chutando sua cabeça. Ele então acordou desesperado. Assustou a criatura, que saiu correndo e se adentrou na floresta. Então, ele se apoiou numa árvore ao seu lado e levantou, olhando ao redor. Não se lembrava daquele lugar. Ficou observando por um tempo, até notar uma espécie de mochila ali perto. A abriu, e viu que dentro dela havia alguns alimentos, garrafas, uma lupa, uma bússola, mapa, faca, algumas seringas e um bilhete. Quando o leu, ficou assustado. Já que estava escrito nele que iria ser morto se não trouxesse informações.

– Mas que raios... Onde estou? – Pensou para si. – Meu braço está doendo... – Nele havia alguns furos, dos quais escorriam sangue por cima de curativos.

Como era tudo desconhecido, decidiu não gritar ou fazer muito barulho. Pegou algumas frutas na mochila e comeu, pois estava morrendo de fome. Enfaixou seu braço com ataduras presas na alça da mochila. Colocou a mão na cabeça, e sentiu uma coisa grudenta, melada, era a saliva daquela criatura estranha. Não tinha nada para tirar aquilo, então foi procurar água pelas redondezas. Mas não havia nenhum sinal de água por perto. Então pegou a mochila e foi caminhar por ali, vendo como tudo era. Os pinheiros tinham caules vermelho escuros, e suas folhas eram semelhantes a vidro, e não tinham cor. Aaron subiu em um dos pinheiros, para ter uma vista geral do local, assim podendo encontrar com um pouco mais de facilidade o que queria. Mas para sua surpresa não havia céu, e o que estava lá em cima não era tão alto assim. Ele estendeu a mão, e sentiu algo molhado. Era água! Ficou surpreendido, pois nunca esperou que a água estivesse ali. Ele pegou-a com as mãos e passou em sua cabeça. Ainda tinha cabelo, porém um pouco mais curto. Aproveitou, e pegou uma garrafa que tinha para armazenar um pouco do líquido, já que não sabia o que haveria lá em baixo.

–Mas, o que estava acontecendo no meu país... Não era a guerra contra os ideais de Netch e seus aliados? – Foi lembrando-se de onde estava, o que fazia. Netch jogou todas as “cobaias” inconscientes em Norbith, e tirou algumas amostras de sangue deles antes. – E se eu estou aqui... Isso quer dizer que o Sul perdeu? Mas como?! Impossível! A última coisa que recordo é que estava escondendo algumas crianças no subsolo, daí... Foi como se eu desmaiasse... Será que isto é um sonho, afinal? – Ele não conseguiu acreditar, principalmente porque o lugar onde ele estava era bizarro. Então, foi explorar mais, a fim de conseguir achar alguém ou algo capaz de explicar aquilo. E, se fosse mesmo um sonho, simplesmente iria seguir em frente. Mas infelizmente não era o caso.

Andou por várias trilhas, e foi descobrindo coisas aos poucos. Praticamente toda a vegetação dali tinha folhas de vidro, e algumas destas davam frutos com espinhos, que eram comestíveis. O solo era violeta escuro, e reagia com a água. Quando ela o tocava, ele esquentava e a evaporava em um piscar de olhos. Logo, as plantas não precisavam de água para crescer, pois elas também reagiam do mesmo jeito. Então talvez elas não dependessem do sol também. Os pássaros tinham quatro asas, e comiam as folhas das plantas. Se eles não as digerissem antes de tomar água, eles morriam queimados internamente. Havia criaturas que se pareciam com cobras, porém estas tinham antenas e espinhos. Mas nenhuma delas o tentou atacar, ou se defender. Agiam como se ele não estivesse ali.

Falou com algumas delas, para ver se elas iriam reagir. Mas elas nem lhe deram atenção. Então, ele gritou por alguém, sucessivas vezes, e ninguém o respondeu. Como não tinha mais nada para fazer até o momento, Aaron sentou-se perto de um pinheiro por alguns minutos. Depois, pegou a bússola dentro da mochila, e rumou em direção ao norte, andando até cansar. Pelo caminho, a vegetação não mudava muito, mas iam surgindo alguns insetos e algumas aves parecidas com águias.

A tarde ia chegando. O vento começou a soprar, porém este não era nem frio, nem quente. Mas dava uma sensação tranquilizante, diferente. Era confortável. Todavia, percebia-se uma coisa: O vento vinha na direção contrária, trazendo consigo pequenos pedregulhos verde-escuros, que não eram típicos dali. Aaron estranhou, e tentou ver de onde eles vinham. Então, percebeu que a vegetação em volta começava a mudar: Os pinheiros iam se misturando com outras espécies de árvores, que tinham caules azuis escuros, e suas folhas, ciano. Elas não pareciam ser de vidro, e sim, de pano. Aquilo era bem estranho, mas como nada fora perigoso até agora, seguiu em frente. E então, avistou ruínas. E existiam três árvores gigantes que pareciam brotar delas. Essas três formavam um triângulo, como se fosse um portão, para o outro lado das ruínas.

–Como essas árvores não caem? Elas são tão imensas! E essas folhas? Eu não posso me esquecer disso, se o que eu estiver presenciando seja a realidade. Porque se for, eu preciso levar informações, o máximo que eu conseguir. E se o Sul realmente perdeu... Então Netch não irá poupar ninguém mesmo... – E andou até aquelas árvores, sem objetivo algum.

Quando ele passou pelo “portão” que elas formavam, pôde ver uma vila lá em baixo. Pessoas trabalhavam normalmente nela, plantando e colhendo, enquanto outras descansavam. As mulheres estavam na entrada de suas casas, passando as folhas das plantas em volta das portas. Finalmente, pessoas! Mas, eles tinham características diferentes de pessoas. Não muitas, mas tinham.

Aaron não pensou duas vezes, e saiu correndo até a pessoa mais próxima dali. De longe, começou a gritar, desesperado e alegre – Eeeei! Você! Sabe me informar onde estou?!

O aldeão de orelhas puxadas vira-se assustado e responde – Você está na Terra de Norbith! Onde mais estaria, seu idiota?! E por que fala tal língua dos homens dos ventos?!

–Homens dos ventos? – Pergunta, estampando uma interrogação em sua face – Como assim?
Não, espera... A Terra de Norbith?!? A terra envenenada?!

–Isso mesmo. Então realmente, você é um homem do vento... Como você sobreviveu até aqui? Não está se sentindo mal, ou meio tonto?

–Nem um pouco... – Ele finalmente descobriu onde estava, mas não era uma notícia boa. Se ele saísse dali ia ser morto, mas provavelmente se continuasse, também.

–Mas qual é seu objetivo aqui? Não vai nos matar, nem algo do tipo? – Pergunta, se precavendo.

–Não, por que eu o faria? Eu só quero sa... – Falou sem pensar, mas em algum lugar, sentia que queria sair dali mesmo sem ter informação alguma - Bom, eu não sei o que fazer...

–Mas então por que veio para cá? Sua raça não é daqueles sujos, que se matam e mutilam seus corpos depois?

–Realmente... – Se sentira ofendido, mas era a verdade – mas eu estava protegendo algumas crianças no meu país, o Sul. Eu perdi a consciência, e quando acordei estava na floresta. Ao menos é o que me parece. E não me senti mal hora alguma, por mim não havia veneno aqui.

– Ah, então você é do Sul! Alguns dos nossos já chegaram lá perto, e vocês não tentaram nada. Nós fomos pegar peixes, já que a região é perto daqui e tem água onde se pisa. Aqui é raro achar algum lugar onde tenha água no egh! Ele se revolta demais, então a evapora, e...

O aldeão continuou falando sobre aquilo, e foi expandindo o assunto cada vez mais. Explicou que o “egh” era o chão na língua deles. Mas egh tinha sentimentos, e uma vez que estivesse pisando nele, este se acalmava, sabendo que havia pessoas vivas e que os homens do vento não entraram lá, fazendo sua temperatura abaixar. Porém ele ficava com raiva da água, e a evaporava, aumentando sua temperatura. Logo, esta ficava neutra. Os aldeões iam pescar perto do Sul por causa da água permanecer no solo, e porque os peixes eram maiores. E enquanto eles conversavam, o aldeão confirmava cada vez mais que Aaron era do Sul, então o convidou para conhecer o vilarejo.

–Bom, no final das contas, acho que você é mesmo do Sul, então, é...

–O quê?

–Ah, é que eu esqueci como fala na sua língua. Acho que é bem alguma coisa.

–Bem vindo?

–Isso! Bem vindo ao vilarejo. Se você não fizer nada suspeito, pode ficar aqui. Mas me diga seu nome. O meu é Elier Hornet.

–M-muito obrigado... Chamo-me Aaron Seth.

Aaron seguiu Elier, e foi observando o vilarejo inteiro. Ele tinha casinhas inspiradas nas do Sul, mas eram vermelho-escuras, como os troncos daqueles pinheiros. Havia plantações pequenas em volta de cada uma das casas, e por volta delas tinham cercas verde-claras, e nada era diferente. O que todos tinham era igual, nada a mais, nada a menos. Os habitantes da vila não o encaravam, nem ficavam falando dele como um estranho. Simplesmente continuavam suas rotinas, cantando numa língua estranha, e permanecendo alegres. Parecia um lugar tão bom de viver. Mas ele não podia esquecer-se que necessitava de coletar informações sobre aquele lugar, então aquilo já era um passo enorme para sua sobrevivência.

–Você pode ficar com aquela casa por algum tempo – Disse Elier, apontando para um pontinho preto – Mas você tem que trabalhar um pouco, pra não ficar de fardo para todos.

– Trabalho sim, mas para onde você está apontando? – Aaron não conseguia enxergar o lugar. Era muito longe, e quanto mais distante ficava algo, mais sua vista se embaçava. Era normal para ele.

–Para uma casa, que não tem ninguém. As janelas dela estão fechadas e a chaminé não funciona. Então é meio óbvio que você pode ficar lá.

–Mas como você consegue enxergar isso?

–Ah, ia me esquecendo de que você não é um elfo. Já deve ter ouvido falar de nós. Conseguimos enxergar longe, temos uma audição melhor, mais agilidade, e por aí vai. Mas falam que somos elfos só pelas orelhas puxadas, sendo que nem todo mundo aqui é assim.

–Entendo... Pode me levar até onde eu consiga enxergar a casa?

–Ah, tudo bem.


Enquanto isso, Netch descansava no Oeste, enquanto seus homens treinavam, produziam armamentos, faziam testes, plantavam e produziam. E atravessando o corredor do castelo envolto por luxúrias caríssimas, encontrava-se uma maga, carregando algumas garrafas de sangue. Sangue das cobaias enviadas a Norbith. Ela abriu a porta, e pôde ver a majestade daquele castelo, bebendo e matando tempo. Sem fazer muito barulho, o cumprimentou com as devidas formalidades, e montou sua pequena mesa com uma bola de cristal no centro. Chamou por Netch, e este veio, com sua face indiferente.

–Vossa majestade chamou-me para ver a face das pessoas que mandou a Norbith?

–Sim, quero ver quais deles estão vivos, e o que cada um descobriu. Quero poder ver pelos olhos deles quando voltarem e quero arrancá-los e torná-los parte de minha coleção. E faço questão de fazê-lo com minhas próprias mãos. Por isso, quero que veja para mim. Use sua magia e traga-me resultados.

–Como desejar, vossa majestade.

A maga colocava o sangue dentro da bola de cristal, e com isso podia rastrear a pessoa, onde quer que ela estivesse. Mas quando a bola formava uma imagem negra, significava que a pessoa estava morta. Então, quando isso acontecia, o sangue endurecia lá dentro, e ela tinha que limpar o instrumento por completo para que este funcionasse outra vez. E isso demorava, por isso, irritava Netch. Mas, com o sangue da quinta garrafa, uma imagem foi se formando. Nela estava uma pessoa dentro de uma casa, limpando-a com uma vassoura de folhas. Era Aaron. E eles conseguiram ver o cenário lá por fora também, tanto as casas quanto a vegetação, e também a população. Vossa majestade arregalou os olhos e bateu a mão na mesa, quase deixando a bola de cristal cair. Este começou a rir, e o fez cada vez mais alto. Então, com o tom de voz em seu ápice, falou:

–É esse! Os olhos deste homem vão fazer parte de minha coleção, e suas informações ficarão na cabeça daqueles soldados molengas, para que possam dominar aquela terra! Aaron Seth! O deixarei viver o bastante para ver tudo o que existe em Norbith, e para contar tudo detalhadamente para nós. Você irá voltar para cá com o poder de nossa magia. Nem mesmo o filho do clã mais resistente a venenos pode resistir a mana, você deve saber disso! – E continuou falando, mais e mais, sem baixar a tonalidade de voz.

–V-vossa Majestade?... –Perguntou a maga, amedrontada por aquela personalidade de Netch.

–Cale-se! – Empurrou-a fortemente, que caiu por cima da mesa, quebrando a bola de cristal e se ferindo perto das costelas.

E então, Netch saiu pelos corredores do castelo, contendo seu riso e andando sem rumo, como um louco. Sua voz ecoava quando saía, e não se sabia o que ele iria fazer naquele estado insano.


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Notas finais do capítulo

E o capítulo acaba com os ecos da voz de Netch! O que acontecerá?
Netch quebrará tudo?
Aaron irá mesmo voltar?
A Maga morreu?
Tudo isso e muito mais, no Globo Repórter -q

Até o próximo capítulo ^^ beijinhos e brigadeiros



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